MPOX: DESAFIOS ATUAIS NA PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO NO CONTEXTO DA EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA

MPX: CURRENT CHALLENGES IN PREVENTION, DIAGNOSIS, AND TREATMENT IN THE CONTEXT OF THE PUBLIC HEALTH EMERGENCY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409242226


Victoria Karoline Libório Cardoso1
Denis Alves Pinho2
Fhelipe da Silva Santos3
Gabriel Barroso Novo da Silveira4
Gustavo Pires Braga5
Letícia Gabrielly da Silveira Santos6
Marines de Sousa Almeida7
Paula Rodrigues Grequi8
Raíssa Freitas de Oliveira9
Sara Gabriella de Azevedo Cattaneo10


RESUMO

A MPOX, do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae,  foi identificada pela primeira vez em 1958 em macacos de laboratório, e o primeiro caso humano foi registrado em 1970, na República Democrática do Congo. Desde então, a doença manteve-se endêmica em algumas regiões da África, mas recentes surtos internacionais destacaram seu potencial pandêmico, elevando a MPOX ao status de emergência global de saúde pública. A análise dos desafios enfrentados ao longo de todo o espectro da resposta à MPOX revela limitações significativas nas estratégias preventivas, dificuldades no diagnóstico precoce e barreiras ao acesso a tratamentos adequados. O âmbito da prevenção é marcado pela falta de vacinas amplamente disponíveis e pela necessidade de estratégias de vacinação mais eficazes, com ênfase em grupos de risco e regiões com infraestrutura de saúde insuficiente. No campo do diagnóstico, observa-se uma carência de métodos específicos e acessíveis que possam ser amplamente implementados, especialmente em áreas remotas ou com recursos limitados. A complexidade dos sintomas da MPOX, que podem se assemelhar a outras doenças, dificulta a detecção precoce e o manejo correto dos casos. No tratamento, as opções terapêuticas são restritas, com antivirais específicos ainda em desenvolvimento e a necessidade de suporte clínico adequado, frequentemente inacessível em muitas regiões afetadas. A discussão também aborda o papel essencial da pesquisa e inovação, destacando o desenvolvimento contínuo de antivirais, novas vacinas e a adaptação de tecnologias de diagnóstico que possam ser aplicadas de maneira prática e eficaz em diferentes contextos. Além disso, reforça-se a importância de políticas de saúde pública integradas e da cooperação internacional como pilares para fortalecer a resposta à MPOX e aprimorar a capacidade global de enfrentar futuras emergências sanitárias. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo colaboração entre cientistas, profissionais de saúde, governos e organizações internacionais, é fundamental para mitigar os impactos da MPOX e assegurar uma resposta ágil e coordenada a crises de saúde emergentes.

Palavras chave: Ortopoxvírus; Profilaxia; Avaliação Clínica; Manejo; Saúde Pública.

ABSTRACT

MPX, belonging to the Orthopoxvirus genus and Poxviridae family, was first identified in 1958 in laboratory monkeys, with the first human case recorded in 1970 in the Democratic Republic of the Congo. Since then, the disease has remained endemic in some regions of Africa, but recent international outbreaks have highlighted its pandemic potential, elevating MPX to the status of a global public health emergency. An analysis of the challenges faced across the entire spectrum of the response to MPX reveals significant limitations in preventive strategies, difficulties in early diagnosis, and barriers to accessing appropriate treatments. The scope of prevention is marked by the lack of widely available vaccines and the need for more effective vaccination strategies, with an emphasis on at-risk groups and regions with inadequate healthcare infrastructure. In the field of diagnosis, there is a shortage of specific and accessible methods that can be widely implemented, especially in remote or resource-limited areas. The complexity of MPX symptoms, which may resemble those of other diseases, complicates early detection and proper case management. In terms of treatment, therapeutic options are limited, with specific antivirals still under development and the need for adequate clinical support, which is often inaccessible in many affected regions. The discussion also addresses the essential role of research and innovation, highlighting the ongoing development of antivirals, new vaccines, and the adaptation of diagnostic technologies that can be applied practically and effectively in different contexts. Additionally, it reinforces the importance of integrated public health policies and international cooperation as pillars to strengthen the response to MPX and enhance the global capacity to face future health emergencies. A multidisciplinary approach involving collaboration among scientists, healthcare professionals, governments, and international organizations is essential to mitigate the impacts of MPX and ensure a swift and coordinated response to emerging health crises.

