O PAPEL DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA MELHORIA DOS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS COMO REDUÇÃO DE ÓBITOS SENSÍVEIS À ATENÇÃO BÁSICA 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409052116


Bruna Lorraine do Carmo Teixeira; Alessandro Arcanjelo Reis Silva; Alexandra Fernanda Saraiva Paiva; Aline Martins Guimarães de Almeida; Heloysa Carvalho Pinto Ferreira; Jane Daisy de Sousa Almada Resende; Luciene Mendonça da Costa; Luciano Alves do Santos; Jordana Figueiredo Nery; André do Nascimento Chaves


RESUMO 

Introdução: O Agente Comunitário da Saúde (ACS) é responsável por atuar na prevenção e  promoção de saúde, informando a demanda da população à equipe do programa Estratégia de Saúde  da Família. Objetivo: Analisar as atribuições dos ACS em relação ao cuidado de pacientes com  algumas doenças sensíveis à atenção básica de saúde, como Diabetes Mellitus (DM), hipertensão (HA) e infarto agudo do miocárdio (IAM) no município de São João Del Rei/MG (SJDR) no ano de  2020. Metodologia: Foi realizada pesquisa de caráter quantitativo na base de dados do  Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) levantando número de  óbitos por algumas causas evitáveis devido a atuação da Atenção Primária da Saúde (APS) e  revisão de literatura. Resultado: O município de SJDR apresentou mortes por causas sensíveis à ação APS como: DM, HA e IAM no ano de 2020 e ao comparar com o estado de Minas Gerais, foi  apresentado quase o dobro de óbitos por HA e IAM no município, demonstrando a necessidade do  paciente estar vinculado à APS, uma vez que apresentou índices elevados de mortalidade por estas  causas, contribuindo negativamente para os dados do estado. Conclusão: Conclui-se que o  município de SJDR apresentou taxa de mortalidade por DM, HA e IAM, mais elevadas quando  comparado ao estado de Minas Gerais no ano de 2020. Esses dados sugerem a necessidade de  intervenções mais eficazes e direcionadas para prevenção de agravamento destas enfermidades. Sendo que a atuação dos ACS torna-se fundamental nesse cenário. 

Palavras-Chave: Agente comunitário de Saúde 1. Dados epidemiológicos 2. Causas Evitáveis 3. 

ABSTRACT 

Introduction: The Community Health Agent (CHA) is responsible for working in the prevention  and promotion of health by informing the Family Health Strategy (FHS) team of the population’s  needs. Objective: To analyze the responsibilities of CHAs in the care of patients with certain  conditions sensitive to primary healthcare, such as Diabetes Mellitus (DM), hypertension (HTN),  and acute myocardial infarction (AMI) in the municipality of São João Del Rei/MG (SJDR) in the  year 2020. Methodology: A quantitative study was conducted using data from the Department of  Informatics of the Unified Health System (DATASUS), gathering the number of deaths from  certain preventable causes due to the performance of Primary Health Care (PHC), alongside a  literature review. Results: The municipality of SJDR reported deaths from causes sensitive to PHC  interventions, such as DM, HTN, and AMI in 2020. When compared to the state of Minas Gerais,  the municipality had nearly twice the number of deaths from HTN and AMI, highlighting the need  for patient engagement with PHC, as the high mortality rates from these causes negatively impacted  the state’s data. Conclusion: It is concluded that the municipality of SJDR had higher mortality  rates from DM, HTN, and AMI compared to the state of Minas Gerais in 2020. These data suggest  the need for more effective and targeted interventions to prevent the worsening of these conditions,  with the role of CHAs becoming crucial in this contexto. 

Keywords: Community Health Agent 1. Epidemiological Data 2. Avoidable Causes 3. 

1. INTRODUÇÃO 

A partir de 1990, com a criação da Lei 8080, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi  desenvolvido, marcando o início de uma trajetória repleta de esforços e desafios para garantir o  direito universal à saúde como um dever do Estado. Desde então, as famílias brasileiras têm sido  acolhidas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa Estratégia de Saúde da Família  (ESF), recebendo atendimento e apoio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) (SANTOS et al.,  2020). 

