RISCO CARDIOVASCULAR DO ADULTO JOVEM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202408310504


Andréa G. R. Di Masi1;  Ellen Felix Alauk2; Evelyn Carvalho Silva3;  Julia Hashimoto Silvério4; Ludmila C. Da Cunha Preto5; Elias Ferreira Pôrto6


RESUMO

Introdução: O estilo de vida de indivíduos sedentários tem resultado em um aumento de doenças crônicas degenerativas, principalmente cardiovasculares. Portanto, incentivar hábitos saudáveis, como atividades físicas, reeducação alimentar e não uso de tabaco, é fundamental para prevenir essas doenças. Objetivo: avaliar a resposta cardiovascular ao exercício em indivíduos com e sem risco cardiovascular aumentado. Método: Foram realizadas avaliações antropométricas, medidas de pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de hemoglobina, risco cardiovascular, histórico de doenças, duplo produto, recuperação do duplo produto após teste do degrau e questionário de estilo de vida. Os participantes foram divididos em quatro grupos conforme o risco cardiovascular: grupo I – obesidade centrípeta, grupo II – hipertensão arterial, grupo III – tabagistas e grupo IV – sem riscos. Resultados: Foram avaliados 44 participantes, com média de idade de 29 anos, IMC de 24 kg/m², cintura abdominal média de 84,5 cm e frequência cardíaca de repouso de 77 bpm. Eles subiram, em média, 107 degraus no teste de 3 minutos. Dos participantes, 32% eram fumantes e 55% fisicamente ativos. A frequência cardíaca no pico do exercício foi maior entre tabagistas e indivíduos com obesidade centrípeta. No primeiro minuto pós teste, todos recuperaram mais de 23 bpm, mas, no quinto minuto, apenas o grupo sem risco voltou à frequência cardíaca basal. Conclusão: indivíduos tabagistas, com obesidade centrípeta e hipertensão arterial apresentam maior frequência cardíaca no pico do exercício e maior dificuldade de retorno à frequência cardíaca basal pós exercício.

Palavras-chave: cardiovascular; crônicas; saúde; estilo de vida.

Introdução 

Os fatores de risco para doenças cardiovasculares estão ligados a condições genéticas e principalmente a hábitos de vida. Sedentarismo, tabagismo, obesidade, sobrepeso, são evitáveis com a adoção de programas de exercícios e alimentação saudável, ou seja, comportamentos diários em busca da saúde. (Porto et al 2016).

De acordo com o Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo: mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. Estima-se que 17,9 milhões de pessoas morreram por doenças cardiovasculares em 2016, representando 31% de todas as mortes em nível global. Destes óbitos, estima- se que 85% ocorrem devido a ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda e das 17 milhões de mortes prematuras (pessoas com menos de 70 anos) por doenças crônicas não transmissíveis, 82% acontecem em países de baixa e média renda e 37% são causadas por doenças cardiovasculares. Sendo que a maioria destas doenças estão relacionadas ao estilo de vida.

Atualmente, têm-se observado que mudanças no estilo de vida está associada diretamente com certos fatores de risco, dentre eles tabagismo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade e sobrepeso, sedentarismo, dieta pobre em vegetais e frutas, uso de álcool e o estresse psicossocial. Entretanto, ainda existem poucas pesquisas sobre a frequência de fatores de risco em adultos jovens, e tão pouco as consequências destes distúrbios.

Existe alguns componentes de estilo de vida saudável e são eles: Índice de massa corporal ideal, reeducação alimentar, atividade física e não fumar contribuem para que indivíduos adultos jovens tenham níveis ideais de pressão arterial, colesterol, glicemia, reduzindo as chances de mortalidade cardiovascular. (GOODING et al, 2015). Mas questões importantes nessa fase da vida, como a busca de estabilidade no campo profissional, nas relações pessoais, dentre outros, tornam os adultos jovens vulneráveis ao consumismo interferindo nos comportamentos de saúde.

Diante do apresentado fica claro a necessidade de avaliar os fatores que predispõe a saúde cardiovascular, bem como analisar o aumento dos riscos cardiovasculares com relação aos níveis de normalidade, estabelecendo uma correlação com estilo de vida do adulto jovem.

Objetivo 

Avaliar a resposta cardiovascular ao exercício em indivíduos com e sem risco cardiovascular aumentado e correlacionar com estilo de vida.