Keywords: Orthopoxvirus; Prophylaxis; Clinical Evaluation; Management; Public Health.

1. INTRODUÇÃO:

A MPOX, conhecida anteriormente como Monkeypox, é uma patologia de origem viral, causada pelo vírus monkeypox, do gênero Orthopoxvirus e família Poxviridae, que inclui também outros patógenos relevantes, como é o caso do vírus da varíola. Esse vírus foi identificado primeiramente em 1958, sendo o primeiro caso relatado em 1970, na República Democrática do Congo. Desde então, seus casos foram descritos essencialmente nas regiões florestais da África Central e Ocidental, como a própria República Democrática do Congo, a região de Camarões e da Nigéria, onde é considerada a presença de uma endemia, mas com ocorrência esporádica em humanos. Apesar disso, identificou-se que esse vírus tem alta taxa de transmissão, sobretudo em contato prolongado entre pessoas infectadas.

Inicialmente, apesar de ser considerado uma endemia em determinadas regiões, sua forma de contágio acontecia  especialmente a partir do contato direto com animais infectados – compreendendo mais roedores e primatas -, ou com materiais contaminados. Porém, a partir de 2017 se identificaram casos de MPOX fora do continente africano, particularmente em regiões europeias e na América do Norte, sendo o Reino Unido, os Estados Unidos, o Canadá e a Espanha os principais acometidos,  constituindo uma mudança no padrão epidemiológico da doença. Em continuidade, no ano de 2022 ganhou importância global, com um aclive nas taxas de casos reportados em outros continentes.

Com isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a MPOX como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC) em julho de 2022. Isso se deve ao fato de ser primordial uma coordenação global para controle da doença, prevenção de surtos e mitigação de impactos sociais, econômicos e de saúde. Reflete-se, desse modo, a urgência de uma vigilância epidemiológica eficaz para enfrentar a possibilidade de surtos dessa doença, decretada pela OMS, juntamente com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Outrossim, há ainda a relevância do impacto econômico gerado pela MPOX, devido aos custos em resposta aos surtos presenciados – em razão da implementação de medidas de controle, métodos diagnósticos, vacinação e métodos de manejo; fora consequências com restrição de viagens e em atividades comerciais. Assim, ‘‘a análise econômica deve considerar tanto os custos diretos quanto indiretos, como a perda de produtividade e o reflexo no turismo e no comércio’’ (Adler et al., 2023). 

Além disso, considera-se também o efeito social desta patologia. A nível local pode-se presenciar o medo da infecção, notavelmente em regiões endêmicas e/ou de maior surto, e juntamente a isso a discriminação, exacerbado por informações incorretas e o estigma gerado pela doença. A resposta deve, dessa maneira, incluir a educação e o engajamento comunitário para reduzir a propagação da desinformação e promover uma resposta coesa (McCollum e Damon, 2022). 

Nessa senda, o objetivo deste estudo é o de abordar a importância e os desafios atuais impostos pela MPOX. Dessa forma, visa-se avaliar as dificuldades diagnósticas da doença, investigar suas limitações atuais ao se tratar de seu manejo e identificar e analisar as barreiras existentes na prevenção da mesma.

2. METODOLOGIA:

Este estudo foi conduzido como uma revisão da literatura com o objetivo de identificar e analisar os principais desafios na prevenção, diagnóstico e tratamento da MPOX no contexto da emergência de saúde pública. A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos para garantir a relevância e a qualidade das evidências analisadas. Foram incluídos artigos publicados entre 2019 e 2024, abrangendo o período de maior relevância para a evolução da doença e as respostas implementadas globalmente. A pesquisa concentrou-se em estudos que abordaram intervenções preventivas, métodos diagnósticos e estratégias terapêuticas para a MPOX, bem como políticas públicas e a resposta internacional à doença.

