A IMPORTÂNCIA DA FASE PRÉ-ANALÍTICA NO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

THE IMPORTANCE OF THE PRE-ANALYTICAL PHASE IN LABORATORY DIAGNOSIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra102024091422


Adriane do Nascimento Diniz1
Andreia Pereira Lima2
Orientadora: Talita Brito de Oliveira3
Coorientador: Francisco Tacio de Souza Simão4


Resumo

Este estudo aborda a importância da fase pré-analítica no diagnóstico laboratorial, destacando como essa etapa é crucial para garantir a precisão dos resultados dos exames. A fase pré-analítica engloba todos os processos que ocorrem antes da análise da amostra, incluindo a coleta, o transporte e o armazenamento. Erros nessa fase podem comprometer a confiabilidade dos resultados, levando a diagnósticos incorretos e tratamentos inadequados. Por meio de uma revisão da literatura, o estudo identifica os principais fatores que contribuem para erros pré-analíticos e sugere práticas para minimizá-los, garantindo a segurança e a eficácia do diagnóstico laboratorial. A pesquisa enfatiza que a correta execução das etapas pré-analíticas é essencial para a obtenção de resultados precisos e confiáveis, evitando consequências adversas para os pacientes.

Palavras-chave: Análises clínicas. Erros laboratoriais. Segurança do paciente. 

Abstract

This study discusses the importance of the pre-analytical phase in laboratory diagnosis, highlighting how this stage is crucial to ensuring the accuracy of test results. The pre-analytical phase encompasses all processes that occur before sample analysis, including collection, transportation, and storage. Errors in this phase can compromise the reliability of results, leading to incorrect diagnoses and inadequate treatments. Through a literature review, the study identifies the main factors contributing to pre-analytical errors and suggests practices to minimize them, ensuring safety and effectiveness in laboratory diagnosis. The research emphasizes that the correct execution of pre-analytical steps is essential to obtaining precise and reliable results, thereby avoiding adverse consequences for patients.

Keywords: Clinical analyzes. Laboratory errors. Patient safety.

1 INTRODUÇÃO

Os laboratórios de análises clínicas são considerados estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) e desempenham um papel crucial na realização de exames laboratoriais. Eles cobrem todas as etapas do processo, desde a coleta até a análise dos resultados. Os exames laboratoriais são fundamentais, pois através deles pode-se chegar em um diagnóstico médico, oferecendo o suporte necessário para que os profissionais de saúde tomem decisões terapêuticas adequadas para cada paciente.

O diagnóstico laboratorial pode ser definido como um componente essencial dos serviços de saúde pública, que utiliza testes laboratoriais para ajudar na identificação, diagnóstico e tratamento de doenças, envolvendo a realização de testes em amostras, com o objetivo de obter informações sobre a saúde do paciente.

As fases laboratoriais são classificadas em três partes: pré-analítica, analítica e pós-analítica. Pode-se afirmar que todas essas fases são fundamentais para o diagnóstico e podem influenciar na qualidade e precisão dos resultados. A fase pré-analítica engloba todas as etapas que ocorrem antes da realização da análise da amostra. É considerada a fase mais crítica, pois erros nesta fase podem afetar consideravelmente os resultados finais.

As imprecisões que podem a vir ocorrer durante o processo da fase pré-analítica são considerados uma ameaça direta para a vida dos pacientes devido a um resultado falso-positivo ou falso-negativo. Dessa forma, a pesquisa se torna relevante, por buscar identificar através de revisão científica os principais fatores relacionados a erros pré-analíticos que podem interferir nos resultados laboratoriais, tendo como objetivo de evitá-los.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DOS EXAMES LABORATORIOS 

Na origem da prática medicinal, a medicina estava centrada na observação direta dos pacientes, principalmente através de exames físicos. A história do surgimento dos exames laboratoriais não é totalmente clara, existem registros que indicam que os babilônios já realizavam análises de urina por volta dos anos 4000 a.C. A partir do final do século XIX e início do século XX se deu início a modernização da medicina, trazendo consigo o surgimento de diversos exames laboratoriais que se tornaram essenciais para o diagnóstico e tratamento de doenças. (GONÇALVES, 2020).

