MAPA COLORIDO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: JANEIRO BRANCO – CUIDADO COM A SAÚDE MENTAL

COLOR MAP OF THE SINGLE HEALTH SYSTEM: JANUARY WHITE – CARE FOR YOUR MENTAL HEALTH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202409080008


Ana Caroline dos Santos Calandrini1, Aline Vitória Sá de Souza2, Thaynara Rodrigues Gomes3, Vitória Eduarda Lopes Gonçalves Wariss4, Luciana da Silva Alves5, Gabriel de Magalhães e Souza Braga6


RESUMO

Os distúrbios mentais constituem uma grande parcela de patologias e apresentam diferentes sintomas, apresentando uma característica comum que é a combinação de emoções, pensamentos e comportamentos anormais que podem prejudicar a qualidade dos relacionamentos com outras pessoas, necessitando do cuidado adequado. O objetivo desse projeto é buscar na literatura disponível a epidemiologia e sintomas dos principais transtornos mentais, bem como o tratamento e a história do janeiro branco. Trata-se de uma revisão de literatura baseada na bibliografia disponível sobre a temática, a fim de resultar na confecção de um e-book que será publicado.

Palavras-chave: Saúde Mental. Assistência à Saúde Mental. Serviços de Saúde Mental. Terapias Complementares. Conscientização

ABSTRACT

Mental disorders constitute a large portion of pathologies and present different symptoms, presenting a common characteristic which is the combination of emotions, thoughts and abnormal behaviors that can impair the quality of relationships with other people, requiring adequate care. The objective of this project is to search the available literature for the epidemiology and symptoms of the main mental disorders, as well as the treatment and history of white January. This is a literature review based on the available literature on the subject, in order to result in the making of an e-book that will be published.

Keywords: Mental Health. Mental Health Assistance. Mental Health Services. Complementary Therapies. Awareness.

1 INTRODUÇÃO

A saúde mental pode ser definida como um estado no qual uma pessoa compreende suas competências particulares, é capaz de lidar com o estresse diário e de trabalhar de modo produtivo, contribuindo para a sua comunidade. Deste modo, os transtornos mentais estão relacionados a essa temática, uma vez que estes geram não só sofrimento, mas também prejuízo em diversas esferas da vida de um indivíduo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2022).

Os distúrbios mentais constituem uma grande parcela de patologias, as quais apresentam diferentes sintomas. Todavia, uma característica comum é a combinação de emoções, pensamentos e comportamentos anormais que podem prejudicar a qualidade dos relacionamentos com outras pessoas. Nessa questão, as patologias que se destacam são o transtorno de ansiedade, depressão, transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo. Deste modo, estima-se que em 2019, cerca de 970 milhões de pessoas em todo mundo viviam com algum transtorno mental, prevalecendo os distúrbios relacionados à ansiedade e depressão. Em 2020, tal número aumentou significativamente devido à pandemia de COVID-19, onde estimativas iniciais indicam um aumento de 26% e 28%, respectivamente para os transtornos mencionados anteriormente (OMS, 2022).

Esses distúrbios podem ser devidamente tratados e a angústia que eles causam pode ser diminuída por intermédio do acesso aos cuidados de saúde e serviços sociais capazes de ofertar tanto o tratamento adequado quanto o apoio social aos que são acometidos por tais doenças (OMS, 2017). Entretanto, um entrave para acesso desses indivíduos a tais meios é o preconceito que estes sofrem, o qual postula que pessoas acometidas por enfermidades de natureza mental são vistas como anormais, fora da realidade, agressivas, perigosas e incapazes através da ótica comum da sociedade (Silva; Marcolan, 2018).

A partir disso, percebe-se que a conscientização possui um papel fundamental para auxiliar na resolução desse cenário, visto que a divulgação de informações corretas e factíveis tanto acerca dos distúrbios, quanto de formas de cuidar da saúde mental são capazes de não só sobrepujar o estigma, mas também de auxiliar na procura pela forma de tratamento adequada (De Oliveira, 2022).

Diante disso, o Janeiro Branco foi criado com o objetivo de sensibilizar as pessoas e as autoridades públicas no tocante à saúde emocional e mental por meio da ponderação sobre a qualidade dos relacionamentos, pensamentos e emoções que norteiam a vida das pessoas, além do propósito e sentido da sua existência, aproveitando o mês de janeiro para refletir acerca dessas questões. (Lima et al., 2020).

Este projeto tem como objetivo conscientizar a sociedade acerca da importância do cuidado com a saúde mental e do janeiro branco, além de aumentar o conhecimento da população acerca dos transtornos mentais.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão de literatura com busca simples, baseada na bibliografia disponível sobre a temática. A pesquisa bibliográfica se deu no período de Abril a Junho de 2022. As bases de dados utilizadas foram: Scientific Electronic Library Online – SciELO, e Biblioteca Virtual em Saúde – BVS. Serão incluídos os artigos escritos em português, publicados na íntegra e que abrangem a temática. Serão excluídos artigos em outros idiomas, pagos e que não abrangem completamente o tema do projeto.

