REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409252214
Lara Schiavinato Merloto1
Ana Clarisse Morais Brito2
Yasmim Maria Barbosa Vasconcelos Lima3
Júlia Galvão Martins4
Rafael de Assis de Brito5
RESUMO:
Nos últimos anos, houve um considerável aumento no número de acidentes ocasionados por picadas de escorpião no Brasil, com grande expressão na cidade de Piracicaba-SP, o que se relaciona, entre outros fatores, com o crescimento desordenado do meio urbano e a precariedade de saneamento básico. Portanto, propõe-se a observar a epidemiologia desses acidentes, por meio de uma análise série temporal, a fim de contribuir com os órgãos de saúde e pesquisa para a diminuição dos episódios, assim como dos riscos associados, uma vez que se trata de um grande problema de saúde pública, dada sua grande abrangência geográfica e impacto à saúde dos cidadãos. Por meio desse estudo foi identificada a maior incidência dessas ocorrências em indivíduos do sexo masculino entre 20 e 39 anos, da cor branca e com ensino médio completo, distinguindo-se de literaturas pré-existentes. Concluiu-se, por consequência, a grande necessidade de medidas de prevenção contra acidentes escorpiônicos, além do desenvolvimento de mais estudos que se aprofundem nos riscos e fatores de aumento da morbimortalidade, buscando diminuir a incidência dessas ocorrências.
Descritores: Picadas de Escorpião; Epidemiologia; Incidência; Mortalidade; Controle.
ABSTRACT:
In recent years, there has been a considerable increase in the number of accidents caused by scorpion stings in Brazil, especially in the city of Piracicaba-SP, which is related, among other factors, to the disorderly growth of the urban environment and the precariousness of basic sanitation. We therefore set out to observe the epidemiology of these accidents through a time-series analysis, in order to contribute to health and research bodies to reduce the number of episodes, as well as the associated risks, since this is a major public health problem, given its wide geographical scope and impact on the health of citizens. This study identified a higher incidence of these occurrences in males aged between 20 and 39, white and with completed high school education, differing from pre-existing literature. As a result, it was concluded that there is a great need for preventive measures against scorpion accidents, as well as the development of further studies that delve into the risks and factors that increase morbidity and mortality, with the aim of reducing the incidence of these occurrences.
Keywords: Scorpion stings; Epidemiology; Incidence; Mortality; Control
RESUMEN:
En los últimos años hubo un aumento considerable del número de accidentes causados por picaduras de alacrán en Brasil, con gran expresión en la ciudad de Piracicaba-SP, lo que está relacionado, entre otros factores, con el crecimiento desordenado del medio urbano y la Precariedad del saneamiento. Por lo tanto, se propone observar la epidemiología de estos accidentes, a través de un análisis de series temporales, con el fin de contribuir a los organismos de salud y de investigación a reducir los episodios, así como los riesgos asociados, ya que se trata de un importante problema de salud pública, dado su gran alcance geográfico y su impacto en la salud de los ciudadanos. A través de este estudio, se identificó la mayor incidencia de estos hechos en individuos masculinos entre 20 y 39 años, blancos y con educación secundaria completa, distinguiéndose de la literatura preexistente. En consecuencia, se concluyó que existe una gran necesidad de medidas de prevención contra los accidentes alacráneos, además del desarrollo de más estudios que profundicen en los riesgos y factores que aumentan la morbilidad y la mortalidad, buscando reducir la incidencia de estos sucesos.
Descriptores: Picaduras de Escorpión; Epidemiología; Incidencia; Mortalidad; Control.
INTRODUÇÃO
O Brasil, por possuir uma variedade de espécies de animais, vivencia um grande número de notificações de acidentes causados pelos mesmos. Entre os animais peçonhentos que mais causam acidentes, destaca-se o escorpião, que com o crescimento desordenado das áreas urbanas, a consequente precariedade de saneamento básico e a falta de moradias adequadas, se proliferou e, com isso, houve o aumento do contato das pessoas com esses aracnídeos, desencadeando ainda mais acidentes escorpiônicos (Lisboa et al. 2020).
