A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NOS PRONTOS SOCORROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

THE IMPORTANCE OF WELCOME WITH RISK CLASSIFICATION IN EMERGENCY: AN INTEGRATIVE REVIEW OF THE LITERATURE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202409131521


Manoel Rodrigues Pereira Filho1


RESUMO: Objetivo: o presente estudo teve como objetivo analisar e compreender através da literatura a importância do enfermeiro diante do Acolhimento e Classificação de Risco por meio do Protocolo de Manchester nos Pronto Socorro. Metodologia: caracteriza-se um estudo do tipo Revisão Integrativa da Literatura de caráter qualitativa e descritiva e como recurso metodológico foi realizado buscas nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online) e Google Acadêmico (Google Scholar). Resultados e Discussão: evidenciou-se que o Protocolo de Manchester se constituiu um método eficaz para classificar os usuários nos serviços de saúde e oferecer resolutividade diante dos diversos cenários existentes nos Prontos Socorros. Identificou-se também desafios enfrentados pelos pacientes em entender a funcionalidade do sistema e os perpasses enfrentados pelos enfermeiros na aplicabilidade do Acolhimento com Classificação de Risco. Conclusão: o Protocolo de Manchester tem-se mostrado um método eficiente na classificação inicial das unidades de urgência e emergência, porém, por outro lado, existem algumas falhas que devem ser minimizadas no que diz respeito a melhor capacitação dos profissionais, a comunicação mais efetiva no processo de referência e contra referência e a orientação para população sobre o correto fluxo de atendimento estabelecido por este protocolo.

Palavras-chave: Protocolo de Manchester. Humanização. Enfermeiro.

ABSTRACT: Objective: the present study aimed to analyze and understand through literature the importance of nurses in Reception and Risk Classification through the Manchester Protocol in Emergency Rooms. Methodology: it is characterized as an Integrative Literature Review type study of a qualitative and descriptive nature and as a methodological resource, searches were carried out in the SciELO (Scientific Electronic Library Online) and Google Scholar (Google Scholar) databases. Results and Discussion: it was evident that the Manchester Protocol was an effective method for classifying users in health services and offering solutions in the face of the different scenarios existing in Emergency Rooms. Challenges faced by patients in understanding the functionality of the system and the obstacles faced by nurses in the applicability of Embracement with Risk Classification were also identified. Conclusion: the Manchester Protocol has proven to be an efficient method in the initial classification of urgency and emergency units, however, on the other hand, there are some flaws that must be minimized with regard to better training of professionals, more effective communication in the referral and counter-referral process and guidance for the population on the correct flow of care established by this protocol.

Keywords: Manchester Protocol. Humanization. Nurse.

1 INTRODUÇÃO

O serviço de triagem nas unidades de saúde de emergência é um processo dinâmico que busca classificar o atendimento do usuário e promover a satisfação nos serviços de atendimento. Dentre os tipos de triagem existente, destaca-se a Classificação de Risco de Manchester, que através de protocolos sistematizados usa a queixa do paciente para conduzir a um atendimento adequado de acordo com o raciocínio clinico do profissional enfermeiro.

Nos dias atuais, é notável a grande demanda nos Serviços de Emergências Hospitalares (SEH) de todo o Brasil pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e também do sistema privado, que se dá pelo fato de ser a opção primária e de maior facilidade da população na procura pela assistência médica.

Nota-se que essa realidade está ligada diretamente na soma dos crescentes acidentes e violências nas grandes metrópoles. Desta forma, compreende-se a importância de discutir o Protocolo de Classificação de Risco para o aprimoramento da qualidade da assistência, a fim de propiciar prioridades no atendimento. As superlotações nas entradas das Unidades de Pronto Atendimento gera de certo modo uma queda na qualidade que o setor pode oferecer, já que os usuários procuram esses setores pela facilidade de acesso.

Para garantir uma melhor organização nos atendimentos dos Serviços de Emergência as unidades de saúde começaram a adotar critérios para classificar o acolhimento inicial. Além disso, o Ministério da Saúde (MS) instituiu em 2003 a Politica Nacional de Humanização (PNH) com o objetivo de efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira transversal, perpassando por todas as outras politicas públicas do país.

No Brasil, o protocolo mais utilizado pelos Serviços de Emergência para triagem é o modelo de Classificação de Risco de Manchester, na qual são usadas escalas de cores para distribuir em níveis de gravidade as pessoas que recebem o atendimento.