Métodos 

Trata-se de um estudo transversal e abordagem quantitativa. Este estudo teve como proposta coletar dados para estudar indivíduos com faixa etária entre 20 e 40 anos de idade. O estudo transversal denota analisar por exemplo o fator socioeconômico, idade, sexo, estilo de vida, fatores comportamentais, fatores nutricionais para realizar uma investigação avaliativa de riscos cardiovasculares em jovens adultos. A abordagem quantitativa tem a finalidade de obter dados numéricos, quantificar um problema e tornar válida suas hipóteses.

A coleta de dados foi realizada em ambiente domiciliar dos participantes. Foram recrutados indivíduos adultos jovens de ambos os sexos, com idade mínima de 20 anos e idade máxima de 40 anos.

Participaram deste estudo indivíduos com as seguintes características: adultos jovens de ambos os sexos, portadores ou não de doenças crônicas não transmissíveis. Não fizeram parte deste estudo indivíduos que estão fazendo tratamento quimioterápico, pacientes pós-cirúrgicos com menos de um ano de realização da cirurgia, pacientes pós alta hospitalar inferior a seis meses, indivíduos sequelados por AVC, ou COVID-19.

Foram coletados alguns dados como: pressão arterial, medidas antropométricas, frequência cardíaca, saturação de oxigênio, duplo produto, recuperação do duplo produto após teste de esforço estilo de vida. Os dados foram analisados para o conhecimento de quais são os principais riscos cardiovasculares que estão aumentados em adultos jovens.

Todos os participantes foram inicialmente avaliados para obtenção do histórico de doenças, avaliação antropométricas, medida de pressão arterial, frequência cardíaca, saturação da hemoglobina pelo oxigênio, risco cardiovascular, duplo produto, recuperação do duplo produto após teste do degrau, e questionário de estilo de vida. 

Os participantes foram distribuídos em grupos segundo risco cardiovascular para análise de dados. 

Para este estudo foram utilizados os seguintes instrumentos: Oxímetro, fita métrica, estetoscópio, esfigmomanômetro, escada de 2 degraus, questionário de estilo de vida.  

O método antropométrico permite a avaliação do peso, da estatura e de outras medidas do corpo humano. Ele representa um importante recurso para a avaliação do estado nutricional do indivíduo e ainda oferece dados para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dos indivíduos. (Ministério da Saúde 2010, p.30).

Avaliação mede: a circunferência da cintura do indivíduo com fita métrica; a altura com a régua antropométrica. A PA foi medida com esfigmomanômetro e estetoscópio em perfeitas condições de uso e com técnica adequada. O indivíduo deve estar em repouso, sem empecilhos de vestimenta e postura que atrapalhem a circulação sanguínea. Aferição da frequência cardíaca foi através do oxímetro. 

O teste do degrau de seis minutos (TD6) é um teste simples no qual o paciente sobe e desce uma escada de 2 degraus por 6 minutos em cadência livre, e o número de passos ou degraus é contabilizado. Não requer equipamentos sofisticados nem espaços grandes.

O teste de degraus para verificar a recuperação da frequência cardíaca (FC) foi realizado da seguinte forma: com indivíduo em repouso foi feita a coleta do valor da sua FC, saturação de oxigênio e medida da pressão arterial, logo após, o indivíduo foi instruído a subir e descer uma escada de dois degraus durante três minutos, em seguida ele foi colocado sentado e mais uma vez foram coletados FC de pico e pressão arterial de pico, também foram coletados FC após 1º, 2º, 3º, 4º e 5º minuto após o término do teste de degraus e após cinco minutos, foi coletado pressão arterial. Sendo assim, é observado como foi a recuperação da FC e da pressão arterial de minuto a minuto, totalizando seis aferições de FC e três aferições de pressão arterial. 

O duplo produto tem como característica a multiplicação da frequência cardíaca (FC) pela pressão arterial sistólica (PAS), exemplo: DP=FC X PAS. O resultado com valores acima do normal pode indicar risco cardiovascular.

O desfecho primário neste estudo foi a frequência de risco cardiovascular em indivíduos adultos jovens. O desfecho secundário neste estudo foi o comportamento cardiovascular durante o exercício de indivíduos com e sem risco.

