REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249201157
Edivania Anselma Da Silva1
Letícia Silva Gabriel2
RESUMO
O estudo teve como Objetivo: Realizar revisão narrativa e sistemática da literatura sobre a eficácia da aplicação da mobilização precoce na capacidade funcional e a diminuição da incidência das complicações em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca. Metodologia: A coleta de dados foi realizada colocar data correta da coleta, fazendo-se uso da Tecnologia da Informação e Comunicação, que nada mais são do que as tecnologias servindo como mediadoras para os processos de comunicação, e foram potencializadas graças à internet, pesquisou-se com base nos seguintes descritores e suas combinações: “doenças cardiovasculares”, “mobilização precoce”, “fisioterapia cardiovascular”, “pré-operatório” e “pós operatório”; nas bases de dados: MEDLINE (via PubMed), SCIELO e LILACS, no período de 2008 a 2022. Resultados: Trazemos os cinco trabalhos eleitos para compor o estudo, três realizados no Brasil (Ijuí-RS, em 2020; Recife – PE, em 2012 e Ribeirão Preto – SP, em 2008) e dois no exterior (Faisalabad – Paquistão em 2020 e Gaze, no Egito em 2017) somando 220 pacientes. Conclusão: O estudos retrata que a cirurgia cardiovascular quando assistida no seu pré operatório e no pós operatório por um Fisioterapeuta a reabilitação acontece de forma menos traumática e mais rápida com a permanência do paciente em UTI diminuída e uma menor prevalência de casos de danos pulmonares a longo prazo, colaborando para a melhor qualidade de vida dos pacientes que tem sua alta hospitalar abreviada. Conclui-se que na atualidade, cada vez mais, o profissional de Fisioterapia estão mais engajados nas equipes cirúrgicas de Alta Complexidade.
Palavras chave: Cirurgia Cardiovascular; Fisioterapia; Mobilização Precoce.
ABSTRAT
The objective of the study was to carry out a narrative and systematic review of the literature on the effectiveness of early mobilization on functional capacity and the reduction in the incidence of complications in patients undergoing cardiac surgery. Methodology: Data collection was carried out between December 2022 and January 2023, using Information and Communication Technology, which are nothing more than technologies serving as mediators for communication processes, and were enhanced thanks to the internet, research was based on the following descriptors and their combinations: “cardiovascular diseases”, “early mobilization”, “cardiovascular physiotherapy”, “preoperative” and “postoperative”; in the databases: MEDLINE (via PubMed), SCIELO and LILACS, from 2008 to 2022. Results: We present the five works chosen to compose the study, three carried out in Brazil (Ijuí-RS, in 2020; Recife – PE, in 2012 and Ribeirão Preto – SP, in 2008) and two abroad (Faisalabad – Pakistan in 2020 and Gaze, in Egypt in 2017) totaling 220 patients. Conclusion: The studies show that cardiovascular surgery, when assisted in the preoperative and postoperative period by a physiotherapist, rehabilitation happens in a less traumatic and faster way, with the patient’s stay in the ICU reduced and a lower prevalence of cases long-term lung damage, contributing to a better quality of life for patients whose hospital discharge is shortened. It is concluded that nowadays, more and more Physiotherapy professionals are more engaged in highly complex surgical teams.
Keyword: Cardiovascular Surgery; Physiotherapy; Early Mobilization.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo pretendeu trazer para a Academia o papel do Profissional de Fisioterapia frente ao procedimento no pós-operatório de cirurgias cardiovasculares – (CC). Os procedimentos cardiovasculares são procedimentos graves que, embora considerados seguros, são acompanhados por processos complexos, dentre eles a anestesia geral, a circulação extracorpórea, a ventilação mecânica (VM) e por fim, longo repouso no leito.
Nesse contexto, a fisioterapia tem participação essencial no atendimento ao paciente cardíaco, tanto no pré-operatório como no pós-operatório, pois contribui significativamente para melhor reabilitação do paciente.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular – SBCCV, o Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgias cardíacas realizadas anualmente, totalizando cerca de 102 mil cirúrgicas/ano, por causa do trabalho de Zerbini. Ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que dominam o ranking com 300 mil cirurgias/ano, o Brasil está na frente de nações como Alemanha, Reino Unido e Japão. (COREN, SP)1
Dados do Sistema Único de Saúde – SUS2 informam que são realizados cerca de 900 mil procedimentos de alta complexidade por ano. Antes da pandemia, doenças isquêmicas do coração (como o infarto) eram a principal causa de mortes de brasileiros. A covid-19 passou a ocupar essa posição nos últimos anos. Mas com o recuo do vírus, as enfermidades cardíacas voltaram a liderar. São cerca de 9.000 mortes por mês.
