PERI-IMPLANTITE: DESAFIOS NO MANEJO E ABORDAGENS TERAPÊUTICAS – UMA REVISÃO ABRANGENTE DA LITERATURA

PERI-IMPLANTITIS: CHALLENGES IN MANAGEMENT AND THERAPEUTIC APPROACHES – A COMPREHENSIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249231200


Raphael Neves Vilas Boas 1
Bruna Cavalcante Capinan 2
Fernanda Bonfim Neves 3
Maysa Couto Farias 4
Návila Elen Vilas Boas Teixeira 5
Vívine Silva Lima 6
João Victor Neves Magalhães 7
Sara de Souza Carvalho 8
Gabriel Leonardo Montoya 9
Aline Abigail Santos da Trindade 10


Resumo:

A peri-implantite é uma inflamação que afeta os tecidos ao redor dos implantes dentários, resultando em perda óssea significativa. Este estudo revisa a literatura disponível sobre a condição, explorando suas causas, fatores de risco e métodos de tratamento. O objetivo é avaliar as abordagens clínicas e os desafios no gerenciamento da peri-implantite. A revisão incluiu uma análise de estudos clínicos e experimentais para identificar características da doença e as melhores práticas de tratamento. Os resultados revelam que o tabagismo tem um impacto considerável na progressão da doença e que as intervenções cirúrgicas e terapêuticas podem ser bastante eficazes. Conclui-se que uma abordagem abrangente e a detecção precoce são essenciais para o tratamento bem-sucedido da peri-implantite.

Palavras-chave: Peri-implantite, tabagismo, tratamento cirúrgico, biomateriais, perda óssea.

Abstract:

Peri-implantitis is an inflammatory condition affecting the tissues around dental implants, which can lead to significant bone loss. This study reviews the existing literature on peri-implantitis, examining its causes, risk factors, and treatment methods. The aim is to assess clinical approaches and the challenges of managing the condition. The review analyzed clinical and experimental studies to determine disease characteristics and effective treatment practices. Findings highlight the considerable impact of smoking on disease progression and the effectiveness of surgical and therapeutic interventions. It is concluded that a comprehensive approach and early detection are crucial for successful peri-implantitis management.

Keywords: Peri-implantitis, smoking, surgical treatment, biomaterials, bone loss.

Introdução

A peri-implantite é uma inflamação crônica que compromete os tecidos ao redor dos implantes dentários, frequentemente levando à perda óssea significativa e falhas no tratamento (Serino & Turri, 2011). Este estudo se propõe a revisar a literatura existente sobre a peri-implantite, investigando seus fatores de risco, patogênese e as estratégias de tratamento empregadas. O objetivo é discutir os principais desafios no manejo da condição e fornecer uma visão crítica das abordagens clínicas atuais. A finalidade é oferecer uma síntese das evidências disponíveis para melhorar a prática clínica e sugerir direções para futuras pesquisas.

O aumento no uso de implantes dentários, aliado ao prolongamento da expectativa de vida, tem gerado um aumento na prevalência de peri-implantite, uma condição que pode comprometer gravemente a integridade dos implantes (Fransson et al., 2010). O conhecimento prévio indica que fatores como o tabagismo e as características da superfície do implante desempenham papéis cruciais na progressão da doença (Levin et al., 2008; Berglundh et al., 2007). A literatura aponta para uma combinação de abordagens cirúrgicas e não cirúrgicas como as principais estratégias de manejo, mas ainda há lacunas significativas no entendimento de como otimizar essas técnicas para diferentes contextos clínicos (Baig & Rajan, 2007; Rodríguez-Argueta et al., 2011).

O problema de pesquisa abordado é identificar quais fatores influenciam a progressão da peri-implantite e avaliar a eficácia das abordagens terapêuticas disponíveis. Estudos anteriores destacam o impacto negativo do tabagismo e as diferenças de eficácia entre os tipos de superfícies de implante (Berglundh et al., 2007; Norowski & Bumgardner, 2009). No entanto, continua a ser necessário um exame mais aprofundado das melhores práticas de tratamento e prevenção. A pergunta de pesquisa é: como as estratégias de manejo podem ser aprimoradas com base nas evidências atuais para melhorar os resultados clínicos na peri-implantite?