Os critérios de inclusão consideraram estudos originais com alta qualidade metodológica, incluindo ensaios clínicos, revisões sistemáticas e estudos observacionais que apresentaram dados sobre o manejo da MPOX. Foram incluídos artigos que exploraram o desenvolvimento e a eficácia de antivirais, vacinas e estratégias de controle, além de abordagens de vigilância epidemiológica. Foram excluídos artigos que não apresentaram dados primários, como resumos, editoriais, artigos de opinião ou que não focaram especificamente nas práticas de controle da MPOX.

A revisão foi realizada utilizando bases de dados científicas como PubMed, Scopus e Web of Science. Os termos de busca incluíram as palavras-chave ‘‘Ortopoxvírus’’, ‘‘Profilaxia’’, ‘‘Avaliação Clínica’’, ‘‘Manejo’’ e ‘‘Saúde Pública’’. A análise dos dados foi conduzida com uma abordagem de síntese qualitativa, agrupando os resultados dos estudos por tema, comparando práticas e identificando lacunas e inconsistências nas abordagens. O objetivo foi fornecer uma visão abrangente e atualizada sobre as estratégias utilizadas no enfrentamento da MPOX e contribuir com recomendações para aprimorar a resposta à doença.

 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

3.1 Desafios na Disseminação de Informações Precisas sobre Prevenção:

A emergência de saúde pública decorrente de surtos de MPOX tem gerado uma sobrecarga de informações, que, em muitos casos, leva à disseminação de orientações contraditórias ou imprecisas. Este fenômeno, conhecido como “infodemia”, impacta negativamente a percepção pública sobre a doença, dificultando a adoção de comportamentos preventivos baseados em evidências (World Health Organization, 2023).

Plataformas digitais e redes sociais, que se tornaram fontes primárias de informação para grande parte da população, são especialmente vulneráveis à propagação de desinformação. Mensagens errôneas sobre modos de transmissão, eficácia de vacinas e tratamento circulam amplamente, contribuindo para estigmatização e medo, especialmente entre populações marginalizadas (Nsoesie et al., 2022). Além disso, os algoritmos das redes sociais frequentemente priorizam conteúdos sensacionalistas em detrimento de informações baseadas na ciência, o que exacerba a confusão pública (Cinelli et al., 2020).

A linguagem técnica utilizada nas orientações de saúde pública representa outro obstáculo significativo. Muitas mensagens de prevenção são redigidas de maneira complexa, tornando-as inacessíveis a públicos leigos. Essa barreira linguística reduz a compreensão e a adesão às recomendações de saúde, o que pode comprometer a eficácia das estratégias preventivas (Paakkari e Okan, 2020). Estudos evidenciam que adaptações linguísticas e visuais das mensagens, incluindo o uso de infográficos e vídeos, podem melhorar significativamente a compreensão e a aceitação das orientações de saúde pública (World Health Organization, 2021).

Além disso, há uma evidente carência de campanhas educativas direcionadas e culturalmente sensíveis, que considerem as especificidades de grupos vulneráveis, como comunidades LGBTQIA+, minorias raciais e populações de baixa renda. Campanhas genéricas tendem a falhar em atingir esses grupos de forma eficaz, resultando em menor conhecimento sobre prevenção e um aumento do risco de exposição ao vírus (Rao et al., 2022). A integração de líderes comunitários e influenciadores locais na comunicação de saúde tem se mostrado uma estratégia promissora para superar essas barreiras, ajudando a disseminar informações precisas e culturalmente relevantes (Gollust et al., 2020).

Em resumo, a necessidade de estratégias de comunicação claras, adaptadas ao contexto sociocultural das comunidades afetadas, é urgente. As autoridades de saúde pública devem investir em campanhas educacionais baseadas em evidências, que utilizem múltiplas plataformas de comunicação e que sejam sensíveis às necessidades linguísticas e culturais dos diversos públicos (World Health Organization, 2023).

