ARRITMIAS CARDÍACAS EM ATLETAS: DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO

CARDIAC ARRHYTHMIAS IN ATHLETES: DIAGNOSIS AND PREVENTION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408311601


Karyenne Saraiva Machado1,
João Vitor Italiano Braz,2
Orientador: Dra. Giuliana Casas Souza Italiano


RESUMO

Introdução: Arritmia cardíaca em atletas tem atraído uma atenção significativa de profissionais da área, levando em consideração que podem ser associadas a condições mais graves exigindo uma avaliação clínica detalhada com exame físico e histórico médico. Objetivo: A presente revisão possui como objetivo descrever a arritmia cardíaca em atletas e como diagnosticar, além de como prevenir também. Método: Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa na qual foram incluídos artigos originais e de revisão afim de selecionar informações relevantes para o resultado desta pesquisa. Resultados: São diversas as doenças cardiovasculares que podem ser encontradas em atletas e o eletrocardiograma (ECG) é o primeiro passo para identificar irregularidades nos batimentos cardíacos, sendo necessário além disso, exames físicos e avaliação do histórico familiar. Conclusão: O monitoramento de arritmias cardíacas é essencial para a segurança dos atletas, sendo necessário além de um diagnóstico preciso, estratégias de prevenção como avaliações pré-participação, acompanhamento de condições pré-existentes e ainda informações sobre sinais de arritmia.  

Palavras-chave: Arritmias cardíacas; Atletas; Morte súbita em atletas; Doenças cardiovasculares.

ABSTRACT

Introduction: Cardiac arrhythmias in athletes have attracted significant attention from professionals in the field, considering that they can be associated with more serious conditions requiring detailed clinical evaluation including physical examination and medical history. Objective: This review aims to describe cardiac arrhythmias in athletes, focusing on diagnosis and prevention. Method: This study is an integrative bibliographic review that includes original and review articles to select relevant information for this research outcome. Results: Various cardiovascular diseases can be found in athletes, with the electrocardiogram (ECG) being the initial step to identify irregularities in heartbeats. Additionally, physical examinations and evaluation of family history are necessary. Conclusion: Monitoring cardiac arrhythmias is essential for athlete safety, requiring not only accurate diagnosis but also preventive strategies such as pre-participation evaluations, management of pre-existing conditions, and education about arrhythmia symptoms.

Keywords: Cardiac arrhythmias; Athletes; Sudden death in athletes; Cardiovascular diseases.

INTRODUÇÃO

Alterações cardíacas relacionadas ao exercício, incluindo hipertrofia, dilatação, bradicardia e arritmias decorrentes de atividade física crônica vivenciada por atletas foram relatadas há mais de dois séculos e continuam a ser de interesse para médicos e cientistas. Os primeiros casos de coração aumentado (final do século XIX) foram relatados em remadores da Universidade de Harvard, esquiadores nórdicos de elite e corredores da Maratona de Boston, vistos principalmente como modificações úteis em resposta ao exercício. A evolução do eletrocardiograma (ECG) revelou anormalidades de hipertrofia cardíaca na atividade elétrica do coração, enquanto os avanços na ecocardiografia e na ressonância magnética levaram a uma melhor compreensão do coração do atleta (PITTARAS et al., 2023).

Parada cardíaca súbita(PCS) é a principal causa médica de morte em atletas e pode ocorrer independentemente da idade e do condicionamento físico. Para aqueles com mais de 35 anos, a doença arterial coronária aterosclerótica é responsável pela maioria das mortes durante a atividade física. Atletas mais jovens em risco de PCS durante o exercício são aqueles com cardiomiopatias subjacentes ou síndromes de arritmia hereditárias. Independentemente da condição subjacente, esses eventos cardíacos potencialmente fatais ocorrem com mais frequência durante o exercício. O exercício frequentemente demonstrou reduzir o risco de longo prazo de doença cardiovascular, enquanto, ao mesmo tempo, exercícios extenuantes aumentam agudamente o risco de PCS (MALIK et al., 2023).