Destaca-se o aumento do número de casos por picada de escorpião, mais especificamente do gênero Tityus, que subdivide-se em quatro espécies: T.serrulatus, T.bahiensis, T.obscurus e T.estigma. Sendo o T. serrulatus a espécie que possui o veneno mais potente e a que está mais adaptado à vida urbana, relacionado com a maior parte dos acidentes e dos óbitos (Almeida et al. 2021). A magnitude do acidente depende da espécie, do tamanho do animal, da quantidade de veneno inoculado, da massa corporal da vítima e da sua sensibilidade ao veneno (Ferreira et al. 2019). A gravidade dos envenenamentos, somado à dificuldade no controle desses acidentes escorpiônicos tornam um problema para o bem-estar da população brasileira (Lacerda et al. 2022).
Entre os anos de 2001 e 2019, houveram mais de 140 mil casos de acidentes por animais peçonhentos no estado de São Paulo. Além do aumento exponencial de casos por escorpionismo, foi visto que a maioria deles ocorreu em habitats urbanos. Dessa forma, medidas de controle devem ser adotadas, sendo elas: a coleta de escorpiões e a modificação ambiental para desfavorecer a ocorrência (Alec et al. 2022).
Como fatores de risco para o óbito com escorpionismo, o principal é a idade, sendo a faixa etária considerada mais grave a de crianças até 9 anos. A ocupação também se enquadra como fator de risco, principalmente indivíduos que trabalham na zona rural, visto que a gravidade de acidentes que acontecem nesses locais é maior, já que se relaciona com o maior número de óbitos. Não existe uma sazonalidade definida para esses acidentes e eles são distribuídos uniformemente entre os sexos. (Lisboa et al. 2020); (Ferreira et al. 2019)
Os sintomas podem ser locais ou sistêmicos. Entre eles, pode-se apontar dor intensa, que nos acidentes mais graves pode ser camuflada por sintomas sistêmicos, como hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e diarreia. Os quadros mais graves possuem como consequência complicações cardiovasculares, pulmonares, metabólicas e neurológicas, podendo resultar no óbito, principalmente em crianças. (Lisboa et al. 2020); (Lacerda et al. 2022).
Com o grande número de incidência dos acidentes escorpiônicos e devido à gravidade do mesmo, este se configura um problema de saúde pública, visto que afeta, principalmente, as populações mais vulneráveis, possui alta incidência, distribuição geográfica ampla, capacidade de produzir sequelas temporárias e permanentes e alta letalidade. A Organização Mundial de Saúde classifica os acidentes por animais venenosos como uma doença tropical negligenciada, exigindo, assim, a notificação compulsória de forma obrigatória, com o intuito de subsidiar os órgãos públicos de saúde na distribuição de soro e atenção ao acidententado. (Souza et al. 2022). (Lisboa et al. 2020).
Desse modo, para diminuir os acidentes por animais peçonhentos e os riscos de morte em decorrência dos envenenamentos, faz-se necessário o estudo epidemiológico das possíveis áreas para localizar as maiores incidências e investigar os prováveis riscos associados, sendo de suma importância para a prevenção e vigilância dos casos (Alec et al. 2022).
Sob essa ótica, devido a falta de pesquisas que buscam avaliar a alta taxa do escorpionismo, impera-se a necessidade de estudos epidemiológicos nas cidades brasileiras onde houveram maiores incidências por esse tipo de agravo, visto que é importante auxiliar os sistemas de informações a disponibilizarem dados mais fidedignos e avaliar os principais riscos relacionados ao escorpionismo. Assim, o presente trabalho possui como objetivo identificar os principais fatores que contribuíram para o aumento dos casos por acidentes escorpiônicos na cidade de Piracicaba no estado de São Paulo entre os anos de 2012 a 2022.
OBJETIVO
Analisar os acidentes escorpiônicos no Município de Piracicaba no período de 2012 a 2022.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo série temporal mediante sua análise longitudinal, utilizando dados do Sistema de Doença e Agravos de Notificações (SINAN) vinculado ao DATASUS, os quais foram exportados para análise no programa Microsoft excel. Foi estudada a população do município de Piracicaba no Estado de São Paulo que foram vítimas da picada de escorpião no período de 2012 a 2022. As variáveis coletadas foram, número de notificações por ano, sexo, raça, faixa etária e escolaridade. Este estudo foi analisado utilizando-se análise estatística descritiva. Além disso, foram utilizados 9 artigos para análise e comparação dos dados para a construção da discussão. Os dados utilizados são públicos e presentes no DATASUS, portanto, não há necessidade de aprovação pelo Comitê de Ética.
RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta os dados demográficos coletados da população de Piracicaba-SP do ano de 2012 a 2022, com quantitativo para sexo, cor/raça e faixa etária.
