REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409272330
Andressa Karoline Alves Leite
Evelyn Cristhine Vieira Machado
João Vitor Rezende dos Santos Saboia
Lorena da Motta Alcantara
Luan Monte Pereira
Wanderlinda Batista da Silva Neta
Orientadora: Profa. Rayssa Pinheiro Miranda
RESUMO
A pandemia de COVID-19 trouxe grandes desafios à saúde mental dos idosos, grupo já vulnerável. Mesmo com medidas de segurança, como isolamento social, houve um aumento significativo nos sintomas de depressão entre eles. A perda de autonomia, o medo de contaminação, e o luto estão entre os fatores que agravam esse quadro. Com objetivo de investigar a prevalência de depressão em idosos durante a pandemia de COVID-19 em 2021, identificar fatores de risco e entender os principais sintomas relacionados aos quadros depressivos durante a pandemia.
A pesquisa é uma revisão de literatura, utilizando fontes secundárias de bases de dados como PubMed, Scielo e Scorpions. Os critérios de inclusão e exclusão foram definidos para selecionar artigos relevantes ao tema.
Foram analisados 201 artigos, dos quais 9 foram incluídos na discussão final. Os estudos revelaram que fatores como isolamento social, medo de contágio, e declínio da renda influenciaram o aumento de sintomas de depressão. Mulheres e idosos com menor renda apresentaram mais sintomas depressivos.
A pandemia serviu como um ambiente estressor que exacerbou condições psiquiátricas pré-existentes entre os idosos. É necessária a inclusão de atividades integrativas e suporte psicológico, juntamente com terapia medicamentosa e práticas de exercícios físicos, para garantir a saúde mental dos idosos.
Palavras chave: – “depressão” – “depressão em idosos” – “prevalência de depressão” – “pandemia de COVID-19” – “idosos na pandemia”
1. INTRODUÇÃO
A Coronavírus Disease 2019 (COVID-19) é uma doença recente que tem alto poder de transmissão e, apesar de sua baixa mortalidade em termos mundiais, essa doença tem causado repercussões extremas no cotidiano da humanidade. Em especial, trata se a questão da vulnerabilidade da população idosa como um dos maiores focos dentro dessa pauta, uma vez que mesmo adotando as medidas de segurança estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o uso obrigatório de máscaras e distanciamento/isolamento social, as consequências funcionais e psicológicas nos idosos tem demonstrado um perfil preocupante. (FERNANDA MARIA VIEIRA PEREIRA-ÁVILA, et al. 2021).
Ademais, os fatores de risco mais decorrentes para o adoecimento mental são: a vulnerabilidade social, contaminação com a doença ou ter convivência com uma pessoa infectada. Além da idade avançada que parece condição agravante para a COVID-19, há também os riscos para desenvolverem alguma doença susceptível nessa idade, como doenças crônicas, degenerativas ou desencadear ou agravar as condições de saúde psíquicas e trazem a susceptibilidade aos sintomas psicóticos, que pode gerar sofrimento mental ou agravar sintomas de transtornos psiquiátricos pré-existentes. (ERICKA MARIA DE FARIAS MOREIRA, et al. 2021).
Nesse sentido, a depressão é uma condição clínica de grande relevância em idosos, visto que é um transtorno que causa diversos impactos negativos em termos funcionais e de qualidade de vida. Esse transtorno tem diversos fatores desencadeantes e de influência, principalmente considerando fatores genéticos e ambientais, que muitas vezes cursam com perda de autonomia e agravamento de possíveis comorbidades. (LIMA, et al. 2016; RAMOS, et al. 2018).
Outro fator a se considerar, é a necessidade de se atentar para a qualidade de vida dos idosos, no contexto da pandemia essa atenção deve ser redobrada, visto que, a medida que o isolamento social é implementado, isso afeta diretamente as atividades diárias de toda a população, interferindo nos hábitos, costumes e lazer. O idoso já é susceptível ao isolamento social, e o contexto da pandemia ocasiona um estresse a mais. O envelhecimento por si só já causa alterações fisiológicas de humor, e além disso, os idosos geralmente lidam com a perda de entes queridos e o luto.
Todos esses fatores acenderam um alerta para as questões de saúde psíquica dessa faixa etária e despertaram uma necessidade de melhora da qualidade de vida. (MARCOS VINÍCIUS SOUSA SILVA, et al. 2020).
Além disso, denota-se clara, a desvalorização da pessoa idosa, e intrinsecamente, da capacidade funcional desse grupo de pessoas. Assim, é possível perceber que além das modificações causadas pela senilidade, a visão preconceituosa e excludente de parte da sociedade também são fatores que contribuem para o impacto na saúde mental dos idosos. (VIRGÍNIA CORONAGO, et al. 2020).