A análise clínicas no Brasil passou a ser vinculada com a farmácia em 1839. E em virtude de uma epidemia que ocorreu em 1988, as autoridades revolveram expandir os serviços de análises clínicas estabelecendo vários laboratórios para produção de vacinas e soros, assim como para auxílio de diagnósticos. Desse modo, houve o surgimento de laboratórios de análises clínicas associada ao curso de farmácia e biomedicina. (SANTOS et al., 2019).

 A regulamentação do funcionamento dos laboratórios de análises clínicas são realizadas pela ANVISA através da RDC 786/2023 que determina as regras para o funcionamento dos laboratórios, tanto de análises clínicas, quantos de anatomia, patologia e de outros serviços que realizem as atividades relacionadas aos exames de análises clínicas (EAC), que auxiliem no diagnóstico. (ANVISA, 2023).

Com os avanços tecnológicos a automação tem sido um dos pilares das inovações em laboratórios. Sistemas automatizados realizam desde a preparação de amostras até a análise e a liberação de resultados. Isso resulta em maior eficiência, redução de erros e aumento da capacidade de processamento. A biotecnologia, especialmente as técnicas de biologia molecular, como o PCR e sequenciamento genético, tem permitido diagnósticos mais específicos, são métodos fundamentais para a detecção de doenças infecciosas, câncer e condições genéticas. (RODRIGUES, 2022; RICELLI & AMARAL, 2019).

 Na área farmacêutica, pode-se observar esses avanços tecnológicos, com a RDC 789/2023 que entrou em vigor em 1 de agosto, e permitiu a realização de exames de análises clínicas, em caráter de triagem, em farmácias e consultórios. Além disso, as farmácias passaram a realizar consultas por telemedicina, ou seja, o cliente pode se dirigir até uma farmácia e realizar sua consulta, pegar sua solicitação de exames, pode receber sua receita e no mesmo local já realiza a compra dos medicamentos, tudo isso graças ao avanço da tecnologia. (COSTA,2023).

2.2 A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES LABORATORIAIS

Exames laboratoriais são essenciais para o diagnóstico de doenças, já que fornecem dados objetivos sobre a condição do paciente. As utilizações dos exames laboratoriais podem aumentar consideravelmente a precisão diagnóstica, principalmente   em condições que os sinais clínicos não são específicos. Os exames laboratoriais como ferramentas indispensáveis para a confirmação de diagnósticos, que quando combinados com avaliação clínica, podem reduzir os erros sobre a terapia do paciente. (LIPPI et al. 2017; GUYTON & HALL, 2020).

Além dos exames laboratoriais serem importantes para o diagnóstico do paciente, vale ressaltar que possui valor significativo para o monitoramento de tratamento, que permitem acompanhar a eficiência do tratamento ao realizar ajustes terapêuticos conforme seja necessário. Os exames podem auxiliar no monitoramento de condições crônicas, a fim de observar a progressão da doença e a eficácia do tratamento. (WEISMAM, 2023; AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2020; OMS, 2021).

Os exames servem como detectores precoces de doenças, pois a sua realização regular facilita a detecção de doenças em sua fase inicial. Dessa maneira, pode-se perceber a importância da análise clínica na fase de investigação de diagnósticos do paciente, visto que se faz necessário não apenas identificar os sinais e sintomas, mas fazer uma investigação precisa para evitar erros de diagnóstico e tratamentos que não condizem com a realidade do paciente. (UNION FOR INTERNATIONAL CANCER CONTROL, 2023).

2.3 ERROS LABORATORIAIS

Os significativos progressos na medicina laboratorial resultaram em uma redução considerável na ocorrência de erros nos laudos emitidos, especialmente quando se considera o volume de exames realizados diariamente. Ainda segundo os autores, em virtude da complexidade do ambiente e à participação humana em diversas etapas do processo, as análises clínicas ainda podem estar sujeitas a erros em diferentes fases laboratoriais. (ARAGÃO & ARAÚJO, 2019).

Os erros laboratoriais são definidos como falhas que ocorrem durante a realização dos exames, podendo levar a resultados inadequados ou a interpretações errôneas no futuro, esses problemas podem surgir em qualquer fase do ciclo laboratorial, desde a solicitação médica até a interpretação dos resultados e a comunicação entre médico e o paciente sobre o resultado final do exame. (MORAES et. al., 2023; ANICIO & NASCIMENTO (2022)

 Entre as fases laboratoriais, a pré-analítica é a mais suscetível a erros, podendo representar até 75% do total deles, essa fase inclui uma série de etapas essenciais para garantir a precisão do laudo laboratorial, como a preparação do paciente, a anamnese, a coleta e o armazenamento das amostras, em outras palavras, envolve todos os procedimentos realizados antes dos exames. (MARTINS et. al., 2018).

 Quando os erros laboratoriais são detectados, existe a necessidade de descartar a amostra biológica e realizar uma nova coleta, o que pode gerar diversos inconvenientes tanto para o laboratório quanto para o paciente, isso inclui custos adicionais, além de comprometer a confiabilidade e a segurança do paciente. (OLIVEIRA & SILVA, 2022).

2.3.1 A fase pré-analítica

A fase pré-analítica tem início com a solicitação do exame e se segue pela orientação ao paciente sobre a coleta do material, triagem e inserção dos dados do paciente, além da obtenção da amostra biológica, seu acondicionamento adequado, transporte, recebimento e, por fim, o processamento da amostra, ou seja, são as etapas que antecedem o recebimento e a coleta das amostras. (AZEVEDO, 2021). Conforme mencionado anteriormente, as fases dos exames laboratoriais são três: fase pré-analítica, analítica e pós-analítica, como demonstrado na figura 1. 

Figura 1: fases da assistência laboratorial      

Fonte: Adaptada, Azevedo (2021).

 Dentro da fase pré-analítica os principais fatores que mais influenciam os exames laboratoriais incluem a variação cronobiológica, a posição do corpo, o gênero e a faixa etária dos pacientes.  A variação refere-se às flutuações cíclicas na concentração de certos parâmetros ao longo do tempo, que podem ocorrer em diferentes escalas temporais, diária, mensal ou sazonal. A posição do corpo desempenha um papel significativo, uma vez que mudanças rápidas na postura podem afetar os níveis de analitos. O gênero e a idade são fatores determinantes, uma vez que os parâmetros para homens, mulheres e crianças são diferentes. (MEDICINA DIAGNÓSTICA, 2017; FLEURY MEDICINA, 2019; OMS, 2021).

 Além desses fatores, pode-se observar que o jejum antes dos exames sanguíneos deve ser obedecido, visto que a alimentação pode influenciar significativamente nos resultados dos exames e a dieta inadequada pode aumentar consideravelmente o nível de gordura no sangue. Outros fatores seriam o consumo de álcool, uso de cigarros, atividade física, gestação e o uso de medicamentos, por esse motivo se faz necessário orientar o paciente e antes dos exames realizar uma anamnese, a fim de evitar os erros pré-analíticos demonstrado na tabela 1. (FINATI & DONEDA, 2024).

A complexidade e a criticidade da fase pré-analítica exigem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo desde a equipe de coleta até os profissionais do laboratório. Treinamentos contínuos, revisões de procedimentos e auditorias são estratégias eficazes para minimizar os erros nesta fase. A adoção de tecnologias, como sistemas de rastreamento de amostras e automação no processamento, também tem contribuído para a redução de falhas e melhoria na qualidade dos resultados (NEVES, 2022).

Portanto, a fase pré-analítica não deve ser subestimada, pois seu impacto no diagnóstico laboratorial é significativo. Erros nesta etapa podem ter consequências graves, incluindo diagnósticos errôneos e tratamentos inadequados, que podem comprometer a saúde e a segurança do paciente. A precisão e a confiabilidade dos resultados dependem diretamente do rigor em como essa fase é conduzida.

Tabela 1: Erros pré-analíticos Requisição médica errada

Fonte: Adaptada, Aragão (2018)

2.4 CONTROLE DE QUALIDADE NO LABORATÓRIO

O controle de qualidade no laboratório é uma prática essencial que garante a confiabilidade e a precisão dos resultados dos exames laboratoriais. Essa prática abrange todas as etapas do processo laboratorial, desde a fase pré-analítica até a pós-analítica, com foco na identificação e correção de erros, bem como na padronização dos procedimentos operacionais. (SBPC/ML, 2018). 

O controle de qualidade em laboratórios clínicos é dividido em duas categorias principais: controle de qualidade interno e externo. O controle de qualidade interno é realizado diariamente dentro do laboratório, envolvendo a calibração de equipamentos, a verificação de reagentes, e a análise de amostras de controle para assegurar que os resultados dos exames estejam dentro dos padrões esperados. Já o controle de qualidade externo é realizado por organismos independentes que avaliam periodicamente a performance do laboratório por meio da comparação dos resultados com padrões estabelecidos. (COSTA, 2020).

A implementação do controle de qualidade nos laboratórios de análises clínicas se faz necessário para reduzir os erros, tendo como objetivo avaliar o desempenho laboratorial visando obter resultados seguros. Para tanto, é essencial que a equipe faça uma implantação de um sistema de controle de qualidade possibilitando a garantia dos resultados diariamente, a fim de evitar os erros de não conformidades. (SANTOS et. al, 2020).

Esses programas incluem a utilização de amostras de controle conhecidas, que são processadas de forma idêntica às amostras dos pacientes. Os resultados são então comparados com valores de referência para garantir a exatidão e a precisão dos procedimentos analíticos. Em casos de discrepância, medidas corretivas são adotadas imediatamente para ajustar o processo. A análise crítica dos dados obtidos no controle de qualidade é fundamental para identificar tendências que possam indicar a degradação do desempenho dos equipamentos ou reagentes. Além disso, a padronização dos procedimentos, conforme descrito na Norma ISO 15189, é crucial para assegurar a consistência dos resultados em diferentes condições operacionais e entre diferentes operadores. (RODRIGUES, 2019; SOUZA et al., 2022).

A efetivação de um sistema de qualidade traz uma melhoria no serviço, pois estabelece uma estratégia que foca em diminuir os erros, estabelecendo critérios que possam fazer uma análise de cada etapa do processo, buscando alcançar um alto nível de qualidade em todas as três fases laboratoriais evitando consequências que possam a vir surgir no futuro. (MANSO & SEABRE, 2020).  

A qualidade é entendida como a capacidade de atender às necessidades e expectativas dos usuários e clientes. Por isso, é fundamental que os serviços de saúde coloquem as pessoas que os utilizam, tanto direta quanto indiretamente, no centro de sua atenção. Dada a complexidade dos processos laboratoriais, é essencial implementar programas de qualidade que visem não apenas melhorar o serviço, mas também aumentar a produtividade e reduzir custos. Um programa eficaz de gestão da qualidade pode trazer melhorias significativas nos processos laboratoriais, através da gestão de riscos e da otimização dos procedimentos, conforme demonstrado na tabela 2. (MARQUES, 2022). 

Tabela 2 – Processos laboratoriais

Fonte: Adaptada, Marques (2022).

Na área da saúde, a qualidade se baseia em dois componentes principais: o operacional, que se refere aos processos envolvidos, e a percepção, que é a forma como os clientes enxergam o serviço prestado. Ambos os aspectos podem ser avaliados por meio de indicadores de qualidade e pelo reconhecimento adquirido através de certificações ou acreditações. Os indicadores também possibilitam comparações, tanto internas quanto externas, com outros serviços que possuem características semelhantes. Na gestão da qualidade, esses indicadores são chamados de itens de controle.

Certos produtos, processos ou serviços são desenvolvidos ou executados conforme requisitos específicos, como os estabelecidos pelas normas da International Organization for Standardization (ISO). Por outro lado, a acreditação envolve a avaliação dos processos para assegurar que estão adequados aos serviços prestados, além de garantir o cumprimento dos requisitos necessários para uma certificação.

3 METODOLOGIA

A metodologia empregada para a realização deste trabalho baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, utilizando dados e artigos disponíveis em fontes reconhecidas e de acesso livre, como SciELO, Google Acadêmico, PubMed e livros. A opção pela pesquisa bibliográfica como abordagem metodológica se justifica pela necessidade de compreender e analisar de maneira abrangente o tema da fase pré-analítica no diagnóstico laboratorial, adotando uma perspectiva multidisciplinar e fundamentada em evidências científicas.

Para realizar os procedimentos numa pesquisa científica é necessário associar fatos empíricos de forma que haja uma coesão coerente através de ferramentas específicas e direcionadas que caminhem para um mesmo significado e possa legitimar as afirmações dos eventos do cotidiano transformando-os em fatos científicos. (CHIZZOTII, 2017).

A metodologia pode ser definida como o conjunto das atividades sistemáticas que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, conhecimentos válidos e verdadeiros, que traça o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Dessa forma, percebe-se que metodologia é uma ferramenta usada pelo pesquisador para auxiliá-lo durante o percurso investigativo, na construção da pesquisa, o que torna o entendimento da mesma, mais bem percebida. (LAKATOS & MARCONI, 2021).

A presente pesquisa classifica-se como exploratória e descritiva, no sentido de procurar identificar os principais erros que interferem nos resultados laboratoriais. As pesquisas descritivas, tem por finalidade descrever as características de determinada população, podendo ser elaboradas com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis. A pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, pois se fez necessário realizar uma pesquisa prévia, relacionada ao objeto de estudo que consiste no levantamento, seleção de informações relacionadas ao tema utilizando livros e artigos. (GIL, 2022; LAKATOS & MARCONI, 2021; CHIZZOTTI, 2017).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS 

Nesta seção, apresenta-se os resultados da coleta de dados, seguidos por uma análise crítica que relaciona esses achados com a literatura já existente. Os resultados foram organizados de forma a facilitar a análise e a interpretação, utilizando tabelas, gráficos e figuras para ilustrar as principais tendências e padrões identificados.

Os dados coletados para esta pesquisa, foram através de artigos científicos já existentes, por se tratar de uma pesquisa de revisão bibliográfica, onde pode-se observar os indicadores que revelaram uma alta incidência de erros na fase pré-analítica, este trabalho visa sintetizar os principais erros laboratoriais, especialmente os ocorridos na fase pré-analítica de exames, ao considerar o significado de precisão e confiabilidade na medicina laboratorial.

A tabela 3 exibe as informações dos artigos selecionados com base nos critérios de inclusão previamente definidos.

Tabela 3 – Artigos incluídos na revisão

Fonte: Próprio autor, 2024.

Conforme demonstra o gráfico 1. Entre os erros mais comuns identificados estão a coleta inadequada das amostras representando (28%), a identificação incorreta das amostras (22%) e o transporte inadequado (18%). Esses resultados corroboram estudos anteriores que indicam que a fase pré-analítica é mais vulnerável a erros. (MARTINS et al., 2018).

Gráfico 1: Distribuição dos Tipos de Erros Pré-Analíticos

Fonte: Adaptado, Martins, 2018

Diversos outros erros também ocorrem na fase pré-analítica, especialmente nas ações que precedem a coleta de sangue. Existem vários tipos de erros relacionados à amostra a ser analisada. O erro mais comum é o preparo inadequado do paciente antes da coleta, mencionado em 61,53% dos artigos analisados, que correspondem a 14 artigos.

A adoção de práticas rigorosas de controle de qualidade, como a verificação dupla das amostras e a padronização dos procedimentos de coleta minimiza os erros de forma significativa, ressaltando a importância do controle de qualidade na redução de falhas na fase pré-analítica, apoiando a literatura que destaca a necessidade de protocolos claramente definidos e de um treinamento contínuo. (OLIVEIRA & SILVA, 2021). Tais como a incorreta relação com o sangue/anticoagulante (57%) os tubos inadequados (50%) amostras contaminadas (43%) variações Inter laboratoriais (29%) e medicamentos (29%) (BERLITZ, 2010; BONINI, 2002; CARRARO & PLEBANI, 2010; FERREIRA & ANDRIOLO, 2008; FREIREA, 2008).

No qual, podendo também trabalhar com mecanismos tecnológicos no âmbito laboratorial com atenção à saúde, onde esse processo acaba evoluindo, pois estes fatores são favoráveis para minimização de erros laboratoriais e de suas falhas, no qual são resultados bastantes significativos e distintos, no que pode gerar uma redução de custos operacionais. Nos Estados Unidos estima-se que cerca de 98 mil pessoas morram devido a esses erros, com o uso de parâmetros, procedimentos e tecnologias avançadas, obteve 58% uma redução significativa (HAWKER et. al., 2002). Os altos índices de falhas na fase pré-analítica dos exames laboratoriais podem ser explicados pela menor automação dessa etapa e pela sua complexidade, que torna o controle mais difícil. Por exemplo, a qualidade dos exames depende crucialmente das informações fornecidas pelos pacientes antes da coleta, como se estão em jejum, se tomaram medicamentos ou se realizaram atividades físicas. Dessa maneira, a fase pré-analítica não depende apenas dos profissionais de saúde, mas também da colaboração ativa dos pacientes. (NOVARET, 2009; TENOR, 2010).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo confirma a importância crítica da fase pré-analítica no processo de diagnóstico laboratorial, destacando-a como a etapa mais suscetível a erros que podem comprometer a confiabilidade dos resultados e, consequentemente, a segurança do paciente. A análise dos dados permitiu identificar que a maioria dos erros pré-analíticos está relacionada a falhas na coleta, identificação e transporte das amostras. Esses achados ressaltam a necessidade de práticas rigorosas de controle de qualidade e de uma maior conscientização tanto dos profissionais quanto dos pacientes sobre a importância do cumprimento das orientações prévias aos exames.

Os objetivos da pesquisa foram atingidos, uma vez que se conseguiu identificar os principais fatores que contribuem para os erros na fase pré-analítica e propor medidas para sua mitigação. As hipóteses iniciais, que sugeriam a fase pré-analítica como a mais vulnerável a erros, foram confirmadas. As principais contribuições teóricas deste estudo residem na ampliação do conhecimento sobre a fase pré-analítica e suas implicações no diagnóstico laboratorial.

Em termos práticos, o estudo propõe a implementação de protocolos mais rigorosos e a melhoria contínua das práticas de controle de qualidade como estratégias essenciais para reduzir a ocorrência de erros.

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1Discente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário Fametro, Campus Zona Leste. e-mail: adrianedinis8@gmail.com
2Discente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário Fametro, Campus Zona Leste. e-mail: andreia.apda28@gmail.com
3Docente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário Fametro. Campus Zona Leste. Mestre em Bioquímica. e-mail: talita.oliveira@fametro.edu.br
4Docente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário Fametro. Campus Zona Leste. Mestre em Aquicultura – Inpa/Nilton Lins. e-mail: francisco.simao@fametro.edu.br