Este estudo utiliza uma revisão sistemática da literatura, abrangendo artigos publicados entre 2004 e 2011 sobre peri-implantite. A metodologia inclui a análise de estudos clínicos e experimentais para extrair informações sobre a progressão da doença e a eficácia das intervenções. As fontes foram selecionadas a partir de bases de dados acadêmicas, como PubMed e Scopus, com foco em evidências que abordam tanto os fatores de risco quanto os tratamentos.

O objetivo principal é proporcionar uma visão crítica e atualizada sobre o manejo da peri-implantite, abordando os desafios e as melhores práticas baseadas em evidências. A contribuição deste estudo reside na integração das informações mais recentes sobre a condição, propondo uma abordagem mais eficaz e destacando a importância de intervenções precoces. O diferencial desta pesquisa é sua capacidade de sintetizar e contextualizar dados recentes, oferecendo novas perspectivas para o tratamento da peri-implantite.

O artigo está estruturado em cinco seções principais. A primeira seção apresenta o conceito de peri-implantite e sua prevalência clínica. A segunda seção explora os fatores de risco associados, com ênfase no tabagismo e nas superfícies dos implantes. A terceira seção detalha os métodos de tratamento, incluindo intervenções cirúrgicas e não cirúrgicas. A quarta seção revisa a aplicação de biomateriais e antibióticos. A seção final discute as conclusões e sugere áreas para futuras pesquisas e melhorias na prática clínica.

Desenvolvimento

A peri-implantite é uma inflamação crônica que afeta os tecidos ao redor dos implantes dentários, levando frequentemente à perda óssea e ao fracasso do implante. A crescente adoção de implantes dentários e a maior expectativa de vida resultaram em um aumento significativo na incidência dessa condição, que pode comprometer não apenas a saúde do paciente, mas também a eficácia dos tratamentos dentários (Serino & Turri, 2011). O objetivo deste estudo é revisar a literatura existente sobre a peri-implantite, analisando os fatores que contribuem para sua progressão e as estratégias de tratamento mais eficazes.

Estudar a peri-implantite é de grande importância devido ao seu impacto direto na longevidade dos implantes dentários e na qualidade de vida dos pacientes. O manejo eficaz da peri-implantite pode evitar complicações graves e a necessidade de remoção do implante, o que é crucial para a prática clínica e para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas (Fransson et al., 2010). A compreensão dos fatores de risco e das melhores práticas de tratamento pode levar a melhorias significativas nos resultados clínicos e na saúde oral dos pacientes.

A patogênese da peri-implantite envolve uma interação complexa entre fatores bacterianos e a resposta inflamatória do hospedeiro. A presença de biofilmes bacterianos ao redor dos implantes é um fator crucial no desenvolvimento da peri-implantite, com diferentes espécies bacterianas contribuindo para a inflamação e perda óssea (Berglundh et al., 2007). Além disso, a resposta imune do paciente e as características do implante, como a superfície rugosa, desempenham papéis importantes na gravidade da doença (Rodríguez-Argueta et al., 2011).

Modelos teóricos sobre a peri-implantite geralmente abordam a formação e a manutenção de biofilmes bacterianos e a resposta inflamatória do hospedeiro. O modelo de biofilme sugere que a persistência de bactérias ao redor do implante é fundamental para a progressão da peri-implantite. Teorias sobre a resposta inflamatória indicam que a resposta imune do paciente pode exacerbar a condição, influenciando a eficácia dos tratamentos (Levin et al., 2008).

A literatura existente revela várias abordagens para o manejo da peri-implantite. Serino e Turri (2011) destacam a eficácia das intervenções cirúrgicas na redução da inflamação e na regeneração óssea. Fransson et al. (2010) enfatizam a importância da identificação precoce de fatores de risco para a prevenção da progressão da doença. Além disso, Berglundh et al. (2007) investigam a progressão espontânea da peri-implantite em diferentes superfícies de implante, enquanto Levin et al. (2008) exploram o impacto do tabagismo na perda óssea ao redor dos implantes.