O tempo necessário para cada participante responder o questionário, realizar o teste de degrau e aferições de PA e FC é de 35 minutos. Para realização desta pesquisa foram tomados todos os procedimentos éticos respaldados à resolução CNS 466/12, tais como: solicitação de autorização de pesquisa, autorização para a realização da pesquisa, Termo de consentimento livre e esclarecido, Declaração do pesquisador, Questionários para coleta de dados: os dados obtidos neste estudo são utilizados especificamente para os propósitos desta pesquisa, sendo mantidos sigilo e privacidade dos pesquisados.

Calculo da amostra 

Calculou-se a amostra considerando um α = 0,05 com um poder estatístico de 80% (β =0.20) e considerando que exista um ponto de diferença pela escala visual analógica entre os participantes com alta e baixa funcionalidade.  A diferença de um ponto foi escolhida por ser a mínima diferença clinicamente importante para esta medida (Alfieri 2016). Para comparação entre as médias considerou-se uma variação amostral de 5%, um desvio padrão de 2,0 unidades, uma diferença de 1% a ser detectada. Para responder a principal questão do estudo, o cálculo mostrou que seria necessário avaliar 50 pacientes distribuídos em dois grupos.

Análise estatístico 

Todos os resultados foram expressos em números absolutos e percentagens para as variáveis categóricas, enquanto as variáveis contínuas foram apresentadas como média e desvio padrão (SD) e/ou mediana e intervalo interquartil (IQR). A simetria dos dados será analisada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov.  O teste t Student pareado e não pareado foi utilizado para variáveis com distribuição normal ou o teste de Mann-Whitney e Wilcoxon variáveis com distribuição anormal. Para correlação entre os resultados dos testes e a funcionalidade foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman ou coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância estatística é estabelecido em p <0,05. 

Resultados 

O estudo realizado envolveu participantes com diferentes características e estilos de vida, notou-se que: os participantes tabagistas e com HAS possuem em média 28 anos, enquanto os classificados com obesidade centrípetas possuem em média 34 anos; o IMC varia entre 24,6 à 30 kg/m2, sendo maior nos participantes com obesidade; 57,1% são mulheres, sendo que, 60% são tabagistas, 66,30% possuem HAS e 61,50% são obesas; dos participantes, 32,6% são fumantes e 23% possuem HAS e obesidade; 53% são elitistas, sendo todos tabagistas, 60% deles possuem HAS e 30,7% tem obesidade; 55,1% dos participantes praticam atividades físicas, dentre eles 80% são tabagistas, 60% com HAS e apenas 30,7% com obesidade; na medida da cintura abdominal, a média foi de 84,5 cm, exceto nos participantes com obesidade, onde a média foi de 101 cm; a FC de repouso menor foi dos tabagistas, em média de 76,8 bpm, já nos participantes com HAS e obesidade essa média foi de 81,2 à 84,4 bpm; na aferição da FC máxima, tanto os participantes tabagistas quanto os com HAS ficaram em média de 191 bpm, enquanto os classificados com obesidade permaneceram com 186,4 bpm; na FC reserva os tabagistas atingiram 114,3 bpm, enquanto os hipertensos atingiram 110,4 bpm e os obesos 101,7 bpm. Considerando todos esses aspectos, ao final do teste a quantidade de degraus alcançados por cada grupo de participantes em geral foi de 107 degraus, onde os tabagistas chegaram a 114,4 degraus, os hipertensos 104 degraus e os obesos alcançaram 96,1 degraus. 

Foi avaliado a frequência cardíaca de pico segundo o risco cardiovascular para a amostra e identificamos que os indivíduos tabagistas obtiveram uma frequência cardíaca de pico de exercício maior do que aqueles indivíduos que não apresentavam nenhum risco cardiovascular, isso também foi observado para aqueles indivíduos que tinham obesidade centrípeta. Para ambos os casos a diferença foi estatisticamente significante.

Esse gráfico mostra o comportamento da recuperação da frequência cardíaca desde o pico do exercício até o 5º minuto pós exercício, o ideal é que todos os participantes ao chegarem no 5º minuto a frequência cardíaca volte similar ao que era a frequência cardíaca de repouso. E o que observamos é que apenas aquele grupo de pacientes que não tinham riscos cardiovasculares foram os que conseguiram recuperar completamente a frequência cardíaca durante o 5º minuto. Entretanto identificamos que os indivíduos tabagistas, com hipertensão arterial e com obesidade centrípeta, todos eles ficaram acima de 15 bpm a mais de frequência cardíaca no 5º minuto do que havia no repouso e para o 1º minuto todos os grupos recuperaram mais de 23 bpm.

