EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA EM IDOSOS SARCOPÊNICOS: REVISÃO NARRATIVA

EFFECTS OF STRENGTH TRAINING IN SARCOPENIC ELDERLY: NARRATIVE REVIEW.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202409121338


Maurício dos Santos Carvalho¹


RESUMO

Introdução: Com o envelhecimento populacional ocorre o aumento da expectativa de vida, assim como as comorbidades e as doenças crônica decorrentes do processo de envelhecimento. Contudo, ocorre alterações progressivas na perda de massa muscular, força e desempenho físico, contribuindo assim para o desenvolvimento da sarcopenia. Objetivo: contextualizar através de discussões de cunho científico disponíveis em plataformas digitais acerca do treinamento de força aplicado em pacientes idosos com sarcopenia. Revisão de literatura: revisão narrativa por meio de busca ativa de artigos científicos em base de dados da LILACS, SciELO e MEDLINE, utilizando os descritores “treino de resistência”, “sarcopenia”, “idosos”, “fisioterapia” na faixa temporal de 05 anos em inglês e português. Resultados e Discussão os 13 artigos científicos pertinentes foram caracterizados através de 03 etapas, e demonstraram que os métodos de avaliação clínica do fisioterapeuta foram eficazes para identificação precoce da sarcopenia em idosos, e que protocolos de treinamento de força com intensidade de moderada a alta mostraram-se positivos para aplicabilidade dentro das limitações de cada indivíduo, propiciando a autonomia e qualidade de vida deste grupo seleto. Conclusão: Diante dos achados e discussões propostas, observou-se que o treinamento resistido aplicado pelo fisioterapeuta apresentou aumento de força muscular, estabilização e redução dos efeitos deletérios da sarcopenia em idosos.

Descritores: Treino de resistência, Sarcopenia, Idosos, Fisioterapia

ABSTRACT

Introduction: With population aging, life expectancy increases, as well as comorbidities and chronic diseases resulting from the aging process. However, there are progressive changes in the loss of muscle mass, strength and physical performance, thus contributing to the development of sarcopenia. Objective: to contextualize through scientific discussions available on digital platforms about strength training applied to elderly patients with sarcopenia. Literature review: narrative review through active search for scientific articles in the LILACS, SciELO and MEDLINE databases, using the descriptors “resistance training”, “sarcopenia”, “elderly”, “physiotherapy” in the 5-year time range in English and Portuguese . Results and Discussion The 13 pertinent scientific articles were characterized through 03 steps, and demonstrated that the physiotherapist’s clinical assessment methods were effective for early identification of sarcopenia in the elderly, and that strength training protocols with moderate to high intensity showed- if positive for applicability within the limitations of each individual, providing autonomy and quality of life for this select group. Conclusion: In view of the proposed findings and discussions, it was observed that the resistance training applied by the physiotherapist showed an increase in muscle strength, stabilization and reduction of the harmful effects of sarcopenia in the elderly.

Descriptors: Resistance training, Sarcopenia, Elderly, Physiotherapy

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, pois segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, evoluiu de 22,3 milhões para 31,2 milhões crescendo assim, 39,8% no período entre 2012 e 2021¹.

Esses dados são reflexo do aumento da expectativa de vida, elevando assim, o nível de comorbidades e de doenças crônicas relacionadas ao processo de envelhecimento, assim como a sarcopenia¹.

Sarcopenia é caracterizada pela perda generalizada e gradual da massa muscular esquelética associada a perda da força e da redução do desempenho físico. Entre os diversos fatores que contribuem no progresso da sarcopenia destacam-se, o sedentarismo, modificações nutricionais, doenças degenerativas e a inflamação².

Com o processo de envelhecimento natural ocorre alterações, assim como, a diminuição da massa muscular correspondente a taxas anual de 1-2% após os 50 anos de idade e 3% após os 60 anos, essa redução em progresso eleva os riscos de dependência funcional dos indivíduos dentro dessa faixa etária².

