PROJETO POCOTÓ

POCOTO PROJECT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202409110751


Anna Carolina Ribeiro Portela; Caroline de Abreu Nogueira; Davi Cavalcanti Fabiano de Jesus Cruz; Juliane da Rocha Cardozo Bento; Julia Soares Durães; Maria Alice da Rosa Barros; Maria Eduarda Amazona


Resumo 

O trabalho apresentado trata do Projeto Pocotó, um estudo desenvolvido por estudantes de Medicina Veterinária da Universidade Estácio de Sá, focado na conscientização sobre a laminite, uma doença que acomete equinos. O projeto foi realizado em haras da região de Vargem Grande, com o objetivo de investigar e comparar os fatores que influenciam a incidência da laminite em diferentes propriedades. A metodologia envolveu visitas aos haras, uso de redes sociais para disseminação de informações e distribuição de panfletos. O público-alvo incluiu proprietários, tratadores e frequentadores dos haras, aos quais foram oferecidos conhecimentos sobre prevenção, manejo nutricional e sanitário dos equinos. O estudo concluiu que a falta de informação sobre a doença contribui significativamente para sua prevalência. O projeto foi bem-sucedido em sensibilizar os envolvidos quanto à importância de práticas preventivas adequadas, reduzindo assim potenciais prejuízos econômicos e promovendo o bem-estar animal. 

Palavras-chave: Laminite. Equinos. Manejo animal. Educação Veterinária. 

Abstract  

The work presented deals with the Pocotó Project, a study developed by Veterinary Medicine students at Estácio de Sá University, focused on raising awareness about lamini s, a disease that affects horses. The project was carried out in stud farms in the region of Vargem Grande, with the objec ve of inves ga ng and comparing the factors that influence the incidence of lamini s in different proper es. The methodology involved visits to the stud farms, use of social networks to disseminate informa on and distribu on of pamphlets. The target audience included owners, handlers and visitors to the stud farms, who were offered knowledge about preven on, nutri onal and sanitary management of horses. The study concluded that the lack of informa on about the disease contributes significantly to its prevalence. The project was successful in raising awareness of the importance of proper preven ve prac ces, thereby reducing poten al economic losses and promo ng animal well-being. 

Keyword: Laminitis- Veterinary education- Animal heath- Reproductive management 

1 INTRODUÇÃO 

A laminite é uma doença de grande relevância na equinocultura, sendo responsável por impactos nega vos no bem-estar dos equinos e gerando prejuízos financeiros consideráveis aos seus proprietários. A enfermidade, caracterizada por uma inflamação nas lamelas que sustentam a falange distal dentro do casco do cavalo, pode causar danos permanentes, afetando a locomoção e até mesmo levando o animal à morte em casos graves (Pollit, 1999). A falta de conhecimento sobre as causas e a prevenção da laminite é um fator que contribui para o seu desenvolvimento, uma vez que práticas inadequadas de manejo nutricional e sanitário estão diretamente relacionadas à incidência da doença (O’Grady, 2002; Castelijns, 2003). Assim, o projeto de extensão intitulado “Projeto Pocotó” foi desenvolvido com o intuito de investigar as condições de manejo em haras da região de Vargem Grande, Rio de Janeiro, buscando compreender as diferenças nas taxas de incidência de laminite entre as propriedades e conscientizar os envolvidos quanto à importância de práticas preventivas. 

Os estudos existentes indicam que a laminite pode ser causada por fatores como disfunções gastrointestinais, traumas locais, e alimentação inadequada, o que demanda uma abordagem mais abrangente no tratamento e na prevenção da doença (Wagner et al., 1997). Apesar de sua gravidade, a laminite ainda é pouco conhecida por muitos tratadores e proprietários, o que agrava a situação dos animais acometidos. No contexto das propriedades visitadas pelo grupo, foi observado que, mesmo havendo poucos casos da doença, as falhas no manejo podem representar um risco iminente para o surgimento de novos casos. A importância de se disseminar informações corretas e acessíveis sobre a laminite se mostra crucial, pois a adoção de práticas preventivas adequadas pode reduzir significativamente a ocorrência da doença e, consequentemente, os prejuízos econômicos. 

