UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE AS BARREIRAS E OPORTUNIDADES DA PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA INDÚSTRIA DE TECNOLOGIA

AN EXPLORATORY STUDY ON THE BARRIERS AND OPPORTUNITIES OF WOMEN’S PARTICIPATION IN THE TECHNOLOGY INDUSTRY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni102024091502


Alyne Lima Ribeiro1
Prof.ª MSc. Tayse Virgulino Ribeiro2


Resumo

Este estudo visa examinar de forma abrangente a participação das mulheres na indústria tecnológica, utilizando uma abordagem qualitativa e exploratória para entender a complexa dinâmica deste cenário. O objetivo central é capturar uma variedade de aspectos, perspectivas e experiências por meio de dados qualitativos, proporcionando uma compreensão mais rica e profunda do que seria possível com métricas quantitativas isoladas. Empregando um método hipotético-dedutivo, a pesquisa inicia-se com a formulação de hipóteses teóricas fundamentadas na literatura existente, que são subsequentemente testadas empiricamente. Esse processo permite tirar conclusões robustas sobre o papel, a participação e o impacto das mulheres no setor tecnológico, além de identificar barreiras sistêmicas e facilitadores de sua inclusão. Além disso, o estudo busca iluminar os desafios específicos enfrentados pelas mulheres, as oportunidades emergentes que podem ser aproveitadas e as contribuições significativas que elas fazem para este campo vital e em constante evolução. Ao oferecer uma análise detalhada e contextualizada, o estudo pretende fornecer ideias valiosas para formuladores de políticas, líderes da indústria e educadores, ajudando a promover um ambiente mais inclusivo e equitativo na tecnologia. Em última análise, este estudo não apenas visa mapear o estado atual da participação feminina na tecnologia, mas também contribuir para a criação de estratégias eficazes que promovam a diversidade e a inclusão, assegurando que as vozes e experiências das mulheres sejam plenamente integradas no desenvolvimento contínuo deste setor dinâmico.

Palavras-Chaves: Tecnologia, Representatividade e Mulher na Indústria.

ABSTRACT

This study aims to comprehensively examine women’s participation in the technology industry, using a qualitative and exploratory approach to understand the complex dynamics of this scenario. The central objective is to capture a variety of aspects, perspectives, and experiences through qualitative data, providing a richer and deeper understanding than would be possible with isolated quantitative metrics. Employing a hypothetical-deductive method, the research begins with the formulation of theoretical hypotheses based on existing literature, which are subsequently tested empirically. This process allows for robust conclusions to be drawn about the role, participation, and impact of women in the technology sector, as well as identifying systemic barriers and facilitators of their inclusion. Additionally, the study seeks to shed light on the specific challenges faced by women, the emerging opportunities that can be leveraged, and the significant contributions they make to this vital and ever-evolving field. By offering a detailed and contextualized analysis, the study aims to provide valuable insights for policymakers, industry leaders, and educators, helping to promote a more inclusive and equitable environment in technology. Ultimately, this study not only aims to map the current state of female participation in technology but also to contribute to the creation of effective strategies that promote diversity and inclusion, ensuring that women’s voices and experiences are fully integrated into the ongoing development of this dynamic sector.

Keywords: Technology, Representation and Women in the Industry.

1. INTRODUÇÃO

A participação das mulheres na indústria de tecnologia é um tema de extrema relevância e atualidade, que tem despertado cada vez mais interesse e debate na sociedade contemporânea. Ao longo dos anos, apesar das inúmeras conquistas femininas nos âmbitos pessoal, social, cultural e profissional, a desigualdade de gênero ainda se mostra presente nessas áreas’ (Vieira, Soares e Ribeiro. 2017, p. 1176). A busca pela equidade de gênero nesse setor vital e em constante evolução tem sido um desafio enfrentado por muitas mulheres ao longo dos anos. Compreender as barreiras, desafios e oportunidades que permeiam a presença feminina na tecnologia é essencial para promover um ambiente mais inclusivo e equitativo.