Como consequência da pandemia da Covid-19 e da alta do dólar houve um acúmulo das cirurgias cardíacas (CC) no SUS. O problema da escassez de recursos para procedimentos eletivos é crônico, mas, após o auge do período pandêmico piorou. (BRASIL, FIOCRUZ)3
Entidades médicas e gestores de hospitais relataram no pós ápice da pandemia (fim de 2021 e no início de 2022) nos telejornais e na mídia impressa que estavam suspendendo operações por não conseguirem comprar insumos como válvulas, cânulas e oxigenadores, devido a disparada da moeda americana, insumos ficaram mais caros, alcançando valores muito acima do que o governo federal repassa aos hospitais.
A SBCCV estimou na época da pandemia da COVID 19 que cerca de 50 mil pessoas aguardavam na fila por operações desse tipo, e o número de atendimentos cai a cada ano. A situação ficou mais crítica nas cirurgias cardiovasculares (CC) com circulação extracorpórea. São cirurgias cardíacas de alta complexidade em que o médico precisa abrir o peito do paciente.
Segundo dados do Ministério da Saúde – (MS)4 organizados pela SBCCV; em 2020, foram realizadas 31.931 cirurgias desse tipo, 22,9 % a menos que em 2019. Respondendo a grande mídia o MS afirmou ser de responsabilidade dos estados e municípios gerenciarem as listas de espera, e informou ainda, que fazia estudos para avaliar possível reajuste nos valores repassados para esses procedimentos.
A SBCCV5 disse a época que essa fila teria sido criada por dois motivos: O primeiro pela pandemia que represou as cirurgias de alta complexidade. O segundo devido à falta de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e vagas em hospitais para atender a pandemia, elas tiveram que ser suspensas.
Com esse pequeno preambulo, a respeito da atual situação das cirurgias cardiovasculares (CC) no nosso país, o presente estudo tem como Objetivo Geral: Realizar uma revisão da literatura sobre a eficácia da aplicação da mobilização precoce na capacidade funcional e a diminuição da incidência das complicações em pacientes de cirurgia cardíaca (CC).
Na pretensão de facilitar a leitura, o presente estudo encontra-se assim dividido: Um Resumo, esta Introdução, o Objetivo, a Metodologia, os Resultados, a Discussão, Considerações Finais e as Referências de tudo que foi trazido à baila.
Segundo o relatório: “Números invisíveis: a verdadeira extensão das doenças não transmissíveis e o que fazer com elas”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)6, órgão das Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2022, no Brasil, as doenças crônicas transmissíveis (DCNTs) são responsáveis por cerca de 75% das mortes. As mesmas estatísticas apontam que a distribuição das causas de óbitos se divide no país entre: doenças cardiovasculares (28%), câncer (18%), condições transmissíveis, maternas, perinatais e nutricionais (14%), doenças respiratórias crônicas (7%), diabetes (5%) e outras DCNTs (17%).
Corroborando com tudo apresentado até o momento, as cirurgias cardíacas (CC) são consideradas como uma das mais realizadas no Brasil. Para Dantas, et al.7, esse tipo de cirurgia é delicada e normalmente os pacientes permanecem restritos ao leito, consequentemente ficam inativos e a imobilidade leva à disfunção grave do sistema osteomioarticular, tendo-se uma permanência muito maior na Unidade de Terapia Intensiva.
Silva, et al.8, esclarecem que a imobilidade prolongada leva a repercussões deletérias ao sistema locomotor, gastrointestinal, urinário, respiratório e cardiovascular, sendo que este último deve ser minunciosamente monitorado no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Nesse sentido, é fundamental que se estabeleça a mobilização precoce dos pacientes submetidos às cirurgias cardíacas.
