A FITOTERAPIA COMO ALTERNATIVA TERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE – UMA REVISÃO INTEGRATIVA

PHYTOTHERAPY AS A THERAPEUTIC ALTERNATIVE IN THE TREATMENT OF OBESITY – AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409091530


João Paulo Pereira;1,2 Andreza Maria Alves Silva Oliveira;2 Francineide Davi Euzebio de Souza;² Maria Nadine Ferreira Lucena;² Maria Ruth Lucena Queiroz;² Raiany Moraes de Alencar;² Edgina Soares de Carvalho Gonçalves;³ Rafaela Leandro de Lima4; Edna Mori.5


Resumo

A obesidade atualmente é considerada como um problema de saúde pública tanto na população jovem como na adulta, podendo iniciar em qualquer idade, sendo ainda considerada uma doença crônica e de etiologia multifatorial. O objetivo do estudo foi verificar as evidências científicas sobre o uso dos fitoterápicos no tratamento da obesidade. Trata-se de um estudo de revisão integrativa sobre o uso de Fitoterápicos no tratamento da obesidade, realizada na base de dados, Scientific Electronic Library On-line – SCIELO , Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Public Medline – PUBMED e Google Acadêmico, utilizando como descritores, “fitoterapia”, “perda de peso” e “obesidade”. Foram inclusos artigos publicados no período de 2010 a 2018, completos, captados gratuitamente, disponíveis no idioma Português, Espanhol e Inglês excluídos artigos científicos repetidos. A busca resultou em 50 artigos, e após os critérios de exclusão restaram 13 artigos. A partir das análises percebeu-se a eficácia dos fitoterápicos no tratamento. Atualmente tem-se verificado um aumento significativo no consumo de fitoterápicos como tratamento alternativo. Os principais fitoterápicos encontrados durante esta revisão foram: Camelia sinensis (chá verde) com efeito termogênico; Cynara scolymus (alcachofra) com atuação significativa na redução do peso, quando associada à atividade física, e o Phaseolus vulgaris (feijão branco) auxiliando na diminuição da absorção de carboidratos no intestino. Sendo assim, o tratamento da obesidade pode envolver diversas alternativas terapêuticas, que devem serem estudadas, avaliadas e direcionadas especificamente para cada indivíduo.

Palavras-Chave: Obesidade. Perca de peso. Fitoterápicos

INTRODUÇÃO

A obesidade atualmente é considerada como um problema de saúde pública tanto na população jovem como na adulta que pode iniciar em qualquer idade, desencadeada por vários fatores como o desmame precoce, a introdução inadequada de alimentos, distúrbios do comportamento alimentar e da relação familiar, especialmente nos períodos de aceleração do crescimento¹.

A busca por tratamentos com fitoterápicos e plantas medicinais tem ganhado força nos últimos anos, principalmente para o tratamento da obesidade, porém existem poucas evidências científicas sobre os mesmos³.  Além disso, a fitoterapia trata-se de uma terapia não agressiva, de baixo custo e de fácil acesso. Induzindo as pessoas a buscarem essa alternativa, como método de cura e prevenção de vários problemas, inclusive de obesidade 4. Muitos autores pontuam a necessidade de melhor qualificação do profissional de saúde para o manejo dos fitoterápicos.

Diante ao exposto questiona-se sobre de que forma a fitoterapia pode ser empregada no tratamento da obesidade, tendo por hipótese , que o uso dos fitoterápicos vem ser utilizado de forma complementar no tratamento, vindo como estratégia nutricional em conjunto de um plano alimentar individualizado e orientações necessárias para o tratamento sugerido, com o objetivo de auxiliar no tratamento da perca de peso, combatendo, na maioria das vezes, a ansiedade, a compulsão por doces, a saciedade, a insônia e como também acelerar o metabolismo, facilitando assim o processo de emagrecimento. Ressalta-se então a importância de um cuidado com o uso desses fitoterápicos e que seja realmente prescrito por um profissional capacitado, afim de obter êxito no tratamento e não causar danos à saúde diante de tal uso.