Uma das problemáticas mais significativas na participação feminina na indústria tecnológica é a persistente desigualdade de gênero, manifestada através de preconceitos, discriminação e desequilíbrio salarial. De acordo com um relatório recente da plataforma Ravio (2024), as mulheres que trabalham em tecnologia na União Europeia ganham, em média, 26% menos do que os homens. Políticas e leis  destinadas a promover a igualdade de gênero no local de trabalho têm sido implementadas, como a Lei de Igualdade Salarial que dispõe sobre a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens e altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)., e a Lei 60/2018 que exige que as empresas garantam uma política remuneratória transparente para evitar discriminação salarial. Referências históricas, como apresentada no site da CNN (2023), a contribuição pioneira de Ada Lovelace – amplamente reconhecida como a primeira programadora de computador do mundo – destacam a importância das mulheres na fundação da tecnologia moderna. Lovelace não só vislumbrou as capacidades dos computadores além dos cálculos matemáticos, mas também abriu caminho para gerações futuras de mulheres em tecnologia. No entanto, apesar de seu legado inspirador, a presença feminina no setor continua sub-representada, ressaltando a necessidade de esforços contínuos e reforçados para quebrar barreiras e promover a inclusão genuína.

Neste contexto, o presente estudo visa examinar de forma abrangente a participação das mulheres na indústria tecnológica, utilizando uma abordagem qualitativa e exploratória para compreender a complexa dinâmica desse cenário. O objetivo central é capturar uma variedade de aspectos, perspectivas e experiências por meio de dados qualitativos, proporcionando uma compreensão mais rica e profunda do que seria possível com métricas quantitativas isoladas.

Empregando um método hipotético-dedutivo, a pesquisa inicia-se com a formulação de hipóteses teóricas fundamentadas na literatura existente, que são subsequentemente testadas empiricamente. Esse processo permite tirar conclusões robustas sobre o papel, a participação e o impacto das mulheres no setor tecnológico, além de identificar barreiras sistêmicas e facilitadores de sua inclusão. Além disso, o estudo busca iluminar os desafios específicos enfrentados pelas mulheres, as oportunidades emergentes que podem ser aproveitadas e as contribuições significativas que elas fazem para este campo vital e em constante evolução.

Ao oferecer uma análise detalhada e contextualizada, o estudo pretende fornecer percepções valiosas para formuladores de políticas, líderes da indústria e educadores, ajudando a promover um ambiente mais inclusivo e equitativo na tecnologia. Em última análise, este estudo não apenas visa mapear o estado atual da participação feminina na tecnologia, mas também contribuir para a criação de estratégias eficazes que promovam a diversidade e a inclusão, assegurando que as vozes e experiências das mulheres sejam plenamente integradas no desenvolvimento contínuo deste setor dinâmico.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Nos últimos anos, observa-se um crescimento contínuo na participação das mulheres em todas as áreas no mercado de trabalho. De acordo com o estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, mostra que a taxa de desemprego por nível educacional é ainda mais alarmante. Em 2012, para as mulheres que têm o ensino médio completo, o número era de 10,97% e, dos homens, 6,34%. Em 2021, esse número saltou para 19,04% e 11,63%, respectivamente.

Durante a Revolução Industrial, à medida que o trabalho manufatureiro se concentrou nas fábricas, muitas mulheres foram empregadas em ocupações menos especializadas, como a indústria têxtil. Segundo Perrot (2005), em 1866 a participação feminina representava 30% da mão de obra empregada e no ano de 1906 alcançou 37,7% de participação. A inserção feminina neste período, de acordo com a autora, resulta da estagnação populacional, o que fez com que a mão de obra feminina fosse requisitada.  No entanto, durante o século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, as mulheres entraram numa variedade de setores industriais e técnicos devido às exigências laborais.

Com isso, durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres estiveram fortemente envolvidas na defesa e na indústria. Após o fim do conflito, muitas mulheres permaneceram no mercado de trabalho e expandiram a sua presença em áreas como a informática. Mas, ainda enfrentaram barreiras como a discriminação salarial e as restrições laborais.

