USO DE HORMÔNIOS NOCIVOS E NÃO NOCIVOS PARA FINS DE TRANSIÇÃO DE GÊNERO UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 USE OF NOXIOUS AND NON-NOXIOUS HORMONE FOR GENDER TRANSITION PURPOSES A BIBLIOGRAPHICAL REVISION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249151453


Robert Anthony Carvalho Mangroo1
Hiago Lucas Gomes Nunes2
Weison Lima da Silva3
Talita Brito de Oliveira4


Resumo

Na atualidade, com a  evolução das psicologia e psiquiatria, a disforia de gênero entre pacientes transgêneros e o tratamento dessa distúrbio de identidade tornou-se uma pauta válida para discussões e debates, tais quais não envolvem apenas políticas de saúde, apoio transdiciplinar ao paciente, mas principalmente as substâncias que devem esses pacientes devem fazer o uso durante a hormonioterapia para transição de gênero.

Desse modo, é importante saber quais medicamentos homens e mulheres trans devem fazer o uso, é certo que um tratamento endócrino requer uma atenção especial, levando em conta que a utilização de hormônios esteroides para o processo de transição causa diversos efeitos colaterais que podem comprometer a saúde tanto fisiológica quanto psicológica do paciente em questão, assim, os profissionais responsáveis pela terapia com esteroides andrógenos ou estrógenos, e devem buscar mitigar os colaterais dos fármacos usados no processo através do uso de substâncias que não acarretem reações danosas ao paciente que possam comprometer o seu bem-estar físico e psicológico.

Palavras-chave: Hormonioterapia. Testosterona. Trembolona. Estradiol. Progesterona

Abstract

With the evolution of psychology and psychiatry, gender dysphoria among transgender patients and the treatment of this identity disorder have become prominent topics in contemporary discussions. These discussions encompass not only health policies and multidisciplinary patient support but also focus significantly on the substances used during hormone therapy for gender transition. It is crucial to determine the appropriate medications for transgender men and women, given that endocrine treatment requires special attention. The use of steroid hormones in the transition process can lead to a variety of side effects, potentially affecting both the physiological and psychological health of the patient. Therefore, it is essential for professionals overseeing androgen or estrogen steroid therapy to seek strategies to mitigate these side effects, using substances that do not cause harmful reactions, thereby ensuring the patient’s physical and psychological well-being.

Keywords: Hormone therapy, Testosterone, Trenbolone, Estradiol, Progesterone

1        Visão Geral da Transexualidade e a Farmacoterapia Associada

No período vigente a modernidade, com o avanço da tecnologia e por consequência, o avanço da medicina, os atendimentos psiquiátricos e psicológicos passaram a voltar atenção para um tema até então considerado tabu desde as últimas décadas, tais como gênero e sexualidade, termos esses que podem ter seu significado confundido (VENTRIGLIO & BHUGRA, 2021). Na década de 1990 foi explorado a tridimensionalidade conceitual de gênero aprofundando-se na teoria queer, isto é, um aglomerado de ideais sociais e políticos que passam por constantes alterações e inovações (OLIVEIRA, 2021).

A transsexualidade é um processo que se conecta a várias áreas da medicina, assim é compreendida e classificada (SILVA MT, et al). No entanto, no contexto referente à modernidade, onde pesquisas e o acúmulo de conhecimento é maior, pode-se afirmar que efetivamente é causada pela disforia de gênero (SEBASTIÃO, MELO, 2021).

A sexualidade é um componente vital da vida humana, a sexualidade lida com a procriação e o prazer, além de possuir influência em interações e relações (CORTES, et al., 2021). Comportamentos e orientações sexuais variam e podem estar relacionados à saúde mental. Algumas orientações sexuais podem ser discriminadas ou censuradas por crenças religiosas ou políticas, e isso tem um grande impacto nas variações sexuais (VENTRIGLIO & BHUGRA, 2021).

A sexualidade tem uma forte influência sobre os pensamentos, interações e relações, influenciando, por sua vez, a saúde física e mental do indivíduo (CORTES, et al., 2021). Logo, o gênero vai além do sexo”, A construção do gênero se apresenta além das características sexuais da composição cromossômica e a conformação genital. Assim sendo, o gênero uma expressão social das pessoas, ou melhor, uma identidade, que parte do auto percepção individual (RIBEIRO, 2020).

