APLICABILIDADE DE TERAPIAS COMPLEMENTARES COMO MÉTODO DE ALÍVIO DA DOR DURANTE O TRABALHO DE PARTO

APPLICABILITY OF COMPLEMENTARY THERAPIES AS A METHOD OF PAIN RELIEF DURING LABOR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202408221611


Williane Pereira Silva 1
Amanda Ayara de Souza Marques 2
Ana Clara Santos Lima 3
Danielly Ramos dos Santos 4
Larissa Rayane Alencar do Espírito Santo Araújo 5
Maria Suzana Bezerra 6
Nathalia Maria da Silva Santos 7
Rita de Cássia Arraes 8
Vanessa Ferreira de Melo 9
Sarah Laís da Silva Rocha 10


Resumo

INTRODUÇÃO: A relevância de explorar as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como alternativa ou complemento aos métodos tradicionais de assistência ao parto. OBJETIVO: Identificar na literatura científica quais são as PICS utilizadas para o alívio da dor durante o trabalho de parto. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura de abordagem qualitativa. As buscas foram realizadas na Biblioteca Virtual  de  Saúde  (BVS)  nas  bases de  dados MEDLINE, BDENF e LILACS. Os Descritores  em  Ciências  da Saúde  (DECS/MESH): Terapias Complementares; Parto; e Dor do Parto, utilizando o operador booleano AND. Foram estabelecidos critérios de inclusão: artigos dos últimos cinco anos, nos idiomas inglês, português, e espanhol, disponíveis na íntegra. Como critérios de exclusão, foram desconsideradas teses, dissertações, outras revisões da literatura e estudos que não estão em consonância com o tema proposto. Após a leitura na íntegra dos trabalhos, selecionou-se uma amostra final de 12 artigos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Os artigos destacam a importância de abordagens não farmacológicas e complementares no manejo do trabalho de parto e parto. No entanto, é crucial realizar mais pesquisas para entender melhor a eficácia e os mecanismos de ação dessas intervenções, bem como garantir sua segurança e integração adequada na prática clínica. CONCLUSÃO: As terapias complementares têm o potencial de desempenhar um papel significativo na melhoria da experiência do trabalho de parto e no alívio da dor, proporcionando às mulheres mais opções e controle sobre sua jornada de parto. Destacam-se, sobretudo, a escassez de artigos existentes relacionados à temática. Diante disso, identifica-se uma grande necessidade de promover o desenvolvimento de mais pesquisas para preencher essa lacuna científica, bem como a construção e implementação de novas investigações abordando o assunto em questão.

Palavras-chave: Terapias Complementares. Parto. Dor do Parto. Gravidez.

1 INTRODUÇÃO

A gravidez representa um intervalo de notáveis transformações físicas, mentais e sociais, manifestando-se no corpo e na mente da mulher. Essas mudanças são de caráter temporário, embora perdurem ao longo da maior parte da gestação. Consequentemente, compreender o que as mulheres vivenciam torna-se imperativo, uma vez que frequentemente não demandam intervenções farmacológicas, mas sim orientações, supervisão e a aplicação de técnicas ou abordagens integrativas. Tais abordagens visam guiar esse período de modo agradável e saudável (Fernandes et al., 2021).

A dor no trabalho de parto é uma vivência desafiadora e significativa, distinta de outros tipos de dor, influenciada por fatores cognitivos, sociais e ambientais. A experiência da dor pode ser percebida de maneira positiva ou negativa, possuindo influência pela presença de um acompanhante, estratégias de alívio da dor e conforto, assim como um ambiente seguro. Destaca-se a importância dos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica na promoção de experiências positivas de parto e no impacto da vivência da dor do trabalho de parto para as mulheres (Oliveira, 2023).

A humanização durante a gestação e o trabalho de parto é de extrema importância, pois visa garantir que a mulher seja tratada com dignidade, respeito e autonomia durante esse período crucial. Ao adotar uma abordagem humanizada, os profissionais de saúde buscam proporcionar um ambiente acolhedor, no qual as necessidades físicas, emocionais e sociais da gestante sejam atendidas. Isso inclui o estímulo ao parto natural, respeitando o tempo da mulher e suas escolhas, além de oferecer apoio emocional, informações claras e a presença de um acompanhante de sua escolha. A humanização também se reflete na promoção do parto seguro e na redução de intervenções desnecessárias, contribuindo para uma experiência mais positiva e empoderadora para a gestante. Essa abordagem reforça a importância do cuidado centrado na mulher, valorizando sua participação ativa no processo de gestação e parto (Batista et al., 2021).