O Serviço de Triagem de Manchester (STM) tem a finalidade de proporcionar melhorias em âmbito organizacional dos serviços de emergência. De acordo com as prioridades clínicas, esse protocolo é organizado por cores que fornecem o tempo necessário para o atendimento ao cliente: Vermelho (atendimento imediato – 0 minuto); laranja (atendimento de muita urgência – em até 10 minutos); amarelo (atendimento com urgência – em até 60 minutos); verde (atendimento pouco urgente – até 120 minutos); azul (atendimento não urgente – até 240 minutos).

No Acolhimento com a Classificação de Risco (ACCR), destaca-se a importância da comunicação efetiva entre profissional e paciente, valorizando-se os critérios clínicos e biopsicossociais dos usuários no serviço prestado. Por esse e outros fatores, é imprescindível que o enfermeiro seja capacitado, bem como capaz de tomar decisão resolutiva e eficiente em tempo hábil.

Diante das reflexões apresentadas, definiu-se como objetivo deste estudo identificar os principais agravos que impedem uma atenção humanizada durante a Classificação de Risco e compreender o papel do enfermeiro na escuta e vinculo de confiança no ACCR.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo de Revisão Bibliográfica de caráter qualitativa e descritiva. Para a revisão da literatura foram traçados os seguintes passos de acordo com o Método de Revisão Integrativa da Literatura (RIL), sendo: 1º – identificação do tema principal e escolha da pergunta norteadora; 2º – definição dos critérios de inclusão e exclusão dos artigos; 3º – identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados; 4º – agrupamentos dos estudos selecionados; 5º – análise e interpretação dos resultados relevantes; 6º – apresentação e a condensação dos achados final da revisão. Como critério de inclusão, foram utilizados artigos e manuais que mais se assemelharam com o tema principal proposto em idioma português, com publicações do campo da enfermagem publicados nos últimos cinco anos. Foram encontrados 51 artigos e após análise criteriosa foram excluídos 38 dos quais 13 totalizou a amostra final. Para critério de exclusão utilizou-se publicações que não apresentou conteúdo relevante ao tema, artigos e manuais que não fazem parte da área da enfermagem e que foram publicados antes de 2019. Na elaboração deste artigo foram revisadas literaturas digitais como artigos científicos e manuais publicadas no período de 2019 a 2023 consultados nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online) e Google Acadêmico (Google Scholar). A pesquisa foi realizada por meio da equação de busca: Protocolo de Manchester, Humanização, Enfermeiro, com uso de operadores boleanos AND entre cada termo da equação, conforme fluxograma de busca abaixo:

FIGURA I – Fluxograma de Busca e Seleção de Dados

FONTE: Filho, M. R. P. (2023)

 

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a análise dos artigos selecionados sintetizou-se 13 obras para o desenvolvimento dos resultados e discussões.  Em relação ao Método, observou-se que seis artigos que predominaram foram de revisão integrativa da literatura (46%), três do tipo exploratório–descritivo e analítico (23%), dois do tipo transversal, retrospectivo e analítico (15%), um de caráter qualitativo e analítico (8%) e, por fim, um de cunho somente analítico (8%).

Quanto às bases de dados, a maior parte dos estudos foram encontrados no Google Acadêmico (Google Scholar), correspondendo a 9 artigos (69%) e os demais na base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), o que equivale os 4 restantes (31%) do total de 13 publicações selecionados.

Tendo em vista a limitação e poucos estudos encontrados pelos descritores usados para pesquisas nas demais bases cientificas como LILACs, CAPEs, e outros, optou-se por usar artigos somente das bases de dados Google Acadêmico e SciELO.

Com o objetivo para melhor compreensão dos resultados e discussão dos dados analisados, o Quadro 1 abaixo constam os estudos com suas autorias, ano de publicação, periódicos, base de dados e os principais resultados encontrados.