A atenção  voltada  para  a  cardiologia  esportiva  cresceu  após  a introdução  da  triagem  pré-participação  e  a  necessidade  de  educação específica  sobre  a  interpretação  do  eletrocardiograma  (ECG)  em  atletas, dadas as diferenças entre os atletas e a população em geral. A triagem pré-participação   é   uma   avaliação   médica   realizada   em   atletas   antes   de competições  esportivas  com  o  objetivo  de  detectar  uma  condição  cardíaca clinicamente  silenciosa  que  pode  aumentar  o  risco  de  MSC  ou  que  pode piorar com exercícios intensivos (SUZAKI et al, 2024).

A prevenção de arritmias e doenças cardiovasculares em atletas é de fundamental importância para a qualidade de vida e bem estar destes indivíduos, além de ser crucial também o diagnóstico através do acompanhamento realizado por profissionais da área. O objetivo do presente trabalho é explorar e descrever as arritmias cardíacas em atletas além de doenças cardiovasculares que podem existir em conjunto.

MATERIAL E MÉTODO 
CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

 Pesquisa de método indutivo, com natureza básica, objetivo explicativo e abordagem quantitativa. Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa que utilizou publicações disponíveis em bancos de artigos científicos como os portais SCIELO, Pubmed e Science Direct.

COLETA DE DADOS
Critérios de Inclusão

Foram considerados na inclusão estudos de revisão bibliográfica, publicados nos idiomas português e inglês, que descreviam arritmias cardíacas em atletas, como diagnosticar e prevenir.

Critérios de Exclusão

Como critérios de exclusão, foram considerados os seguintes aspectos: (1) estudos que não estivessem dentro do recorte temporal 2020-2024; (2) estudos que não possuem o diagnóstico e/ou a prevenção de arritmias cardíacas em atletas como temática principal; (3) estudos com ausência de clareza na descrição dos resultados.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo de revisão integrativa foi organizado a partir dos seguintes passos: a) temática de pesquisa; b) critérios de inclusão e exclusão; 3) levantamento dos dados relevantes; d) avaliação dos estudos encontrados; e) seleção dos estudos para análise integrativa; f) interpretação dos dados e g) apresentação da revisão integrativa e dos dados coletados conforme o que será exposto a seguir.

Os principais artigos selecionados e analisados estão dispostos na tabela 1, com período de publicação seguindo uma ordem decrescente, dos publicados mais recentemente até ao mais antigo, para melhor compreensão dos dados. 

Tabela 1. Principais artigos selecionados para revisão integrativa de literatura considerando autores; ano de publicação; objetivos; métodos; resultados e conclusões.  