Assim, quando se fala de transexualidade, deve-se compreender que se trata de um cenário onde um indivíduo não se identifica com o seu gênero biológico, isto é, o qual foi definido após nascer (SANTOS, 2020). As hormonioterapias no Brasil são um tanto quanto desconhecidas, no contexto que ainda existe um gerenciamento arcaico do SUS sobre os procedimentos, o que pode resultar nos pacientes com ausência de entendimento, expostos a práticas danosas e pouco saudáveis (SEBASTIÃO, MELO, 2021).

No século XX, o médico Eugen Stenaich realizou ensaios glandulares em animais com o intuito de produzir hormônios masculinos, o uso da testosterona moderna começou a ser usada nos anos 30, após do descobrimento da administração injetável (SÃO THIAGO, et al, 2023).

Outrossim, através da ação da equipe transdisciplinar, contando com médicos, psicólogos e farmacêuticos, onde a partir de um protocolo estabelecido alavancam início ao processo de transição de gênero, onde nele a hormonioterapia empenha papel fundamental para tal operação (BITTENCOURT, WENDT, 2023). Para os homens transexuais, nascidos mulheres, é usual a utilização de hormônios andrógenos a longo prazo como parte da terapia cruzada. A testosterona é necessária pois produz alterações nas características secundárias de gênero com finalidade igualar à identidade do indivíduo (MOSKOW ITZ, 2017).

Por outro lado, o processo de transição de transição de homem para mulher ou Male to Female (MtF) consiste numa terapia hormonal onde as características secundárias são os hormônios estrogênios e antiandrogênios, tais quais não só estimulam ações fisiológicas mas também realizam mudanças nas categorias físicas do indivíduo (SÃO THIAGO, et al, 2023). Desse modo, a hormonioterapia possui como principal objetivo proporcionar ao paciente reafirmação sobre o gênero o qual se identifica através de tratamentos endócrinos realizados e acompanhados por profissionais (RIBEIRO, 2020). No entanto, para chegar até as metas almejadas, muitos indivíduos ignoram a necessidade de identificar os hormônios como razão dos efeitos colaterais sofridos (MACIEL et al., 2020).

Este estudo tem como objetivo compreender a importância da seleção de hormônios esteroides não nocivos ou pouco nocivos no processo de transição de gênero, evitar ou reduzir os efeitos colaterais e prezar pelo bem-estar morfológico e mental do paciente que almeja a reafirmação de gênero.

2         Hormônios esteroides utilizados no processo de transição e seus efeitos

2.1 Durateston e outros hormônios masculinos

Durante a abordagem para o processo de transição de um homem trans, é importante ter em mente que a testosterona é o hormônio que tem sido usado para reposição desde o início do século XX (MOSKOW ITZ, 2017). Outrossim, pode ser administrada nos dias de hoje a partir de injeção, gel adesivo ou implante subcutâneo, com a dosagem variando de acordo com os aspecto morfológicos do paciente, a dose inicial recomendada é de 50-100mg de testosterona a cada duas semanas, através da injeção intramuscular, onde as máximas dosagens sem potenciais riscos ficam entre 1000 e 1200mg num período de três meses (BOW E, 2018).

Os efeitos bioquímicos da testosterona são controlados pelo receptor e tecidos ativados por ela. A testosterona pode agir como um androgênio uma vez que se liga ao receptor de androgênio, ou indiretamente após a conversão em diidrotestosterona. A testosterona e a diidrotestosterona agem como androgênio por meio de um único receptor de androgênio (NR3A), o que pode garantir características físicas masculinas para o usuário, uma vez que os androgênios têm como função caracterizar a aparência masculina do indivíduo, como pêlos corporais, massa muscular volumosa e voz mais grave (PEREIRA, 2019). 

O Durateston (propinato/fenilpropinato/isocaproato/caproato de testosterona), é um fármaco de forma injetável que possui em sua composição quatro ésteres de testosterona, que uma vez que combinados, promovem ação imediata e de extensa duração no organismo promovendo o aumento da força de de massa muscular (ABREU, 2017). Assim, proporcionando resultados formidáveis para as características secundárias no processo de transição Mulher-Homem.