3.2 Efetividade das Vacinas Disponíveis e Questões Relacionadas à Cobertura Vacinal:

As vacinas atualmente disponíveis para MPOX, como a vacina JYNNEOS (também conhecida como Imvamune ou Imvanex), têm demonstrado eficácia na prevenção da infecção, mas enfrentam desafios significativos em termos de distribuição e cobertura vacinal. A JYNNEOS, aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, é uma vacina de vírus vivo não replicante desenvolvida originalmente para a prevenção da varíola e, subsequentemente, aprovada para MPOX devido à similaridade genética entre os vírus envolvidos. Estudos indicam que a JYNNEOS oferece uma proteção considerável contra MPOX, com dados sugerindo eficácia na redução dos sintomas e da gravidade da doença, especialmente quando administrada antes da exposição ao vírus (Centers for Disease Control and Prevention, 2023).

Contudo, a distribuição das vacinas enfrenta obstáculos substanciais. A disponibilidade limitada e a distribuição desigual impactam diretamente a capacidade de controlar surtos, particularmente em países de baixa e média renda onde as infraestruturas de saúde são menos desenvolvidas e os recursos são escassos. A distribuição global de vacinas, embora coordenada por organizações internacionais, enfrenta desafios logísticos, políticos e financeiros, agravados pela alta demanda e pela produção limitada dos fabricantes (World Health Organization, 2023).

Ademais, a hesitação vacinal permanece uma barreira significativa, especialmente em populações que já apresentam desconfiança nas autoridades de saúde. Essa insegurança é impulsionada pela falta de informação adequada, medo de efeitos adversos, e pela influência de movimentos antivacina que se disseminam pelas redes sociais. A desinformação compromete a percepção pública sobre a segurança e a eficácia das vacinas, impactando negativamente as taxas de vacinação. Pesquisas demonstram que a comunicação falha e a falta de transparência nas campanhas de vacinação contribuem para uma aceitação vacinal reduzida, principalmente em populações vulneráveis (European Centre for Disease Prevention and Control, 2023) .

Outrossim, a cobertura vacinal também é impactada pelas estratégias de priorização inadequadas. Grupos de alto risco, como homens que fazem sexo com homens, profissionais de saúde, e contactuantes próximos de casos confirmados, são prioritários para vacinação. No entanto, a implementação dessas estratégias frequentemente falha devido à falta de recursos, treinamento inadequado dos profissionais de saúde, e dificuldades na identificação precisa desses grupos. Isso resulta em uma cobertura vacinal subótima, especialmente em contextos de surtos agudos, onde a rápida implementação é essencial (Huhn et al., 2022) .

Essas dificuldades destacam a necessidade de intervenções focadas na ampliação do acesso às vacinas e na redução das disparidades na imunização. Políticas públicas devem abordar não apenas a logística de distribuição, mas também fortalecer campanhas educativas que combatam a desinformação, aumentem a confiança pública nas vacinas e melhorem a comunicação entre autoridades de saúde e a população. Investimentos em infraestrutura, alianças internacionais para a produção e distribuição de vacinas, e a capacitação contínua de profissionais de saúde são essenciais para superar os desafios atuais relacionados à vacinação contra MPOX (Cohen e Kupferschmidt, 2023) .

3.3 Estratégias de Controle de Surtos e o Papel da Saúde Pública:

O controle de surtos de MPOX exige uma abordagem integrada, envolvendo múltiplas estratégias de saúde pública para mitigar a transmissão e gerenciar casos. As principais medidas incluem a vigilância epidemiológica, o rastreamento de contatos, o isolamento de casos confirmados e a implementação de medidas de controle não farmacológicas, como a higiene das mãos e o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). A atuação coordenada das autoridades de saúde pública é essencial para a execução dessas estratégias, especialmente em momentos críticos de surto (World Health Organization, 2022).