Baig e Rajan (2007) fornecem uma revisão detalhada sobre os efeitos do tabagismo, indicando que pacientes fumantes têm um risco elevado de falhas no tratamento. Rodríguez-Argueta et al. (2011) analisam as complicações pós-operatórias em pacientes fumantes, reforçando a necessidade de estratégias de manejo específicas para esse grupo. Norowski e Bumgardner (2009) revisam o uso de biomateriais e antibióticos, sugerindo que essas intervenções podem melhorar os resultados clínicos quando combinadas com abordagens cirúrgicas.

Apesar do extenso corpo de pesquisa existente, ainda há lacunas significativas, como a necessidade de diretrizes claras para o manejo da peri-implantite em pacientes com múltiplos fatores de risco. Muitos estudos não abordam a combinação de diferentes fatores e a personalização dos tratamentos. Este artigo visa preencher essas lacunas, oferecendo uma análise crítica das práticas atuais e sugerindo áreas para futuras pesquisas para melhorar o manejo da peri-implantite.

Conclusão

Este estudo revisou a literatura sobre a peri-implantite, um problema significativo no campo da implantodontia, e o desafio do manejo eficaz desta condição. A peri-implantite é uma doença inflamatória que afeta os tecidos ao redor dos implantes dentários, levando à perda óssea e comprometendo a durabilidade dos implantes. O objetivo principal deste artigo foi analisar e discutir as intervenções terapêuticas, os fatores de risco e as estratégias de manejo, com a finalidade de fornecer uma visão abrangente sobre o tema e identificar áreas para futuras pesquisas.

A revisão da literatura revelou que, apesar da eficácia das intervenções cirúrgicas na redução da profundidade de sondagem e na perda óssea, a progressão da peri-implantite pode ser significativamente influenciada por fatores como o tabagismo e a higiene oral deficiente. Estudos indicam que a combinação de biomateriais e antibióticos pode melhorar os resultados clínicos, mas a falta de consenso sobre protocolos de tratamento ainda é uma preocupação. A personalização das estratégias de manejo, levando em conta os fatores individuais dos pacientes, é crucial para otimizar os resultados e a adesão ao tratamento (Fransson et al., 2010; Levin et al., 2008; Norowski & Bumgardner, 2009).

Os dados obtidos são fundamentais para compreender a eficácia das diferentes abordagens terapêuticas e os fatores que afetam a progressão da peri-implantite. A evidência de que o tabagismo e a qualidade da higiene oral desempenham papéis críticos na progressão da doença destaca a necessidade de estratégias de manejo específicas e personalizadas. Além disso, a análise dos protocolos de tratamento e dos biomateriais utilizados oferece insights valiosos para a prática clínica, ajudando a melhorar os cuidados oferecidos aos pacientes com peri-implantite (Serino & Turri, 2011; Baig & Rajan, 2007).

Este estudo enfrenta algumas limitações, como a variabilidade nos métodos de diagnóstico e nas características das populações estudadas, o que pode afetar a comparabilidade dos resultados. Além disso, muitos dos estudos analisados são retrospectivos e apresentam uma heterogeneidade nas abordagens terapêuticas, dificultando a generalização das conclusões. Essas limitações ressaltam a necessidade de mais pesquisas com metodologias padronizadas e amostras mais homogêneas para validar e expandir os achados apresentados (Rodríguez-Argueta et al., 2011).

Futuras pesquisas devem se concentrar em desenvolver e validar protocolos de tratamento mais padronizados e baseados em evidências para a peri-implantite. Estudos longitudinais que investiguem a eficácia de diferentes combinações de biomateriais e antibióticos, bem como a influência de fatores individuais como o tabagismo, poderão fornecer informações mais precisas sobre as melhores práticas para o manejo da peri-implantite. Além disso, é importante explorar abordagens multidisciplinares que integrem aspectos clínicos e comportamentais para aprimorar a eficácia do tratamento e a satisfação dos pacientes (Berglundh et al., 2007; Levin et al., 2008).