Acetato de Trembolona, é um esteroide anabolizante androgênico, derivado da composição molecular da nandrolona, considerado uma droga de classe I, é anabólica proporcionando grande ganho de massa e possui um poder lipolítico alto, isto é, alta capacidade de queimar gordura além de aumentar demasiadamente a capacitação física do usuário sem causar retenção hídrica (PIRES, et al, 2022). Adicionalmente, o acetato de trembolona adicionalmente não possui capacidade de aromatização e apresenta fraca toxicidade hepática. Por conseguinte, tal esteroide anabolizante promove não só o aumento de força e massa, mas também não tem como consequência a retenção hídrica (ALMEIDA, 2022).

O mecanismo de ação dessas substâncias anabolizantes é resultado do armazenamento de proteínas causado pela diferença entre a produção e quebra de proteínas (ARAUJO, 2020).

2.2 Utilização de hormônios esteroides masculinizantes no processo de transição

É válido ressaltar que alguns esteroides anabolizantes androgênicos, por mais que possuam efetividade em alcançar os objetivos farmacodinâmicos e tendo sucesso em alcançar uma concentração ótima de níveis hormonais, o custo benefício, às vezes não compensa o resultado desejado alcançado por conta de colaterais pelos quais a substância é responsável (PEREIRA, 2019).  Todavia, a testosterona possui estudos que relatam hipertrofia dos músculos e pode favorecer situações de hipertensão (SEBASTIÃO, MELO, 2021).

Acerca dessa lógica, é interessante aprofundar-se nos efeitos colaterais do acetato de trembolona, pois essa substância em altas dosagens, sem o devido monitoramento profissional pode resultar em efeitos demasiadamente tóxicos, tais efeitos colaterais são determinados a partir de predisposições genéticas (PIRES, et al, 2022).

Ademais, pesquisas constatam que os efeitos adversos estão relacionados aos fatores androgênicos e anabólicos dos esteroides, mudanças no colesterol sérico, insuficiência renal, irregularidades no metabolismo de carboidratos,  alterações  emotivas, aumento de lesões musculoesqueléticas, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência hepática e hepatite ( SANZON, ALMEIDA, TORIANI, 2020). Por consequência, o uso de esteroides anabolizantes relacionados ao acetato de trembolona são majoritariamente nocivos e apresentam um alto risco toxicológico em relação aos seus efeitos colaterais tanto físicos quanto psicológicos (PIRES, et al, 2022). Dessa maneira, uma hormonioterapia que possui como uso substâncias associadas ao acetato de trembolona tornará o paciente trans suscetível à danos tanto fisiológicos quanto psicológicos.

O durateston (fenilpropionato 60mg, propionato 30mg, isocaproato 60mg e  decanoato  de testosterona 100mg), geralmente prescrito a cada 15 a 28 dias, o medicamento possui 1000mg, a administração após a preparação é através da via intramuscular a cada 3 meses, oferecendo altos níveis hormonais no organismo. Desse modo, os resultados esperados durante a hormonioterapia contam mudanças na voz, aumento da pilosidade corporal e facial, ganho de massa magra, clitomegalia (aumento do clítoris) e amenorreia (ausência de ciclos menstruais mensais) (SÃO THIAGO, et al, 2023).

A terapia com testosterona pode melhorar a resistência a insulina em homens trans, diminuindo o risco de diabetes tipo 2. Uma comparação foi feita num estudo onde comparou-se homens trans que receberam terapia hormonal com um grupo de controle de mulheres cis, descobriu-se que os homens trans possuíam significativamente menores níveis de insulina em jejum e menor resistência à insulina (ROSENFIELD et al., 2019).

Efeitos colaterais irreversíveis por uso de testosterona contínua incluem voz mais grave e perda da menstruação. Todavia, tais aspectos podem ser efeitos desejados pelo paciente trans. Ademais, outros efeitos da terapia com testosterona dependem diretamente das dosagens, saúde e resposta do paciente, como retenção de água e sódio, diminuição de lipoproteína de alta densidade, aumento de lipoproteína de baixa densidade,hipertensão, aumento de eritropoiese, aumento de enzimas hepáticas, leite, acne, distúrbios mentais e afecções emocionais (SÃO THIAGO, et al, 2023).