O presente trabalho tem como objetivo principal conscientizar proprietários, tratadores e visitantes dos haras sobre a laminite, suas causas, sintomas e formas de prevenção, além de promover um debate sobre a importância de práticas de manejo corretas. Através de visitas a propriedades, da distribuição de materiais informativos e da utilização de redes sociais, o projeto busca não apenas informar, mas também incentivar a adoção de práticas que garantam o bem-estar dos equinos e evitem o agravamento da doença. A justificativa para este estudo está na necessidade de aumentar o conhecimento sobre a laminite em um ambiente onde o desconhecimento ainda é predominante, contribuindo assim para a melhoria da saúde e qualidade de vida dos equinos e a redução de prejuízos financeiros para seus proprietários. 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA 

Um equino sofre de laminite quando as estruturas internas do casco, que são suas lamelas dérmicas e epidérmicas, que geralmente sustentam a falange distal dentro da cápsula do casco, apresentam falhas. Sem a correta fixação da falange distal no casco, o peso do animal e as forças de movimentação fazem com que o osso seja empurrado para dentro da cápsula do casco, resultando em danos nas artérias e veias, compressão do cório da sola e da coroa, provocando intensa dor e claudicação característica (POLLIT, 1999). 

Para O‘Grady (2002), dois aspectos anatômicos do pé equino influência a aparição da laminite: o fluxo sanguíneo primário das lâminas dorsais, que se movem da direção palmar para dorsal e de distal para proximal. Esse fluxo, mesmo sendo influenciado pela gravidade, parece predispor à isquemia das lâminas dorsais. O segundo aspecto é que as anastomoses arteriovenosas na vascularização digital, são controladas pelo adrenérgico, abrem-se durante o desenvolvimento da laminite, levando à formação de redes sanguíneas fora dos capilares em direção às lâminas, resultando em um aumento do fluxo sanguíneo para o casco, acompanhado por inflamação nessa fase da doença. As lâminas mais frequentemente afetadas são as da face dorsal, como resultado da alteração na microcirculação e da resistência ao tendão flexor digital profundo (CASTELIJNS, 2003). 

Estudos atuais indicam que mesmo antes dos sintomas clínicos da laminite aparecerem, o casco dos equinos já está sofrendo algum pode dano nas lâminas, o que muda a abordagem de tratamento na fase inicial. Portanto, a intervenção deve ser realizada antes dos primeiros sinais visíveis, caso contrário a doença pode progredir para um estágio avançado, com a rotação da terceira falange, que caracteriza a fase crônica. Tanto na fase aguda quanto na crônica, esta condição tem sido extremamente prejudicial para a saúde dos equinos ao longo dos anos (WAGNER et al. 1997). 

As perspectivas dessa doença podem vir a ser favoráveis ou desfavoráveis, esse fato depende somente do nível de resistência das estruturas vitais e com a contribuida estabilidade mecânica das forças envolvidas na rotação da terceira falange (MOYER, W et al.2008). Quando a doença se apresenta de forma crônica, a mesma não aproveita somente desconforto no animal, mas desperta o risco de levar a óbito (WAGNER et al.1997). 

3 METODOLOGIA 

A metodologia aplicada no Projeto Pocotó foi composta por uma abordagem qualitativa e exploratória, com foco na compreensão das práticas de manejo em haras e na conscientização sobre a laminite equina. O projeto foi desenvolvido em etapas que incluíram a observação, entrevistas, distribuição de materiais educativos e o uso de redes sociais para disseminação de informações. 

3.1 Tipos de Pesquisa 

O estudo caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa e exploratória. A natureza qualitativa permitiu uma análise mais aprofundada sobre as práticas de manejo dos equinos e o conhecimento sobre a laminite. A abordagem exploratória foi utilizada para identificar e compreender os fatores que contribuíam para a incidência da doença nas propriedades visitadas. 

3.2 População e Amostragem 

A população da pesquisa foi composta por proprietários, tratadores e visitantes de dois haras localizados em Vargem Grande, Rio de Janeiro. A amostragem foi intencional, selecionando indivíduos que possuíam diferentes níveis de conhecimento sobre a laminite e envolvimento no cuidado dos equinos. O critério de seleção foi baseado na diversidade de perfis, visando obter uma visão mais ampla do problema estudado. 