Neste contexto, a fitoterapia surge como método terapêutico, utilizando plantas medicinais como recurso para o tratamento e prevenção de doenças, sendo cada vez mais procurada por pacientes e estudada por profissionais.  Portanto o objetivo do presente estudo é verificar as evidências científicas sobre o uso dos fitoterápicos no tratamento da obesidade, como também analisar a eficácia dos fitoterápicos no processo de emagrecimento.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura sobre o uso de Fitoterápicos no tratamento da obesidade, com abordagem descritiva, em que será exposta uma investigação bibliográfica de acordo com o tema proposto. Para a elaboração desta revisão, foram seguidos os procedimentos metodológicos: formulação da questão e dos objetivos da revisão; estabelecimento dos critérios para seleção dos artigos; categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; análise dos dados e apresentação dos resultados. O trabalho consiste de uma revisão de literatura de artigos publicados nos últimos dez anos (2008 a 2018), ademais alguns dados relevantes anteriores a esse período também foram incluídos.

Para categorização dos estudos foram selecionadas as informações relativas aos objetivos e as principais conclusões dos artigos selecionados, para que pudesse ser efetuada uma melhor avaliação e análise sobre a temática trabalhada. 

O estudo foi feito através de busca on-line das produções científicas nacionais e internacionais nas bases de dados Scientific Electronic Library On-line – SCIELO, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da SaúdeLILACS, Public Medline – PUBMED e Google Acadêmico. Os descritores utilizados para obter informações sobre fitoterápicos no processo de emagrecimento foram, “fitoterapia”, “perda de peso” e “obesidade”, “Phytotherapy”, “Weight Loss” ”obesity”. Além dessas palavras chaves foi realizado uma busca específica para os seguintes fitoterápicos: “Garcínia cambogia”, “Camelia sinensis” e “Cynara scolymus, que são os mais populares utilizados no tratamento da obesidade. 

Utilizou-se como critérios de inclusão: artigos publicados em periódicos no período de 2010 a 2018, artigos completos captados gratuitamente; textos disponíveis no idioma português, inglês e espanhol. Foram excluídos do estudo artigos científicos repetidos. Para categorização dos estudos foram selecionadas as informações relativas aos objetivos e as principais conclusões dos artigos selecionados, para que pudesse ser efetuada uma melhor avaliação e análise sobre a temática trabalhada.

Esta pesquisa realizou-se no período de Junho a Agosto de 2018, e se fundamentou na busca do maior número de artigos possíveis que estavam de acordo com os critérios de elegibilidade e nas bases de dados acima citadas, artigos esses que foram escolhidos a partir de uma leitura criteriosa dos resumos dos mesmos, buscando alcançar os objetivos que foram expressos, resultando em informações importantes e relevantes para  este trabalho, desta forma não fugindo da temática que foi proposta, como também artigos que estivessem disponíveis, aplicando os seguintes critérios de inclusão:  estudos realizados em ratos, perda de peso comprovada ou reprovada, uso dos fitoterápicos estudados especificamente.

4  RESULTADOS

 Após análise dos artigos, obteve-se os resultados descritos no fluxograma abaixo, partindo do total de artigos encontrados, e posteriormente, com aplicação dos critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos.

Quadro 1 mostra um resumo dos artigos que constituem a amostra final, além de autores, ano de publicação, base de dados e principais conclusões.

Quadro 1: Síntese dos artigos selecionados para revisão integrativa

Autores / AnoBase de DadosObjetivosPrincipais Conclusões
Daniela Silva Canella; Hillegonda Maria Dutilh Novaes; Renata Bertazzi Levy

Ano (2015)
SCIELOO objetivo deste estudo foi avaliar a influência do excesso de peso e da obesidade sobre os gastos em saúde nos domicílios brasileiros.Conclui-se que o excesso de peso e a obesidade influenciaram positivamente os gastos privados em saúde das famílias brasileiras, uma vez que a presença e o aumento do número de indivíduos com excesso de peso e obesidade nos domicílios resultaram em maiores gastos com medicamentos e planos de saúde.
Érika Vicência Monteiro Pessoa; Francisco das Chagas Araújo Sousa