QUADRO I – Principais resultados dosartigos incluídos na Revisão Integrativa

Autor/AnoPeriódicosBase de DadosResultados encontrados
Bramatti, R. Ferreira, O. T. Silva, R. K. B. (2021)Anais do 19º Encontro Científico Cultural InterinstitucionalGoogle AcadêmicoO Protocolo de Manchester como ferramenta de organização e amenização da superlotação nas unidades de saúde. O estudo definiu o enfermeiro como o agente principal na execução do ACCR, além de identificar a necessidade de educação continuada para esses profissionais
Campos, R. L. O. et al.(2020)Revista Eletrônica Acervo EnfermagemGoogle AcadêmicoConsidera que por meio da CR o enfermeiro pode estabelecer um atendimento humanizado, prezando pela escuta qualificada de maneira holística em todos os aspectos da vida do paciente, e não somente para a patologia como também aspectos psicossociais 
Campos, T. S. et al. (2020)Revista Brasileira em Promoção da SaúdeGoogle AcadêmicoAfirma que há pouco conhecimento e entendimento dos usuários sobre os critérios usados no ACCR e a necessidade de qualificação dos profissionais envolvidos nessa assistência
De Jesus, A. P. S. et al. (2021)Revista Gaúcha de EnfermagemScieloEvidenciou grande demanda no atendimento no serviço de emergência acarretando demora substancial para inicio e duração da CR ultrapassando o recomendado pelo STM
De Jesus, A. P. S. et al. (2021)Revista Brasileira de EnfermagemScieloDestacou-se a relação dos critérios clínicos usados no ACCR com a real situação dos pacientes, evidenciando significativo atendimento nas categorias de alta prioridade (vermelho e laranja)
De Sales, A. P. et al. (2022)Revista FeridasGoogle AcadêmicoO estudo identificou desafios na articulação e organização enfrentados na gestão dos serviços de saúde na execução da CR, falha de comunicação entre Atenção Básica e as Redes de Urgência causando superlotação
Oliveira, L. de A. M. et al.(2019)Revista UningáGoogle AcadêmicoIdentificou falhas na aplicabilidade do ACCR evidenciada pela inabilidade dos profissionais e incoerência na adoção dos critérios do STM em seu campo de atuação
Oliveira, V. L. G. et al. (2022)Research, Society and DevelopmentGoogle AcadêmicoOs autores afirmam a deficiência na comunicação entre profissionais e usuários frente a CR, tal fato leva a exposição de conflitos decorrentes da necessidade de divulgação de informações sobre a funcionalidade desse método de acolhimento
Sacoman, T. M. et al.(2019)Saúde e DebateScieloO estudo permitiu identificar que, por mais que são enfrentados impasses na aplicação da CR esse método consegue estabelecer benefícios em sua dimensão
Saldanha, A. P. S. et al. (2021)Brazilian Journal of DevelopmentGoogle AcadêmicoSustenta que o enfermeiro é o profissional mais adequado para realizar a CR, pois ele detém conhecimentos técnico-cientifico suficiente
Sampaio, E. C. et al. (2022)Research, Society and DevelopmentGoogle AcadêmicoEste estudo confirma a importância do enfermeiro na CR sendo o profissional indicado para realizar essa avaliação por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem de qualidade
Sampaio, R. A. et al. (2022)Cogitare enfermScieloEvidenciaram desafios organizacionais, informacionais e de entendimento como sendo desafios bases em relação ao ACCR, enquanto que o desafio de grande demanda se configura como desfecho final nos serviços de urgência e emergência
Santos, C. S. et al. (2022)Revista Eletrônica Acervo SaúdeGoogle AcadêmicoObservou-se neste estudo que o STM é um instrumento capaz de promover resultados positivos. Ainda assim, destacou as fragilidades enfrentadas como estruturas organizacionais, necessidade de revisão e reformulação, e não menos importante a conscientização da população sobre como utilizar os serviços de saúde de forma correta

FONTE: Filho, M. R. P. (2023)

Os estudos evidenciaram que o Protocolo de Manchester se constitui como uma ferramenta excepcional para classificar os usuários nos serviços de saúde oferecendo resolutividade diante dos diversos cenários existente nas unidades de urgência e emergência. Ainda assim, foi possível identificar alguns desafios enfrentados pelos usuários em entender a funcionalidade desse sistema como também ficou evidente os perpasse que os enfermeiros enfrentam na aplicabilidade do Acolhimento com Classificação de Risco.

2.2.1 Principais agravos que impedem uma atenção humanizada na classificação de risco

A partir da leitura minuciosa dos artigos utilizados, trazem-se para este estudo as contribuições dos autores para elucidar a importância do enfermeiro nos serviços de saúde, em específico no que se refere ao Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) nos Prontos Socorros (PS).

Conforme o estudo realizado por Thaís Santos Campos et al. (2020), evidenciou-se que os usuários não tem entendimento adequado dos critérios de avaliação do sistema de Classificação de Risco nas unidades de urgência e emergência, tornando o atendimento conflituoso entre os profissionais e usuários. Neste sentido, essa dificuldade pelo usuário de compreender sobre o funcionamento do ACCR favorece para a superlotação das unidades e prejudicam o atendimento dos casos em que são considerados com mais urgência/emergência.