A Figura 1 apresenta a quantidade de acidentes escorpiônicos na cidade de Piracicaba-SP, totalizando 11.881 casos notificados de 2012 a 2022. Nota-se um aumento significativo ao decorrer dessa década, sendo que 2020 foi o período de maior pico, chegando a 1496 casos e, por outro lado, o menor número de casos ocorreu em 2012, com notificação de 577 ocorrências.
É elucidado na Figura 2 o número de casos de picada por escorpião através da estratificação por sexo. Observa-se a maior incidência no sexo masculino, hipótese repetida durante os 10 anos abordados neste estudo. Totaliza-se 6.447 acidentes no sexo masculino.
Mostrado abaixo, foram notificadas 837 ocorrências em homens e 659 em mulheres. Por outro lado, no ano de 2012, ano de menor incidência, foram registrados 337 casos masculinos e 240 femininos. Sendo assim, percebe-se que houve um aumento de, respectivamente, 27% e 40% de casos comparando homens e mulheres.
Em relação a notificações por raça (Figura 3), é de fácil percepção a maior incidência da raça branca em todos os anos de 2012 a 2022, totalizando 6.973 casos. O maior índice de notificações se deu em 2020, com 844 casos, e o menor índice foi registrado em 2012, com 380 acidentes. Os indígenas possuem a menor incidência entre as raças abordadas no estudo, totalizando apenas 7 casos notificados ao decorrer dessa década.
Os índices de notificação por faixa etária estão presentes na Figura 4. Os mais afetados são aqueles na faixa etária de 20 a 39 anos, com um total de 4.180. Em 2020 ocorreu seu pico, com 531 episódios, enquanto que em 2012, 193 casos foram registrados.
A faixa etária com menor notificação é em menores de 1 ano de idade, tendo apenas 69 casos ao decorrer dessa década, portanto maior incidência no ano de 2019 com 12 acidentes e o ano 2016 apresentou apenas um único caso, sendo o menor.
A faixa etária com menor notificação é em menores de 1 ano de idade, tendo apenas 69 casos ao decorrer dessa década, portanto maior incidência no ano de 2019 com 12 acidentes e o ano 2016 apresentou apenas um único caso, sendo o menor.
Ademais, a figura 5 expõe a escolaridade dos indivíduos acometidos, demonstrando maiores casos na população com ensino médio completo, apresentando 2360 casos, correspondendo a 19,86% do total.
DISCUSSÃO
Este estudo revelou que o acidente com o animal peçonhento escorpião é relativamente comum na população de Piracicaba e sua incidência tem aumentado com o passar dos anos, principalmente em homens, brancos e com faixa etária entre 20 a 39 anos.
A fonte de dados desta pesquisa foi o DATASUS, departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil. Portanto é uma limitação deste estudo não considerar informações sobre os serviços de rede suplementar oferecidos por instituições privadas não vinculadas ao SUS. Sendo assim, outros indivíduos podem ter sofrido esse acidente e não serem notificados, interferindo na determinação da incidência do escorpianismo.
Além de não estabelecermos uma relação de causa e efeito dessa população, pois não existem informações sobre a exposição dos indivíduos e sim sobre um agregado populacional.
Estudos realizados no Nordeste apontam maiores porcentagens de ocorrências de envenenamento em mulheres e correlacionam esses resultados à maior exposição do sexo feminino aos trabalhos domésticos e atividades de limpeza em ambientes habitados por escorpiões. Em contraposição, na região de Piracicaba, mais da metade dos casos de escorpianismo aconteceram no sexo masculino, o que é explicado em outras literaturas pelo fato dos homens buscarem mais por atendimento médico (SANTOS et al.,2022)
Pesquisas envolvendo acidentes por escorpião no Brasil identificaram que os maiores casos de envenenamento estão na faixa etária entre 25 e 49 anos. Já o município de Piracicaba apresentou elevadas notificações entre 20 e 39 anos, dados esses semelhantes aos encontrados em Minas Gerais, os quais obtiveram também as idades entre 20 e 39 anos como maiores faixas etárias referentes às vítimas por escorpionismo. (FERREIRA; SOUZA ROCHA, 2019)
Diferentemente de outras pesquisas que apontaram maior proporção de acidentados em indivíduos com baixa escolaridade, neste estudo foi observado uma maior incidência de casos de escorpionismo em pessoas com o ensino médio completo. Desta forma, não foi possível estabelecer uma relação entre alfabetização e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) com o escorpionismo (FERNANDO, A. et al.; 2022).