Dessa maneira, com base nas informações discutidas é possível afirmar que a partir do cuidado e acompanhamento de uma equipe transdisciplinar o processo de transição através das substâncias oferecidas pelo medicamento durateston possuem efeitos nocivos ao paciente que através de acompanhamento endócrino e farmacotécnico podem ser controlados e reduzidos de modo a oferecer um processo de transição de gênero onde os colaterais benéficos ao paciente trans que em comparação com os tóxicos, possuem um custo benefício positivo para a hormonioterapia visando a reafirmação de gênero.

2.3 Estradiol e outros hormônios femininos

Em mulheres cis, os ovários têm funções gametogênicas importantes, integradas com a atividade hormonal, e sua maturação ocorre na puberdade, provavelmente devido a um mecanismo neural que estimula a gônada imatura através das gonadotrofinas da hipófise (KATZUNG, B.G.AND TREVOR, MD, 2017).

Com o tempo, os ovários deixam de realizar suas funções gametogênicas e endócrinas, o que é acompanhado pela menopausa, geralmente por volta dos 52. Mesmo após a cessação da produção de estrogênio pelo ovário, algumas mulheres continuam a apresentar níveis significativos desse hormônio devido à conversão de esteroides adrenais e ovarianos em estrona e estradiol no tecido adiposo ( KATZUNG, B.G.AND TREVOR, MD, 2017 ).

Os hormônios sexuais produzidos pelas gônadas são essenciais para a concepção, maturação embrionária e desenvolvimento das características sexuais secundárias na puberdade, e também são usados em terapias hormonais, contracepção e controle dos sintomas da menopausa. A síntese desses hormônios envolve várias etapas, a partir do colesterol, com o estradiol sendo o estrogênio mais potente produzido pelo ovário antes da menopausa, enquanto a estrona e o estriol, que são menos potentes, têm papel importante após a menopausa e durante a gravidez, respectivamente (WHALEN, 2019 ).

Estrogênios e progestogênios são hormônios endógenos que produzem diversas ações fisiológicas. As vias comuns de administração de estrogênio são oral, transdérmica e parenteral (ITTIPHISIT et al, 2022).

Nas mulheres, estes incluem efeitos no desenvolvimento, ações neuroendócrinas envolvidas no controle da ovulação, preparação cíclica do trato reprodutivo para fertilização e implantação, e principais ações no metabolismo de minerais, carboidratos, proteínas e lipídios.( ELLIS R. LEVIN, WENDY S. VITEK, AND STEPHEN R. HAMMES, 2023 ).

Dentre os estrogênios estão o estriol (E3), estrona (E1) e com o principal o estradiol, que é o hormõnio mais secretado pelo ovário (KATZUNG, B.G.AND TREVOR, MD, 2017 ).

Contribuem também para moldar os contornos do corpo, moldando o esqueleto e influência no  crescimento de pêlos axilares e pubianos, e na pigmentação de a região genital e a pigmentação regional dos mamilos (ELLIS R. LEVIN, WENDY S. VITEK, AND STEPHEN R. HAMMES, 2023).

O progestogênio mais conhecido é a progesterona , produzida a partir da resposta ao hormônio luteinizante (LH) tanto em mulheres como em homens, secretado respectivamente pelo corpo lúteo, primariamente durante a segunda metade do ciclo menstrual, e pelos testículos (WHALEN, 2019).

A progesterona tem pouco impacto no metabolismo das proteínas,  porém, o hormônio tem bastante influência na atividade da lipoproteína lipase, favorecendo na deposicão de gordura (KATZUNG, B.G.AND TREVOR, 2017).

2.4 Utilização de hormônios esteroides feminilizantes no processo de transição

A hormonioterapia tornou-se uma opção de tratamento médico fundamental para o tratamento da disforia de gênero em pacientes transexuais de ambos os sexos biológicos. Os efeitos combinados do estrogênio e da progesterona incluem, mas não estão limitados a, aumento do risco de tromboembolismo, desenvolvimento de adenomas hepáticos, aumento da densidade óssea e cardioproteção.( PATEL, et al,  2020).

As complicações mais comuns do tratamento com estrogênio descritas são hiper transaminase, dislipidemia e eventos de tromboembolismo . O risco de trombocitose  parece ser devido a alterações pró-coagulantes no sistema hemostático e ao desenvolvimento de resistência à proteína C ativada; no entanto, os estudos que descrevem um risco aumentado de morbidade e mortalidade cardiovascular e trombocitose nas mulheres trans que usaram etinil estradiol como estrogênio que são agora obsoletos para esta indicação (SANCHÉZ-TOSCANO, et al, 2023).