Noleto et al.9, conceituam a mobilização como um recurso utilizado para proteger as estruturas danificadas de um determinado segmento, auxiliando no ganho e manutenção da força muscular e função física, sendo uma prática segura e viável para pacientes críticos. Ela compreende atividades fisioterapêuticas progressivas, como exercícios de modalidade no leito, deitado ou sentado à beira leito, ortostasia, transferência e deambulação. Os autores ainda esclarecem que o termo precoce está relacionado a atividades de mobilização iniciadas logo após a estabilização de alterações fisiológicas importantes.
Aduzem Dantas, et al., a mobilização dos pacientes críticos restritos ao leito, associada a um posicionamento preventivo de contraturas articulares na UTI, pode ser considerada um mecanismo de reabilitação precoce com importantes efeitos acerca das várias etapas do transporte de oxigênio, procurando manter a força muscular e a mobilidade articular, e melhorando a função pulmonar e o desempenho do sistema respiratório, o que facilitaria o desmame da ventilação mecânica (VM), reduzindo a permanência na UTI e, consequentemente, a permanência hospitalar, além de promover melhora na qualidade de vida após a alta hospitalar.
Desse modo, percebe-se que a fisioterapia, ao inserir um programa de exercícios fisioterapêuticos, incluindo a mobilização precoce, pode reduzir a perda capacidade funcional em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, além de apresentar potencial para exercer influência na redução da incidência de complicações no pós-operatório cardíaco, estimular a atividade motora, qualidade de vida e redução no tempo de internação.
Este trabalho se justifica, uma vez que, nas cirurgias cardíacas (CC), há a permanência do paciente por muito tempo no leito, agravando de forma considerável seu estado de stress e ansiedade, o que prejudica sua saúde e a recuperação pós-cirúrgica. Sabe-se que o Fisioterapeuta é o profissional qualificado para amenizar essa inquietude dos pacientes proporcionando uma rápida melhora utilizando-se dos mecanismos de reabilitação precoce e melhorando sua performance com os efeitos de sua ação fisioterapêutica no pós-operatório.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão narrativa e sistemática da literatura sobre a eficácia da aplicação da mobilização precoce na capacidade funcional e a diminuição da incidência das complicações em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca.
METODOLOGIA
A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre abril de 2022 até fevereiro de 2023, fazendo-se uso da Tecnologia da Informação e Comunicação, também conhecida como: TIC, que nada mais são do que as tecnologias que servem como mediadoras para os processos de comunicação, e foram potencializadas graças à internet. Foram realizadas buscas nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) (via PubMed), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), entre os anos de 2005 a 2020. Considerou-se a pergunta norteadora: “A mobilização precoce é eficaz na melhoria da capacidade funcional e diminuição da incidência de complicações clínicas em pacientes submetidos à cirurgia cardíacas?”
Pesquisou-se com base nos quatro seguintes descritores e suas combinações: “doenças cardiovasculares”, “mobilização precoce”, “fisioterapia cardiovascular”, “pré-operatório” e “pós operatório cardiovascular”; que apresentaram os seguintes resultados individualmente:
- Doenças cardiovasculares, com 1.254 títulos;
- Mobilização precoce, com 326 títulos;
- Fisioterapia cardiovascular, com 2005 títulos e
- Pré-operatório e pós operatório cardiovascular, com 1.487 títulos.
No total foram encontrados 5.072 títulos/artigos. Num primeiro momento selecionou-se os quinze artigos mais citados como referência de cada descritor, chegando-se a 60 itens, que passaram por um novo processo de inclusão e exclusão.
Os critérios de inclusão consistiram na escolha de ensaios clínicos controlados, randomizados e estudos experimentais. publicados em língua portuguesa, inglesa ou espanhola entre os anos de 2005 e 2020, em que fosse possível identificar o quantitativo de sujeitos observados, com o perfil que demonstrasse: sexo, idade, local do experimento, tipo de intervenção cirúrgica e listassem os resultados encontradas. Enquanto que o critério de exclusão foram estudos de revisão bibliográfica, artigos duplicados, que não citassem a Fisioterapia, a temática abordada, estudos em livros e revistas que não tinham informações suficientes foram descartados materiais incompletos a temática, que não estavam no hiato temporal (2005/2020) ou não traziam os quesitos eleitos para o estudo no critério de inclusão.