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) buscam a integração do homem com a sociedade e meio ambiente através de recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, visando a prevenção de doenças e recuperação da saúde. Dentre as práticas, existem a Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Yoga, Aromaterapia, Hipnoterapia, dentre outras diversas (Brasil, 2006).

As PICS foram institucionalizadas através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), por meio da  Portaria GM/MS nº 971, de 3 de maio de 2006, buscando a melhoria dos serviços, o aumento da resolutividade e o incremento de diferentes abordagens, tornando disponíveis opções preventivas e terapêuticas aos usuários do SUS (Brasil, 2006).

Partindo dessa premissa, as PICS configuram-se como uma alternativa para a minimização da dor da parturiente. A intensidade da dor durante o trabalho de parto varia amplamente, influenciada por alguns fatores, como as características biológicas, duração das contrações uterinas, a pressão realizada no assoalho pélvico para expulsão do feto, bem como, fatores sociais, psicológicos e culturais. As questões psicológicas, envolvendo medo e ansiedade, desenvolvem um processo de retroalimentação, aumentando a intensidade da dor (Pereira et al., 2020).

No Trabalho de Parto (TP), as PICS estão ganhando crescente destaque, conferindo uma dimensão mais humanizada à primeira etapa, na qual a mulher vivencia contrações contínuas. Essa abordagem visa a salvaguardar o direito de escolha da mulher, ao mesmo tempo que reconhece os múltiplos benefícios que tais práticas oferecem tanto à mãe quanto ao bebê (Cavalcanti et al., 2019).

A utilização de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no contexto do trabalho de parto tem se mostrado uma abordagem promissora para promover o bem-estar materno e fetal. Este estudo busca justificar a relevância de explorar as PICs como alternativa ou complemento aos métodos tradicionais de assistência ao parto, considerando seu potencial impacto na experiência da gestante, na progressão do trabalho de parto e no desfecho do nascimento.

Ao compreender a importância e os benefícios das PICs neste contexto, é possível ampliar as opções de cuidado durante o trabalho de parto, proporcionando uma abordagem mais holística e centrada na mulher, alinhada às demandas atuais por práticas de saúde mais humanizadas e integrativas. (Silva et al., 2020)

Portanto, objetivou-se identificar na literatura científica quais são as PICS utilizadas para o alívio da dor durante o trabalho de parto.   

2 METODOLOGIA 

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura de abordagem qualitativa, abrangendo as seguintes etapas metodológicas: formulação da questão norteadora; busca e seleção dos estudos primários; extração dos dados relevantes; avaliação criteriosa dos estudos incluídos; interpretação dos resultados obtidos e, por fim, a apresentação clara e concisa dos achados nesta revisão (Mendes; Silveira; Galvão, 2019).

A pergunta norteadora que guiou o estudo foi: “Quais são as terapias complementares na literatura científica para alívio da dor durante o período ativo do trabalho de parto?”. A questão foi desenvolvida a partir do acrônimo população, conceito e contexto (PCC) considerando População (P): Pacientes em trabalho de parto; Conceito (C): Terapias complementares para alívio da dor; Contexto (C): Hospitalar.

Foram estabelecidos critérios de inclusão: artigos dos últimos cinco anos (2018 a 2023), nos idiomas inglês, português, e espanhol, disponíveis na íntegra. Como critérios de exclusão, foram desconsideradas teses, dissertações, outras revisões da literatura e estudos que não estão em consonância com o tema proposto.

As buscas pareadas foram realizadas na Biblioteca Virtual  de  Saúde  (BVS)  nas  bases de  dados Medical Literature    Analysis    and    Retrieval    System    Online (MEDLINE), Base   de   Dados   de   Enfermagem (BDENF) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências  da  Saúde  (LILACS). Os Descritores  em  Ciências  da Saúde  (DECS/MESH): Terapias Complementares; Parto; e Dor do Parto, utilizando o operador booleano AND.

Durante a etapa de seleção dos estudos, inicialmente, procedeu-se à análise dos títulos e resumos. Posteriormente, após a leitura na íntegra dos trabalhos, selecionou-se uma amostra final de 12 artigos. A seleção de artigos está representada na Figura 1, conforme adaptação das recomendações do protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) utilizado em revisões sistemáticas.