Embora muitas pessoas não compreendam plenamente o verdadeiro significado e a  importância do trabalho realizado pelos ACS, esses profissionais desempenham um papel  importante na sociedade, uma vez que são responsáveis por promover a saúde e prevenir doenças  na população, realizando visitas domiciliares, ouvindo os relatos da comunidade, identificando  problemas e agravos de saúde, e comunicando as demandas da população à ESF. A capacidade de comunicação e a liderança natural dos ACS são características que os destacam no desempenho de  suas funções (BRASIL, 2009). 

Vale ressaltar que, no final da década de 1980, foi criado o Programa de Agentes  Comunitários de Saúde (PACS), considerado o embrião da ESF. Este programa surgiu em algumas  áreas do Nordeste e em outras regiões, como o Distrito Federal e São Paulo, sendo uma iniciativa  para melhorar as condições de saúde das comunidades. O PACS investiu em atividades como a  descrição de famílias dentro de uma base geográfica definida, o cadastro de todas as pessoas da  microárea e a manutenção desses cadastros atualizados, a orientação das famílias sobre a utilização  dos serviços de saúde disponíveis, além da realização de atividades programadas e de atendimento à  demanda espontânea, entre outras competências (SILVA, 2018). 

Sendo assim, este artigo teve como objetivo discutir as atribuições dos ACS em relação ao  cuidado de pacientes com algumas doenças sensíveis à atenção básica de saúde, como Diabetes  Mellitus, Hipertensão e indivíduos com risco de infarto agudo do miocárdio no município de São  João Del Rei/MG no ano de 2020. 

2. DESENVOLVIMENTO (REFERENCIAL TEÓRICO) 

Segundo Brasil (2006) o tratamento não-farmacológico da hipertensão e diabetes fornece  uma série de recomendações que devem ser transmitidas aos pacientes. Neste sentido, os agentes  comunitários de saúde (ACS) participam nas orientações da comunidade sob sua responsabilidade,  de acordo com o planejamento interno da equipe de saúde.  

2.1 Funções e habilidades referentes ao Agente Comunitário de Saúde 

Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) devem informar a comunidade sobre os fatores  de risco para doenças cardiovasculares e orientar sobre as práticas preventivas necessárias. Eles  também são responsáveis por realizar o rastreamento da hipertensão arterial em indivíduos com  mais de 20 anos, pelo menos uma vez por ano, incluindo aqueles que não apresentam sintomas.  Além disso, os ACS devem encaminhar os indivíduos identificados como possíveis hipertensos  para uma consulta de enfermagem e acompanhar se os pacientes hipertensos estão comparecendo às  consultas agendadas na unidade de saúde (BRASIL, 2006; BORGES et al., 2019). 

Durante as visitas domiciliares, os ACS também devem verificar a presença de sintomas de  doenças cardiovasculares, cerebrovasculares ou outras complicações decorrentes da hipertensão  arterial. Se necessário, devem encaminhar esses pacientes para uma consulta adicional. Ressalta-se  que os ACS devem questionar regularmente os pacientes hipertensos sobre a adesão ao uso dos  medicamentos prescritos e o cumprimento das orientações relacionadas à dieta, exercícios físicos,  controle de peso, cessação do tabagismo e consumo de álcool, pois essas ações contribuem para a  melhoria dos dados epidemiológicos locais. Além disso, devem registrar, em sua ficha de acompanhamento, o diagnóstico de hipertensão e a estimativa do risco cardiovascular global de  cada membro da família (BRASIL, 2010). 

2.2 Diabetes Mellitus 

O Diabetes Mellitus resulta da ausência de insulina ou da incapacidade de utilização eficaz  da insulina pelo organismo. É caracterizado por níveis elevados de glicose no sangue de forma  persistente e pode ser provocado por alterações genéticas, doenças do pâncreas exócrino, ou  induzido por medicamentos ou substâncias químicas (SILVA, 1997). 

É uma condição antiga e um grave problema de saúde global, associada a mortalidade  prematura, alta prevalência, incapacidade e altos custos de tratamento. O aumento da incidência,  especialmente em países desenvolvidos, está relacionado a mudanças culturais na alimentação e ao  sedentarismo (MONDINI; MONTEIRO, 1996). 

Sendo assim, o tratamento inadequado do diabetes, com hiperglicemia crônica, aumenta o  risco de complicações graves e desfechos fatais (TEIXEIRA et al., 2020). Dado que o tratamento é  prolongado e, muitas vezes, vitalício, os cuidados primários são essenciais para a longevidade do  paciente (GRAFFIGNA et al., 2016). 