RESULTADOS
Apresentamos no quadro comparativo a seguir o resultado dos estudos eleitos para esta, sistemática e com foco nos objetivos de dados de diversos tipos, com ferramentas estruturadas, visando a descrição de uma população, processo ou outro assunto, sem a interferência do pesquisador. Trazemos no quadro a seguir os cinco trabalhos eleitos para compor o presente estudo, sendo três realizados no Brasil (Ijuí-RS, em 2020; Recife – PE, em 2012 e Ribeirão Preto – SP, em 2008) e dois no exterior (Faisalabad, no Egito em 2017 e Gaze, no Egito em 2017) que juntos somaram duzentos e vinte pacientes.
Quadro 1 – Comparação dos Estudos apresentados.
Autores/Ano | Local/Sujeitos | Protocolos Utilizados | Resultados Encontrados |
FERREIRA, RODRIGUES, EVÓRA, 2008.10 | Ribeirão Preto -SP/ 30 pacientes de ambos os gêneros. | Os pacientes foram aleatoriamente divididos em dois grupos, Grupo Controle (GC) e Grupo de Incentivo Respiratório (IR). Ambos os grupos receberam informações gerais, mas apenas os indivíduos do grupo IR foram submetidos ao incentivo respiratório. Os pacientes foram instruídos a fazer 5 séries de 10 inspirações profundas e calmas, com um intervalo de pelo menos 1 minuto entre as séries, sem se cansarem e sem se sentirem enjoados, com o incentivo de um instrumento respiratório, “Threshold IMT” (Respironics, Cedar Grove, NJ, EUA), com uma carga de 40% da PIMáx (D0)15. As séries deveriam ser repetidas 3 vezes ao dia durante o período de espera pela cirurgia. | Não houve diferença expressiva entre os grupos em relação à PIMáx e PEMáx. Em ambos os grupos a PIMáx estava significantemente aumentada, se comparados os valores à internação e à primeira mensuração, D0, considerado como controle em cada grupo. Todas as mensurações de PIMáx pós-operatórias se apresentaram significantemente mais baixas (p<0,001). A evolução da PEMáx foi similar à da PIMáx, não havendo diferença entre a primeira mensuração (D0) e a do dia da internação. Entretanto, a diminuição foi significante nas mensurações pós-operatórias ao comparadas a ao D0 (p<0,001). |
DANTAS. C. M., et al., 2012 | Recife-PE/ 59 pacientes de ambos os gêneros, em ventilação mecânica. | Os 59 pacientes foram subdivididos de forma aleatória em GFC (n=33) e GMP (n=26). Após o início do protocolo de estudo, ocorreram 19 óbitos no GFC e 12 óbitos no GMP, totalizando uma amostra final de 14 pacientes em ambos os grupos. Os pacientes foram divididos em grupo fisioterapia convencional e grupo controle, n=14, que realizou a fisioterapia do setor, e grupo mobilização precoce, n=14, que recebeu um protocolo sistemático de mobilização precoce. | Verificou-se por meio deste estudo, que o grupo que recebeu o programa de mobilização precoce e sistematizada apresentou aumento expressivo da PIMáx e MRC em relação a GFC. |
TURKY, K. e AFIFY, A. M. A., 2017.11 | Gaze- Egito/ 40 pacientes masculinos | Os quarenta pacientes foram aleatoriamente designados para o GI (n= 20) ou o GC (n = 20). O GI recebeu TMI pré-operatório treinamento com carga linear de pressão e educação seguida de TMI pós-operatório e mobilização precoce. O GC recebeu educação pré-operatória e cuidados de fisioterapia de rotina no pós-operatório. | O TMI pré e pós-operatório resultaram em melhora da potência da musculatura inspiratória, do gradiente alvéolo-arterial e da saturação de oxigênio. |
Fonte: Produzido pela Autora.
Quadro 1– Comparação dos Estudos apresentados (Continuação).