Entre as décadas de 1960 e 1970, surgiu o movimento feminista que emergiu em resposta à desigualdade de gênero generalizada, onde as mulheres enfrentavam discriminação no trabalho, na educação, na política e em suas vidas pessoais. Inspiradas por movimentos sociais de protesto e luta por direitos civis da época, as mulheres se organizaram para reivindicar direitos, conscientizando-se das opressões cotidianas, especialmente com o avanço dos métodos contraceptivos que deram maior controle sobre sua sexualidade e reprodutividade. Essa conscientização crescente, aliada a conquistas anteriores como o direito ao voto, impulsionou a busca por igualdade e liberdade, tornando o movimento feminista uma força transformadora na sociedade, influenciando a cultura, a mídia e promovendo debates fundamentais sobre papéis de gênero e direitos das mulheres. 

O movimento feminista fortaleceu a luta pela igualdade de direitos e oportunidades em todos os campos, incluindo a indústria e a tecnologia. Então, começaram a surgir programas de diversidade e inclusão. Porém, é um progresso gradual e muitas mulheres ainda enfrentam barreiras para assumir cargos de chefia. Mediante isso, com o advento da era digital e a crescente procura de competências, as mulheres começaram a destacar-se em áreas como programação, engenharia de software e ciência de dados.  

Organizações e iniciativas focadas em mulheres na tecnologia, como Girls Who Code e Women in Tech, foram criadas para apoiar o crescimento e a participação das mulheres na área. Apesar dos progressos, subsistem desafios, incluindo disparidades salariais e sub-representação em cargos de liderança. No entanto, muitas empresas estão a adotar políticas de diversidade e inclusão, a promover programas de mentoria e a educar mulheres em STEM desde tenra idade. 

O futuro das mulheres na indústria e na tecnologia é promissor, refletindo uma crescente conscientização sobre questões de gênero e esforços contínuos para quebrar estereótipos. Mulheres estão se destacando como empreendedoras e líderes no setor tecnológico, impulsionando a inovação e promovendo a diversidade de perspectivas. Segundo o relatório da McKinsey Global Institute (2019), a tecnologia pode derrubar barreiras enfrentadas pelas mulheres, abrindo novas oportunidades econômicas e ajudando-as a participar do mercado de trabalho na era da automação.

2.1. Desafios enfrentados pelas mulheres na indústria de tecnologia

A presença reduzida de mulheres na indústria de tecnologia está relacionada a diversos desafios enfrentados por elas, tais como a falta de representatividade, o viés de gênero, a discriminação no ambiente de trabalho e a dificuldade de conciliar carreira e vida pessoal. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE em 2016, apenas 37,8% dos cargos de liderança em empresas são ocupados por mulheres. Entre o ano de 2012 a 2016, o nível de representação em 2014 foi o menor, sendo ele 36,5%.

 Figura 1 – Participação das Mulheres em Cargos Gerenciais

Fonte: IBGE 2018

Em suma, a participação das mulheres na indústria de tecnologia é fundamental para promover a diversidade, a inovação e o progresso. Apesar dos desafios enfrentados, as iniciativas para promover a inclusão e a representatividade estão ganhando força e mostrando resultados positivos. É essencial continuar apoiando e incentivando as mulheres a seguirem carreiras em tecnologia, criando ambientes de trabalho inclusivos e equitativos para todos.

2.2. Possíveis causas da disparidade de gênero na indústria de tecnologia

Diversos fatores contribuem para a baixa representatividade feminina na indústria de tecnologia, incluindo estereótipos de gênero, falta de incentivo desde a infância para que as meninas se interessem por áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), e a cultura organizacional das empresas de tecnologia, que muitas vezes não é acolhedora para as mulheres.

Um dos principais problemas é o viés de contratação em muitas empresas de tecnologia, onde critérios de seleção e culturas organizacionais tendem a favorecer homens, dificultando a entrada e a progressão de mulheres nesse campo. Além disso, a falta de modelos femininos proeminentes e de mentoria adequada para mulheres em cargos de liderança contribui para a desigualdade de oportunidades e para a percepção de que o setor não é acolhedor para mulheres.