Logo, profissionais da enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS) são pontos focais na linha de frente da atenção primária de saúde como porta de entrada no acolhimento e  atendimento de portadores de diabetes (VICENT, 2016). 

2.3 Hipertensão  

A hipertensão, conhecida como “pressão alta”, é caracterizada pela pressão arterial elevada  nas artérias, com valores iguais ou superiores a 140 por 90 mmHg, em comparação com a pressão  normal de 120 por 80 mmHg. Esta condição aumenta o risco de doenças coronarianas e  frequentemente está associada a outros fatores de risco cardiovascular. Esta enfermidade pode ser  hereditária, mas também é exacerbada por sedentarismo, idade, obesidade, consumo excessivo de  sal, estresse, diabetes e tabagismo. Seus sintomas incluem dor no peito, dor de cabeça, tontura,  zumbidos no ouvido, visão embaçada e fraqueza. Se não controlada, pode levar a infarto, AVC e  insuficiência renal. O tratamento envolve controle de peso, prática de exercícios físicos e, quando  necessário, uso de medicamentos como diuréticos e inibidores da enzima conversora da  angiotensina – ECA (BRANDÃO et al., 2003). 

Neste contexto, a Equipe de Saúde da Família (ESF) representa uma mudança significativa  em relação ao modelo assistencial tradicional e hospitalocêntrico, com a atenção básica servindo  como a porta de entrada para o sistema de saúde. A ESF se dedica à busca ativa de pacientes para  prevenir óbitos por doenças evitáveis, como as causadas pela hipertensão arterial. Dentro desse  modelo, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) englobam ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, assistência aos agravos, e reabilitação. Essas atividades fazem da ESF uma  ferramenta poderosa para melhorar a qualidade de vida e reduzir mortes prematuras relacionadas ao  controle inadequado da pressão arterial (EYKEN; MORAES, 2009). 

2.4 Infarto do miocárdio 

O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é um processo de morte das células de uma região  do músculo do coração decorrente de um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo de forma súbita  e intensa (SARAIVA et.al, 2021)

O infarto é causado pela obstrução das artérias devido à formação de placas de gordura,  conhecida como aterosclerose. O rompimento dessas placas pode formar um coágulo que  interrompe o fluxo sanguíneo e reduz a oxigenação do miocárdio. Os sintomas incluem dor intensa  no peito, geralmente no lado esquerdo, que pode irradiar para o braço esquerdo, mandíbula,  ombros, dorso e epigástrio, e que não melhora com repouso ou nitratos sublinguais (OLIVEIRA  et.al, 2019).  

Uma pessoa com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) geralmente se apresenta agitada  devido ao desconforto no peito. A ausculta cardíaca pode revelar taquicardia, que é um fator de pior  prognóstico, sopros valvares resultantes de disfunção isquêmica das válvulas e uma terceira bulha,  associada à insuficiência ventricular aguda (OLIVEIRA et.al, 2019). 

Nesse contexto, os agentes comunitários de saúde desempenham um papel importante no  monitoramento e manejo da doença. Eles são essenciais para identificar sinais precoces, promover  intervenções rápidas e educar a população sobre os fatores de risco e a importância do tratamento.  Essas ações são fundamentais para minimizar sequelas e reduzir a mortalidade associada ao IAM (FILGUEIRAS; SILVA, 2011). 

2.5 Ética profissional 

Entre as atividades da equipe de saúde da família, a visita domiciliar é fundamental,  realizada diretamente no domicílio do usuário. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) se destaca  por sua função de realizar essas visitas, visando melhorar o atendimento às famílias, ganhar  confiança e obter informações detalhadas, incluindo aspectos culturais e religiosos que influenciam  o comportamento em relação à saúde (KEBIAN, 2014). Assim, devem conhecer o contexto social e  identificar as necessidades de saúde das famílias, abordando fatores que afetam o processo saúde doença, especialmente os que podem ser prevenidos (KEBIAN, 2014). 

Logo, esse profissional deve respeitar as necessidades individuais, esclarecendo  procedimentos de forma compreensível e adequada para não especialistas, o que melhora a  qualidade do tratamento e acompanhamento (BRASIL, 2009). 