Ademais, estudos previamente realizados acerca do caráter epidemiológico do escorpionismo no Brasil demonstram maior frequência de notificações em pessoas autodeclaradas negras. Em contrapartida, na cidade de Piracicaba, a maioria dos acidentes registrados ocorreu com pessoas autodeclaradas brancas, correspondendo a 58,68% dos casos, enquanto os registros da população negra constam 7,54% do total. (RECKZIEGEL; JUNIOR, 2014)
CONCLUSÃO
Com a análise dos dados, torna-se imprescindível a ocorrência de campanhas de educação e de prevenção contra acidentes escorpiônicos, já que o número de casos aumentou no período observado, de 2012 a 2022, tendo o seu pico ocorrido em 2020. Ainda, é interessante o planejamento dos órgãos de saúde, tanto para contribuir na prevenção quanto para que haja a notificação dos casos corretamente, a fim de que os estudos sejam realizados de forma correta e mais variáveis possam ser analisadas.
Ressalta-se, ainda, a necessidade da continuidade do estudo e de pesquisas, para identificar particularidades sob o risco de acidentes em cada população, de modo a intensificar medidas de prevenção para que a incidência de acidentes e de mortes diminua cada vez mais.
REFERÊNCIA
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- ALMEIDA, A. C. C. DE et al. Associação ecológica entre fatores socioeconômicos, ocupacionais e de saneamento e a ocorrência de escorpionismo no Brasil, 2007-2019. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 30, n. 4, 2021.
- LISBOA, N. S.; BOERE, V.; NEVES, F. M. Escorpionismo no Extremo Sul da Bahia, 2010-2017: perfil dos casos e fatores associados à gravidade*. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, n. 2, maio 2020.
- ALEC BRIAN LACERDA et al. Detection of areas vulnerable to scorpionism and its association with environmental factors in São Paulo, Brazil. v. 230, p. 106390–106390, 1 jun. 2022.
- SOUZA, T. C. DE et al. Temporal trend and epidemiological profile of accidents involving venomous animals in Brazil, 2007-2019. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 31, p. e2022025, 4 nov. 2022.
- ALEC BRIAN LACERDA et al. Scorpion envenomation in the state of São Paulo, Brazil: Spatiotemporal analysis of a growing public health concern. PLOS ONE, v. 17, n. 4, p. e0266138–e0266138, 8 abr. 2022.
- FERREIRA, L. C.; ROCHA, Y. C. S. Incidência de acidentes por escorpiões no município de Januária, Minas Gerais, Brasil/ Incidence of scorpiotic acidentes in Januária, Minas Gerais, Brasil/ Incidencia de accidentes por escorpiones em Januária, Minas Gerais, Brasil. Journal Health NPEPS, v. 4, n. 1, p. 228–241, 1 jun. 2019.
- SANTOS, A. M. L. et al. Epidemiological aspects of scorpionic accidents in a municipality in Brazil’s northeastern. Brazilian Journal of Biology, v. 82, p. e238110, 4 jun. 2021.
- RECKZIEGEL, G. C.; PINTO JUNIOR, V. L. Análise do escorpionismo no Brasil no período de 2000 a 2010. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 5, n. 1, p. 67–68, 1 mar. 2014.
FIGURAS:
Tabela 1 – Características demográficas da população estudada (n=11882)
Figura 1 – Notificações por acidente escorpiônico segundo Ano acidente
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações de Agravos de Notificações – (SINAN)
Figura 2 -Notificações por Sexo segundo Ano acidente.
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações de Agravos de Notificações – (SINAN)
Figura 3 – Notificações por Raça segundo Ano acidente.
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações de Agravos de Notificações – (SINAN)
Figura 4 – Notificações por Faixa Etária segundo Ano acidente.
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações de Agravos de Notificações – (SINAN)
*EF= ensino fundamental
IGN= ignorado
Figura 5 – Notificações por Sexo segundo Ano acidente. Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações de Agravos de Notificações – (SINAN)
1 Graduanda em Medicina pela Universidade Anhembi Morumbi – UAM, São Paulo SP
Orcid: 0009-0004-9957-4799
laschiavinato_16@hotmail.com
2 Graduanda em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas – ITPAC, Santa Inês MA
3 Graduanda em Medicina pela Universidade Tiradentes – UNIT, Aracaju, SE
https://orcid.org/0009-0003-3676-9372
4 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal de São João Del Rei – UFSJ, Divinópolis MG
https://orcid.org/0009-0003-3676-9372
5 Orientador