Sendo assim, idosos são mais susceptíveis a essa doença decorrente do processo de senescência gradual, comprometendo a qualidade de vida, a autonomia, as limitações das atividades diárias de vida e dos desfechos negativos para hospitalização e até a morte³.

O profissional fisioterapeuta tem conhecimentos específicos para a atenção ao idoso, frente as alterações fisiológicas do envelhecimento nos níveis anatômicos e fisiológicos, auxiliando na prevenção e no tratamento, melhorando o equilíbrio, força e o tônus muscular, devolvendo ao indivíduo a qualidade de vida e a sua autonomia, e quanto mais cedo as incapacidades forem tratadas e identificadas, as complicações mais graves decorrentes da patologia podem ser prevenidas⁴.

Consequentemente, a identificação precoce da doença se faz importante, uma vez que ela está associada a diversos resultados potencialmente negativos e adversidades a saúde, uma intervenção eficaz e eficiente consiste em reverter e/ou minimizar esses efeitos. O treinamento de força praticado regularmente é uma intervenção que colabora diretamente com a melhora e ganho de força, equilíbrio, redução da perda muscular e flexibilidade, amenizando assim os efeitos da senescência e da sarcopenia³⁵.

O treinamento de força, quando acompanhado pelo fisioterapeuta é considerada uma das melhores alternativas para regressão da sintomatologia da doença e para estimular a hipertrofia muscular⁶.

Esse método vem sendo indicado e praticado consideravelmente entre os idosos, devidos os seus efeitos positivos promoverem condicionamento físico, e sua aplicabilidade promover a melhora na manutenção da saúde entre os indivíduos com sarcopenia⁵.

Sabemos que a importância da aplicação de exercícios terapêuticos pelo fisioterapeuta já esta bastante fundamentada, em especial em pacientes crônicos, no qual os seus benefícios atribuídos a esta modalidade permeia a qualidade de vida e funcionalidade dos idosos⁷.

O profissional fisioterapeuta quando inseridos nesse método de treinamento, pode contribuir na qualidade de vida dos idosos, promovendo não somente progressão da doença em si, mas auxiliando na redução das dependências físicas⁶.

Com o aumento populacional dos idosos, tornou-se evidente a necessidade de estudos associados a sarcopenia, para que melhores estratégias de intervenção fisioterapêuticas possam ser propostas.

Frente ao exposto, o presente estudo tem como objetivo contextualizar a importância do treinamento de força aplicado em pacientes idosos sarcopenicos, verificar os efeitos do treinamento de força junto a esse grupo seleto, e promover reflexão aos profissionais de fisioterapia quanto a importância da identificação precoce da sarcopenia em idosos para a melhora da qualidade de vida.

REVISÃO DE LITERATURA

Levando em consideração a temática da pesquisa, foi optado a seguir a vertente através de um estudo descritivo por meio de revisão narrativa.

A revisão de narrativa são apropriadas para discussão de determinado assunto sob o ponto de vista teórico e contextual, constituindo basicamente do pressuposto da análise da literatura disponibilizada, sendo interpretadas por meio da análise crítica e pessoal do autor⁸.

Este estudo se desenvolveu por meio da busca ativa de artigos científicos em plataformas eletrônicas nas bases de dados: LILACS (Literatura Latino- americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO –  Scientific Electronic Library Online e MEDLINE –  Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica, através dos descritores validados e referenciados no Descritores em Ciências da Saúde: “idosos”, “sarcopenia” e “treinamento de resistência”, “fisioterapia” submetidos através de operadores booleanos “OR” e “AND” para combinação entre ele, no idioma português e inglês como estratégia de busca.

Foram utilizados como critérios de inclusão artigos publicados dentro da faixa temporal de cinco anos (2018 a 2023), disponíveis de forma gratuita e na íntegra. Os artigos que não contemplaram os critérios de inclusão foram excluídos da seleção. Os artigos contemplados neste estudo seguiram as etapas ilustradas no Flowchart de busca demonstrado na Figura 1.

Figura 1 – Flowchart da busca, seleção e análise dos artigos.