3.3.1 Vigilância Epidemiológica e Rastreamento de Contatos: 

A vigilância epidemiológica é um pilar fundamental na resposta a surtos de MPOX, pois permite a detecção precoce de casos e a implementação de medidas de contenção. A identificação e o rastreamento de contatos próximos de casos confirmados ajudam a interromper cadeias de transmissão, particularmente em contextos de alta densidade populacional (Centers for Disease Control and Prevention, 2023). No entanto, a eficácia dessas estratégias depende de sistemas de vigilância robustos, que frequentemente enfrentam limitações em regiões com recursos escassos, como a falta de infraestrutura tecnológica e a subnotificação de casos devido a barreiras no acesso aos serviços de saúde (World Health Organization, 2022).

3.3.2 Capacitação de Profissionais de Saúde e Diagnóstico:

A capacitação dos profissionais de saúde para o diagnóstico clínico e laboratorial é essencial para a resposta eficaz a surtos de MPOX. Protocolos claros de manejo de casos, que incluem o reconhecimento precoce dos sintomas e o uso adequado de testes laboratoriais, são necessários para reduzir a propagação do vírus. Em muitos contextos, no entanto, a falta de testes rápidos e confiáveis ainda representa um obstáculo, especialmente em regiões de baixa renda, onde a infraestrutura de saúde é limitada (World Health Organization, 2022).

3.3.3 Colaboração Internacional e Adaptação Local das Diretrizes:

Dada a natureza zoonótica e global da MPOX, a colaboração internacional desempenha um papel crítico no controle dos surtos. Organizações como a OMS e o CDC têm emitido diretrizes baseadas em evidências para orientar a resposta global e apoiar os países na implementação de medidas de controle. A adaptação dessas recomendações ao contexto local é essencial, pois a efetividade das intervenções depende da disponibilidade de recursos, da infraestrutura de saúde e do nível de engajamento comunitário (World Health Organization, 2023; Centers for Disease Control and Prevention, 2023).

3.4 Diagnóstico da MPOX: Desafios e Inovações Tecnológicas

3.4.1 Dificuldades na Detecção Precoce da MPOX, Especialmente em Áreas de Baixa Vigilância:

A detecção precoce da MPOX é um desafio crítico, especialmente em regiões com infraestrutura de saúde deficiente e baixa vigilância epidemiológica. Essas áreas, muitas vezes localizadas em países de baixa e média renda, carecem de sistemas de notificação e monitoramento eficazes, dificultando a identificação e o controle oportuno dos casos. A semelhança clínica da MPOX com outras infecções cutâneas e febris, como varicela, sífilis, e outras doenças exantemáticas, complica ainda mais o diagnóstico diferencial, levando frequentemente a subdiagnósticos e diagnósticos incorretos (Bunge et al., 2022).

Um fator agravante é a falta de capacitação específica dos profissionais de saúde para reconhecer os sinais e sintomas da MPOX. Em muitas áreas endêmicas, os profissionais não recebem treinamento adequado sobre a apresentação clínica da doença, que inclui febre, linfadenopatia e lesões cutâneas características. Isso resulta em uma baixa suspeição clínica, atrasando a realização de testes diagnósticos específicos e aumentando o risco de disseminação do vírus (World Health Organization, 2022).

A ausência de triagem sistemática e protocolos claros de manejo clínico para casos suspeitos também contribui significativamente para o atraso no diagnóstico. Em áreas de baixa vigilância, o rastreamento de contatos é limitado, e o sistema de saúde muitas vezes não possui recursos suficientes para realizar um monitoramento adequado dos casos, o que amplia o potencial de surtos locais e regionais. A falta de infraestrutura para a coleta e análise de amostras biológicas, bem como a escassez de laboratórios capacitados, também são fatores críticos que comprometem a detecção precoce (Velavan et al., 2022).

3.4.2 Discussão sobre a Disponibilidade e Acessibilidade de Testes Diagnósticos:

A disponibilidade e acessibilidade de testes diagnósticos para MPOX enfrentam desafios significativos, especialmente em regiões de baixa e média renda, onde os recursos laboratoriais são limitados, como já supracitado. Os testes mais amplamente utilizados são os de PCR (reação em cadeia da polimerase), que identificam o DNA do vírus a partir de amostras de lesões cutâneas, sangue ou fluidos corporais. Esses testes são considerados o padrão-ouro para o diagnóstico de MPOX devido à sua alta sensibilidade e especificidade. No entanto, a infraestrutura necessária para a realização de testes de PCR, incluindo equipamentos especializados, reagentes de qualidade, e profissionais capacitados, muitas vezes está ausente em áreas rurais ou de difícil acesso, impedindo uma resposta rápida e eficaz ao surto de MPOX (World Health Organization, 2022).