Ano (2017)
SCIELOAvaliação do efeito da administração da Garcinia
Cambogia na redução do peso.
Vários estudos mostraram que Garcinia Cambogia desempenha um papel importante na regulação da biossíntese de lípidos endógenos, redução de peso e outros benefícios. Embora vários estudos tenham descoberto que a administração de extratos de G. Cambogia está associada ao peso corporal e à perda de gordura em animais e humanos, devemos ser cautelosos ao interpretar
os resultados, pois outros estudos não relataram os mesmos resultados.
Caroline Nunes do Prado; Dayse Regina de Jesus Neves; Helena Dias de Souza; Francisco Navarro.

Ano (2010)
GOOGLE ACADEMICORealizar uma revisão de literatura sobre os fitoterápicos, seu uso no tratamento da obesidade e sua relação com a prática do profissional nutricionista.Verificou-se pelos estudos realizados com fitoterápicos, que os resultados obtidos na redução de peso foram satisfatórios, existindo poucos trabalhos contrários. Mas o tema ainda é bastante controverso, necessitando de muita pesquisa sobre forma de prescrição, de utilização, toxicidade, eficácia, entre outros.
Felipe Rosa M. M.; Machado, Juliana T.

Ano ( 2016)
SCIELORealizar um levantamento bibliográfico sobre os efeitos da Garcinia Cambogia no tratamento da obesidade.Os estudos mostram tendência de um efeito positivo da Garcinia Cambogia sobre o controle da obesidade e comorbidades com pouca possibilidade de efeitos colaterais, porém ainda não existe consenso sobre esse efeito, dosagem e efeitos colaterais.
Thayse Wilma Nogueira de Oliveira, Sabrina Almondes Teixeira, Victor Alves de Oliveira, Andressa Nathanna Castro, Monyque Rodrigues Martins, Stella Regina Arcanjo Medeiros.

Ano ( 2017)
LILACSPesquisar na literatura informações que demonstrem a eficácia da laranja amarga (Citrus aurantium) como coadjuvante no tratamento da obesidade.Pôde-se constatar que o produto possui substâncias capazes de agir sobre o metabolismo do indivíduo, auxiliando de forma eficaz no tratamento da obesidade, sem toxicidade relevante quando empregado de forma isolada. Porém, é necessária a realização de mais estudos que comprovem seus benefícios em longo prazo.
Elizabeth Cristina Verrengia ; Samara Alessandra Torquete Kinoshita; Janete Lane Amadei

Ano ( 2013)
SCIELORevisar a literatura que versa sobre a ação de medicamentos fitoterápicos propostos para o tratamento da obesidade, buscando informações que comprovem sua eficácia, segurança e possíveis toxicidades.O uso de medicamentos fitoterápicos no tratamento da obesidade requer maiores pesquisas com melhor desenho metodológico que busquem conhecer suas propriedades
emagrecedoras – dosagens, interações, toxicidades, mecanismos de ação. Estes fatores precisam ser elucidados para permitir uma prescrição segura.
Iasmim Calixto de Oliveira;
Paula Balbi de Melo Hollanda Cordeiro

Ano ( 2013)
PUBMEDEstudar o efeito das plantas Citrus aurantium L e Phaseolus vulgaris, como estratégia complementar à prescrição dietética
do nutricionista.
A literatura científica consultada mostra que são necessários mais estudos consistentes validando o uso dessas plantas coadjuvantes no tratamento da obesidade para que possamos utilizar em nossa conduta com mais segurança.
Éden Christine Matos Corrêa;
Jéssica moreira dos Santos;
Poliana Laís Barbosa Ribeiro

Ano (2012)
SCIELOVerificar as evidências científicas sobre o uso dos fitoterápicos ”Garcínia Cambogia”, “Camelia sinensis” e “Cynara scolymus para a perda de peso.Mostrou-se complicada a busca dos artigos específicos sobre as plantas supracitadas e os resultados todos se mostravam inconclusivos. Esse estudo foi relevante e merece desenvolvimento posterior sugerindo até pesquisa em campo, com seres humanos, para comprovação da eficácia dos fitoterápicos para emagrecimento e estabelecimento de posologia, dosagens, indicações e contra indicações.
Gesiane da Silva Teixeira;
Renice Aparecida Freire;
Mônica Igreja Leite da Fonseca; Isanete Geraldini Costa Bieski.