Outrossim, a identificação dos fatores relacionados à depressão é importante, uma vez que poderão subsidiar políticas de atenção direcionadas à saúde do idoso. As intervenções dos profissionais de saúde devem estar voltadas para prevenção e detecção precoce do transtorno depressivo maior, bem como de ações de promoção à saúde mental dos idosos, de forma a atender a suas demandas e proporcionar uma longevidade com qualidade de vida. (JÉSSICA MARQUES, et al. 2017).
Além desses fatores, o quesito de segurança durante a pandemia também é uma razão de estresse entre os idosos, já que naturalmente essa faixa etária é caracterizada por suas limitações de autonomia em diversos campos, como a própria locomoção, o que implica em dificuldade de adquirir itens básicos necessários para esses tempos de pandemia com a finalidade de se adequar ao isolamento social de forma sustentável à própria saúde. Ou seja, essas limitações da terceira idade em relação a sua autossuficiência pode se tornar um fator desencadeante ou contribuinte para a depleção da saúde mental nesse grupo. (STEPHANY DA SILVA SANTOS, et al. 2020).
Desta forma, um meio de lidar com essa situação sofrida pelos idosos é com a estimulação da prática de atividades voltadas à promoção e proteção da saúde do idoso e para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. A proximidade social através de tecnologia também deve ser estimulada, a fim de diminuir o sentimento de solidão dos idosos. (PALOMA MEDEIROS GOMES CAVALCANTI, et al. 2020).
Por tanto, considerando as repercussões do isolamento social, da pandemia e de todos os fatores associados ao surgimento de transtornos depressivos em idosos, é visível que essa temática necessita de uma grande atenção e de estudos detalhados para compreender os impactos dessa situação atualmente vivida pela humanidade. Portanto, o presente estudo tem por objetivo analisar a influência desses fatores relacionados à pandemia em relação a prevalência de casos de depressão em idosos. (ANDREZA BORGES DE SOUZA, et al. 2021).
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Conhecer a prevalência da depressão de idosos durante a pandemia da COVID-19 no ano de 2021.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar os principais fatores de risco do aumento da prevalência da depressão em idosos durante a pandemia de COVID-19 no ano de 2021. Entender os principais sintomas relacionados à quadros depressivos durante a pandemia de COVID-19.
3. METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado com base em revisão de literatura, o método proposto consiste em uma pesquisa descritiva, que utilizará fontes de informações secundárias para embasar o referencial teórico e os resultados obtidos.
Para a seleção da amostra foram utilizados artigos científicos, após análise e avaliação da sua contribuição para compreender o objeto do estudo. A busca foi realizada sob artigos livres em bases de dados das plataformas de pesquisa como PubMed, Scielo, Scorpions, além de documentos produzidos por órgãos públicos como ministério da saúde e instituto brasileiro de geografia e estatística.
As palavras chave utilizadas nas buscas foram: “depressão”, “depressão em idosos”, “prevalência de depressão”, “pandemia de COVID-19”, “idosos na pandemia”.
Os critérios de inclusão usados foram: artigos publicados e disponíveis sobre o atual tema. Para os critérios de exclusão são: artigos publicados que não tem relação com o tema.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para os resultados obtidos, na busca inicial, foram selecionados artigos referentes às combinações dos descritores, totalizando 201 artigos. Seguindo os critérios de inclusão e exclusão, restaram 98 artigos. Após a leitura dos títulos, restaram 27 estudos, sendo que após a leitura dos resumos dos artigos, foram excluídos aqueles que não respondiam a pergunta inicial, restando 9 artigos qualitativos e quantitativos.
Segundo o estudo transversal que foi desenvolvido em todas as regiões do Brasil, por formulário eletrônico entre idosos com 60 anos ou mais, o qual foi escolhido através do Scientific Electronic Library, participaram do estudo 900 (100,0%) idosos. O escore geral para sintomas de depressão foi de 3,8 (DP=4,4), 818 (91,9%) apresentaram sintomas mínimos. As mulheres (p<0,01) apresentam mais sintomas que os homens. A variável renda é fator preditor de sintomas depressivos (OR= 0,56; IC: 0,34-0,91; p= 0,020).
Além disso, em outro estudo transversal denominado “Idosos no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil: efeitos nas condições de saúde, renda e trabalho” (Dalia Elena Romero Et al.), o distanciamento social total foi adotado por 30,9% (IC95%: 27,8; 34,1) e 12,2% (IC95%: 10,1; 14,7) não aderiram. Idosos que trabalhavam antes da pandemia apresentaram menor aderência nas medidas de distanciamento social total.