Além das limitações estruturais, o custo elevado dos testes PCR representa uma barreira significativa para a ampliação do diagnóstico em contextos de baixa renda. O custo dos insumos, a manutenção dos equipamentos e a necessidade de transporte adequado das amostras para laboratórios centrais são questões que impactam diretamente a acessibilidade e a cobertura diagnóstica. Em muitos países, esses custos adicionais tornam o teste de PCR economicamente inviável para a maioria da população e dos sistemas de saúde locais, forçando uma dependência em métodos clínicos menos precisos, como a avaliação visual de lesões cutâneas, que pode levar a erros de diagnóstico (Centers for Disease Control and Prevention, 2023).

Além do mais, a falta de acesso a testes de alta qualidade também resulta na subnotificação de casos e compromete a vigilância epidemiológica, dificultando a compreensão da real extensão da disseminação da MPOX. Em muitos locais, a ausência de sistemas de diagnóstico adequados limita a capacidade de resposta rápida dos serviços de saúde, retardando o reconhecimento de surtos emergentes e a implementação de intervenções de saúde pública (Rimoin et al., 2022).

3.4.3 Inovações Tecnológicas e Limitações no Diagnóstico Laboratorial:

Recentes avanços tecnológicos têm buscado melhorar o diagnóstico da MPOX, com o desenvolvimento de testes rápidos e mais acessíveis, como testes baseados em antígenos e dispositivos portáteis de PCR. No entanto, essas inovações enfrentam desafios quanto à sensibilidade e especificidade, especialmente quando comparadas aos métodos tradicionais de PCR. Algumas tecnologias emergentes, como os biossensores e plataformas de diagnóstico baseadas em CRISPR, têm demonstrado potencial, mas ainda estão em fases experimentais e carecem de validação ampla em ambientes clínicos.

As limitações no diagnóstico laboratorial também incluem a falta de padronização e regulamentação de novos testes, o que pode levar a variações na precisão e confiabilidade dos resultados. Além disso, há uma necessidade urgente de treinamento e capacitação técnica de profissionais de saúde para garantir a correta coleta, manuseio e interpretação dos resultados laboratoriais.

Por fim, a integração de ferramentas digitais, como a telemedicina, para auxiliar no diagnóstico remoto, pode representar uma oportunidade para superar algumas das barreiras atuais. No entanto, essas tecnologias exigem uma infraestrutura digital robusta e acesso à internet, o que nem sempre está disponível em áreas de baixa vigilância epidemiológica.

3.5 Abordagens Terapêuticas Atuais:

3.5.1 Tratamento dq MPOX: Abordagens Antivirais e Suporte Sintomático

A Tecovirimat (TPOXX) é o antiviral de escolha para o tratamento de MPOX, uma vez que tem mostrado eficácia na inibição da replicação de ortopoxvírus, o grupo ao qual o vírus MPOX pertence. Tecovirimat atua como inibidor da lipase viral, impedindo a liberação de partículas virais maduras e a propagação do vírus (Sadaoka et al., 2021). O medicamento foi aprovado pela FDA inicialmente para a varíola, mas seu uso foi estendido para MPOX devido às semelhanças na biologia dos vírus (FDA, 2018). Estudos clínicos e relatos de casos confirmaram a eficácia do tecovirimat no tratamento de MPOX, demonstrando melhorias nos sintomas e redução na gravidade da doença (Heller et al., 2023).

Já o cidofovir é um antiviral com atividade contra uma variedade de vírus de DNA, incluindo ortopoxvírus. Embora não tenha sido especificamente aprovado para MPOX, tem mostrado eficácia in vitro e em estudos de casos graves (Buchbinder et al., 2021). Cidofovir é utilizado em situações onde o tecovirimat não está disponível ou em casos graves que não respondem ao tratamento padrão. O medicamento age como um análogo de nucleotídeo, inibindo a DNA polimerase viral e, consequentemente, a replicação viral (Kalejta et al., 2019).