Portanto, a ética no trabalho exige não apenas boa intenção, mas também reflexão e  compreensão da realidade alheia para estabelecer confiança e respeito. Um profissional de  excelência deve cultivar um relacionamento respeitoso com a comunidade, lidar com a diversidade  e atuar com humanidade e integridade (FORTES; SPINETTI, 2004). Apesar dos progressos,  persistem desafios, especialmente na formação e no processo de seleção desses profissionais, que  devem incorporar uma abordagem humanizada e preparar adequadamente para lidar com questões  éticas (PARKER; ANWAR, 2020). 

3 METODOLOGIA DE ESTUDO 

Este artigo foi elaborado a partir de uma revisão de literatura e da análise de dados  disponibilizados pelo Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde  (DATASUS), órgão responsável pela gestão da informação do Sistema Único de Saúde (SUS) no  Brasil. O estudo seguiu diversas etapas, começando pela definição dos critérios de inclusão e  exclusão. Foram considerados apenas os estudos publicados em periódicos científicos, livros  acadêmicos e relatórios institucionais que discutissem diretamente o papel dos Agentes  Comunitários de Saúde (ACS) na promoção da saúde, controle de doenças e impacto nos dados  epidemiológicos. 

Por outro lado, foram excluídos estudos que não apresentassem dados específicos sobre o  papel dos ACS ou que não estivessem diretamente relacionados à melhoria dos dados  epidemiológicos e à redução de óbitos sensíveis à atenção básica. 

Na etapa de busca e seleção de fontes, a pesquisa foi realizada em bases de dados  eletrônicas como PubMed, Scopus, Google Scholar e em bases específicas da área de saúde, como a  Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO). Utilizou-se  uma combinação de palavras-chave e termos relacionados, como “Agente Comunitário de Saúde”,  “dados epidemiológicos”, “redução de óbitos”, “atenção básica” e “papel dos ACS”.  

Na análise e síntese dos dados, foi realizada uma leitura crítica dos resumos e textos  completos dos estudos identificados para avaliar sua adequação ao tema proposto. Estudos  duplicados ou irrelevantes foram descartados. Os artigos selecionados foram agrupados e  analisados quanto às evidências sobre a atuação dos ACS, o impacto na qualidade dos dados  epidemiológicos e a eficácia na redução de óbitos sensíveis à atenção básica. A análise concentrou se em identificar padrões, resultados consistentes e lacunas na literatura existente. Finalmente, as informações extraídas foram organizadas em categorias temáticas, abordando  o papel dos ACS na promoção da saúde, controle de doenças e melhorias nos dados  epidemiológicos. O artigo foi redigido com base nessas informações sintetizadas, seguindo a  estrutura padrão de introdução, revisão de literatura, discussão e conclusão. Revisões sucessivas  foram realizadas para garantir a clareza, precisão e consistência das informações apresentadas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Segundo Costa (2021) o Programa Saúde da Família foi criado no município de São João del  Rei em 05/04/2000 e qualificado pelo Ministério da Saúde em 07/07/2000, por meio da portaria n.º  751. Sua implementação foi baseada em um levantamento da Universidade Federal de São João del  Rei, que detalhou o perfil social, econômico, epidemiológico, sanitário, cultural e cívico dos bairros  e microáreas do município. Esses dados permitiram à Secretaria Municipal de Saúde desenvolver  uma estratégia abrangente e inovadora para a saúde pública, focando na prevenção de doenças por  meio da atenção básica. 

Analisando os dados disponíveis no site DATASUS, observa-se que, no ano de 2020, o  município de São João Del Rei registrou um número significativo de óbitos por causas evitáveis,  como Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial (HA) e Infarto Agudo do Miocárdio (IAM),  conforme apresentado no gráfico 1.  

Esses dados sugerem a necessidade de implementar programas de capacitação permanente e  contínuo para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), permitindo que eles, em colaboração com  a equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), desenvolvam estratégias eficazes para melhorar  esses índices. Segundo MALTA et.al. (2007) a ocorrência do óbito por estas causas poderiam ser  evitados, uma vez ser possível a prevenção adequada e tratamento apropriado. Esses números  refletem um índice negativo, sugerindo que a qualidade da atenção à saúde no município necessita  ser conscientizada, assumindo seu papel coordenador do cuidado em saúde e sublinham a  importância de fortalecer as ações de saúde preventiva e curativa. 