AUTOR/ ANOOBJETIVOMETODOLOGI ARESULTADOSCONCLUSÕES
FYYAZ et al., 2022Em uma tentativa de separar o mito da realidade, esta revisão relata as evidências que sustentam a noção de “muito exercício”, os supostos mecanismos de arritmia cardíaca induzida por exercício e a interação complexa com disciplina esportiva, demografia, genética e fatores adquiridos.Revisão integrativa.A incidência de arritmias com risco de vida em atletas de resistência é baixa e geralmente reflete doença cardíaca hereditária ou congênita. Exercícios extremos podem causar efeitos prejudiciais; os mecanismos propostos são complexos, com diversas rotas de investigação em andamento.O exercício continua sendo um dos tratamentos mais potentes e econômicos contra doenças cardiovasculares e mortalidade cardiovascular. Atualmente, as evidências sugerem que mesmo exercícios de alta intensidade e alto volume, e o estilo de vida associado de atletas de resistência de elite, conferem benefícios significativos, com atletas ganhando uma média de 5 a 7 anos de vida em comparação com indivíduos sedentários.
CASTELLETTI et al., 2021Além de fornecer uma visão geral da literatura existente relacionada às adaptações cardíacas, esta revisão explora possíveis razões para as diferenças de sexo e se concentra no gerenciamento de distúrbios cardiovasculares que afetam atletas femininas.Revisão Integrativa.Embora os dados sejam escassos, dadas as diferenças entre os sexos, essas descobertas apoiam a teoria de que os hormônios sexuais provavelmente regulam a repolarização cardíaca. Alguns estudos relataram uma menor incidência de eventos arrítmicos em indivíduos afetados competindo em esportes.Em contraste com os homens, atletas de resistência do sexo feminino não apresentam uma prevalência maior de FA e CAC elevado, de acordo com dados atuais. A SCD durante o esporte é significativamente menos comum em mulheres do que em homens e é principalmente secundária a doenças elétricas em vez de anormalidades estruturais.
COMPAGNUC CI et al., 2021Nesta revisão, fornecemos uma visão geral do conhecimento atual sobre epidemiologia fisiopatologia, diagnóstico e tratamento de miocardite, ICM e mio pericardite/ peri miocardite em atletas, com ênfase especial em arritmias, terapias personalizadas para o paciente e questões de elegibilidade esportiva.Revisão IntegrativaAtletas com miocardite devem abster-se de participar de esportes competitivos ou de lazer por 3 a 6 meses, uma janela de tempo durante a qual a prática de esportes pode aumentar o risco de morte cardíaca súbita e piorar a inflamação do miocárdio. Recomendações semelhantes se aplicam ao tratamento de atletas com mio pericardite/ perimiocarditeA inflamação miocárdica/ pericárdica é relativamente comum em atletas e pode pressagiar complicações potencialmente ameaçadoras, incluindo morte cardíaca súbita. Uma avaliação completa do paciente, incluindo CMR e EMB (guiada por EVM) é fundamental para o gerenciamento bem sucedido e pode fornecer dados essenciais para a avaliação segura da elegibilidade esportiva e para a estimativa do prognóstico.
KOCHI et al., 2021Este artigo tem como objetivo revisar todos os aspectos relacionados à morte súbita cardíaca em atletas, começando com definições e epidemiologia passando pela etiologia e características clínicas, terminando com uma discussão sobre a melhor abordagem investigacional ambulatorial.Revisão integrativa.Em atletas, a apresentação da miocardite é heterogênea, e estabelecer o diagnóstico é desafiador sem um padrão ouro clínico uniforme atual. As informações combinadas de sintomas, eletrocardiografia, testes laboratoriais, ecocardiografia, ressonância magnética cardíaca e, em certos casos, biópsia endomiocárdica podem ajudar a estabelecer o diagnóstico.A morte súbita cardíaca no atleta é um evento relativamente raro, mas como a prática esportiva está crescendo, e sua ocorrência é uma tragédia, em termos absolutos, é uma questão bastante relevante. A doença causadora não é a mesma através de diferentes perfis populacionais. Portanto, a estratégia de triagem deve ser adaptada à demanda local.
HURWITZ et al., 2020Esta revisão tem como objetivo resumir as evidências atuais e as diretrizes de tratamento para o gerenciamento da miocardite na população ativa.Revisão integrativa.Estabelecer uma abordagem gradual para diagnóstico adequado e estratificação de risco, com ênfase em técnicas contemporâneas de ressonância magnética cardíaca (RMC), na miocardite é fundamental. Após o diagnóstico de miocardite, é fundamental que qualquer atleta ou indivíduo altamente ativo se abstenha de exercícios físicos. Além disso, a terapia para insuficiência cardíaca deve ser aplicada em casos de miocardite com disfunção cardíaca.O esforço físico é provavelmente um gatilho para arritmias perigosas e propaga ainda mais o dano miocárdico em atletas com miocardite. Por esse motivo, a abstinência de esportes é uma faceta crítica do gerenciamento no período inflamatório inicial. O uso de ressonância magnética cardíaca, especificamente realce tardio com gadolínio, para orientar as decisões de retorno ao jogo está se tornando mais comum na prática clínica.
TORRISI et al., 2020A morte súbita cardíaca (MSC) é a causa médica mais comum de morte em atletas. A MSC em atletas também foi associada ao uso de drogas para melhorar o desempenho. Esta revisão teve como objetivo focar em mortes relacionadas ao abuso de esteroides anabólicos androgênicos para investigar o mecanismo fisiopatológico cardíaco que está por trás desse tipo de morte, que ainda precisa ser totalmente investigado.Esta revisão foi conduzida usando os bancos de dados PubMed Central e Google Scholar, onde treze artigos preencheram os critérios de inclusão e exclusão, para um total de 33 casos relatados.Dos 33 casos, 31 (93,9%) eram homens, enquanto apenas 2 (61%) eram mulheres. A idade média foi de 29,79 e, entre os esportistas, a atividade esportiva mais representada foi o fisiculturismo. Em todos os casos, havia histórico de abuso de AAS ou um fenótipo físico sugerindo uso de AAS, sendo os mais detectados nandrolona, testosterona e estanozolol. As alterações macroscópicas mais frequentemente relatadas foram cardiomegalia e hipertrofia ventricular esquerda, enquanto as alterações histológicas foram focos de fibrose e necrose do tecido miocárdico.Quatro mecanismos principais responsáveis pela MSC foram propostos em abusadores de AAS: o modelo aterogênico, o modelo de trombose, o modelo de vasoespasmo induzido pela liberação de óxido nítrico e o modelo de lesão miocárdica direta. Hipertrofia, fibrose e necrose representam um substrato para arritmias, especialmente quando combinadas com exercícios.