Ambientes de trabalho hostis e não inclusivos também desempenham um papel significativo na disparidade de gênero na indústria de tecnologia, com relatos frequentes de discriminação e assédio que afetam negativamente a retenção e o avanço das mulheres. Esses problemas são frequentemente agravados por estereótipos de gênero arraigados na sociedade, que podem influenciar as escolhas educacionais e profissionais das mulheres, levando a uma menor representação delas em campos de estudo e trabalho relacionados à tecnologia. Para abordar efetivamente essa disparidade, é crucial trabalhar na eliminação dessas barreiras culturais, promover a igualdade salarial e de oportunidades, além de implementar práticas de recrutamento e retenção mais inclusivas e equitativas.

2.3. Cenário atual faz mulheres na Tecnologia no Brasil

Atualmente, os homens dominam o cenário da tecnologia, mas há indícios de mudança. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam um crescimento significativo de 60% na participação das mulheres em cargos de tecnologia entre os anos de 2015 a 2022. Esse aumento representa um movimento importante rumo à diversidade de gênero no setor. A presença crescente das mulheres na tecnologia traz perspectivas de inovação e criatividade, promovendo um ambiente de trabalho mais representativo e inclusivo. A valorização da diversidade de gênero pode resultar em avanços significativos para o campo da tecnologia, possibilitando a criação de soluções mais abrangentes e adequadas às demandas e necessidades de um público diversificado.

3. METODOLOGIA

A pesquisa tem como finalidade investigar a participação das mulheres na indústria tecnológica, centrando-se principalmente no aumento da compreensão, na promoção da igualdade e na condução de mudanças efetivas. Com isso, promover uma análise da indústria de forma dinâmica, inovadora e representativa da sociedade, envolvendo plenamente os talentos de todos os gêneros.

Com isso, essa pesquisa é de caráter exploratório e tem por finalidade um levantamento abrangente do impacto da inclusão de mulheres na indústria de tecnologia. Além de avaliar o avanço em termos de equidade de gênero, o estudo busca compreender os benefícios culturais e sociais dessa inclusão. Em termos culturais, investiga-se o papel da inclusão de mulheres na promoção de ambientes de trabalho mais colaborativos, inclusivos e criativos, influenciando diretamente na transformação das culturas organizacionais. Socialmente, a pesquisa aborda como a participação feminina na indústria de tecnologia contribui para a desconstrução de estereótipos de gênero, a promoção de modelos diversos de sucesso profissional e, consequentemente, para a construção de uma sociedade mais igualitária e preparada para os desafios do século XXI.

A pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, procurando buscar “padrões, ideias ou hipóteses, em vez de testar ou confirmar uma hipótese” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p.24).

Este trabalho foi conduzido de forma qualitativa, permitindo uma análise aprofundada e contextualizada das experiências, percepções e desafios enfrentados por mulheres nesse campo. A abordagem qualitativa possibilitou a coleta de dados detalhados por meio de trabalhos relacionados e observações, proporcionando percepções valiosas sobre as dinâmicas, as barreiras e as estratégias de superação relacionadas à participação feminina nesse setor. Essa metodologia qualitativa permitiu uma compreensão mais rica e abrangente da complexidade desse tema, enriquecendo o debate e contribuindo para a melhor compreensão em prol da equidade de gênero na indústria tecnológica

A abordagem qualitativa tem sido frequentemente utilizada em estudos voltados para a compreensão da vida humana em grupos, em campos como sociologia, antropologia, psicologia, dentre outros das ciências sociais (DENZIN; LINCOLN, 2000).

Para a produção deste trabalho, foi feita a utilização do método hipotético-dedutivo, partindo da suposição de que essa participação da mulher na indústria da tecnologia contribui para a construção de uma sociedade mais igualitária e inovadora. Ao longo do estudo, foram apresentadas evidências empíricas e teóricas que sustentam essa hipótese. Casos históricos que promovem a diversidade de gênero foram citados, demonstrando os benefícios da inclusão para a criatividade, inovação e competitividade no setor tecnológico. Além disso, teorias que enfatizam os ganhos da diversidade cognitiva e representatividade foram exploradas. Como resultado desse processo, concluiu-se que a participação das mulheres na indústria de tecnologia não apenas contribui para a igualdade de oportunidades, mas também impulsiona a inovação e o avanço tecnológico, beneficiando toda a sociedade.