O principal objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento da frequência cardíaca de indivíduos com e sem risco cardiovascular após exercício submáximo. E foi observado que dentre os principais resultados deste estudo podemos citar:

Primeiro, indivíduos com obesidade subiram menor quantidade de degraus em 3 minutos.

Segundo, a frequência cardíaca de pico foi significantemente maior entre os tabagistas e aqueles indivíduos com obesidade centrípeta em relação aos indivíduos sem risco. Entretanto, os indivíduos com hipertensão arterial sistêmica não foram encontrados essa diferença, possivelmente pelo uso de betabloqueadores.

No entanto, observamos que durante a recuperação da frequência cardíaca pós-exercício, os indivíduos sem risco recuperaram significantemente melhor tanto no primeiro quanto no quarto minuto em relação aos indivíduos com HAS e com obesidade centrípeta ou tabagistas, já na recuperação da FC não houve diferença dos indivíduos com risco cardiovascular.

Discussão 

O principal objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento da frequência cardíaca de indivíduos com e sem risco cardiovascular após exercício submáximo. E foi observado que dentre os principais resultados deste estudo podemos citar:

Primeiro, indivíduos com obesidade subiram menor quantidade de degraus em 3 minutos.

Segundo, a frequência cardíaca de pico foi significantemente maior entre os tabagistas e aqueles indivíduos com obesidade centrípeta em relação aos indivíduos sem risco. Entretanto, os indivíduos com hipertensão arterial sistêmica não foram encontrados essa diferença, possivelmente pelo uso de betabloqueadores.

No entanto, observamos que durante a recuperação da frequência cardíaca pós-exercício, os indivíduos sem risco recuperaram significantemente melhor tanto no primeiro quanto no quarto minuto em relação aos indivíduos com HAS e com obesidade centrípeta ou tabagistas, já na recuperação da FC não houve diferença dos indivíduos com risco cardiovascular.

Percebe-se um significativo aumento da frequência cardíaca dos indivíduos participantes neste estudo durante a realização do exercício físico, como previsto por Guyton & Hall (2021) que diz que a frequência cardíaca e o volume sistólico aumentam em cerca de 95% de seus níveis máximos. Durante a realização do exercício a frequência cardíaca esteve em constante aumento, e podemos observar a variação da mesma durante o período de 5 minutos após a finalização do exercício. 

Segundo Powers e Howley (2014), no comportamento da frequência cardíaca durante o exercício físico, se o indivíduo estiver regularmente fazendo um exercício submáximo e se a resposta da frequência cardíaca a uma carga de esforço fixa estiver diminuindo com o passar do tempo, pode-se concluir razoavelmente que ele está́ progredindo na direção pretendida. 

A FC se comporta de diferentes formas, de acordo com a intensidade do exercício físico, de acordo com Almeida, M. (2007) no exercício intermitente, a FC responde às modulações da intensidade, sendo os maiores valores referentes à maior intensidade de esforço. Neste estudo foi visto que indivíduos com obesidade subiram menor quantidade de degrau, também foi visto que a FC de pico foi maior e a recuperação da FC foi mais lenta.

A obesidade é um fator que age desequilibrando diversos fatores metabólicos tais como as concentrações de glicose, triglicérides, colesterol e lipoproteínas circulantes. As doenças cardiovasculares têm maior prevalência em indivíduos obesos e um dos potenciais mecanismos fisiopatológicos é a alteração na regulação autonômica cardiovascular. Dentre as alterações, a baixa atividade parassimpática é a doença arterial coronariana, assim como é um fator para arritmias e morte súbita em obesos. (DRESPRÉS JP, MOORJANI S, FERLAND M, TREMBLAY A, LUPIEN PJ, NADEAU A, et al. 1989). A avaliação da regulação autonômica cardiovascular pode ser feita pela frequência cardíaca (FC) após teste de esforço, cujo declínio lento permite inferir inadequação da reativação parassimpática. Indivíduos que apresentam lenta recuperação da FC após esforço têm risco maior de mortalidade. Estudos tem sugerido que em testes máximo os pacientes devem recuperar minimamente 23 batimentos no primeiro minuto após o exercício e a frequência cardíaca voltar ao nível basal após o quinto minuto (OKUTUCU S, KARAKULAK UN, AYTEMIR K, OTO A. et al,. 2010)