Ano( 2013)
SCIELOO objetivo do presente artigo foi realizar um levantamento das plantas medicinais, fitoterápicos e/ou nutracêuticos mais comercializados para o controle da obesidade em Cuiabá, Mato Grosso, Brasil.Após ampla revisão farmacológica verificamos que muitos estudos comprovam as atividades farmacológicas que podem úteis para o tratamento das comorbidades da obesidade, mas ainda há muito a ser estudada para
garantir a eficácia do uso e segurança farmacológica e clinica. Assim se faz necessário estudo de bioprospeção agronômico, químico e farmacológico para novas descobertas nessa área.
Dianna Princz de Faria; Alain Escher
Suélem Aparecida de França

(2010)
PUBMEDRealizar uma revisão bibliográfica sobre as propriedades apresentadas pelo chá verde que possam contribuir para o tratamento da obesidade.Com a obtenção da perda de peso, o chá verde apresenta efeitos benéficos também sobre doenças relacionadas com a obesidade (doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, entre outras).
Após a determinação da dosagem recomendada, cabe aos profissionais da saúde avaliar a necessidade de utilizar o chá verde como coadjuvante no tratamento da obesidade. Uma vez que o controle na ingestão de alimentos e aumento do gasto energético devem ser priorizados como principais formas de tratamento.
Ana Elisa Vieira Senger, Carla H. A. Schwanke, Maria Gabriela Valle Gottlieb

Ano ( 2010)
SCIELOFazer uma revisão sobre as principais propriedades do chá verde para a saúde humanaAs pesquisas com o chá verde revelam de forma crescente seu efeito restaurador de estados
patológicos e, por tratar-se de uma bebida amplamente
disponível e de baixo custo, torna-se viável o seu uso como um importante coadjuvante no manejo nutricional em diversas doenças.
Marta Vera-Cruz; Elaine Nunes; Lívia Mendonça; Érika Chaves; Maria Luiza de Lima Aguilar Fernandes

Ano (2010)
SCIELOEstudar o efeito do chá verde no peso corporal e no teste de tolerância à glicose (GTT).Observamos diminuição
do peso corporal e da esteatose no fígado e melhora no GTT.
Houve aumento da fosforilação do IR no fígado dos animais obesos tratados com relação aos obesos não submetidos a tratamento. Verificaram-se lesões que poderiam ser associadas ao tratamento, como necrose focal.
Milla Martins Cavalliere Lameira

Ano (2016)
PUBMEDO objetivo deste trabalho foi verificar as evidências científicas sobre o uso de fitoterápicos no tratamento da obesidade, apontando inclusive, alguns dos fitoterápicos que apresentem efeito na perda de peso.Nas análises foi possível observar que inúmeros fitoterápicos são comprovadamente eficazes para uso no tratamento da obesidade e que esse mercado tem crescido cada vez mais, tanto pela boa resposta do tratamento quanto pela facilidade de acesso e aumento do número de prescrições por parte dos profissionais de saúde depois da regulamentação do uso.

DISCUSSÃO

A partir das análises dos artigos percebeu-se a eficácia dos fitoterápicos no tratamento da obesidade, vindo como uso de forma complementar através de um acompanhamento nutricional com um nutricionista.  Apesar dos grandes benefícios proporcionados pelo uso da fitoterapia, é importante ressaltar que o seu manejo não é tão simples como o senso comum acredita, apresentando, muitas vezes, o mesmo rigor das terapêuticas medicamentosas tradicionais, uma vez que podem apresentar interações medicamentosas ou alimentares, efeitos colaterais e contraindicações5 

Os fitoterápicos segundo os autores estudados que são mais comercializados no Brasil, com a finalidade de controlar a obesidade estão Camelia sinensis  (chá verde), Cynara scolymus (alcachofra) , Phaseolus vulgaris (feijão branco), Citrus aurantium e Garcínia Cambogia. Entre as plantas medicinais mais utilizadas para a perda de peso no Brasil estão a alcachofra, sabugueiro, folhas de abacateiro, boldo e chá verde, feijão branco.17 De maneira geral as plantas medicinais utilizadas no Brasil para o tratamento da obesidade presentes em vários tipos de formulações farmacêuticas (chás, garrafadas, cápsulas, etc.) tem atividade laxante, colerética, hepatoprotetores, estimulante da tireoide, moderadores do apetite e diurética.²

Verrengia10  analisou a atuação dos medicamentos fitoterápicos no processo de redução de peso corporal, três se destacaram por apresentarem estudos que afirmam redução de peso estatisticamente significativa: Citrus aurantium, Garcínia Cambogia, Phaseolus vulgaris, Camellia sinensis e “Cynara scolymus. 

Côrrea3 analisou sobre o fitoterápico Garcínia Cambogia sendo assim o grupo tratado com garcínia, diferente do autor anterior Correa obteve em seu estudo uma diminuição de colesterol total e LDL-c foi encontrada em heterozigos E*3/E*4, quando comparada à variação em outros genótipos, enquanto a diminuição de triglicerídeos foi mais pronunciada em heterozigotos E*2/E*3. O único grupo que teve um leve aumento de HDL-c após o tratamento foi o de heterozigotos E*3/E*4. No entanto, nenhuma destas diferenças atingiu significância estatística. Assim como os outros autores supracitados, encontrou em sua revisão, grande parte dos estudos realizados com fitoterápicos no emagrecimento, que citavam a Garcínia cambogia, Camelia sinensis e Cynara Scolymus como sendo eficazes no tratamento da obesidade. 

Já o estudo de Pessoa6 revelou que GC apresenta melhor atividade com relação à perda de peso e sua melhor resposta se mostrou relacionada na redução da gordura abdominal com a aplicação de 500mg/dia do extrato de Garcinia Cambogia. Onde o mesmo concluiu que a combinação de dieta e atividade física continua sendo o mais adequado. Semelhantemente aos achados de Rosa 8 onde foi Demonstrado que a aplicação de 500mg/dia da Garcinia Cambogia durante 8 semanas em ratos resulta em melhora nos níveis de perfil lipídico do sangue, estresse oxidativo, biomarcadores e glicose e assim tendo como consequência a melhora na função renal. 

Muitos estudos têm demonstrado que as catequinas presentes no chá verde podem exercer um papel benéfico em diversas morbidades. A concentração de catequinas na bebida varia de acordo com a preparação do chá, mas de forma geral o chá verde preparado em uma proporção de 1 grama de folhas para 100 mL de água, por 3 minutos de fervura, contém cerca de 35-45 mg/100 mL de catequinas e 6 mg/100 mL de cafeína, dentre outros constituintes.14 A literatura tem demonstrado constantemente o potencial papel do chá verde na modulação de processos antiinflamatórios, antitumorais, antiaterogênicos, hipoglicemiantes e no controle do peso.

 Uma pesquisa realizada com distintas marcas de chá verde comercializados no Brasil Faria14 revelou uma marcante variação entre os teores de catequinas presentes nas infusões, o que certamente influência nos resultados obtidos com a ingestão da bebida, porém a incerteza da quantidade de catequinas ingerida é certamente um obstáculo à indicação do mesmo como coadjuvante no tratamento da obesidade. Os resultados comprovam que a catequina mais abundante no chá verde é a EGCG. Sendo assim, de acordo Prado 7 às plantas medicinais representam fator de grande importância para a manutenção das condições de saúde das pessoas. Além da comprovação da ação terapêutica de várias plantas utilizadas popularmente, a fitoterapia representa parte importante da cultura de um povo, sendo também parte de um saber utilizado e difundido pelas populações ao longo de várias gerações. 