Tão logo, essa pesquisa foi elaborada de forma abrangente e embasada, combinando um estudo de caso detalhado com uma consulta bibliográfica ampla. O estudo de caso permitiu uma análise minuciosa das experiências vivenciadas por mulheres dentro do setor tecnológico, destacando desafios enfrentados, oportunidades conquistadas e as estratégias adotadas para promover a inclusão e a igualdade de gênero. Por outro lado, a consulta bibliográfica enriqueceu o artigo ao incorporar dados, teorias e perspectivas acadêmicas relevantes, contextualizando o tema em um panorama mais amplo e histórico. Essa abordagem combinada proporcionou uma visão holística e fundamentada sobre a participação feminina na indústria da tecnologia, contribuindo significativamente para o debate e para o avanço das discussões sobre diversidade e igualdade de gênero nesse campo tão importante e dinâmico.

Para uma melhor compreensão, é possível visualizar, por meio da Figura 1, a metodologia proposta para desenvolvimento deste trabalho.

Figura 1: Fluxograma da metodologia do trabalho

Fonte: autor

Este fluxograma é baseado na metodologia utilizada na pesquisa sobre a participação das mulheres na indústria tecnológica, proporcionando uma visualização mais clara e orgânica dos passos seguidos. Cada etapa da pesquisa é apresentada de forma organizada, começando com a revisão da literatura e a formulação de hipóteses, e finalizando com a coleta e análise dos dados. Com o auxílio deste fluxograma, torna-se fácil identificar os pontos críticos e os resultados esperados, facilitando a compreensão e o monitoramento do desenvolvimento da pesquisa. Portanto, esta ferramenta é essencial para garantir a eficácia e a precisão na realização do estudo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados apresentados destacam a importância da participação das mulheres na indústria de tecnologia para promover a diversidade, a inovação e o progresso. A análise dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) revela um aumento significativo de 60% na presença feminina em cargos de tecnologia entre os anos de 2015 e 2022, indicando um movimento positivo em direção à equidade de gênero nesse setor. Esse crescimento representa uma mudança importante no cenário tecnológico brasileiro, trazendo perspectivas de inovação e criatividade para um ambiente de trabalho mais representativo e inclusivo.

A discussão sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na indústria de tecnologia ressalta a necessidade de superar barreiras como o viés de gênero, a discriminação no ambiente de trabalho e a falta de representatividade em cargos de liderança. A baixa presença feminina em posições de destaque, conforme evidenciado pelos dados do IBGE, demonstra a importância de programas educacionais, políticas de diversidade e inclusão, e iniciativas de mentoria para aumentar a participação e retenção das mulheres na tecnologia.

Além disso, a análise dos trabalhos relacionados destaca a evolução do debate sobre a equidade de gênero na indústria tecnológica, com estudos acadêmicos e relatórios organizacionais contribuindo para a compreensão e promoção da participação feminina nesse setor. A pesquisa sistemática sobre a presença das mulheres em cargos de liderança, a representatividade feminina na área de Tecnologia da Informação (TI) e a análise das barreiras invisíveis que as mulheres enfrentam para alcançar cargos de liderança na alta tecnologia evidenciam a importância de promover a diversidade e a inclusão nas empresas de tecnologia.

Em suma, os resultados e discussões apresentados neste documento reforçam a necessidade contínua de apoiar e incentivar as mulheres a seguirem carreiras na indústria de tecnologia, criando ambientes de trabalho inclusivos e equitativos. A valorização da diversidade de gênero não apenas promove a igualdade de oportunidades, mas também impulsiona a inovação, a criatividade e o avanço tecnológico, beneficiando toda a sociedade. O futuro da indústria tecnológica no Brasil brilha com a crescente participação das mulheres, que trazem perspectivas únicas e contribuições significativas para um setor em constante evolução.

Discussão sobre os pontos levantados na metodologia

A discussão sobre os pontos levantados na metodologia deste estudo destaca a abordagem qualitativa adotada para investigar a participação das mulheres na indústria tecnológica. A escolha por uma metodologia qualitativa permitiu uma análise aprofundada e contextualizada das experiências, percepções e desafios enfrentados pelas mulheres nesse campo, proporcionando ideias valiosas sobre as dinâmicas, barreiras e estratégias de superação relacionadas à participação feminina na tecnologia.