Os benefícios do exercício para a saúde segundo estudos de Fyyaz et al.1, estão bem estabelecidos e vão além do sistema cardiovascular. Esses benefícios advêm da modulação dos fatores de risco tradicionais para doença cardiovascular aterosclerótica, bem como por meio de um efeito anti-inflamatório no endotélio vascular e alterações na regulação autonômica. Uma meta-análise em quase 900.000 indivíduos demonstrou que o grupo fisicamente ativo teve uma redução de 35% no risco de morte cardiovascular e 33% na mortalidade por todas as causas. Atletas de resistência se exercitam rotineiramente muito além das recomendações da OMS. A elevação sustentada da pressão cardíaca e das cargas de volume associadas ao exercício regular promovem uma série de adaptações elétricas, estruturais e funcionais, coletivamente denominadas ‘coração de atleta’. A natureza e a magnitude das mudanças variam de acordo com a disciplina esportiva, etnia, idade e sexo, e podem se sobrepor a fenótipos leves de condições associadas a arritmias e morte cardíaca súbita. Dilatação extrema da cavidade, hipertrofia ventricular esquerda, escores elevados de cálcio da artéria coronária, liberação aguda de biomarcadores cardíacos, fibrose miocárdica e arritmias cardíacas foram todos relatados, levantando a preocupação de uma relação em forma de U invertido entre o volume de exercício e a saúde cardiovascular, com diminuição do benefício cardiovascular e dano potencial.

Castelletti e Gati2, através da revisão realizada, trazem como resultado algumas doenças cardiovasculares que costumam atingir atletas femininas, sendo elas: Cardiomiopatias, miocardite, hipertensão induzida pelo exercício, doença cardíaca isquêmica, dissecção espontânea da artéria coronária, prolapso da válvula mitral, síndrome do QT longo. As diferenças sexuais nas alterações eletrofisiológicas são bem conhecidas. As mulheres têm maior automaticidade do nó sinoatrial, função do nó atrioventricular, condução infra-hisiana e maior duração do potencial de ação ventricular, o que pode influenciar a prevalência de arritmias em atletas femininas. No entanto, a grande maioria dos estudos se concentrou principalmente em populações atléticas masculinas e as análises de dados são limitadas. As atletas femininas parecem ter menor risco de bradiarritmias e vias acessórias do que os atletas masculinos, incluindo um maior grau de bloqueio atrioventricular. Em contraste, as taquicardias de reentrada nodal atrioventricular parecem ser mais prevalentes em mulheres.