Quanto ao brincidofovir, esse é um derivado de cidofovir com menor toxicidade renal, o que o torna uma alternativa atraente. Embora não esteja aprovado especificamente para MPOX, possui uma atividade antiviral semelhante contra ortopoxvírus (Chin et al., 2021). É utilizado em contextos clínicos para tratar MPOX, especialmente em casos onde outros antivirais não estão disponíveis ou são inadequados.

Igualmente, o tratamento de suporte para MPOX é fundamental para a gestão dos sintomas e para promover o conforto do paciente. Este tratamento inclui medidas como o controle da febre, o alívio da dor e a prevenção de infecções secundárias. Para o controle da febre, antipiréticos como paracetamol e ibuprofeno são frequentemente utilizados, pois também proporcionam alívio sintomático (Miller et al., 2022). Para o alívio álgico, analgésicos são administrados para controlar a dor associada às lesões cutâneas e outras manifestações da doença (Hoffman et al., 2023). Além disso, para prevenir infecções secundárias, que podem ocorrer devido a lesões cutâneas abertas e comprometimento da integridade da pele, antibióticos podem ser prescritos em alguns casos (Whitley et al., 2022).

3.5.2 Disponibilidade de medicamentos e infraestrutura de saúde:

Os antivirais específicos, como o tecovirimat, são fundamentais no manejo da doença, mas sua disponibilidade pode ser restrita. A produção e distribuição desses medicamentos frequentemente passam por barreiras logísticas e financeiras, o que pode impactar o acesso global a tratamentos eficazes. Estudos têm indicado que a capacidade de resposta a surtos é frequentemente comprometida pela escassez de antivirais e pela dificuldade em garantir seu fornecimento contínuo (Baxter et al., 2022; Reynolds et al., 2023).

Em áreas com recursos limitados, a implementação de estratégias de tratamento pode ser particularmente desafiadora. A falta de medicamentos essenciais e a dificuldade em assegurar sua distribuição contínua podem resultar em tratamentos inadequados e, consequentemente, em piores desfechos de saúde. A OMS e outras entidades internacionais têm sublinhado a necessidade de melhorar a infraestrutura de distribuição de antivirais para garantir que eles estejam disponíveis nas regiões afetadas por surtos de MPOX (Baxter et al., 2022).

Nesse sentido, a infraestrutura de saúde pública desempenha um papel crucial no diagnóstico e tratamento de MPOX. Em contextos de emergência, a capacidade dos sistemas de saúde pode ser insuficiente, especialmente em regiões com menos recursos. A falta de laboratórios adequados e a deficiência em serviços de saúde pública podem atrasar o diagnóstico e a administração dos tratamentos necessários. A OMS destaca a importância de fortalecer as infraestruturas locais para melhorar a resposta a emergências de saúde e garantir que os diagnósticos e tratamentos sejam realizados de forma eficiente e oportuna (WHO, 2023).

3.6 Papel dos Ensaios Clínicos no Desenvolvimento de Terapias para MPOX:

O desenvolvimento de novas terapias para MPOX está progredindo com a intenção de aprimorar a eficácia dos tratamentos existentes e expandir as opções terapêuticas disponíveis. No que diz respeito aos antivirais e novos compostos, a pesquisa está explorando o desenvolvimento de antivirais específicos para MPOX, além dos já estabelecidos, como tecovirimat e cidofovir. Um exemplo é o estudo de Fenton et al. (2023), que examinou a eficácia de novos antivirais em modelos animais, apresentando resultados promissores que indicam possíveis vantagens desses compostos sobre os tratamentos existentes (Fenton et al., 2023).