A pesquisa hipotético-dedutiva utilizada neste estudo partiu da suposição de que a participação das mulheres na indústria tecnológica contribui para a construção de uma sociedade mais igualitária e inovadora. Ao longo da investigação, foram apresentadas evidências empíricas e teóricas que sustentam essa hipótese, destacando casos históricos e teorias que enfatizam os benefícios da diversidade de gênero para a criatividade, inovação e competitividade no setor tecnológico.

A análise dos resultados obtidos por meio da metodologia qualitativa e hipotético-dedutiva reforça a importância da inclusão das mulheres na indústria de tecnologia não apenas para promover a igualdade de oportunidades, mas também para impulsionar a inovação e o avanço tecnológico, beneficiando toda a sociedade. A combinação de um estudo de caso detalhado com uma consulta bibliográfica ampla enriqueceu o debate sobre a participação feminina na tecnologia, proporcionando uma visão holística e fundamentada sobre o tema.

Portanto, a discussão sobre os pontos levantados na metodologia ressalta a relevância da abordagem qualitativa e hipotético-dedutiva para compreender e promover a equidade de gênero na indústria tecnológica. Essa metodologia permitiu uma análise aprofundada das experiências das mulheres no setor, destacando a importância da diversidade de gênero para a inovação, a criatividade e o progresso no campo da tecnologia.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

É fundamental reconhecer que a presença das mulheres na indústria de tecnologia não apenas promove a igualdade de oportunidades, mas também impulsiona a inovação, a criatividade e o progresso tecnológico. A diversidade de gênero traz perspectivas únicas e ideias inovadoras que são essenciais para o desenvolvimento de soluções mais abrangentes e adequadas às demandas de uma sociedade diversificada. Além disso, a inclusão feminina na tecnologia inspira jovens meninas a seguirem carreiras nesse campo, criando um ciclo virtuoso de empoderamento e igualdade de oportunidades.

Os desafios enfrentados pelas mulheres na indústria de tecnologia, como a falta de representatividade, o viés de contratação e a cultura organizacional não inclusiva, destacam a necessidade contínua de promover políticas e práticas que favoreçam a equidade de gênero. Iniciativas como programas educacionais, mudanças políticas, redes de mentoria e políticas de diversidade e inclusão são fundamentais para aumentar a participação e retenção das mulheres na tecnologia. Além disso, a criação de ambientes de trabalho mais inclusivos e equitativos é essencial para apoiar as necessidades e aspirações das mulheres, reduzindo as taxas de rotatividade e melhorando a satisfação no trabalho.

Para trabalhos futuros, propomos a realização de uma pesquisa com mulheres. Acreditamos que essa abordagem permitirá validar os resultados obtidos até agora e, ao mesmo tempo, enriquecerá nossa compreensão ao trazer novas perspectivas e experiências.

O cenário atual da tecnologia no Brasil reflete um movimento em direção a uma maior representatividade feminina, o que traz perspectivas positivas para a inovação e a criatividade no setor. A valorização da diversidade de gênero pode resultar em avanços significativos, possibilitando a criação de soluções mais abrangentes e adequadas às demandas de um público diversificado. As organizações e iniciativas focadas em mulheres na tecnologia desempenham um papel crucial na promoção da inclusão e na superação dos desafios enfrentados pelas mulheres nesse campo.

Em suma, a participação das mulheres na indústria de tecnologia é fundamental para promover a diversidade, a inovação e o progresso. Apesar dos obstáculos enfrentados, as iniciativas para promover a inclusão e a representatividade estão ganhando força e mostrando resultados positivos. É essencial continuar apoiando e incentivando as mulheres a seguirem carreiras em tecnologia, criando ambientes de trabalho inclusivos e equitativos para todos. O futuro da indústria tecnológica brilha com uma maior sensibilização para as questões de gênero e esforços contínuos para quebrar estereótipos, permitindo que as mulheres se destaquem como empreendedoras e líderes, impulsionando a inovação e a diversidade de perspectivas.