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos artigos segundo o PRISMA, 2020.

Fonte: Adaptado pelos autores.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente foram encontrados 76 estudos, após a leitura na íntegra e exclusão dos trabalhos que não estavam em consonância com o tema abordado nesta revisão e duplicados, foram incluídos 12 artigos para compor a síntese desse artigo. Os artigos foram analisados e organizados em uma tabela.

Quadro 1. Caracterização dos artigos incluídos na amostra final (n=12).

TÍTULOAUTOROBJETIVORESULTADOS
Use of complementary and alternative medicine in pregnancy and labour pain: a cross-sectional study from turkeyOzturket al. (2022)Investigar a prevalência,  utilização e atitudes da medicina complementar e alternativa de mulheres turcas durante a gravidez e parto21,2% já fazia uso durante a vida antes de engravidar, 71,5% fez o uso durante a gravidez, e 72% afirmaram preocupação do uso da medicina complementar levar à ameaça do parto prematuro. É válido ressaltar que características sociodemográficas e obstétricas influenciam de maneira significativa o uso de medicina complementar, onde existe maior prevalência de uso em gestantes casadas (96,5%), que concluíram o ensino médio (41%), sem atividade remunerada (55%) e com gravidez planejada (79%).  
A randomized clinical trial on the effect of foot reflexology performed in the fourth stage of labor on uterine afterpain Sharifiet al. (2022)Investigar o efeito da reflexologia podal realizada na quarta fase do trabalho de parto nas dores posterioresHouve uma média de escore de dor de pós parto (P= 0,05 )na primeira hora e (P =0,274 )na segunda hora o que não levou a uma diferença significativa entre os grupos ,já o grupo de reflexologia  na terceira hora (P <0,001 ) e na quarta hora (P<  0,001) pós parto média  pós parto foi de (P = 0,001)
Terapia floral na evolução do parto e na tríade dor-ansiedade-estresse: estudo quase experimentalPitilin et al.(2022)Avaliar como a terapia floral na evolução do trabalho de parto e na tríade dor-ansiedade-estresse das mulheres ocorreu durante o nascimentoAs variantes analisadas como dilatação cervical, contrações uterinas , cortisol e tempo de trabalho de parto apresentam diferenças significativas entre o Grupo Floral quando comparado com o placebo
Vivência de mulheres em trabalho de parto com o uso de essências floraisLara et al.(2020)Avaliar o comportamento de mulheres expostas   ao uso de essências florais como meio terapêutico  não medicamentoso para o alívio da dor e ansiedade durante o trabalho de partoApurou-se que os efeitos da terapia floral, atuam em consonância , na redução dos sintomas do estresse-medo-tensão , além de contribuir para o aumento do bem estar emocional proporcionando as parturientes a oportunidade de protagonizar o seu próprio trabalho de parto e parto
Parâmetros maternos e perinatais após intervenções não farmacológicas : um ensaio clínico randomizado e controladoMelo et al.(2019)Entender os efeitos do banho quente, de exercícios perineais com bola suíça ou e ambos durante o trabalho de parto em parâmetros maternos e perinataisParâmetros maternos pressão arterial sistólica mantida abaixo de 100 MMHG pressão arterial diastólica diminuiu em todos os grupo e se manteve não menos que 70 MM hg a frequência cardíaca diminuiu nos grupos BC porém se manteve acima de 80 BPM a frequência respiratória esteve acima de 20 rpm em todos os grupos a dilatação cervical foi de 5,0cm antes das intervenções e de 1,3 cm após as intervenções
Complementary therapies in labor randomized clinical trialCavalcanti et al.(2019)Analisar o efeito do banho quente de chuveiro e exercícios perineais com bola Suíça de forma conjunta e isolada em relação a percepção da dor-ansiedade e evolução do trabalho de partoHouve uma redução na ansiedade em todos os grupos especialmente quando utilizado o banho de chuveiro, a dilatação aumentou ( P=0,001), assim como o número de contrações uterinas principalmente quando utilizado os dois métodos combinados, assim como diminuição do tempo de trabalho de parto
Evidências científicas sobre métodos não farmacológicos para alivio a dor do partoMascarenhas et al.(2019)Verificar na literatura nacional e internacional , estudos que compreendem a aplicabilidade de métodos não medicamentosos na redução da dor do partoDiante dos artigos selecionados destacam-se métodos não medicamentosos encontrados em destaque em acupuntura suas principais variações (acupressão e auriculoterapia)(29,17%), terapias térmicas (8,33%),hidroterapia (25%), exercícios perineais com bola suíça(16,67%) e os outros métodos (20,83%)
Aromaterapia para alívio da dor durante o trabalho de partoSilva et al.(2018)Avaliar o uso da aromaterapia para alívio da dor durante o trabalho de parto Nota-se que a aromaterapia possui uma grande variedade com propriedades específicas tornando-se um método satisfatório para o alívio ou diminuição da dor-ansiedade e medo, assim como auxilia na redução do tempo do trabalho de parto
Effectiveness of auricular therapy on labor pain:randomized clinical trialMafetoni et al.(2018)Analisar o efeito da auriculoterapia na dor durante o trabalho na dor durante a fase mais ativa do trabalho de parto102 parturientes  participaram do estudo divididas em três grupos ,  a percepção da dor foi menos nas parturientes do G1 , foi observado que as parturientes que receberam a auriculoterapia tiveram uma redução na intensidade da dor
Manejo no farmacológico del dolor em lá atencioso del parto: experiência desde las practicas formativasValênciaet al.(2018)Descrever como os os estudantes de enfermagem de uma universidade privada percebem a aplicação de medidas não medicamentosos para o manejo da dor durante o parto no componente teórico e prático62,5% foram mulheres e 37,37% foram homens com idade média em 24,4 anos diante da análise das narrativas apresentadas surgem duas Categorias e 10 subcategorias dentre elas os participantes vila visualizaram medidas não medicamentosas que apresentam componente teórico mas não pratico surgiram dúvidas acerca dos materiais mínimos para formação de um kit para aplicação dessas medidas não medicamentosos no manejo da dor
Terapias complementares no trabalho de parto: ensaio clínico não Random mijada Random mijadaCavalcanti et al.(2019)Observar o efeito do banho quente no chuveiro e exercício perineal com bola suíça de forma isolada e em conjunto, sobre a sensação da dor ansiedade e da progressão do trabalho de partoNotou-se um aumento na pontuação da dor em contrapartida teve redução na ansiedade ainda vale ressaltar o aumento na dilatação cervical e o número de contrações uterinas principalmente quando utilizado banho e a bola em conjunto
Use of the shower aspersion combined with the swiss ball as a method of pain relief em the active labor stageSilva et al.,(2018)O estudo busca uma relação entre o banho de aspersão e o uso da bola suíça como meio para alívio da dor durante o trabalho de partoNotou-se que o uso em conjunto do banho de aspersão e da bola suíça provocou um alívio da dor durante trabalho de parto diminuindo o tempo do trabalho de parto e o estimulando