Para Sales et al.(2022), os usuários quando chegam na CR tem a ideia de que devem ser atendidos primeiro por considerar que seus sintomas encaixam-se numa classificação com o nível mais urgente do que realmente é, e isso demostra por parte do usuário a sua errônea interpretação sobre o funcionamento da Classificação de Risco. Além disso, no mesmo estudo, destacou-se outra razão que leva os pacientes a buscar os serviços de Urgência e Emergência devido as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ter o funcionamento com horário limitado, atender casos menos complexos, consultas por agendamento e muita das vezes não ter médicos à disposição.

Somado a isto, notou-se que há inversão no fluxo de atendimento estabelecido pela Atenção Básica e a Rede de Urgência e Emergência (RUE), caracterizando um defeito na comunicação entre essas equipes (SALES et al., 2020). Neste sentido, identificou-se a falha de comunicação no fluxo de atendimento entre profissional e paciente. Esses achados vêm de encontro com outros estudos que confirmam a insuficiência de integração e comunicação na rede de atenção à saúde.

Ainda nessa premissa, na visão de Oliveira et al. (2022, p. 6), o autor destaca que:

[…] a falta de informações dos usuários em relação ao Sistema de Triagem Manchester, utilizado como protocolo de classificação de risco, não é compreendido pelos pacientes, visto que desconhecem a distribuição de cores e o motivo de algumas pessoas serem atendidas prioritariamente. Desse modo, o usuário passa a questionar a classificação ofertada pelo enfermeiro, e, consequentemente, questiona a eficiência do profissional, devido à concepção de injustiça, advinda da carência de informação sobre o protocolo (0LIVEIRA et al., 2022).

Tal fato, de acordo com esses autores, faz-se necessário o treinamento periodicamente dos profissionais, garantindo a melhoria no que se refere à transmissão de informações adequadas sobre o fluxo do atendimento com Classificação de Risco nos Prontos Socorros.

A pesquisa de Raiane Antunes Sampaio et al. (2022), corrobora para os mesmos achados apresentados por Oliveira (2022), Campos (2020) e Sales (2020), pois apontou que a grande demanda, o desconhecimento dos usuários sobre o ACCR bem como as questões informacionais e organizacionais são os principais fatores que afetam esse processo.

Percebeu-se que a superlotação é o principal fator que contribui mundialmente para esse caos frente ao ACCR, acarretando um tempo maior de permanência dos pacientes, uma maior demora na tomada de decisão médica e, muita das vezes até o aumento dos custos e de mortalidade (DE JESUS, et al., 2021).

Diante da grande demanda que os setores de saúde enfrentam durante o processo de Classificação de Risco, o enfermeiro deve estar dotado de algumas habilidades manuais, além de ser ágil em sua conduta e dispor de uma facilidade de comunicação com o usuário para entender os sintomas subjetivos do paciente (SALDANHA et al., 2021).

Ainda sobre o que foi citado, esse agravo está sendo estudado por vários autores na busca de estratégias que visam à minimização da demanda e a organização do fluxo de atendimento. Averiguou-se que a proposta elaborada pelo Ministério da Saúde ainda se mostra insatisfatória, haja vista que, a assistência que a atenção primária composta pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Estratégia da Saúde da Família (ESF) deveriam ofertar ainda é falha.

No contexto referente à capacitação para executar a CR, Sampaio et al. (2022) e Oliveira et al.(2019), confirmam que a falta de capacitação e pouca experiência dos profissionais são considerados pontos cruciais que levam a inadequada classificação, isso se deve pelo fato de não conseguir estabelecer corretamente os indicadores de acordo com a necessidade de cada usuário.

Correlacionada às questões citadas acima, outros estudos demostraram que a experiência e qualificação dos profissionais são fatores primordiais para a efetividade do atendimento em seus diversos níveis de demanda e complexidade.

Observou-se que, mesmo diante dos impasses do dia a dia de trabalho dos enfermeiros no ACCR ainda assim os estudos revelam que esses profissionais se sentem seguros, satisfeitos e reconhecidos por outros colegas da equipe, o que caracteriza autonomia e respeito profissional.

O Manual de Acolhimento e Classificação de Risco da Secretária de estado do Distrito Federal recomenda a atualização do referido protocolo a cada dois anos ou sempre que julgar necessário (BRASIL, 2021).

2.2.2 O papel do enfermeiro na escuta e vinculo de confiança durante a classificação de risco

Nos últimos anos, o Ministério da Saúde, tem buscado uniformizar o processo de atendimento com Classificação de Risco por meio da adoção de medidas que padronizem esse processo, em nível nacional.