Gráfico 1: Taxa de Óbitos por 100.000 Habitantes em São João Del Rei e Minas Gerais em 2020: Hipertensão  Arterial, Infarto Agudo do Miocárdio e Diabetes Mellitus. 

Fonte:MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/DATASUS 

Assim, segundo dados do site supracitado, em 2020 no município de São João del Rei houve  38 óbitos, ou seja, um coeficiente de Mortalidade de 42 óbitos por 100.00 habitantes, por Diabetes  mellitus. Ainda de acordo com o gráfico 1, em 2020, houve 59 óbitos (65 óbitos por 100.000h.)  causados pela HA e 58 óbitos (64 óbitos por 100.00h.) por IAM. Vale ressaltar que DAUMAS et al.  (2020) coloca a necessidade da APS retomar a sua vocação para a ação comunitária, podendo ampliar  a capacidade de resposta local. 

Ao comparar São João del Rei com o estado de Minas Gerais, observou-se quase o dobro de  óbitos por HA e IAM no município, sendo 7.638 óbitos, ou seja, 37 óbitos por 100.000 habitantes e  6.808 óbitos (33 óbitos por 100.000h) respectivamente. São Joõ Del Rei reflete uma tendência que vem  ocorrendo nas últimas décadas no Brasil. Segundo Paiva; Bersusa; Escuder (2006) tal tendência é  marcada pelo aumento de mortes por doenças crônico-degenerativas e causas externas. As doenças  cardiovasculares, em particular, são as principais causas de morbidade e mortalidade em todo o  mundo, com o DM e a HA sendo fatores de risco independentes e sinérgicos para essas condições. 

Neste contexto, Brasil (2002) destaca que para o tratamento do DM e da HA, é essencial que o  paciente esteja vinculado às unidades básicas de saúde, receba um diagnóstico adequado e seja  atendido por profissionais atualizados. Essas medidas ajudam a prevenir complicações ou retardar a  progressão das existentes, além de aumentar a adesão ao tratamento através de um maior contato com  o serviço de saúde. 

Portanto, o ACS deve cumprir seu papel na intervenção do cuidado para a prevenção,  especialmente considerando que São João del-Rei, em Minas Gerais, apresentou índices elevados de  mortalidade por estas causas evitáveis, contribuindo negativamente para os dados do estado.  

Sendo assim, o acolhimento e a abordagem humanizada dos ACS são essenciais para a  implementação eficaz do programa, pois promovem uma conexão mais próxima com a comunidade e  contribuem para alcançar resultados mais satisfatórios. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Conclui-se que o município de São João del Rei apresentou taxa de mortalidade por doenças  crônicas não transmissíveis, como Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial e Infarto Agudo do  Miocárdio, mais elevadas quando comparado ao estado de Minas Gerais no ano de 2020. 

Esses dados sugerem a necessidade de intervenções mais eficazes e direcionadas para  prevenção de agravamento destas enfermidades. Sendo que a atuação dos Agentes Comunitários de  Saúde (ACS) torna-se fundamental nesse cenário, uma vez que eles devem promover a saúde, no  diagnóstico precoce e na adesão ao tratamento.  

Logo, é imprescindível que esses ACS sejam capacitados e valorizados, pois sua proximidade  com a comunidade permite uma abordagem mais humanizada e eficaz no enfrentamento das doenças  crônicas. 

Assim, investir na formação contínua e permanente dos ACS e fortalecer a integração entre eles  e as unidades de saúde podem ser estratégias decisivas para reduzir as taxas de mortalidade e melhorar  a qualidade de vida da população local. 

REFERÊNCIAS 

BORGES, J. W. P. et al. Papel do Agente Comunitário de Saúde no Cuidado à Pessoa com  Hipertensão Arterial na Atenção Primária. Revista Brasileira de Enfermagem, v.72, p.57-65, 2019. 

BRANDÃO, A.P.; BRANDÃO, A.A.; MAGALHÃES, M.E.C.; POZZAN, R. Epidemiologia da  hipertensão arterial. Revista da Sociedade de Cardiologia doEstado de São Paulo. v.13, p. 7-19,  2003. 