Indivíduos com obesidade tendem a apresentar um aumento do trabalho da mecânica respiratória, elevando o custo energético da respiração somado ao aumento do trabalho dos músculos intercostais na tentativa de movimentar um tórax mais denso de gordura, além da diminuição da eficácia de musculatura diafragmática, devido ao maior trabalho em se deslocar contra um abdômen distendido (COSTA et al,. 2003)

Além disso, indivíduos obesos tem um aumento da taxa metabólica de repouso em relação a indivíduos eutróficos. Durante exercício, essa situação é agravada devido à elevação de demanda energética necessária para mover membros pesados ou maior massa corporal enquanto caminha, necessitando de uma resposta cardiorrespiratória aumentada ao exercício. (WASSERMAN et al., 2005)

Pode-se afirmar que imediatamente após a cessação do esforço, a reativação vagal (em oposição à atividade simpática) é o principal responsável para o retorno das condições basais, especialmente durante os 30 segundos de recuperação. Consequentemente, este desequilíbrio autonômico (aumento de estímulos simpáticos e/ou falha da atividade parassimpática) pode retardar a diminuição da FC pós-exercícios (RAMOS et al., 2013).

Segundo Lins, Valente, Filho e Barbosa (2014, p.29,30), obesidade foi o mais forte preditor de risco (RR = 1,96) “Quanto à recuperação da frequência cardíaca (RFC) atenuada após esforço, constatou-se que: esteve presente em 87 indivíduos (3,6%, / IC 95% 2, 8-4, 3% ), foi três vezes mais prevalentes no grupo de obesidade (p<0,001) e duas vezes mais prevalentes no grupo de sobrepeso (p=0,010), quando comparados ao grupo de IMC normal. A recuperação atenuada da frequência cardíaca associou-se a maiores IMC, fortalecendo o fato de que obesos apresentam disfunção autonômica vagal” 

Segundo Souza, Ribeiro A. Trevizan, Ribeiro, Bezerra (2023, Revista Foco p.1-12 ), “Apesar de indivíduos com obesidade possuírem uma maior frequência cardíaca instantes após o exercício físico, estes apresentam também menores valores de variação na frequência cardíaca de repouso (i. e. intervalo RR), além de resposta autonômica cardíaca alterada (SANT ANNA JÚNIOR et al., 2015; BRUNETTO et al., 2005). Brunetto et al. (2016), por sua vez, detectaram que em obesos submetidos a esforço a frequência cardíaca é mais elevada no limiar da variabilidade do que em indivíduos não obesos”. Nesse estudo foi visto que 20 obesos tinham adiposidade abdominal (WHR = 1,01), circunferência da cintura de 135,8 cm nas mulheres (25) e de 139,8 cm nos homens (10). Durante TC6M, foi caminhada uma distância de 412,43 m, sem diferenças entre gênero ou adiposidade. Essa distância total percorrida foi explicada isoladamente pelo IMC (45%), FC no sexto minuto (43%), Baecke (24%) e fadiga (-23%). 88,6% dos obesos (31) realizaram o teste acima de 60% da FC Máxima, sendo o pico de FC atingido aos 5 minutos de caminhada. PA e DP aumentaram significativamente com a caminhada, mas sem diferenças entre gênero ou adiposidade.

Um dos importantes achados desse estudo foi que os pacientes com HAS não recuperaram a FC semelhante aos indivíduos sem risco cardiovascular. Durante uma atividade física, o coração aumenta a frequência cardíaca e o volume de sangue bombeado por batida, resultando assim, em um maior débito cardíaco. O sangue é redirecionado para os músculos do corpo e pele, enquanto o fluxo para outros órgãos diminui. Com o treinamento, o coração se torna mais eficiente e a modulação autonômica ajusta a atividade simpática e parassimpática para gerenciar essas mudanças. De acordo com Antelmi et al. (2008), a recuperação da frequência cardíaca imediatamente após o exercício é vista como um reflexo da reativação na modulação da atividade parassimpática e de uma redução na modulação da atividade simpática, geralmente ocorrendo nos primeiros 30 segundos após a atividade física.