Nessa senda, a pesquisa também está focada no desenvolvimento de vacinas específicas para MPOX, embora vacinas contra varíola, como a vacina de cepa atenuada, estejam sendo avaliadas devido à sua eficácia comprovada contra ortopoxvírus. Ensaios clínicos estão sendo realizados para determinar a eficácia e segurança do uso dessas vacinas na prevenção de MPOX. Um estudo relevante conduzido por Ewing et al. (2024) demonstrou que a vacina contra varíola pode induzir uma resposta imune robusta contra MPOX, oferecendo uma base sólida para considerar seu uso preventivo (Ewing et al., 2024).

Esses estudos ajudam a assegurar que novos antivirais e vacinas sejam eficazes e seguros para a população em geral. Ensaios como o conduzido por Gupta et al. (2023) avaliam a eficácia de novos antivirais e vacinas contra MPOX, fornecendo dados essenciais para guiar as práticas clínicas e as políticas de saúde pública (Gupta et al., 2023). Nessa perspectiva, a colaboração internacional e o financiamento de pesquisas são fundamentais para o avanço rápido e eficaz das novas terapias. Projetos de pesquisa multicêntricos e parcerias público-privadas são essenciais para acelerar o desenvolvimento e a implementação de novas soluções terapêuticas. Um exemplo significativo é o Projeto de Pesquisa Global sobre MPOX, financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa coordenar esforços internacionais para a pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos e vacinas (OMS, 2024).

 4. CONCLUSÃO:

O enfrentamento da MPOX revela uma série de desafios intrincados que abrangem todas as fases, desde a prevenção até o tratamento. Embora os esforços atuais tenham trazido avanços, a complexidade da doença e os obstáculos associados à sua gestão exigem uma abordagem renovada e multifacetada. 

No campo da prevenção, a necessidade de estratégias eficazes vai além da mera disponibilidade de vacinas. Requer também o desenvolvimento de abordagens personalizadas que considerem as variabilidades regionais e culturais, além de mecanismos que promovam a aceitação e adesão das populações aos programas de vacinação. A eficácia das campanhas de conscientização e educação em saúde, bem como a melhoria na comunicação de riscos, são aspectos essenciais que devem ser reforçados para aumentar a cobertura vacinal e a eficácia das medidas preventivas.

Em relação ao diagnóstico, a inovação não deve se limitar à criação de novos testes, mas também à integração dos mesmos em sistemas de saúde que garantam um fluxo contínuo de informação e acesso facilitado aos recursos necessários. A implementação de tecnologias digitais e sistemas de telemedicina pode melhorar a capacidade de diagnóstico remoto e acelerar a identificação de casos em áreas remotas, potencializando a resposta rápida a surtos.

O tratamento da MPOX demanda uma abordagem integrada que não se restrinja ao desenvolvimento de novos antivirais e vacinas, mas que também inclua o aprimoramento das práticas clínicas existentes. É crucial investir em pesquisas que explorem não apenas a eficácia, mas também a segurança a longo prazo dos tratamentos, assim como a adequação das estratégias de tratamento às diferentes condições de saúde dos pacientes.

A preparação para futuras emergências de saúde pública deve incorporar lições aprendidas na resposta à MPOX. Isso inclui o fortalecimento das infraestruturas de saúde pública e a criação de redes de colaboração entre instituições de pesquisa, governos e organizações não governamentais. A criação de bancos de dados globais e a facilitação do acesso a informações sobre surtos emergentes podem aprimorar a capacidade de resposta global e a coordenação internacional.

Além disso, a integração de práticas sustentáveis na gestão de crises de saúde pode garantir que os sistemas de saúde estejam melhor preparados para enfrentar futuros desafios sem comprometer os recursos. A aplicação de modelos de gestão de risco e a realização de simulações e exercícios regulares podem ajudar a identificar lacunas e a preparar as equipes para respostas mais eficazes.

Em resumo, a luta contra a MPOX exige uma visão abrangente e colaborativa que vai além das abordagens tradicionais. A integração de diferentes disciplinas, a inovação contínua e a cooperação global são essenciais para enfrentar os desafios atuais e futuros, proteger a saúde pública e garantir uma resposta eficaz a emergências de saúde pública.

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1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 Acadêmica de Medicina do Centro Universitário Fametro