3.3 Instrumentos de Coleta de Dados 

-Entrevistas:  

Foram realizadas entrevistas com proprietários e tratadores dos haras para coletar informações sobre o manejo dos equinos, alimentação, cuidados sanitários e o conhecimento sobre a laminite. As entrevistas foram semiestruturadas, permitindo que os entrevistados compartilhassem suas experiências e dúvidas. 

-Observação Direta:  

Durante as visitas aos haras, a equipe de pesquisa realizou observação direta das condições dos animais, instalações e procedimentos de manejo, registrando falhas e boas prá cas que pudessem influenciar o desenvolvimento da laminite. 

-Formulários Online:  

Um formulário online foi utilizado para coletar informações de visitantes e tratadores, avaliando seu nível de conhecimento sobre a laminite e práticas preventivas. Os dados foram tabulados e analisados para identificar padrões de conhecimento e lacunas de informação. 

3.4 Procedimentos  

-Planejamento:  

O planejamento do projeto ocorreu de forma estruturada, com um calendário de atividades que incluiu visitas aos haras, a criação de material informativo e a implementação de estratégias de engajamento com o público via redes sociais. 

-Coleta de Dados:  

A coleta de dados foi feita em duas etapas: a primeira consistiu na visita aos haras, onde foram realizadas entrevistas e observações; e a segunda, no uso do formulário online para atingir um público mais amplo e coletar informações adicionais sobre a percepção da laminite. 

-Intervenções Educativas:  

Intervenções educativas foram realizadas por meio da distribuição de panfletos informa vos e da criação de postagens no Instagram. Essas ações tinham o objetivo de conscientizar os responsáveis pelos equinos sobre a importância da prevenção da laminite e do manejo adequado. 

3.5 Análise de Dados  

-Tabulação dos Dados:  

Os dados coletados foram organizados e tabulados, com especial atenção às respostas dos formulários e entrevistas, buscando identificar padrões e inconsistências no conhecimento dos participantes sobre a laminite. 

-Análise Descritiva:  

A análise descritiva foi utilizada para interpretar os dados obtidos durante as visitas e a aplicação dos formulários. Esse processo permitiu uma compreensão mais detalhada das práticas de manejo nos haras e das percepções sobre a doença. 

-Identificação de Falhas e Boas Práticas:  

A parte da análise dos dados, foram identificadas falhas recorrentes no manejo dos equinos, bem como boas práticas que poderiam ser aplicadas para minimizar a incidência da laminite. Essas informações embasaram as ações educativas realizadas ao longo do projeto. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS 

4.0 Resultados e Discussões 

Os dados coletados foram divididos em três principais áreas: nível de conhecimento sobre laminite, práticas de manejo, e impacto das intervenções educativas. 

4.1 Principais Resultados 

4.1.1 Nível de Conhecimento sobre Laminite 

A pesquisa revelou que, antes das intervenções educativas, muitos tratadores e proprietários possuíam pouco conhecimento sobre a laminite, apesar de reconhecerem a importância da saúde dos cascos. O **Gráfico 1** mostra a porcentagem de tratadores que sabiam o que era laminite antes e após a distribuição de materiais informativos e das postagens no Instagram. 

4.1.2 Práticas de Manejo 

Foi observado que as propriedades com práticas mais adequadas de manejo apresentaram menor incidência de laminite. O **Gráfico 2** apresenta uma comparação entre propriedades com práticas adequadas e inadequadas de manejo nutricional e sanitário, e a incidência de laminite. 

4.1.3 Impacto das Intervenções Educativas 

Após a intervenção educativa, houve uma melhora significativa no nível de conhecimento dos tratadores e proprietários sobre a prevenção e manejo da laminite. O **Gráfico 3** demonstra a diferença no conhecimento antes e depois da intervenção. 

4.2 Discussão 

4.2.1 Comparação com a Literatura 

Os resultados estão alinhados com os estudos de Pollit (1999) e O’Grady (2002), que identificaram práticas inadequadas de manejo como principais fatores de risco para a laminite. As intervenções educativas provaram ser eficazes na conscientização sobre o tema, como relatado por Castelijns (2003) e Wagner et al. (1997). 

4.2.2 Contribuições e Limitações 

Embora a conscientização tenha aumentado, o tempo limitado de implementação do projeto não permitiu avaliar os efeitos a longo prazo das mudanças nas prá cas de manejo. 

4.3 Gráficos e Tabelas 

Gráfico 1: Nível de conhecimento sobre laminite antes e depois da intervenção educativa. 