Fonte: Autoria própria.

Os estudos abordam uma variedade de intervenções não farmacológicas e complementares utilizadas durante o trabalho de parto, incluindo medicina complementar e alternativa (MCA), reflexologia podal, terapia floral, banho quente, exercícios perineais com bola suíça e outras terapias complementares. Cada estudo traz contribuições importantes para o campo da obstetrícia e destaca tanto os benefícios quanto às limitações dessas intervenções.

No artigo sobre o uso de medicina complementar e alternativa (MCA) durante a gravidez e parto na Turquia, o autor Özturk, et al., (2022),  aborda em seus resultados uma alta taxa de utilização de MCA entre as gestantes, com fitoterapia, meditação espiritual e  técnicas de toque terapêutico sendo os métodos mais comuns. Embora haja uma atitude predominantemente positiva em relação à MCA, preocupações sobre seu uso durante o parto foram relatadas. Este estudo destaca a importância da comunicação aberta entre gestantes e profissionais de saúde sobre o uso de MCA, bem como a necessidade de educação adequada sobre essas práticas.

Já o artigo “Os efeitos da reflexologia podal no alívio da dor uterina pós-parto em mulheres multíparas”, aborda resultados que sugerem a reflexologia podal como um efeito positivo no alívio da dor, destacando seu potencial como uma intervenção não farmacológica para o manejo da dor pós-parto. No entanto, são necessárias mais pesquisas para confirmar esses resultados e entender melhor como a reflexologia podal pode ser integrada na prática clínica (Sharifi et al., 2022).            