Autores/Ano | Local/Sujeitos | Fisioterapia/Usada | Resultados |
WINDMÖLLER, P., et al, 2020.12 | Ijuí-RS/ 31 pacientes de ambos os gêneros | O grupo controle (16 sujeitos) a reabilitação no pós-operatório foi imediata com exercícios respiratórios e mobilização passiva na posição sentada, depois, usou-se exercícios ativos, deambulação e treinamento em escada. Já no grupo intervenção (15 sujeitos), exercícios dinâmicos em cicloergômetro e CPAP foram adicionados ao programa de step do 2º ao 4º dia do pós operatório em única sessão diária. | O tempo de permanência na UTI foi bem menor entre o grupo de intervenção. Em ambos os grupos, houve diminuição significativa na PIMáx, PEMáx e teste de sentar para levantar de 1 min no 4º dia pós operatório em comparação com o pré-operatório. A melhor práxis no teste TC6 ocorreu no grupo intervenção após a cirurgia. |
SAHAR, W, et al, 2020.13 | Faisalabad – Paquistão/60 pacientes de ambos os gênero. | Um ensaio clínico prospectivo randomizado foi realizado com 60 pacientes submetidos a CRM. O TC6min foi realizado como linha de base no G1 e no G2 no dia da admissão. O oxímetro de pulso portátil de dedo foi usado para avaliação da saturação de oxigênio e frequência cardíaca. Em seguida, os pacientes do G1 receberam treinamento muscular respiratório (TMR) que consistia em espirometria de incentivo (EI), respiração diafragmática, movimento respiratório segmentar (expansão costal lateral, expansão costal posterior, exercícios de expansão costal apical) e huff-toughtécnicas. Um total de 28 sessões de treinamento muscular respiratório foi realizado no G1 por > 15 minutos em uma velocidade baixa constante para cada paciente. Os pacientes do G2 receberam tratamento convencional que inclui respiração profunda. | Os pacientes do G1 tiveram um desempenho melhor do que o G2 em seu TC6min com valor de p < 0,05. Da mesma forma, o G1 apresentou menor tempo de ventilação mecânica (VM), dependência de oxigenoterapia e internação pós-operatória em relação ao G2, apresentando valores de p < 0,05. |
Fonte: Produzido pela Autora.
DISCUSSÃO
A importância do desenvolvimento da presente pesquisa está no fato de que ela oferece subsídios aos profissionais da área da saúde para que se possa garantir uma boa qualidade de vida aos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, especialmente ao demonstrar que o uso de tratamentos fisioterapêuticos, como a mobilização precoce, é valioso na redução das complicações relacionadas no pós-operatório. A percepção de que a mobilização precoce melhora a mobilidade dessa população e diminuem o risco de complicações, tendo como consequência uma maior independência e redução da incidência nas complicações.
Os cinco estudos trazidos demonstram que a fisioterapia através de seus exercícios e técnicas respiratória exercem importante influência nas cirurgias cardíacas (CC) principalmente quando são utilizadas antes e após os procedimentos, pois, através de atividades físicas aeróbicas contribuem para a não ocorrência de complicações na recuperação, diminuem o quadro álgico e melhoram a qualidade de vida, apresentando eficácia também em outros eventos cardiovasculares como o infarto, promovendo alterações hemodinâmicas e diminuindo o número de intercorrências clinicas, favorecendo a diminuição de internações e como consequência, menos gastos aos sistemas de saúde (MOREIRA, et al.)14.
Cseka, et al.15 destaca a importância dos cuidados pré-operatórios, pois pacientes que recebem fisioterapia apenas no pós operatório apresentam uma grande incidência de lesões pulmonares. Quando a fisioterapia é realizada também antes, pode prevenir complicações nos pulmões e caso aconteça alguma situação de risco no pós-cirúrgico, tem como repará-los. Assim, de acordo com o autor, a mobilização precoce é considerada um comportamento terapêutico que pode promover mudanças fisiológicas como melhorar a circulação, metabolismo, ventilação, perfusão central e periférico, além de adicionar status de prontidão para os músculos. Isso tem se apresentado bastante benéfico para pacientes adultos, inclusive crianças cardiopatas congênitas.
Barbosa, et al,16., chamam a atenção para o fato de o pós operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio ser um período bastante crítico, haja vista que a cirurgia prejudica a mecânica pulmonar e leva a uma diminuição do volume dos pulmões, com redução da complacência pulmonar e aumento do trabalho, o que causa maior dificuldade em respirar devido à dor do tubo de drenagem que é colocado e o repouso no leito, deixando o paciente mais vulnerável ao desenvolvimento da atelectasia, e também uma infecção pulmonar.