A maioria dos transgêneros  na Tailândia usam a terapia hormonal e até 94% das mulheres trans usam hormônios feminizantes. Os hormônios  feminizantes recomendados incluem o estrogênio – para promover características sexuais secundárias femininas, e so antiandrogênicos – para inibir as características sexuais secundárias masculinas  (ITTIPHISIT, et al, 2022).

No tratamento estrogênico, efeitos colaterais como náuseas e sensibilidade nas mamas são comuns. Além disso, o uso de estrogênio aumenta o risco de tromboembolismo, infarto do miocárdio, câncer endometrial e câncer de mama. Contudo, o risco de câncer endometrial pode ser reduzido ao incluir um progestogênio no regime de tratamento (WHALEN, 2019 ).

A contenção dos riscos pode ser a partir dos moduladores receptivos de estrogênio (MSREs). Os MSREs são uma classe de compostos relacionados com estrogênio que têm agonismo ou antagonismo seletivo nos receptores estrogênicos, dependendo do tipo de tecido. Esta categoria inclui tamoxifeno, toremifeno, raloxifeno, clomifeno e ospemifeno (WHALEN, 2019 ).

Tamoxifeno, toremifeno e raloxifeno são fármacos que competem com o estrogênio pela ligação aos receptores de estrogênio no tecido mamário. Como os estrogênios estimulam o crescimento normal das mamas, esses medicamentos podem fazer com que alguns tumores mamários regridam durante o tratamento (WHALEN, 2019 ).

Os efeitos adversos mais comuns associados ao uso de tamoxifeno e toremifeno incluem fogachos e náuseas. Além disso, devido à atividade estrogênica no endométrio, o uso do tamoxifeno tem sido relacionado a casos de hiperplasia e malignidades, o que levou à recomendação de limitar a duração do tratamento para certas indicações. (WHALEN, 2019).

Além disso, medicamentos redutores de andrógenos, incluindo acetato de ciproterona, espironolactona e agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), fazem parte dos regimes hormonais feminizantes. A preferência de cada medicamento varia dependendo das condições médicas subjacentes, custo, disponibilidade e escolha do médico (ITTIPHISIT, et al, 2022).

3        METODOLOGIA

Metodologia: Revisão Bibliográfica

Para a elaboração deste trabalho, foi adotada a metodologia de revisão bibliográfica, que consiste em uma análise sistemática e crítica das publicações existentes sobre o tema “Uso de hormônios nocivos e não nocivos para fins de transição de gênero”. A revisão bibliográfica permite reunir, sintetizar e avaliar os conhecimentos acumulados sobre o assunto, com o objetivo de identificar padrões, lacunas e perspectivas futuras.

Tipo de Pesquisa:

A pesquisa realizada é de natureza qualitativa, exploratória e descritiva, voltada para a compreensão dos impactos e eficácia dos hormônios esteroides no processo de transição de gênero. Através dessa abordagem, buscou-se construir uma base teórica sólida, utilizando fontes secundárias, como artigos científicos, livros, teses, dissertações e documentos oficiais de organizações de saúde.

População e Amostragem:

Por se tratar de uma revisão bibliográfica, a “população” considerada é composta por toda a produção científica disponível sobre o tema, publicada nos últimos 10 anos, em bases de dados reconhecidas, como PubMed, Scielo, e Google Scholar. A amostragem foi feita de forma criteriosa, selecionando estudos que apresentassem relevância direta para os objetivos da pesquisa, com prioridade para revisões sistemáticas, estudos clínicos e guias de prática clínica.

Instrumentos de Coleta de Dados:

A coleta de dados foi realizada por meio da consulta a bases de dados eletrônicas, utilizando palavras-chave como “hormonioterapia”, “transição de gênero”, “estradiol”, “testosterona”, “Trembolona”, e “eficácia e segurança”. A busca foi limitada a artigos em inglês, português e espanhol, publicados entre 2014 e 2024, e revisados por pares.