 Na perspectiva de Lara et al., (2020), destaca-se que as mulheres frequentemente experimentam medo, estresse e ansiedade durante o parto, o que pode aumentar a percepção da dor e dificultar o processo de parto natural. O equilíbrio emocional durante o trabalho de parto é fundamental para minimizar a dor, visto que o estresse desencadeia respostas biológicas que intensificam a sensação dolorosa.

Além disso, a Terapia Floral consegue auxiliar as mulheres a lidar com o estresse e a ansiedade, promovendo relaxamento, confiança e coragem durante o trabalho de parto. O estudo menciona a eficácia das essências florais na redução da ansiedade e do estresse, bem como na promoção do relaxamento e do bem-estar emocional. Os relatos de enfermeiros e observações durante o corte temporal demonstram que as mulheres que receberam a terapia floral mostraram-se mais calmas, concentradas e confiantes durante o parto em comparação com aquelas que não receberam (Lara et al., 2020).

Por outro lado, um estudo quase-experimental que investigou o efeito da terapia floral na evolução do trabalho de parto e na tríade dor-ansiedade-estresse, Pitilin et al., (2022), relata em seus resultados as diferenças significativas entre o grupo que recebeu terapia floral e o grupo placebo em relação à dilatação cervical, contrações uterinas e níveis de cortisol. O grupo que recebeu terapia floral mostrou uma evolução mais rápida do trabalho de parto e uma redução nos níveis de cortisol, indicando menor estresse durante o parto. Os achados do artigo também sugerem que a Terapia Floral pode ser uma estratégia eficaz e de baixo custo para promover uma evolução mais rápida do trabalho de parto, reduzindo a necessidade de intervenções médicas, como cesarianas. Além disso, o estudo destaca que o uso de medidas complementares e alternativas, como a Terapia Floral, pode contribuir para a humanização do parto e para o bem-estar emocional das mulheres durante esse processo (Pitilin et al., 2022). 

Ao correlacionar o artigo de Lara et al., (2020), com o de Pitilin et al., (2022), podemos observar que ambos destacam a importância do bem-estar emocional das mulheres durante o trabalho de parto e como abordagens não farmacológicas, como a Terapia Floral, podem desempenhar um papel significativo na redução do estresse, da ansiedade e da dor, promovendo uma experiência de parto mais positiva e tranquila. Essas abordagens podem complementar os cuidados obstétricos tradicionais, oferecendo às mulheres opções adicionais para gerenciar suas emoções e sensações durante o parto. 

Referente aos efeitos de intervenções não farmacológicas, como banho quente e exercícios perineais com bola suíça, durante o trabalho de parto. Os resultados sugerem que essas intervenções são seguras e não afetam negativamente os parâmetros maternos e perinatais. Embora tenha havido um aumento no escore de dor após as intervenções, as parturientes relataram sentimentos de segurança e conforto. Esses resultados ressaltam a importância de considerar a experiência subjetiva das mulheres durante o trabalho de parto ao avaliar a eficácia dessas intervenções. Isso destaca a importância de considerar essas opções no manejo do trabalho de parto para promover a humanização do processo (Melo et al., 2020).  

O estudo de Cavalcanti et al., (2019), investigou o efeito de terapias complementares, como o banho quente de chuveiro e exercícios perineais com bola suíça, tanto isoladamente quanto combinados, sobre a percepção da dor, ansiedade e progressão do trabalho de parto. Participaram do estudo 128 parturientes, divididas em três grupos de intervenção. Os resultados mostraram que o banho de chuveiro isolado causou um aumento estatisticamente significativo na percepção da dor. No entanto, as parturientes relataram sentir-se seguras, relaxadas e confortáveis durante a intervenção, o que sugere que apesar do aumento da dor, houve uma boa aceitação das terapias. A água aquecida em torno de 37ºC provavelmente promoveu redistribuição do fluxo sanguíneo e liberação de endorfinas, resultando em sensação de conforto e redução da dor.                             

Além disso, foi observado que a dilatação cervical aumentou em média 1,4 cm após as intervenções em todos os grupos, indicando uma progressão do trabalho de parto. A ansiedade também foi reduzida, principalmente no grupo que recebeu o banho de chuveiro, e as parturientes de cor parda ou preta apresentaram níveis de ansiedade menores em comparação com as brancas. O tempo decorrido entre a intervenção e o nascimento foi menor no grupo que recebeu as terapias combinadas, indicando uma evolução mais rápida do trabalho de parto. A presença de um acompanhante durante o trabalho de parto foi comum e associada a maiores níveis de satisfação e redução da ansiedade (Cavalcanti et al., 2019). 