BRASIL. Lei 8080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção  e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras  providências. Diário Oficial da União 1990. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília:  Secretaria de Políticas de Saúde, Ministério da Saúde; 2002. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.  Hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Cadernos de Atenção Básica;  no.16; (Série A. Normas e Manuais Técnicos) 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. departamento de Atenção Básica. O  trabalho do agente comunitário de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,  departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 84 p. : il. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual para a organização da  atenção integral ao hipertenso e diabético.Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 

COSTA, M. M. A. São João del-Rei, Tiradentes, Ouro Preto Transparentes . Projeto e coordenação:  Alzira Agostini Haddad. Programa Saúde da Família, 2021. Disponível em:  https://saojoaodelreitransparente.com.br/organizations/view/32#:~:text=O%20Programa%20j%C3%A 1%20cobre%2021,em%2098%2C66%25%2C%20aleitamento. Acesso em: 29 agost. 2024. 

DAUMAS, R. P. et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e  possibilidades no enfrentamento da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, p. e00104120,  2020. 

EYKEN, E. B. B. D.; MORAES, C. L. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares  entre homens de uma população urbana do Sudeste do Brasil. Caderno de Saude Publica. v.25, n.1,  p.111-23, 2019. 

FILGUEIRAS, A. S.; SILVA, A. L. A. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da  saúde do Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, 2011.

FORTES, P. A. C.; SPINETTI, S. R. O agente comunitário de saúde e a privacidade das informações  dos usuários. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 1328-1333, 2004. 

GRAFFIGNA, G. et al. The Motivating Function of Healthcare Professional in eHealth and mHealth  Interventions for Type 2 Diabetes Patients and the Mediating Role of Patient Engagement. Journal of  Diabetes Research, 2016. 

KEBIAN L.V.A, ACIOLI S. A visita domiciliar de enfermeiros e agentes comunitários de saúde da  Estratégia Saúde da Família. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.16, p.161-9. 2014. 

MALTA, D. C, DUARTE, E. C, ALMEIDA, M. F. Lista de causas de mortes evitáveis por  intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Epidemiol Serv Saúde. v.16, p.233-44, 2007. 

MONDINI, L., MONTEIRO, C. A. Mudanças no Padrão da Aumentação da População Urbana  Brasileira. Revista de Saúde Pública, 1996. 

OLIVEIRA, L. A. M.; et. al. Cuidados de enfermagem ao paciente com infarto agudo do miocárdio:  uma revisão integrativa. Brazilian Journal of sugery and clinical research, v. 28, n. 3, p. 77-79,  2019. 

PAIVA, D. C. P.; BERSUSA, A. A. S.; ESCUDER, M. M. L. Avaliação da assistência ao paciente  com diabetes e/ou hipertensão pelo Programa Saúde da Família do Município de Francisco Morato,  São Paulo, Brasil. Cadernos de saúde pública, v. 22, p. 377-385, 2006. 

PARKER, M.; ANWAR, M. Ethical Training in Healthcare: Challenges and Solutions. Health Care  Ethics, n.28, v.4, p. 364-374, 2020. 

SILVA, D.M. Atualização do cadastramento das famílias na Estratégia Saúde da Família:  elaboração de um plano de intervenção. (monografia). Montes Claros: Universidade Federal de  Minas Gerais; 2018. 

SANTOS, I. F.; GABRIEL, M.; CAMPOS MELLO, T. R. Sistema Único de Saúde: marcos históricos  e legais dessa política pública de saúde no Brasil. Humanidades & Inovação, v. 7, n. 5, p. 381-391,  2020. 

SARAIVA, D. B., SARAIVA, M. E. F., Nardi, V.M.S., SANTOS, R. S.S. , LIMA, L. R. Fatores de  riscos relacionados ao infarto agudo do miócardio:uma revisão de literatura. EEDIC. Quixadá, 2021 

SILVA, O. J. Exercício em Situações Especiais In: Crescimento, Flexibilidade, Alterações  Posturais, Asma, Diabetes, Terceira Idade. Florianópolis: UFSC, 122p., 1997. 

TEIXEIRA, E.; FERREIRA, D. S.; SILVA, L. P. R. Processo de trabalho de profissionais de saúde no  contexto do diabetes mellitus: educação permanente online como possibilidade. REH-Revista  Educação e Humanidades, v. 1, n. 1, p.279-290, 2020. 

VICENT, C. et al. Knowledge Confidence and Desire for Further Diabetes-Management Education  among Nurses and Personal Support Workers in Long-Term Care. Can J Diabetes, v. 40, n. 3, p. 226– 33, 2016.