REFERÊNCIAS

Agência Brasil. Participação de mulheres na tecnologia aumenta 60%, aponta Caged. 2022. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/direitos-humanos/audio/2022-04/participacao-de-mulheres-na-tecnologia-aumenta-60-aponta-caged. Acesso em: 05 maio 2024.

BRASIL. Lei nº 14.611, de 3 de julho de 2023. Dispõe sobre medidas para a promoção da equidade salarial entre mulheres e homens e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 3 jul. 2023.

BRASIL. Lei nº 60, de 10 de julho de 2018. Dispõe sobre [Aprova medidas de promoção da igualdade remuneratória entre mulheres e homens por trabalho igual ou de igual valor]. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 10 jul. 2018.

CNN Brasil. Mulheres na tecnologia: desafios e oportunidades.  10 jan.2021. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/mulheres-na-tecnologia/

FELIX, R. M.; DA SILVA, S. V. A PRESENÇA DAS MULHERES E SUA REPRESENTATIVIDADE EM CARGOS DE LIDERANÇA. Revista Mythos, v. 12, n. 2, p. 16-24, 2 Mar. 2020.  DOI: https://doi.org/10.36674/mythos.v12i2.305.

FRADE, Renata Loureiro. Comunidades de mulheres em tecnologia: estudo comunicacional e organizacional. In: WOMEN IN INFORMATION TECHNOLOGY (WIT), 15., 2021, Evento Online. Anais […]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2021. p. 41-50. ISSN 2763-8626. DOI: https://doi.org/10.5753/wit.2021.15840.

GENERATION BRASIL. Mulheres na Tecnologia: A Importância da Diversidade de Gênero na Indústria. 28 ago.2023. Disponível em: https://brazil.generation.org/2023/08/28/mulheres-na-tecnologia-a-importancia-da-diversidade-de-genero-na-industria-de-tecnologia/

IBGE. Estatísticas de Gênero: responsabilidade por afazeres afeta inserção das mulheres no mercado de trabalho. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/20232-estatisticas-de-genero-responsabilidade-por-afazeres-afeta-insercao-das-mulheres-no-mercado-de-trabalho. Acesso em: 07 maio 2024.

IT Insight. Mulheres europeias na área da tecnologia ganham menos 26% do que os homens. 07 jan.2024. Disponível em: https://www.itinsight.pt/news/inovacao/mulheres-europeias-na-area-da-tecnologia-ganham-menos-26-do-que-os-homens

KRUEGER, S. F. O teto de vidro: explorando a jornada de liderança de homens e mulheres na alta tecnologia. 2020. Dissertações. 184.

McKinsey Global Institute.O futuro das mulheres no mercado de trabalho: transições na era da automação. Junho.2019. Disponível em: https://www.mckinsey.com/featured-insights/gender-equality/the-future-of-women-at-work-transitions-in-the-age-of-automation/pt-br

PERROT, M. As mulheres ou o silêncio da história. Bauru: EDUSC, 2005.

SOUSA, Rainer Gonçalves. Feminismo: movimento que marcou as várias transformações ocorridas na década de 1960. movimento que marcou as várias transformações ocorridas na década de 1960. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/movimento-feminista.htm. Acesso em: 14 junho 2024.

VIEIRA, C. C.; SOARES, A. C. R.; RIBEIRO, S. F…. Incentivos à igualdade de gênero: estudo de caso de uma comunidade formada somente por mulheres da área de tecnologia. In: WOMEN IN INFORMATION TECHNOLOGY (WIT), 11., 2017, São Paulo. Anais […]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2017. ISSN 2763-8626. DOI: https://doi.org/10.5753/wit.2017.3401.

VISENTINI, I. S.; DONIDA, A.; FERREIRA, L. S. Gênero e TI: qual é o lugar das mulheres na área de tecnologia? CSOnline – Revista Eletrônica de Ciências Sociais, Juiz de Fora, n. 34, 2021.


1Discente do Curso Superior de Sistemas de Informação da Universidade Estadual do Tocantins Campus Palmas e-mail: limaalyne3@unitins.br

2Docente do Curso Superior de Sistemas de Informação da Universidade Estadual do Tocantins Campus Palmas. Mestre em Ciência da Computação (UFPE). e-mail: tayse.vr@unitins.br