 Os métodos não Farmacológicos durante o trabalho de parto, visa a humanização dedicada às parturientes pelos profissionais de saúde, promovendo a experiência prazerosa do nascimento,  tendo em consideração a crença, sentimentos, dores, decisões. A enfermagem deve atuar na percepção da dor e ornamentar métodos variados para o alívio do desconforto sentido pela mulher no processo. (Valência Mlj et al., 2018)

 De acordo com o autor, Mascarenhas et al., (2019), os métodos não Farmacológicos (MNF) na redução da dor obteve resultado positivo em parturientes, destacando-se a acupuntura e a acupressão agindo sobre aspectos fisiológicos para redução da dor. Ademais, a musicoterapia, banho quente de aspersão, técnicas de respiração e aromaterapia, como também, exercícios perineais adotados para reduzir a dor  do Trabalho de parto como, a bola suíça agindo em consonância com outras MNFs atuando no relaxamento. 

 Visando o relaxamento, a Aromaterapia de óleos essenciais sendo utilizada no processo age de maneira integrada à necessidade tendo efeitos positivos ao esperado. Tendo em vista suas determinações e exigências,  o cuidado do uso durante o primeiro trimestre deve ser evitado por risco a prematuridade. A Aromaterapia pode ser usada como forma de inalação, óleos, ingestão de chás, tendo em consideração a preferência da parturiente, assim contribuindo para seu bem estar (Silva et al., 2018).

O estudo realizado por Mafetoni et al., (2018), mostra eficiência ao realizar Auriculoterapia em parturientes no período de Trabalho de parto. Mostra-se dessa forma, a efetividade do método, observando-se o escore Eva em todos os períodos da avaliação, admitindo assim os níveis de dor decrescendo. Assim, é possível afirmar que a Auriculoterapia é um mecanismo que permite à parturiente passar pelo processo de parto com as dores amenizadas. É válido ressaltar que são escassos os  estudos sobre o tema em análise.

Ao observar o manejo da bola suíça e os banhos de aspersão com água quente, Cavalcanti et al., (2019), concluiu que os resultados esperados não foram alcançados, embora a redução da ansiedade e o aumento da dilatação cervical foi significativa, em contrapartida a dor durante o processo não foi amenizada. Antagônico a isso, o autor Selva et al., (2018) percebeu com a utilização do método discutido, o alívio da dor das parturientes e a diminuição do tempo do trabalho de parto, compreende assim,  a variabilidade das reações refletidas por meio da bola suíça e os banhos quente de aspersão. 

Logo, esses artigos destacam a importância de abordagens não farmacológicas e complementares no manejo do trabalho de parto e parto. No entanto, é crucial realizar mais pesquisas para entender melhor a eficácia e os mecanismos de ação dessas intervenções, bem como garantir sua segurança e integração adequada na prática clínica. Se esquecer de entender o contexto da mãe, juntamente com o momento tão único do parto, pensando assim em um ser biopsicossocial.

4 CONCLUSÃO

A revisão integrativa sobre a aplicabilidade de terapias complementares como método de alívio da dor durante o trabalho de parto revela uma gama de opções promissoras para melhorar a experiência das mulheres neste momento crucial. Desde técnicas tradicionais, como acupuntura e massagem, até abordagens mais contemporâneas, como hipnose e aromaterapia, as terapias complementares oferecem alternativas eficazes e seguras para a gestão da dor durante o trabalho de parto.

Os resultados desta revisão destacam a importância de uma abordagem holística na assistência ao parto, que reconhece não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais e psicológicos envolvidos. Além disso, a inclusão de terapias complementares no contexto do parto promove uma maior autonomia da mulher, permitindo-lhe participar ativamente do processo de tomada de decisão sobre seu próprio cuidado.

Embora mais estudos sejam necessários para validar a eficácia e segurança dessas terapias em diferentes contextos e populações, os achados desta revisão sugerem que as terapias complementares têm o potencial de desempenhar um papel significativo na melhoria da experiência do trabalho de parto e no alívio da dor, proporcionando às mulheres mais opções e controle sobre sua jornada de parto. Assim, sua integração nas práticas obstétricas pode contribuir para uma assistência mais humanizada e centrada na mulher.

