LINFOMA COMO CAUSA DE FÍSTULA GASTROESPLÊNICA: RELATO DE CASO E REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202409042141


Isabella de Oliveira Kallás; Leticia Brito Del Picchia Faria; Ana Paula Ribeiro do Valle Pereira; Paulo Henrique Costa Borduchi.


RESUMO

Paciente , atendido no caráter de urgência no Hospital das Clínicas Samuel Libânio  com quadro de abdome agudo, em sepse. Apresentava lesão esplênica sem plano de clivagem com parede gástrica. Após avaliação optou-se por procedimento cirúrgico, que incluiu esplenectomia, gastrectomia parcial e linfadenectomia, seguida de confecção de jejunostomia à Stamm. Foi evidenciada fístula gastroesplênica, a qual é uma condição extremamente rara e potencialmente fatal, frequentemente associada a linfomas, especialmente os linfomas difusos de grandes células B. Paciente apresentou boa evolução clínica, com alta à oncologia clínica. 

PALAVRAS CHAVES: linfoma não Hodgkin; abdome agudo; fístula gastroesplênica; 

RELATO DE CASO 

Paciente masculino, 56 anos, com lesão expansiva esplênica, achado incidental evidenciado à TC de abdome, associada a dor abdominal, prostração e febre. Era previamente hipertenso, com relato de perda ponderal de 8kg em 30 dias. Encontrava-se em acompanhamento ambulatorial com equipe de oncohematologia por diagnóstico de linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B, adenomegalia generalizada e esplenomegalia, sem relato de quadro febril ou sudorese noturna. Admitido em internação hospitalar frente à piora clínica, realizando-se novo exame de imagem que evidenciou lesão esplênica expansiva sem plano de clivagem com parede gástrica. Após avaliação cirúrgica, optou-se por procedimento cirúrgico, que incluiu esplenectomia, gastrectomia parcial e linfadenectomia, seguida de confecção de jejunostomia à Stamm. O paciente teve evolução satisfatória em ambiente hospitalar. O anatomopatológico confirmou neoplasia maligna compatível com linfoma difuso de grandes células comprometendo baço, hilo esplênico, tecido adiposo peripancreático e parede gástrica.

DISCUSSÃO A fístula gastroesplênica é uma condição extremamente rara e potencialmente fatal, frequentemente associada a linfomas, especialmente os linfomas difusos de grandes células B.¹ Sua ocorrência está relacionada à agressividade desses tumores, que podem invadir órgãos adjacentes, levando ao desenvolvimento da fístula. O diagnóstico da fístula gastroesplênica é considerado desafiador devido à natureza inespecífica dos sintomas. A distinção entre fístula gastroesplênica e abscesso esplênico pode ser difícil, mas a identificação do trajeto fistuloso na tomografia é crucial para um diagnóstico correto, exame que desempenha papel fundamental na sua identificação. O tratamento padrão mais relatado é a cirurgia, que geralmente envolve gastrectomia parcial com ou sem esplenectomia, dependendo do tamanho e da extensão do tumor. Em alguns casos, a quimioterapia pode levar à resolução da fístula, mas pacientes não elegíveis para cirurgia geralmente apresentam prognóstico desfavorável. 

COMENTÁRIOS FINAIS

 Os linfomas complicadores da GSF são uma entidade de doença rara. Embora a cirurgia seja a opção terapêutica mais comum para fístula gastroesplênica, sua realização pode ser desafiadora. Estratégias alternativas, como quimioterapia, podem ser consideradas em determinadas situações, mas mais pesquisas são necessárias para desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes e menos invasivas. 

REFERÊNCIAS

 1. Kang DH, Huh J, Lee JH, Jeong YK, Cha HJ. Fístula gastroesplênica ocorrendo em pacientes com linfoma: revisão sistemática com um novo caso de linfoma extranodal de células NK/T. Mundial J Gastroenterol. 2017;23(35):6491–9. 2. Feryel Letaief Ksontini, Yosra Zaimi, Isaad Nefzi et al. Gastrosplenic fistula due to splenic lymphoma: Two case reports and literature Review, 28 March 2022, PREPRINT (Version 2) available at Research Square [https://doi.org/10.21203/rs.3.rs-620879/v2 3. Khan F, Vessal S, McKimm E, D’Souza R. Fístula gastroesplênica espontânea secundária a linfoma esplênico primário. Representante do Caso BMJ 2010; https://doi.org/10.1136/bcr.04.2010.2932


Hospital das Clínicas Samuel Libânio, Pouso Alegre – MG.