Fonte: Banco de dados da pesquisa elaborado pelo autor (2024)

RESULTADOS

Foram selecionados para inclusão neste estudo, 13 artigos científicos pertinentes a temática, os quais serão apresentados e discutidos a seguir.

Das publicações científicas aplicadas na Tabela abaixo, observa-se que todas foram publicadas dentro da faixa temporal dos últimos 5 anos, sendo a maior concentração de estudos destacados nos anos de 2018 e 2019 com 04 artigos científicos cada.

Referente ao idioma de prevalência entre os estudos, observou-se que o idioma inglês foi o que mais contemplou os estudos inclusos, sendo caracterizados por meio de 12 publicações científicas.

Tabela 1 – Publicações científicas selecionadas

Fonte: Elaborado pelo autor (2024).

Sabe-se que a sarcopenia em idosos tem efeitos adversos importantes sobre os processos de metabolismo e morbimortalidade, comprometendo a qualidade de vida e viabilizando para a evolução de doenças degenerativas, aumento do índice de queda, alterações metabólicas e cardiovasculares e elevação do risco de dependência⁷,⁸.

Essas mudanças decorrentes da sarcopenia são evidenciadas na diminuição da massa magra, aumento de massa gorda e alteração na densidade mineral óssea (DMO), elevando o aumento de duas a três vezes o risco de fraturas por osteoporose⁹,¹⁰.

Estudos correlacionam que os mecanismos implícitos à sarcopenia são considerados complexos e interdependentes, decorrentes desde a inatividade física, faixa etária, resistência anabólica e de insulina, estresse oxidativo mitocondrial, processo inflamatório, fatores de alterações endócrinas (testosterona, miostatina, somatotrofina, somatomedina C) e deficiências neuromusculares⁹,¹¹,¹³.

Nota-se, que os campos que pesquisam sobre o envelhecimento muscular e exercícios, uniram seus conhecimentos em busca de promover percepções importantes sobre os efeitos do envelhecimento muscular e as alterações associadas a faixa etária que podem ser suavizadas, reduzidas e prevenidas com o uso de plano de treinamentos específicos e bem direcionados⁹,¹³,¹⁵.

Os estudos comprovaram, que os comportamentos sedentários como televisão, computadores, tablets e celulares podem exercer efeitos prejudiciais e contribuir para a evolução da sarcopenia e da alteração na composição corporal, ilustrando assim, a importância de abordar técnicas e métodos de tratamentos por meio de treinamentos e atividade física para a prevenção da progressão da doença¹⁰.

Acredita-se que, a sarcopenia é uma doença caracterizada do processo de envelhecimento mediada por múltiplos fatores internos que podem contribuir para o desenvolvimento, evolução e progressão da doença¹¹. Desse modo, se torna um desafio para ciência em relação ao estudo do musculoesquelético, já que seus efeitos são multifatoriais e difíceis de serem desvencilhados, o que gera incertezas, se a deteriorização muscular é atribuída somente decorrente do processo do envelhecimento (idade) ou como consequência do estilo de vida e aquisição de comorbidades associadas durante o decorrer dos anos¹⁵.

Diversos são os métodos de rastreio aplicados na prática clínica para diagnóstico e avaliação da sarcopenia em idosos, e essa aplicabilidade dependem de diversas condições para permear os métodos e diretrizes a serem seguidos, como descritos pelos autores, sendo elas: mobilidade do indivíduo, modo da aplicabilidade dos testes, recursos a serem utilizados, monitoramento e acompanhamento da reavaliação da progressão da doença, percepção do profissional frente a queixa clínica e do treinamento sugerido¹¹,¹³.

Os estudos inseridos descrevem o uso absorciometria de raio X dupla como método de rastreio da avaliação da massa muscular nos pacientes idosos, seu baixo custo permite sua fácil aplicabilidade no dia a dia, medindo a massa gorda, e a densidade mineral óssea dos membros inferiores e superiores¹⁴,¹⁵. Outro método muito empregado, é o uso da análise de impedância bioelétrica, método esse, acessível e que não requer equipe especializada para seu manuseio, este método consiste estimar a quantidade de gordura e massa magra com base na análise elétrica do tecido de resistência, baseando-se em equações de conversão⁹,¹².