Outrossim, outros efeitos psicológicos que o distanciamento social desencadeou, e as possíveis causas do aumento do índice de depressão neste grupo etário foram a insônia, o medo de contágio, a ansiedade, as preocupações com os seus entes queridos e a dificuldade financeira.
Ademais, um estudo bibliográfico com abordagem descritiva denominado Impacto na Saúde mental do Idoso Durante o Período de Isolamento Social em Virtude da Disseminação da Doença COVID-19: uma revisão literária, relacionou o isolamento social, a diminuição da dinâmica do dia a dia, o estresse gerado pela necessidade dos cuidados pessoais e interpessoais para efetuar a prevenção e o excesso de informações, como número de mortes, pesquisas sobre a vacina, conflitos ideológicos e situações preocupantes nos jornais, revelaram grande impacto na saúde mental dos idosos de uma forma geral.
Além disso, em outro estudo transversal feito por Dalia Elena Romero Et al., durante a pandemia, houve diminuição da renda em quase metade dos domicílios dos idosos. O distanciamento social total foi adotado por 30,9% (IC95%: 27,8; 34,1) e 12,2% (IC95%: 10,1; 14,7) não aderiram. Idosos que não trabalhavam antes da pandemia adotaram em maior número às medidas de distanciamento social total. Grande parte apresentou comorbidades associadas ao maior risco de desenvolvimento da forma grave de COVID-19. Sentimentos de solidão, ansiedade e tristeza foram frequentes entre os idosos, especialmente entre as mulheres.
Em adição a isso, Milena Nunes Alves de Sousa et al, em sua revisão integrativa de literatura, os estudos indicaram como principais impactos do isolamento social em decorrência da COVID-19 para a saúde mental do idoso: ansiedade (n=8), depressão (n=8), sentimento de solidão (n=7), alterações do sono (n=4) e declínio cognitivo (n=4), entre outros.
5. CONCLUSÃO
Infere-se portanto, que o cenário da pandemia atuou como ambiente estressante para desencadear doenças psiquiátricas e agravar sintomas de transtornos psíquicos pré-existentes, e que, nesse contexto, os idosos foram um dos grupos mais afetados, por lidarem diariamente com o fato da COVID ser mais agravante nessa população.
Logo, observou-se a necessidade de promover a inclusão de atividades integrativas e suporte psicológico em associação à terapia medicamentosa e práticas de exercícios físicos. Assim, evitando maiores sofrimentos psíquicos e garantindo saúde mental aos grupos com extrema vulnerabilidade.
REFERÊNCIAS
ÁVILA, F. M. V. P. et al. Fatores Associados aos Sintomas de Depressão Entre Idosos Durante a Pandemia da COVID-19. Universidade Federal Fluminense. Rio das Ostras, Rio de Janeiro. 2020.
CAVALCANTI, P. M. G. et al. IMPACTO DA PANDEMIA DO COVID-19 E DO ISOLAMENTO SOCIAL NA SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO IDOSA. Anais do Congresso de Geriatria e Gerontologia do UNIFACIG. 2020.
CORONAGO, V. M. M. et al. ISOLAMENTO SOCIAL E IDOSOS FRENTE AO COVID 19: Afeto e cuidado em tempos de pandemia. Revista interdisciplinar de Sociologia e Direito. 2020.
GREFF, A. P. et al. Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID-19: suicídio na pandemia COVID-19. Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Núcleo de Pesquisa Materno-Infantil. Porto Alegre, RS, Brasil. 2020.* LIMA, A. M. P. et al. Depressão em idosos: uma revisão sistemática da literatura.
Faculdade de Medicina de Estácio Juazeiro do Norte, Juazeiro do Norte, CE, Brasil. 2016.
MARQUES, J. F. S. et al. Transtorno depressivo maior em idosos não institucionalizados atendi-dos em um centro de referência. Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIPMOC)-Montes Claros-MG-Brasil. 2017. MOREIRA, E. M. F. et al. Olhares Sobre o Impacto do Isolamento Social à Saúde Mental do Idoso. Faculdade São Francisco da Paraíba- FASP – Cajazeiras – Paraíba. 2021.
RAMOS, F. P. et al. Fatores associados à depressão em idosos. Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho –FASA, Montes Claros-MG. 2018. SANTOS, S. S. et al. Isolamento social: um olhar para a saúde mental de idosos durante a pandemia do COVID-19. Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, Brasil. 2020.
SILVA, M. V. S. et al. O IMPACTO DO ISOLAMENTO SOCIAL NA QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19. Centro Universitário de Brasília (UNICEUB) Brasília, DF.
SOUZA, A. B. et al. Manifestações psíquicas durante a pandemia de COVID-19: revisão sistemática da literatura. Centro Universitário do Planalto Central Aparecido dos Santos, DF. 2021