Referência teórica
  1. BAIG, M. R.; RAJAN, M. Efeitos do tabagismo no resultado do tratamento com implantes: uma revisão de literatura. Indian Journal of Dental Research, v. 18, n. 4, p. 190-195, out.-dez. 2007.
  2. BERGLUNDH, T.; GOTFREDSEN, K.; ZITZMANN, N. U.; LANG, N. P.; LINDHE, J. Espontânea progressão da peri-implantite induzida por ligadura em implantes com diferentes superfícies de rugosidade: um estudo experimental em cães. Clinical Oral Implants Research, v. 18, n. 5, p. 655-661, out. 2007.
  3. FRANSSON, C.; TOMASI, C.; PIKNER, S. S.; GRÖNDAHL, K.; WENNSTRÖM, J. L.; LEYLAND, A. H.; BERGLUNDH, T. Gravidade e padrão de perda óssea associada à peri-implantite. Journal of Periodontology, v. 81, n. 10, p. 1367-1378, out. 2010.
  4. LEVIN, L.; HERTZBERG, R.; HAR-NES, S.; SCHWARTZ-ARAD, D. Perda óssea marginal a longo prazo em torno de implantes dentários individuais afetados por hábitos de fumar atuais e passados. Implant Dentistry, v. 17, n. 4, p. 422-429, dez. 2008.
  5. NOROWSKI, P. A. JR.; BUMGARDNER, J. D. Revisar estratégias de biomateriais e antibióticos para peri-implantite. Journal of Biomedical Materials Research Part B: Applied Biomaterials, v. 88, n. 2, p. 530-543, fev. 2009.
  6. RODRÍGUEZ-ARGUETA, O. F.; FIGUEIREDO, R.; VALMASEDA-CASTELLÓN, E.; GAY-ESCODA, C. Complicações pós-operatórias em pacientes fumantes tratados com implantes: um estudo retrospectivo. Journal of Clinical Periodontology, v. 38, n. 8, p. 738-745, ago. 2011.
  7. SERINO, G.; TURRI, A. Resultado do tratamento cirúrgico da peri-implantite: resultados de um estudo de 2 anos – estudo clínico prospectivo em humanos. Archives of Oral Biology, v. 56, n. 8, p. 823-828, ago. 2011..
  8. LINDHE, J.; MEYLE, J. Doenças peri-implantares: Relatório de consenso da Sexta Conferência Europeia – Workshop de Periodontologia. Journal of Clinical Periodontology, v. 35, p. 282-285, supl. 8, 2008.
  9. FRANCH, F.; LUENGO, F.; BASCONES, A. Evidência microbiana de peri-implantite, contribuindo aos fatores de risco, diagnóstico e tratamento de acordo com protocolos científicos. Avances en Periodoncia e Implantología, v. 16, n. 3, p. 143-156, 2004.

1 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário UNIFG – Campus  São Sebastião, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: raphaelnvb@gmail.com

2 Discente do curso superior de Odontologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador – BA,  Brasil. E-mail: brunamcampinan@hotmail.com

3 Discente do curso superior de Odontologia da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), Vitória da Conquista – BA, Brasil. E-mail: Fernanda_bonfimneves17@hotmail.com

4 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário UNIFG – Campus  São Sebastião, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: dramaysafarias@gmail.com

5 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário UNIFG – Campus  São Sebastião, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: navilavbteixeira@gmail.com

6 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário UNIFG – Campus  São Sebastião, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: vivinelima03@gmail.com

7 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário UNIFG – Campus  São Sebastião, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: joaovictortqn@hotmail.com

8 Discente do curso superior de Odontologia da Universidade de Belo Horizonte (UNIBH), Belo Horizonte – MG, Brasil. E-mail: odonto.saracarvalho@gmail.com

9 Formado no curso superior de Odontologia da Universidade de Passo Fundo (UPF), Passo Fundo – RS,  Brasil. E-mail: gabrielmontoya.dentista@gmail.com

10 Discente do curso superior de Odontologia do Centro Universitário UNIFG – Campus  São Sebastião, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: alinetr@yahoo.com