Porém o método considerado padrão em solicitações pelos estudos, para a avaliação da massa muscular, é a ressonância magnética computadorizada, bastante questionável devido sua aplicabilidade necessitar de investimentos altos e de dificil manuseio na prática clínica¹¹.

Em relação da avaliação da força muscular os estudos utilizam o método de preensão manual por dinamometria isocinética, devido sua ampla eficácia, simplicidade de manuseio e baixo custo. Os resultados abaixo de 27 e 16kg foram considerados nos estudos, como riscos de hospitalização e aquisição de comorbidades. Esse método pode ser utilizado como um excelente preditor na mortalidade populacional relacionada a doenças cardiovasculares e limitantes funcionais¹¹,¹³,¹⁵.

Porém em outro estudo descrito por Yoon Lee, et al. (2023), o método de torque isómetrico, permitiu a medição de pico e de taxas de desenvolvimento da força impostas pelos idosos. Resultados de 17 segundos para 5 repetições apresentavam grande correlação de dificuldade ou incapacidade de marcha, devido a fragilidade e redução da força muscular¹⁴.

Para a avaliação do desempenho físico, a grande parte dos estudos utilizaram o método de Short Psysical Performance Battery, no qual avalia a capacidade funcional em três domínios: equilíbrio, velocidade da marcha e força dos membros inferiores, os score com pontuação elevada foram indicativos de menor incapacidade¹¹,,¹⁴. O uso do tempo cronometrado através do teste “Timed up and go” (TUG) como um instrumento prático para avaliação da sarcopenia também foram citados em outras publicações, teste este que consiste na técnica de levantar e sentar-se em uma cadeira e caminhar em linha reta, em um ritmo selecionado pelo profissional fisioterapeuta, sendo de fácil aplicabilidade¹⁴,¹⁷.

Todos os testes destacados pelos estudos, apresentaram resultados positivos para serem aplicados por fisioterapeutas como instrumentos de avaliação da sarcopenia em idosos referente a força, massa muscular e desempenho físico.

Observa-se que nenhum biomarcador específico foi pré-determinado como padrão pelas literaturas apresentadas, já que todos os métodos apresentaram resultados positivos a serem aplicados conforme a realidade e os recursos disponibilizados durante a avaliação precoce e rastreio da doença.

Segundo os efeitos do treinamento de força e resistência nos idosos, os estudos de metanálises relacionadas nas publicações científicas, foram capazes de estabilizar a perda de massa muscular, força e desempenho físico em idosos, podendo ser aplicados como métodos de treinamento na prevenção dos impactos negativos decorrentes do processo de envelhecimento¹¹.

O protocolo de treinamentos resistidos com pesos livres (halteres, anilhas e faixas elásticas) e os mecânicos aplicados sobre supervisão de fisioterapeutas, durante cinco a doze semanas consecutivas¹², constataram melhora da coordenação motora, equilíbrio e da agilidade, promovendo melhor da capacidade contrátil da força e do volume muscular, melhorando assim, a estrutura corporal total do idoso. Esses resultados foram detectados após práticas regulares de treinamento resistido de forma gradual, corroborando na qualidade de vida desses indivíduos e reduzindo a dependência e o risco de quedas¹³.

Os exercícios após aplicados por um período começam a apresentar resultados como melhora da quantidade e qualidade das fibras musculares, aumento da força e do controle motor, redução da gordura, e melhora da densidade mineral óssea, além de promover melhora da resistência cardiovascular e ventilatória e da cognição¹²,¹³.

Isso demonstra que a fisioterapia aplicada a esse perfil de idosos pode diminuir o processo da degradação neuromuscular e possíveis atrofias, fortalecendo os grupos musculares e promovendo a estabilização corpórea, reduzindo assim as dependências físicas¹².