A revisão de Compagnucci et al.3, traz que, semelhante à relação entre vários fatores de risco e eventos cardiovasculares, a atividade física e a doença cardiovascular são ligadas por uma curva em forma de J. Enquanto o exercício físico de intensidade moderada exerce efeitos protetores ao melhorar muitos fatores de risco para doença cardiovascular aterosclerótica, períodos repetidos e prolongados de exercício intenso, típicos da prática de esportes de resistência (ou seja, corrida de maratona, ciclismo), podem se traduzir em um aumento paradoxal no risco de eventos cardíacos ateroscleróticos e não ateroscleróticos. Vários mecanismos putativos podem predispor os atletas a desenvolver inflamação miocárdica. A prática esportiva intensa em condições climáticas extremas, por um período prolongado e em espaços lotados pode prejudicar as respostas imunológicas protetoras, ao mesmo tempo em que facilita a aquisição de infecções do trato respiratório superior ou gastrointestinais, que podem até mesmo ocorrer de forma completamente assintomática. Esportes de resistência, como maratonas, demonstraram prejudicar os componentes celulares (especialmente células assassinas naturais, neutrófilos e macrófagos) e humorais (produção de imunoglobulina A [IgA]) da resposta imunológica da mucosa a patógenos.

Segundo Hurwitz e Issa4, existem várias modalidades de diagnóstico disponíveis para definir e avaliar pacientes com suspeita de miocardite, cada uma com precisões variáveis. A miocardite pode ser especialmente difícil de diagnosticar em populações atléticas, pois muitos indivíduos apresentarão sintomas vagos e pouco específicos.

Portanto, estabelecer uma abordagem gradual para o diagnóstico adequado e estratificação de risco, com ênfase nas técnicas contemporâneas de ressonância magnética cardíaca (RMC), é fundamental e pode permitir melhores resultados para o paciente. Quando há suspeita de miocardite em um atleta com sintomas cardíacos, elevações nos marcadores inflamatórios séricos (velocidade de hemossedimentação, proteína C-reativa) e enzimas cardíacas (troponina, creatina quinase, peptídeos natriuréticos) podem ajudar a estabelecer um diagnóstico. Anormalidades no eletrocardiograma do paciente (desvio de ST, depressão de PR, arritmias) ou ecocardiograma (fração de ejeção ventricular esquerda ou direita deprimida, anormalidades regionais de movimento da parede, derrame pericárdico) podem dar suporte adicional ao diagnóstico de miocardite. No entanto, a doença arterial coronária deve sempre ser considerada e excluída como causa de testes cardíacos anormais.

A revisão de Kochi et al.5, diz que como muitas das condições cardíacas que causam morte súbita cardíaca em atletas podem não apresentar sintomas de alerta, tem havido uma discussão considerável sobre o papel dos testes de triagem pré-participação para avaliar doenças cardiovasculares ocultas. A interpretação de ECGs em atletas também é complicada pelo fato de que o exercício pode estar associado a uma série de achados de ECG que não são patológicos, mas podem ser percebidos como tal, especialmente por clínicos não acostumados a interpretar ECGs em indivíduos atléticos. Com o tempo, o refinamento nos critérios de ECG levou a uma redução na taxa de falsos positivos. O último consenso adicionou o conceito de ECG limítrofe e forneceu uma avaliação mais precisa. 

CONCLUSÃO

Através do que foi representado na presente revisão, é possível observar que a arritmia cardíaca representa um grande desafio para a medicina esportiva, necessitando uma abordagem multidisciplinar que visa proteger a saúde e o bem estar dos atletas. Exames de imagem, avaliações clínicas e monitoramento contínuo são algumas das precauções que devem ser tomadas quando se fala do “coração de atleta”, pois a prática intensa de exercícios físicos pode revelar distúrbios cardíacos pré-existentes. 

REFERÊNCIAS

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1Acadêmica de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil
2Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil