IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA PARA PREVENIR INFECÇÕES CRUZADAS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202409060836


Ali Moslem Fadel,
Ali Al Hadi Charaf Eddine,
Orientador: Alexandre Kraemer


RESUMO

Este trabalho aborda a implementação de medidas de biossegurança como estratégia essencial para a prevenção de infecções cruzadas em clínicas odontológicas. A biossegurança envolve um conjunto de práticas que visam minimizar ou eliminar os riscos inerentes à rotina odontológica, protegendo tanto os profissionais quanto os pacientes. A pesquisa foi realizada através de uma revisão de literatura, com foco na importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), práticas de limpeza e esterilização de instrumentos, manejo adequado de materiais biológicos contaminados, e a educação contínua dos profissionais. Os resultados destacam a necessidade de adesão rigorosa a protocolos de biossegurança para garantir um ambiente clínico seguro. Conclui-se que a capacitação contínua e a atualização das práticas são fundamentais para manter altos padrões de segurança e prevenir infecções cruzadas, contribuindo para a saúde pública e a confiança no atendimento odontológico.

Palavras-chave: Biossegurança. Odontologia.

ABSTRACT

This work addresses the implementation of biosafety measures as an essential strategy for preventing cross-infections in dental clinics. Biosafety involves a set of practices aimed at minimizing or eliminating the risks inherent in dental routines, protecting both professionals and patients. The research was conducted through a literature review, focusing on the importance of using Personal Protective Equipment (PPE), practices for cleaning and sterilizing instruments, proper handling of contaminated biological materials, and continuous education for professionals. The results highlight the need for strict adherence to biosafety protocols to ensure a safe clinical environment. It is concluded that ongoing training and updating practices are crucial for maintaining high safety standards and preventing cross- infections, contributing to public health and trust in dental care.

Keywords: Biosafety and dentistry

1 INTRODUÇÃO

Implementação de medidas de biossegurança para prevenir infecções cruzadas na clínica odontológica. A biossegurança é um conjunto de ações voltadas para a prevenção, diminuição ou eliminação dos riscos inerentes à prática profissional, especialmente na área da saúde. Os profissionais de Odontologia enfrentam uma série de desafios e riscos inerentes à sua rotina de trabalho, que os colocam em situações potencialmente vulneráveis à contaminação. Entre esses desafios, destacam-se os riscos ocupacionais, que englobam ameaças físicas, químicas, mecânicas e biológicas. A exposição a esses fatores de risco é uma realidade constante na prática odontológica, exigindo a adoção de medidas rigorosas de biossegurança para proteger tanto os profissionais quanto os pacientes (TREZENA et al., 2020).

Diante dos riscos biológicos, é imperativo que a prática laboral odontológica esteja comprometida com a adoção de medidas preventivas de precaução padrão, visando evitar acidentes ocupacionais que possam comprometer a saúde dos profissionais. Em muitos casos, tais acidentes são causados pela exposição a materiais perfurocortantes ou pelo contato direto com fluidos biológicos de pacientes durante os procedimentos clínicos (TREZENA et al., 2020).

O risco de contaminação aumenta quando os profissionais descuidam dos protocolos de biossegurança. Para evitar a propagação da infecção cruzada, é essencial adotar medi- das que impeçam a transmissão de microrganismos prejudiciais. Isso inclui a higienização das mãos, a esterilização dos instrumentos e o uso correto de equipamentos de proteção individual. Além disso, é importante desinfetar regularmente as superfícies de trabalho, usar barreiras nos equipamentos e garantir o descarte adequado dos resíduos. Essas precauções são fundamentais para manter um ambiente de trabalho seguro e proteger a saúde tanto dos profissionais quanto dos pacientes (TREZENA et al., 2020).

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi utilizada a ferramenta de inteligência artificial ChatGPT, que auxiliou na organização das ideias e na elaboração dos conteúdos. A pesquisa é uma revisão da literatura que tem como questão norteadora a pergunta: “Quais são as medidas de biossegurança utilizadas para prevenir infecções cruzadas na clínica odontológica?” O objetivo geral do estudo é descrever essas medidas de biossegurança com o intuito de prevenir infecções cruzadas nesse ambiente. Para atingir esse objetivo, foram delineados quatro objetivos específicos: descrever a importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); descrever a importância das práticas de limpeza e esterilização de instrumentos odontológicos nas clínicas; descrever a importância da manipulação e descarte de materiais biológicos contaminados na prevenção de infecções cruzadas; e descrever a importância da educação e treinamento dos profissionais de odontologia na promoção de práticas de biossegurança.

2 DISCUSSÃO

Os profissionais de saúde bucal, incluindo cirurgiões-dentistas e auxiliares, estão expostos a diversos riscos biológicos devido ao contato frequente com sangue e fluidos corporais. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas, máscaras e aventais, é essencial para evitar a contaminação e a transmissão de doenças como Hepatite B, Hepatite C e HIV (MOURA et al., 2015).

A utilização correta de EPIs contribui significativamente para a prevenção de infecções cruzadas. Equipamentos como luvas, máscaras e óculos de proteção formam barreiras que impedem a disseminação de microrganismos durante os procedimentos odontológicos (MOURA et al., 2015).

O uso de EPIs é uma medida de segurança vital que protege os profissionais de acidentes ocupacionais, especialmente em procedimentos que envolvem perfurações ou cortes. Isso assegura que as práticas odontológicas sejam realizadas em um ambiente seguro tanto para os profissionais quanto para os pacientes (MOURA et al., 2015).

Órgãos reguladores, como a ANVISA e o CDC, recomendam o uso de EPIs como parte das precauções padrão para garantir a segurança no ambiente de trabalho. Estas medidas são fundamentais para minimizar a exposição a agentes biológicos e garantir a manipulação segura de artigos e superfícies (MOURA et al., 2015).

A disponibilidade e o uso adequado de EPIs proporcionam uma sensação de segurança para os profissionais de saúde bucal, influenciando positivamente o clima organizacional e a percepção de segurança dentro das instituições de saúde (MOURA et al., 2015).

Esses pontos destacam a importância crítica dos EPIs na prática odontológica, garantindo não apenas a segurança dos profissionais de saúde, mas também a proteção dos pacientes contra possíveis infecções.

A importância das práticas de limpeza e esterilização de instrumentos odontológicos é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos pacientes e profissionais em clínicas odontológicas. Estas práticas são cruciais para a prevenção de infecções cruzadas e contaminação durante os procedimentos odontológicos.

Primeiramente, a limpeza dos instrumentos odontológicos é um processo essencial que envolve a remoção de sujeira e resíduos orgânicos. A eficácia da desinfecção e esterilização depende diretamente da limpeza adequada, pois a presença de matéria orgânica pode proteger os microrganismos, dificultando a ação dos agentes esterilizantes (SOARES et al., 2021).

A limpeza pode ser realizada de forma manual ou mecânica. A limpeza manual inclui o uso de água, detergentes enzimáticos e ação mecânica, como a fricção com escovas. Este método requer atenção para evitar ferimentos, especialmente ao manusear artigos perfurocortantes. Já a limpeza mecânica, geralmente realizada com ultrassom, minimiza o risco de ferimentos e é altamente eficaz na remoção de resíduos (SOARES et al., 2021).

Após a limpeza, a esterilização dos instrumentos é realizada, sendo a autoclave o método mais recomendado. A autoclave utiliza vapor saturado sob pressão para eliminar todos os microrganismos, incluindo esporos bacterianos. Este processo é considerado um dos mais eficientes no controle de infecções e deve ser uma prática padrão nas clínicas odontológicas (SOARES et al., 2021).

Os procedimentos de esterilização e desinfecção não se limitam apenas aos instrumentos, mas também incluem a limpeza e desinfecção das superfícies de trabalho e dos equipamentos utilizados, como seringas tríplices e pontas de alta e baixa rotação. Estas práticas são necessárias para evitar a contaminação cruzada e garantir um ambiente seguro para o atendimento odontológico (SOARES et al., 2021).

Além disso, é crucial seguir protocolos rigorosos para a embalagem e armazena- mento dos artigos esterilizados, garantindo que permaneçam livres de contaminação até o momento do uso. A correta manutenção e monitoramento dos equipamentos de esterilização também são importantes para assegurar a eficácia dos processos (SOARES et al., 2021) .

Importância da Manipulação e Descarte de Materiais Biológicos Contaminados na Prevenção de Infecções Cruzadas

A manipulação e descarte adequados de materiais biológicos contaminados são fundamentais na prevenção de infecções cruzadas em clínicas odontológicas. No campo da saúde bucal, os profissionais estão expostos a uma variedade de micro-organismos patogênicos presentes no sangue, saliva e nas vias aéreas respiratórias. A biossegurança visa minimizar ou eliminar esses riscos por meio de práticas seguras e controladas (SILVA et al., 31/08/2007).

Os materiais biológicos, como peças de biópsia e dentes extraídos, devem ser transportados em recipientes rígidos, inquebráveis e devidamente lacrados, evitando assim a contaminação da parte externa dos recipientes. O descarte desses materiais deve ser realizado em sacos plásticos apropriados e recolhidos por serviços especializados para incineração.(SILVA et al., 31/08/2007).

Objetos perfurocortantes, como agulhas, devem ser descartados imediatamente após o uso em recipientes específicos, resistentes à perfuração e com o símbolo internacional de material infectante (SILVA et al., 31/08/2007).

A educação e o treinamento contínuos dos profissionais de odontologia são essenciais para a promoção de práticas eficazes de biossegurança. Em toda a atividade odontológica, tão importante quanto o aprimoramento técnico e científico é a conscientização dos riscos no que se refere à biossegurança. A ausência de hábitos regulares de leitura e a baixa frequência em cursos de reciclagem competem para impedir que o conhecimento adquirido seja adaptado à rotina da maior parte dos consultórios (TREZENA et al., 2020). Muita atenção deve ser dada ao processo de limpeza e esterilização dos instrumentos. Por esse motivo, a auxiliar precisa de um bom treinamento, o qual é imprescindível para que as normas de controle de infecção sejam adequadamente aplicadas. Nesse sentido, há relatos de que a incidência de exposições de profissionais à contaminação é menor em razão de um melhor treinamento de auxiliares desqualificados. Todos os itens classificados como essenciais ao bom andamento do protocolo de controle de infecção cruzada, e que devem ser empregados em todos os consultórios, foram citados como métodos utilizados na rotina diária dos participantes da pesquisa (TREZENA et al., 2020).

Investir em programas de treinamento contínuo e na atualização sobre as melhores práticas de biossegurança é crucial para reduzir os riscos de infecções cruzadas e proteger a saúde dos profissionais e pacientes. A busca pela qualidade clínica, com a consequente capacitação, coloca o profissional em posição diferenciada, atento às exigências terapêuticas e de biossegurança atuais (TREZENA et al., 2020) .

3 CONCLUSÃO

A implementação rigorosa de medidas de biossegurança nas clínicas odontológicas é fundamental para a prevenção de infecções cruzadas e a proteção da saúde tanto dos profissionais quanto dos pacientes. A pesquisa realizada demonstrou que o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a limpeza e esterilização correta dos instrumentos, o manejo seguro de materiais biológicos e o treinamento contínuo dos profissionais são pilares essenciais para assegurar um ambiente clínico seguro.

O estudo ressaltou a importância de práticas padronizadas de biossegurança, que vão além da mera conformidade com as regulamentações, promovendo uma cultura de segurança e responsabilidade dentro do ambiente odontológico. As medidas preventivas não só reduzem o risco de contaminação, mas também fortalecem a confiança e a segurança dos profissionais e pacientes envolvidos.

Portanto, é imperativo que as clínicas odontológicas invistam continuamente na capacitação de suas equipes, no monitoramento constante dos processos de biossegurança e na atualização das práticas conforme surgem novas evidências científicas e normativas. Somente assim será possível garantir a excelência no atendimento e a minimização dos riscos de infecções cruzadas, contribuindo para a saúde pública e o bem-estar coletivo.

REFERÊNCIAS

MOURA, L. K. B. et al. Medidas de biossegurança em procedimentos odontológicos: revisão integrativa. Rev. enferm. UFPE on line, v. 9, n. 10, p. 1537 – 1544, dez. 2015.

SILVA, R. H. B. T. da et al. Levantamento dos métodos de controle de infecção cruzada utilizados pelos cirurgiões-dentistas, auxiliares e estudantes de odontologia do município de Araraquara-SP. RFO UPF, v. 12, n. 2, p. 7 – 12, ago. 31/08/2007.

SOARES, A. de J. et al. Biossegurança para prevenção da contaminação cruzada na prática odontológica. Piracicaba: FOP/UNICAMP, 2021. 87 p.

TREZENA, S. et al. Práticas em biossegurança frente aos acidentes ocupacionais entre profissionais da odontologia. Arq. odontol., v. 56, p. 1 – 8, jan. dez. 2020.