Outros estudos descrevem ainda, que o treinamento resistidos de baixo impacto com níveis moderado a intenso apresentou os mesmos resultados, o que corrobora com a ideologia que impendentes do nível aplicado, desde que sejam regulares e resistidos propiciam o declínio dos efeitos do processo de envelhecimento na composição corporal dos idosos⁹,¹⁰,¹²,¹³.

As intervenções de fisioterapias aplicadas a treinamentos combinados: aeróbico x resistidos, demonstram através dos estudos multicêntricos resultados efetivos de melhora da sarcopenia. O treinamento aeróbico permitiu redução da gordura, melhora da função cardiopulmonar, melhora da resposta oxidativa mitrocondrial, enquanto o treinamento resistido permitiu concomitantemente melhora da resposta motora, aumento das fibras musculares, melhora da resposta da força e domínio, e evolução da síntese de proteína muscular¹³,¹⁴.

Validando os resultados deste estudo aplicados pelos fisioterapeutas por meio de treinamentos resistidos de intensidade moderada associado ao treinamento aeróbico, recentemente um novo estudo foi desenvolvido com a aplicação de protocolos supervisionados de 16 semanas em idosos, com aumento gradual da intensidade através de métodos mecânicos (bicicletas e esteiras) com duração média de 30 a 60 minutos. Os resultados descreveram vantagens significativas nas fibras musculares (fibras Tipo I-IIa), com base nas propriedades metabólicas e contráteis, resultado mudanças nas fibras de contração lenta, sendo clinicamente expressivo para aplicabilidade no tratamento e prevenção da sarcopenia¹⁴.

Através dos treinamentos aplicados, os fisioterapeutas propõe melhorar as necessidades dos idosos, promovendo exercícios de marcha, aumento de massa muscular e flexibilidade, mesmo que em processo lento a longo prazos, melhorando também a incidência de fatores emocionais interligados pela dependência e ao envelhecimento, por meio de atividades em grupos, diminuindo assim, a incidência de depressão e ansiedade¹⁶.

Estudo descrito por por Sanctis et al. (2021); Bolotta et al. (2023), corroboram com a perspectiva que idosos treinados a longo prazo apresentam resultados satisfatórios frente ao processo de envelhecimento e neutralização da sarcopenia, através do aumento da eficiência da resiliência celular, consolidação dos citoesqueleto, e a redução do processo de inflamação da senescência. O treinamento resistido ao longo da vida, retardam as alterações musculares, força e resistência, quando comparados aos idosos sedentários com início de atividade física no período de senescência¹⁶,¹⁷,¹⁸.

Outro estudo relevante identificado, permitiu discenir que treinamentos de alta intensidade ao longo do tempo, apresentam scores menores para propensão do desenvolvimento para sarcopenia, do que idosos submetidos a treinamento de baixo impacto. Ficando claro, que a inatividade física e os métodos de treinamentos de baixo desempenho, influenciam desfavoravelmente o anabolismo e catabolismo muscular levando a uma progressão de perda e atrofia significativa das fibras, demonstrando que, não basta a realização de atividades físicas, eles devem ser efetivos para retardar e reduzir os processos do envelhecimento e da progressão da sarcopenia¹⁹.

Fundamentando tudo que já foi explanado sobre o treinamento de resistência, o estudo de Tuñón-Suárez et al. (2021), descreve que o treinamentos em idosos crônicos e com comorbidades avançadas, apresentam resultados eficazes frente a, gordura ectópica do músculo-esquelético (tecido adiposo intermuscular), quando aplicados nas intensidades moderada e intensa através de treinamentos associados (anaeróbicos e resistidos), demonstrando que o efeito esta associado a perda do peso corporal, da massa gorda e ao ganho de massa magra²⁰.

O tratamento fisioterapêutico aplicado sobre os exercícios resistidos são fundamentais para prevenir e controlar a sarcopenia, possibilitando ao idoso um envelhecimento mais saúdavel por meio de qualidade de vida e bem estar¹⁴.