De acordo com a Resolução COFEN nº 661/2021, no âmbito da equipe de enfermagem, a priorização na atividade de Classificação de Risco (CR) devem ser executada privativamente pelo profissional enfermeiro, desde que tenha curso de capacitação específica e, que o ambiente e os equipamentos venham a oferecer as condições adequadas para a realização da CR (BRASIL, 2021).

Brasil (2020) enfatiza que os profissionais de enfermagem tem sua corresponsabilidade em todos os níveis de atenção a saúde e contribuem para o cuidado da pessoa por meio dos princípios norteadores do SUS, das diretrizes e protocolos do Ministério da Saúde.

O Protocolo Manchester nos Prontos Socorros contribui de forma diretiva para um atendimento organizado e estruturado promovendo a satisfação dos pacientes e da equipe profissional (COSTA et al., 2020).

Frente a esta realidade observou-se que o Acolhimento humanizado junto a Classificação de Risco estruturada de forma adequada nos setores de serviços de emergências, reduz significativamente os riscos e agravos dos pacientes antes do atendimento médico, além de simplificar os consumos e recursos do setor (SACOMAN et al., 2022).

Nesse sentido, a Política Nacional de Humanização (PNH), tem buscado por meio dos seus objetivos estimular uma melhor comunicação entre os gestores, funcionários e usuários através dos princípios das boas práticas do Sistema Único de Saúde (CAMPOS et al., 2020).

O processo de humanização e escuta vai muito além da triagem de classificação dos pacientes, ele se constitui também como uma forma de acolhimento humanizado, orientação adequada, e garantia dos direitos a cidadania. Ainda nessa perspectiva, um atendimento no tempo adequado em cada nível da classificação trará melhor resultado para o paciente, além de favorecer a satisfação do mesmo diante do tempo de espera.

Somado a isto, Santos et al. (2022) considera que a CR por apresentar uma linguagem padronizada é um ponto importantíssimo, pois no momento da triagem o enfermeiro terá respaldo da classificação, garantindo assim segurança ao profissional frente a sua conduta. A esse respeito, evidenciou-se que, o profissional enfermeiro para oferecer um atendimento efetivo e funcional na classificação de risco precisa adotar medidas estruturadas e sensíveis, focadas no paciente e nos sinais apresentados por ele.

Bramatti, Ferreira e Silva (2021), segundo suas pesquisas relatam que uma educação continuada voltada aos profissionais favorece para uma maior colaboração na escuta de enfermagem aos pacientes atendidos. Ademais, entende-se que é de grande relevância que o corpo profissional dos Serviços de Emergências inclua ações de planejamento, coordenação e avaliação dos serviços oferecidos.

A Classificação de Risco por meio do Sistema de Triagem de Manchester (STM) apresenta diversos benefícios para os usuários, como a minimização de agravos com risco de morte, que seria a priorização no atendimento, organização do serviço de saúde, levando a extinção do atendimento por ordem de chegada e consequentemente a satisfação dos usuários e profissionais (SAMPAIO et al., 2022).

3 CONCLUSÃO

Esse estudo abordou duas temáticas importantes dos quais foram observados diversos problemas enfrentados pelos enfermeiros no ACCR bem como a função do enfermeiro para estabelecer um vinculo de confiança no atendimento inicial por meio da Triagem de Manchester.   

Os objetivos deste estudo foram alcançados, visto que o Protocolo de Manchester é um método suficiente para classificar os usuários no atendimento inicial das unidades de urgência e emergência, porém, por outro lado, existem algumas falhas que devem ser minimizadas no que diz respeito a melhor capacitação dos profissionais, a comunicação efetiva entre as equipes nas unidades e a população sobre o correto fluxo desse sistema de triagem.

Assim, há um grande desafio para a gestão das unidades sobre a articulação e reorganização em busca da redução do tempo de espera nos atendimentos e consequentemente a diminuição das filas nas unidades. Paralelo a isto, a educação permanente é chave imprescindível nesse processo, pois é por meio dela que se avaliam os conhecimentos dos profissionais.

Espera-se que este estudo traga contribuições para aqueles que se interessa por tal temática. Por fim, como sugestão pode ser desenvolvida pesquisas de campo mais aprofundadas em busca de melhores estratégias e o aperfeiçoamento das ações existentes voltadas para a classificação de risco nos Prontos Socorros.

REFERÊNCIAS

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1 Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Marabá.