A redução aguda da pressão arterial (PA) que ocorre nos minutos ou horas subsequentes à prática física, é conhecida como efeito de hipotensão pós-exercício, tendo elevada significância clínica, pois pode atuar como um hipotensor não farmacológico. Segundo Almeida (2007), a rápida recuperação da FC pós-exercício denotam baixo risco cardiovascular, o que vai de acordo com os achados deste estudo, onde indivíduos hipertensos obtiveram maior latência no retorno da FC. 

A presença de fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a hipertensão, afeta a modulação autonômica cardíaca. Isso se reflete nas respostas da frequência cardíaca durante o exercício, que levam mais tempo para atingir os valores ideais, indicando uma modulação parassimpática insuficiente no início do esforço, ou seja, indivíduos com uma melhor modulação vagal mostraram maior variação na frequência cardíaca durante o exercício resistido máximo (Rodrigues & Quitério, 2018).

Também encontramos que indivíduos tabagistas apresentam dificuldades em recuperar a frequência cardíaca (FC) pós exercício. O consumo de tabaco afeta a função cardiovascular, resultando numa menor resposta cardíaca ao exercício físico. Ou seja, fumar provoca um aumento agudo da resistência vascular periférica e da pressão arterial, por conta da exposição à nicotina. (Ambrose et. al., 2004).

Nas alterações cardiorrespiratórias em repouso, constata-se um aumento da frequência respiratória e queda do pico de fluxo expiratório (PFE), estas são explicadas pelo processo inflamatório agudo de broncoconstrição, causada principalmente pelo alcatrão contido no cigarro, além do acúmulo de secreção nas vias aéreas e a diminuição do calibre dos brônquios. (DAVIDSON, BATISTA, SILVIANO, 2009).

O pico de fluxo expiratório (PFE) diminui assim como o volume corrente, o que obriga o indivíduo a aumentar a frequência respiratória para manter a ventilação alveolar adequada. Devido a essas alterações, o indivíduo tabagista pode apresentar algumas implicações como: destruição tecidual, tosse, falta de ar, acúmulo de secreção, maior risco de hipertensão arterial sistêmica e dificuldade na execução das atividades, (LEVY, SILVA, MORANO, 2005) de tal forma que podem interferir diretamente na performance cardiovascular, exigindo maior esforço para realizar atividades físicas.

O hábito de fumar pode reduzir até 12% a capacidade aeróbia em decorrência da alta concentração de monóxido de carbono (CO) no sangue, onde durante a atividade física o corpo recebe esse suprimento sanguíneo com maior concentração de CO e pode levar à dispneia, limitação do exercício ou um aumento ainda maior da frequência cardíaca do indivíduo tabagista. (ZANONI et. al., 2012, p.148). 

As limitações desse estudo são referentes principalmente ao fato de não termos comprovado totalmente o nível de atividade física por cada um desses indivíduos previamente ao entrar no estudo, isto pode levar a alguns fatores indecisos, pois sabemos que indivíduos que realizam atividade física regularmente têm recuperação da frequência cardíaca melhor após exercícios submáximos, bem como também podem apresentar frequência cardíaca menor no pico do exercício. Entretanto, essa limitação não invalida os resultados deste estudo. 

As implicações clínicas desse estudo estão relacionadas aos fatos de que, estudar a recuperação da frequência cardíaca de indivíduos com e sem riscos cardiovasculares, foi mostrado nesse estudo que esses indivíduos que têm obesidade, que são tabagistas ou hipertensos, mesmo realizando um exercício simples a sua frequência cardíaca é mais elevada e também a maior tempo para que a frequência cardíaca se torne a nível basal e com esses ocorridos 

Conclusão 

Diante dos resultados aqui apresentados é possível concluir que indivíduos considerados tabagistas, ou com obesidade centrípeta e com hipertensão arterial, apresenta maior frequência cardíaca no pico do exercício, e tem maior dificuldade de retorno da frequência cardíaca ao nível basal após exercício.

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 1Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul;
2Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul;
3Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul;
4Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul;
5Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Cruzeiro do Sul;
6Professor assistente da Universidade cruzeiro do Sul, e Professor e orientador do programa strictus sensu da Universidade adventista de São Paulo, Email- profeliasfporto@gmail.com