Gráfico 2: Comparação entre práticas de manejo e a incidência de laminite nas propriedades. 

Gráfico 3: Avaliação do aumento de conhecimento sobre a laminite após a intervenção. 

Os gráficos foram baseados nas informações coletadas ao longo das visitas e na pesquisa realizada com os par cipantes, e ilustram de forma clara a efetividade das intervenções realizadas pelo projeto. 

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Por último, há uma reflexão a ser feita acerca de projetos de extensão e todo o abrangente de possibilidades que advém dos mesmos. Com o Projeto Pocotó, foi percebida a importância de desenvolver uma ponte entre a sala de aula e a prática aplicada ao público exterior, especialmente na profissão da Medicina Veterinária, fazendo com que os alunos busquem um conhecimento extra e, de certa forma, se insiram como futuros profissionais no mercado de trabalho, começando desde já a aperfeiçoar as habilidades em diferentes áreas de estudo na graduação, todas incentivadas por meio de projetos de extensão como o Projeto Pocotó. Na conclusão pode ser colocado também as limitações do estudo com relação ao problema, sugestões de modificações no método para futuros estudos.  

REFERÊNCIAS 

Um equino sofre de laminite quando as estruturas internas do casco, que são suas lamelas dérmicas e epidérmicas, que geralmente sustentam a falange distal dentro da cápsula do casco, apresentam falhas. Sem a correta fixação da falange distal no casco, o peso do animal e as forças de movimentação fazem com que o osso seja empurrado para dentro da cápsula do casco, resultando em danos nas artérias e veias, compressão do cório da sola e da coroa, provocando intensa dor e claudicação característica (POLLIT, 1999).  

Para O‘Grady (2002), Dois aspectos anatômicos do pé equino influência a aparição da laminite: o fluxo sanguíneo primário das lâminas dorsais, que se movem da direção palmar para dorsal e de distal para proximal. Esse fluxo, mesmo sendo influenciado pela gravidade, parece predispor à isquemia das lâminas dorsais. O segundo aspecto é que as anastomoses arteriovenosas na vascularização digital, são controladas pelo adrenérgico, abrem-se durante o desenvolvimento da laminite, levando à formação de redes sanguíneas fora dos capilares em direção às lâminas, resultando em um aumento do fluxo sanguíneo para o casco, acompanhado por inflamação nessa fase da doença. As lâminas mais frequentemente afetadas são as da face dorsal, como resultado da alteração na microcirculação e da resistência ao tendão flexor digital profundo (CASTELIJNS, 2003).  

Estudos atuais indicam que mesmo antes dos sintomas clínicos da laminite aparecerem, o casco dos equinos já está sofrendo algum tipo de dano nas lâminas, o que muda a abordagem de tratamento na fase inicial. Portanto, a intervenção deve ser realizada antes dos primeiros sinais visíveis, caso contrário a doença pode progredir para um estágio avançado, com a rotação da terceira falange, que caracteriza a fase crônica. Tanto na fase aguda quanto na crônica, esta condição tem sido extremamente prejudicial para a saúde dos equinos ao longo dos anos (WAGNER et al. 1997).  

As perspectivas dessa doença podem vir a ser favoráveis ou desfavoráveis, esse fato depende somente do nível de resistência das estruturas vitais e com a contribui da estabilidade mecânica das forças envolvidas na rotação da terceira falange (MOYER, W et al.2008). Quando a doença se apresenta de forma crônica, a mesma não aproveita somente desconforto no animal, mas desperta o risco de levar a óbito (WAGNER et al.1997).  

CASTELIJNS, H. Herraje em el ca- ballo enfosado. Ver Ecuest, n. 247, p. 16–18, 2003.  

MOYER, W.; SCHUMACHER, J.; SCHUMA- CHER, J. Are Drugs Effective Treatment for Horses With Acute Laminitis? Em: Proceedings of the Annual Convention of the AAEP. San Diego, CA, USA: [s.n.]  

POLLIT, C. C. Equine Laminitis: a revi- sed pathophisology. Proceedings AAEP, 1999.  

WAGNER, I.; HOOD, D. Cause of Air Lines Associated with Acute and Chronic Laminitis. Em: Proceedings of the Annual Convention of the AAEP. [s.l: s.n.].