As plantas com vários componentes químicos, por si só atuam como forte coadjuvante para o tratamento da obesidade, devido aos valiosos agentes hipo-lipidemicos e hipocolesterolêmico.  Existem evidências de que muitos produtos naturais podem auxiliar no tratamento da obesidade, atuando em cinco diferentes mecanismos distintos descritos por Yun (2010), como substâncias que (1) diminui a absorção de lipídios, (2) diminui a absorção de carboidratos, (3) aumenta o gasto energético, (4) diminui a diferenciação e proliferação de pré adipócitos, (5) diminui a lipogênese e aumento da lipólise.13

A alcachofra (Cynara scolymus L.) pertence à família Asteraceae e é uma planta herbácea, perene, oriunda da região do Mediterrâneo, sendo o seu cultivo realizado por meio de sementes. Possui larga utilização na medicina tradicional.9 A análise fitoquímica do extrato das folhas demonstrou a presença de compostos fenólicos, flavonoides e saponinas. Os pesquisadores afirmam que, devido à ação antioxidante apresentada pelos flavonoides, estes em grandes concentrações também são capazes de exercer uma ação pró-oxidante, incluindo a formação de radicais, o que confere à planta uma possível genotoxicidade.15

Oliveira11 em seu estudo transversal exploratório, realizado por em Porto Alegre verificou que a comercialização de preparados à base de C. fimbriata com finalidade emagrecedora é uma prática corrente nas farmácias magistrais de Porto Alegre. Das 50 farmácias magistrais investigadas, 86 % comercializavam produtos à base de C. fimbriata.

O tratamento nutricional atualmente recomendado baseia-se mais em um planejamento de reeducação alimentar do que nas dietas tradicionais, que frequentemente fracassavam em manter a perda de peso. Enfatiza-se cada vez mais a importância da atividade física, com uma intensidade que deve variar de acordo com a aptidão física de cada indivíduo. As técnicas de terapia cognitivo-comportamental foram consideravelmente aperfeiçoadas, contribuindo hoje de forma mais efetiva para a mudança dos hábitos de vida do paciente obeso.3

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do presente estudo pode-se verificar o que há na literatura científica sobre o uso de fitoterápicos no tratamento da obesidade. Foi possível demonstrar que por se tratar de uma doença multifatorial, a eficiência do tratamento não depende exclusivamente do uso do fitoterápico, e sim de um conjunto de ações bem aplicadas que, trazendo o uso de fitoterápicos de forma complementar, poderá sim, surtir resultados de perda de peso desejados, como também melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Foi observado que há já na literatura inúmeros fitoterápicos comprovadamente eficazes para uso no tratamento da obesidade e que esse mercado tem crescido cada vez mais, tanto pela boa resposta do tratamento quanto pela facilidade de acesso e aumento do número de prescrições por parte dos profissionais de saúde. Sendo assim, o tratamento da obesidade pode envolver diversas alternativas terapêuticas, que devem ser bem estudas, avaliadas e direcionadas especificamente para cada indivíduo, enfatizando sempre a importância da utilização de fitoterápicos com orientação profissional, a fim de se alcançar resultados desejáveis evitando então possíveis efeitos adversos.

REFERÊNCIAS

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8.      OLIVEIRA TWN, TEIXEIRA SA, CASTRO AN, MARTINS MR, MEDEIROS S R A;  Laranja amarga (citrus aurantium) como coadjuvante no tratamento da obesidade.  RSC online, 2017; 6 (1): p 114 – 126.

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15.  LAMEIRA MMC; O uso da fitoterapia no tratamento da obesidade. [monografia] AVN Faculdade Integrada, Rio de Janeiro 2016.


1Residente em Saúde Coletiva com Ênfase em Gestão de Redes, ESPPE. Pernambuco, Brasil, 
2Especialistas em Nutrição Clínica, Biofuncional e Fitoterápicos, Centro Universitário Juazeiro do Norte. Juazeiro do NorteCE, Brasil
3Especialista em Nutrição Esportiva, Centro Universitário Juazeiro do Norte. Juazeiro do Norte-CE, Brasil
4Médica Saúde da Família, Nazaré da Mata-PE, Brasil
5Orientadora, Mestre em Ciências e Tecnologias de Alimentos. Universidade Federal do Ceará. Brasil. Docente na Faculdade Cecape. Juazeiro do Norte-CE, Brasil.