Corroborando com este alerta encontramos em Ghiotto & Dias17,que essas ocorrências de disfunção pulmonar no pós operatório de pacientes com cirurgia de revascularização do miocárdio é devido a significativa redução no volume pulmonar, prejudicando a mecânica respiratória, levando a complacência pulmonar diminuída e aumento do trabalho respiratório, fazendo com que apresentem fraqueza física, como fadiga em caminhadas ou exercícios prolongados.
Desta forma, os principais objetivos da Fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca são a reabilitação da função cardiopulmonar, prevenindo complicações e morbidade, garantindo melhor recuperação da função pulmonar e a restauração da qualidade de vida desses pacientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após discorrermos sobre os resultados dos cinco estudos trazidos, percebemos que carece que os Profissionais Fisioterapeutas deixarem bem claro o procedimento cirúrgico cardiovascular (CC) à necessidade de um acompanhamento antes da cirurgia e principalmente no pós-operatório, haja vista, que uma melhor reabilitação física através de exercícios individualizados é um ponto pacificado nos diversos estudos apresentados, havendo a necessidade da reeducação física através de procedimentos que visem evitar o sedentarismo.
A Fisioterapia enquanto Ciência é extremamente resiliente as atualizações tecnológicas, e rapidamente os protocolos são atualizados, assim esse trabalho não se encerra no ponto final dessas considerações, ainda há muito o que se investigar e pesquisar.
Ainda assim, baseado nas evidências encontradas, concluiu-se que os pacientes que foram submetidos ao acompanhamento de um fisioterapeuta no pré operatório e no pós operatório quando da realização de cirurgias cardiovasculares de alta complexidade apresentaram uma redução da permanência no ambiente hospitalar, bem como reduzida prevalência de complicações pulmonares e alta reabilitação da função cardiopulmonar, prevenindo complicações e morbidade, garantindo melhor recuperação da função pulmonar e a restauração da sua qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
1 COREN – SP. Brasil é o segundo país do mundo em Cirurgias Cardíacas. São Paulo, Portal Coren-SP, on-line, 2012. Disponível em:https://portal.coren-sp.gov.br/noticias/brasil-e-o-segundo-pais-do-mundo-em-cirurgias-cardiacas/#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20presidente,causa%20do%20trabalho%20de%20Zerbini%20. Acesso em: 20. dez. 2023.
2 BRASIL. Ministério da Saúde, Divulga resultado do Quali-SUS – Cardiovascular. Brasília, Ministério da Saúde, 2022.https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/maio/qualisus-cardio-ministerio-da-saude-divulga-pre-classificacao-dos-estabelecimentos-de-saude-aptos-para-o-programa Acesso em: 20. dez. 2022.
3 BRASIL. FIOCRUZ. Brasil apresenta déficit de procedimentos hospitalares no SUS. Brasília, Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, 2022.Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/monitoracovid-19-brasil-apresenta-deficit-de-procedimentos-hospitalares-no-sus Acesso em: 12. dez. 2022.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. COVID-19: DEMANDA REPRIMIDA DE CIRURGIAS ELETIVAS. Brasília, Ministério da Saúde, Subsecretaria de Saúde Gerência de Informações Estratégicas em Saúde CONECTA-SUS, Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/files//conecta-sus/produtos-tecnicos/I%20I-%202021/COVID-19%20-%20Demanda%20reprimida%20de%20cirurgias%20eletivas.pdf Acesso em:15. dez. 2022.
5 SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA CARDIOVASCULAR – SBCCV. Nota SBCCV Desabastecimento. São Paulo, 2021. Disponível em: http://www.sbccv.org.br/medica/exibeConteudoMultiplo.asp?cod_Conteudo=1367 Acesso em: 20. dez. 2022.
6 WORLD HEALTH ORGANIZATION – OMS. Portal de Dados de Doenças Não Transmissíveis. Disponível em: https://ncd-uat.adapptlabs.com/Home Acesso em: 08. dez. 2022.
7 DANTAS, C. M. et al. Influência da mobilização precoce na força muscular periférica e respiratória em pacientes críticos. Rev. Bras. Ter. Intensiva, v. 24, n. 2, p. 173-178, 2012.