Inicialmente, utilizou-se buscas nos bancos de dados disponíveis utilizando os descritores da plataforma Decs Mesh – Descritores em Ciências da Saúde. Os descritores foram: “Saúde Mental”, “Assistência à Saúde Mental” e “Serviços de Saúde Mental”, além da utilização dos operadores booleanos “AND” e “OR”, aplicando os critérios de inclusão e exclusão supracitados com a finalidade de selecionar a literatura necessária para a confecção de um e-book acerca do tema.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Ações em atenção Básica

As intervenções em saúde mental necessitam de um olhar holístico acerca do indivíduo, considerando os seus valores, desejos, anseios e escolhas, a fim de qualificar e modificar as condições e modos de vida do mesmo. No contexto da Atenção Básica, o desenvolvimento de tais intervenções é pautado no cotidiano dos encontros entre profissionais e usuários, onde ambos são capazes de criar novas ferramentas e estratégias para compartilhar e construir juntos o cuidado em saúde (BRASIL, 2013).

A escuta é um dos itens principais da clínica ampliada, em que o profissional oferece o seu tempo e atenção, permitindo que haja um espaço para o desabafo do paciente. Deste modo, a escuta se torna uma importante ferramenta onde o usuário pode perceber no profissional de saúde uma pessoa interessada em suas circunstâncias e em lhe ajudar (BRASIL, 2013; Brandão et al., 2018).

3.2 Práticas Integrativas e Complementares (PIC)

As práticas integrativas e complementares (PIC) estão inseridas no contexto da atenção básica, onde são capazes de reduzir os sintomas e prevenir agravos, tanto em indivíduos portadores de doenças crônicas quanto em portadores de enfermidades mentais, sendo eficiente para suprir a carência deixada pelo modelo biomédico. As PIC são benéficas não só para os usuários mas também aos profissionais, uma vez que estas privilegiam o vínculo, a escuta acolhedora e a integração com a comunidade e o ambiente (Aguiar; Kanan; Masiero, 2020).

3.3 Fitoterapia

Dentro do conjunto de PIC, menciona-se a fitoterapia, a qual utiliza as plantas medicinais como constituintes primordiais ativos em medicamentos, principalmente as espécies de conhecimento popular (BRASIL, 2012). Essa prática possibilita que haja uma maior autonomia do paciente em seu tratamento, em razão da sua corresponsabilização dentro de visão mais ampla de cuidado com a saúde (BRASIL, 2013).

No tocante aos produtos, os serviços podem ofertar as plantas medicinais nas seguintes formas: fitoterápico manipulado ou industrializado, planta medicinal in natura ou seca (BRASIL, 2012). Assim, a fitoterapia pode ser utilizada em condições como distúrbios do sono que possuem associação com ansiedade, astenia em geral, além de quadros de depressão e ansiedade leves (BRASIL, 2013).

3.4 Homeopatia

A homeopatia consiste em um sistema médico complexo, o qual foi desenvolvido pelo médico alemão Samuel Hahnemann, no século XVIII. Tal sistema é regido por três princípios fundamentais: a lei dos semelhantes, a experimentação no homem sadio e no uso de doses infinitesimais. Trata-se de um método que avalia o ser humano de maneira íntegra, buscando compreender e aliviar o sofrimento físico e mental em todas as etapas da vida (BRASIL, 2013).

Deste modo, o medicamento homeopático obedece a uma anamnese criteriosa, a fim de possuir a maior semelhança possível ao quadro clínico que busca tratar. Logo, as substâncias contidas no medicamento podem ser originadas dos reinos animal, mineral ou vegetal, levando em consideração o conhecimento da história de vida do paciente, exame físico e exames complementares, quando necessário, além do diagnóstico clínico para realizar a prescrição mais correta para cada caso (BRASIL, 2013).

3.5 Aromaterapia

O uso de óleos essenciais para finalidades terapêuticas esteve presente em civilizações antigas como Egito, Índia, China e Grécia, onde esses compostos eram utilizados tanto para rituais religiosos, quanto para fins medicinais. Atualmente, é possível empregar a aromaterapia para as mais diversas condições, dentre elas os transtornos mentais, onde essa prática é capaz de gerar tranquilidade, clareza mental, redução do estresse, ansiedade, equilíbrio de emoções e elevação do padrão vibracional de todos aqueles que frequentam o ambiente. Tais efeitos ocorrem devido a ligação entre os receptores olfatórios e o Sistema Nervoso Central (SNC), resultando em uma alteração na química cerebral (Nascimento; Prade, 2020).

Dessa maneira, o óleo de lavanda francesa apresenta grandes resultados para a ansiedade, enquanto que a laranja doce possui efeito calmante, o qual é capaz de auxiliar no relaxamento e no sono reparador. O hortelã pimenta e o alecrim são adequados para revigorar as energias para um turno de trabalho. É importante salientar que os benefícios psicoterapêuticos supracitados são melhor aproveitados através da inalação (Nascimento; Prade, 2020).