Acreditamos assim, diante do conhecimento científico adquirido nas diversas publicações apresentadas neste estudo, que o treinamento resistido é o método mais eficaz no afronte a sarcopenia²¹. Considerando que os treinamentos combinados a longo prazo, garantirem melhores resultados em idosos sarcopenicos diante dos efeitos energéticos permitidos, por meio de protocolo de treinamento bem estruturado e supervisionado por profissionais qualificados como o fisioterapeuta.

DISCUSSÃO

Foi possível notar através das publicações relacionadas neste estudo, que a sarcopenia é um desafio para ciência em relação ao estudo do músculoesquelético, já que seus efeitos são multifatoriais e difíceis de serem desvencilhados. Gerando incertezas decorrentes da deteriorização muscular, permeados entre o processo de envelhecimento ou estilo de vida e aquisição de comorbidades associadas⁹.

O profissional fisioterapeuta desempenha um papel fundamental no tratamento e prevenção da sarcopenia, e sua atuação concedem a melhora da massa muscular, força, mobilidade e capacidade funcional do indivíduo. Deste modo, os programas de treinamento de força estruturados e definidos, propriciam estabilização dos fatores decorrentes da sarcopenia, viabilizando segurança na execução dos exercícios e prevenção param os impactos decorrentes do processo de envelhecimento¹⁰.

O diagnóstico e avaliação dos níveis de sarcopenia em idosos realizados nas publicações científicas, apresentaram-se aplicáveis na prática clínica com resultados positivos e efetivos, abrangendo o grau de mobilidade, a padronização dos testes; e a gestão periódica da regressão ou progressão da doença⁹.

A relevância da avaliação para detecção do diagnóstico precoce, permite que os fisioterapeutas ajustem seus métodos de treinamento conforme capacidade funcional de cada paciente idoso ¹⁰,¹¹,¹³.

Ficou evidente que o treinamento de força e resistência por meio de protocolos consecutivos de cinco a doze semanas com intensidade moderada á alta, por meio de pesos livres e mecânicos para os MMII e MMSS, apresentaram melhora efetiva e comprovada do sistema cardiorespiratório, do equilibrio, da agilidade, da dependência, e da redução da morbimortalidade, e os treinamentos aeróbicos resistidos por meio de aumento gradual, com protocolos de dezesseis semanas contribuíram para o aumento de fibras musculares de contração lenta em idosos⁹,,¹⁰,¹²,¹⁴.

Diante dos achados, ficou evidente a efetividade dos treinamentos de força aplicado pelos fisioterapeutas, na manutenção, autonomia, inserção social, e a melhora nos aspectos fisiológicos, metabólicos e anatômicos do indivíduo, além da estabilização dos efeitos da doença e regressão da incapacidade funcional, principalmente quando aplicados em idosos sarcopenicos.

Concluímos que, o treinamento de força é um método promissor e eficaz para a melhora da saúde, aptidão física e da qualidade de vida em idosos, demonstrando efetividade e melhoria entre homens e mulheres durante o processo de envelhecimento, podendo ser aplicado na prevenção e tratamento da sarcopenia.

CONCLUSÃO

Em virtude dos conhecimentos referidos nesta revisão narrativa, entende-se que a avaliação precoce da doença multifatorial permite que os profissionais fisioterapeutas, consigam aprimorar os protocolos redefinido e estruturando-os conforme limitação de cada indivíduo, favorecendo os resultados na estabilização e na redução da perda muscular em idosos.

Com base nessas evidências, o treinamento de resistência e força foram um método eficaz para a melhoria da saúde, aptidão física e da qualidade de vida, revelando a efetividade na melhoria da força e da massa muscular de homens e mulheres no processo de envelhecimento, fortalecendo a hipótese da aplicabilidade desse treinamento como um método expressivo e promissor na prevenção e promoção da saúde de idosos sarcopenicos.

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¹Profissional de Educação Física, Especialista em Fisiologia do Exercício e do Esporte pelo Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região – (CREF4/SP).