8 NOLETO, E. et al. A mobilização precoce e sua relação com o tempo de internação e de ventilação mecânica em pacientes na UTI e dos pacientes com Covid-19. Revista da FAESF, v. 4, p. 28-33, jun. 2020.
9 SILVA, L. N. da. et al. Retirada precoce do leito no pós-operatório de cirurgia cardíaca: repercussões cardiorrespiratórias e efeitos na força muscular respiratória e periférica, na capacidade funcional e função pulmonar. ASSOBRAFIR Ciência, v. 8, n. 2, p. 25-39, ago. 2017.
10 FERREIRA, P. E. G., RODRIGUES, A. J., & ÉVORA, P. R. B. (2009). Efeitos de um programa de reabilitação da musculatura inspiratória no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Arquivos Brasileiros De Cardiologia, 92 (Arq. Bras. Cardiol., 2009 92(4)).Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/ntQPWJzh5Lvx3xp9dDspVHz/ Acesso em: 12. jan. 2023.
11 WINDMÖLLER, Pollyana, et al. Physical Exercise Combined With CPAP in Subjects Who Underwent Surgical Myocardial Revascularization: A Randomized Clinical TrialDisponível em: https://rc.rcjournal.com/content/respcare/65/2/150.full.pdf Acesso em: 10. jan. 2023.
12 TURKY K, AFIFY AMA. Effect of Preoperative Inspiratory Muscle Training on Alveolar-Arterial Oxygen Gradients After Coronary Artery Bypass Surgery. J Cardiopulm Rehabil Prev. 2017 Jul;37(4):290-294.Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28169983/ Acesso em: 12. jan. 2023.
13 SAHAR W, AJAZ N, Haider Z, JALAL A. Effectiveness of Pre-operative Respiratory Muscle Training versus Conventional Treatment for Improving Post operative Pulmonary Health after Coronary Artery Bypass Grafting. Pak J Med Sci. 2020 Sep-Oct;36(6):1216-1219. Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7500994/ Acesso em: 12. jan. 2023.
14 MOREIRA, W. E. M, & CASSIMIRO, M. S. (2019). O papel do fisioterapeuta respiratório na abordagem do paciente com insuficiência respiratória: realidades da assistência domiciliar. Revista Saúde e Desenvolvimento, 13(15), 134-142. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/920 Acesso em: 12. jan. 2023.
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16 BARBOSA, J. L., THIERS, C. A., CUNHA, C. F. D. S., MOUTELLA, J., TURA, B. R., ORSI, G. P., FARIA, L. F. (2018). Impacto dos Fatores de Risco para Doença Arterial Coronariana nos Gastos Hospitalares dos Pacientes Submetidos à Cirurgia de Revascularização do Miocárdio no SUS. International Journal of Cardiovascular Sciences, 31, 90-96. Disponível em: https://ijcscardiol.org/pt-br/article/impacto-dos-fatores-de-risco-para-doenca-arterial-coronariana-nos-gastos-hospitalares-dos-pacientes-submetidos-a-cirurgia-de-revascularizacao-do-miocardio-no-sus/ Acesso em: 15. jan. 2023.
17 GHIOTTO, T. B. & DIAS, T. Z. G. (2021). A atuação da fisioterapia pós-cirurgia cardíaca: revisão de literatura. Anais do EVINCI-UniBrasil, 7(1), 414-414. Disponível em: https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/view/6225 Acesso em 28. jan. 2023.
1 Edivânia Anselma da Silva, E-mail: edivania.silvafisio@gmail.com, Fisioterapeuta, Rua José Luiz Azevedo, nº 186, bloco 02, ap. 501. Bairro Frei Leopoldo, CEP 31.746-045, Belo Horizonte – MG.
2 Letícia Silva Gabriel, E-mail: leticiagabriel_fisio@hotmail.com, Fisioterapeuta CREFITO 4 – 159243F, Doutoranda em Ciências da Saúde UFSJ, Coordenadora do Curso de Fisioterapia e Docente na UEMG/Divinópolis, Coordenadora Regional e Docente nas Pós Graduações InterFISIO Minas Gerais, Rua Timbiras nº 3156 10º Andar CEP 30.140-062, Barro Preto Belo Horizonte – MG.