3.6 Musicoterapia

Em virtude da sua capacidade peculiar de externalização emocional e integração social, a música tem sido estimada em diversas abordagens. Desse modo, é possível que pacientes acometidos por transtornos mentais sejam beneficiados pela musicoterapia. Entre as vantagens dessa prática integrativa, pode-se mencionar o favorecimento do equilíbrio e bem-estar, auxílio a reintegração do indivíduo na comunidade, além de permitir o fortalecimento do vínculo entre terapeuta e paciente (Borges Et Al., 2021; Ibiapina, Et Al., 2022).

A musicoterapia é capaz de reduzir os sintomas de doenças como ansiedade e depressão, devido a sua capacidade em incentivar a mudança de comportamento. Além disso, é importante ressaltar que tal prática integrativa também pode modular as respostas imunológicas em adultos, aumentando o número de células de defesa do corpo e diminuindo o número de citocinas inflamatórias (Ibiapina Et al., 2022).

3.7 Cromoterapia

A cromoterapia utiliza as cores do espectro solar no balanço físico-energético em regiões do corpo que estejam sendo atingidas por alguma disfunção, como maneira de estabelecer a harmonia e o equilíbrio corporal, mental e emocional. Logo, a prática não objetiva a cura, mas a melhora do estado geral do paciente (Bento, 2018).

A cor verde atua nos músculos, vasos sanguíneos e sistema nervoso, proporcionando relaxamento e tonificação. Os tons claros de verde são usados para acalmar e relaxar, enquanto que os tons mais escuros são indicados para a cicatrização e regeneração de feridas. O azul possui efeito analgésico e calmante, sendo indicado para o tratamento de dores e regeneração tecidual, além de reduzir a ansiedade, o estresse e induzir ao relaxamento e ao sono (Bento, 2018; Da Silva; Monteiro, 2013).

3.8 Acupuntura

A acupuntura clássica é um dos principais pilares da medicina tradicional chinesa. Essa prática envolve o uso de agulhas filiformes que são colocadas nos acupuntos, os quais são pontos específicos ao longo do corpo. Pode-se utilizar a estimulação elétrica, térmica ou laser para atingir o Qi (energia vital), conforme diagnóstico (Bard, 2021).

Deste modo, uma vez que a acupuntura visualiza a saúde do indivíduo de maneira integral, esta pode ser utilizada para tratamento dos sintomas de transtornos mentais como a ansiedade, onde esta prática promove modificações nos fatores psicológicos e fisiológicos dos pacientes, resultando na atenuação dos sintomas e sinais da ansiedade e depressão. É importante salientar que os benefícios do tratamento ocorrem a longo prazo e dependem de circunstâncias próprias do indivíduo e do ambiente (Trindade, 2017).

Dessa forma, as PIC oferecem vantagens como a redução da medicalização, empoderamento e responsabilização dos usuários, redução da frequência de transtornos mentais comuns, baixo custo, ausência de efeitos colaterais e promoção de saúde (Aguiar; Kanan; Masiero, 2020).

3.9 Terapia Comunitária

A terapia comunitária (TC) apresenta-se como uma ferramenta importante e à disposição de profissionais da Atenção Básica em Saúde. A atividade se molda como um espaço comunitário que possibilita um espaço de troca de experiências e sabedorias de vida. A TC vai trabalhar de forma horizontal e singular, sempre propondo que todos participem, para que o processo terapêutico manifeste efeitos tanto de maneira individual quanto de maneira grupal (BRASIL, 2013).

3.10 Terapias Cognitivas e comportamentais: Ativação

Atividade simples como ir ao cinema, caminhar, passear, entre outras, são muitas das vezes retiradas do cotidiano de pessoas que sofrem com algum grau de sofrimento psíquico. Sendo assim os profissionais que atuam na atenção primária devem estar atendo e perguntar tanto nas consultas individuais quanto nas em grupos as questões relacionadas a atividades da vida diária que lhe dão prazer. Caso seja identificado pelo profissional que essa pessoa que apresenta algum grau de sofrimento psíquico afastou-se de tais atividades, juntos devem traçar um plano de retomada. Dessa forma, deve-se registrar tal acordo com o indivíduo no seu prontuário, para que outros profissionais também participem de seu plano de retomada das atividades de vida diária que lhe dão prazer. Um ponto importante, sempre deve-se prestar atenção no estado emocional do sujeito, bem como na sua realidade (BRASIL, 2013).

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Jordana; KANAN, Lilia Aparecida; MASIERO, Anelise Viapiana. Práticas Integrativas e Complementares na atenção básica em saúde: um estudo bibliométrico da produção brasileira. Saúde em Debate, v. 43, p.1205-1218, 2020.

BARD, Andreia Luciana. Práticas integrativas e complementares no SUS: prevalência de acupuntura e auriculoterapia nos serviços de atenção primária à saúde de um grupo hospitalar em Porto Alegre. 2021.

BENTO, Marcos Vinícius da Silva. Cromoterapia no processo saúde, doença e cuidado: um estudo à luz da revisão integrativa. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

BORGES, Anna de Paula Freitas et al. Neurociência da música e ações da musicoterapia nos transtornos mentais: uma revisão sistemática. 2021.

BRANDÃO, Amanda Soares et al. A RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE E SUA CONTRIBUIÇÃO À QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA. CIPEEX, v. 2, p.1817-1820, 2018.

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