Procedimentos e Análise dos Dados:

As informações reunidas foram organizadas conforme os temas mais relevantes que surgiram, incluindo os tipos de hormônios empregados, seus efeitos indesejados e as orientações. A pesquisa foi conduzida utilizando uma abordagem qualitativa, onde os resultados de vários estudos foram analisados e confrontados, permitindo a identificação de tanto os pontos de concordância quanto as diferenças, e destacando as principais contribuições para o campo de estudo.

Confiabilidade:

A fim de assegurar a legitimidade e a credibilidade da pesquisa, foram utilizados apenas estudos provenientes de fontes reputable, que apresentassem uma metodologia clara e rigorosa. Ademais, os dados foram triangulados, isto é, confrontados com diversas fontes para validar a consistência das informações.

4        RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
4.1 Análise dos Efeitos dos Hormônios Esteroides Feminilizantes

Os resultados obtidos a partir da revisão da literatura indicam que a utilização de hormônios esteroides feminilizantes, como o estradiol, desempenha um papel crucial na indução de características sexuais femininas em indivíduos transgêneros. Estudos revisados, como o de Davis, S.A (2019), apontam que o uso contínuo de estradiol resulta em significativas mudanças fisiológicas, incluindo o desenvolvimento mamário e a redistribuição de gordura corporal. Esses efeitos são amplamente documentados na literatura, conforme também destacado por Martinez (2020) e São Thiago (2023), que afirmam que as terapias feminilizantes são geralmente eficazes, mas exigem monitoramento regular para evitar complicações.

4.2 Efeitos Colaterais e Riscos Associados

A análise dos dados revela que, apesar dos benefícios terapêuticos, os hormônios esteroides feminilizantes apresentam potenciais efeitos colaterais. Estudos como o de Karen (2019) documentam a incidência de trombose venosa profunda em pacientes que fazem uso prolongado de estradiol, especialmente quando administrado por via oral. Esse achado está em consonância com a revisão de White (2018) e Sebastião (2023), que relata um aumento significativo nos riscos cardiovasculares em pacientes submetidos a terapias hormonais feminilizantes. Além de mudanças extremas no metabolismo e psicológico do usuário, de acordo com Ribeiro (2020).

4.3 Comparação com Hormonioterapias Alternativas

Ao comparar os diferentes protocolos de hormonioterapia, verifica-se que as abordagens que utilizam estradiol transdérmico podem apresentar um perfil de segurança superior em relação às formas orais. De acordo com Katzung e Trevor (2017) e Karen (2019), o estradiol transdérmico minimiza o risco de complicações hepáticas e tromboembolismo, tornando-se uma opção preferível para certos pacientes. Essa conclusão reforça a necessidade de personalizar o tratamento com base nas características individuais dos pacientes.

4.4 Discussão sobre a Necessidade de Monitoramento Contínuo

Os dados analisados sublinham a importância de um monitoramento rigoroso durante o tratamento. A literatura sugere que a realização de exames periódicos para avaliar os níveis hormonais, a função hepática e os marcadores de coagulação é essencial para prevenir efeitos adversos graves. Como observa São Thiago (2023) e Ribeiro (2020), a supervisão médica constante é fundamental para ajustar as dosagens e garantir que os benefícios da hormonioterapia superem os riscos.

5        CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destarte com base nas pesquisas e discussões elaboradas, é possível assimilar que para a realização de uma hormonioterapia segura e efetiva, de modo que não coloque em exponha o paciente a efeitos demasiadamente tóxicos, se faz a necessidade do conhecimento farmacodinâmico, mecanismos de ações e gravidade dos efeitos colaterais das substâncias utilizadas durante o tratamento a partir de hormônios esteroides.

Logo, durante o processo de transição deve-se prezar pela qualidade e bem-estar físico e psicológico dos pacientes que almejam pela sua reafirmação de gênero por meio do uso de hormônios esteroides e anabolizantes tais quais são dotados de efeitos colaterais possíveis de serem controlados e tratados e concomitância com o ato de evitar substâncias que podem comprometer a saúde do paciente trans.

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[1] Bacharel do Curso Superior de Farmácia do Instituto Fametro; robertmangroo@gmail.com;

[2]  Bacharel do Curso Superior de Farmácia do Instituto Fametro  Campus Av. Autaz Mirim, 8565 – Novo Aleixo, Manaus- AM, 69088-480 e-mail: hiagolucasgomes@gmail.com

[3] Co-Orientador

[4] Orientadora