Como principais limitações do estudo, destacam-se, sobretudo, a escassez de artigos existentes relacionados à temática. Diante disso, identifica-se uma grande necessidade de promover o desenvolvimento de mais pesquisas para preencher essa lacuna científica, bem como a construção e implementação de novas investigações e intervenções abordando o assunto em questão.

REFERÊNCIAS

BATISTA, G.J et al. A importância expressiva da humanização no trabalho de parto. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.] , v. 7, pág. e53510716656, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i7.16656. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/16656. Acesso em 14 ago. 2023.

Brasil. Ministério da Saúde.  Portaria Nº 971, De 03 De Maio De 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasil, DF, 03 de maio de 2006. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html. Acesso em: 15 set. 2023.

CAVALCANTI, A. C. V et al. Terapias complementares no trabalho de parto: ensaio clínico randomizado. Revista Gaúcha de enfermagem, p. e20190026–e20190026, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1043025. Acesso em: 24 mai. 2024.

CAVALCANTI, A. C. V. et al. Complementary therapies in labor: randomized clinical trial. Revista Gaúcha de  Enfermagem, p. e20190026–e20190026, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-31553374. Acesso em: 30 mai. 2024.

CAVALCANTI, A. C. V. et al. Terapias complementares no trabalho de parto: ensaio clínico randomizado. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 40, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/PMRKWGm6pwNvFwCtZDz88bh/. Acesso em: 15 set. 2023.

FERNANDES K. S. et al. Uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde pelos profissionais em gestantes com dores lombares: revisão integrativa. Revista BrJP, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 161-6, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/brjp/a/Mn44LGPqZpwFx7VX739gvTD/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 14 ago. 2023.

LARA, S. R. G. DE et al. Experience of women in labor with the use of flowers essences. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, p. 162–168, 10 jan. 2020. Disponível em: https://seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/7178/pdf. Acesso em: 30 mai. 2024.

MAFETONI, R. R et al. Effectiveness of auricular therapy on labor pain: a randomized clinical trial. Texto & contexto enferm, p. e20180110–e20180110, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1043486. Acesso em: 30 mai. 2024.

MASCARENHAS, V. H. A. et al. Evidências científicas sobre métodos não farmacológicos para alívio a dor do parto. Acta Paulista Enfermagem, p. 350–357, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1010804. Acesso em 30 mai. 2024.

MELO, P. S. et al. Parâmetros maternos e perinatais após intervenções não farmacológicas: um ensaio clínico randomizado controlado. Acta Paulista Enfermagem(Online), p. eAPE20190136–eAPE20190136, 2020. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1100859. Acesso em: 25 mai. 2024.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. DE C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 17, n. 4, p. 758–764, dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/XzFkq6tjWs4wHNqNjKJLkXQ/abstract/?lang=pt. Acesso em: 15 mar. 2024.

OLIVEIRA, Marta Gabriela Gil de. A vivência da dor experienciada pela mulher durante o trabalho de parto/parto. 2023. 170 f. Tese (Doutorado) – Curso de Enfermagem, Superior de Enfermagem Coimbra, Coimbra, 2023.

ÖZTÜRK, R.; EMI NOV, A.; ERTEM, G. Use of complementary and alternative medicine in pregnancy and labour pain: a cross-sectional study from turkey. BMC Complement Med Ther, p. 332–332, 2022. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-36517809. Acesso em 21 mai. 2024.

PEREIRA, A. C. C. et al. Métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto: revisão sistemática. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 10, p. e4448, 16 out. 2020. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/4448. Acesso em: 15 set. 2023.

PITILIN, E. B. et al. Terapia floral na evolução do parto e na tríade dor-ansiedade-estresse: estudo quase-experimental. Acta Paulista Enfermagem (Online), p. eAPE02491–eAPE02491, 2022. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1364231. Acesso em 25 mai. 2024.

SHARIFI, N. et al. A randomized clinical trial on the effect of foot reflexology performed in the fourth stage of labor on uterine afterpain. BMC Pregnancy Childbirth, p. 57–57, 2022. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-35062899. Acesso em: 25 mai. 2024.

SILVA, AD do V.; CUNHA, EA da; ARAUJO, RV Os benefícios das práticas integrativas e complementares no trabalho de parto. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.] , v. 7, pág. e614974468, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i7.4468. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4468. Acesso em: 18 mar. 2024.

SILVA, C. A.; LARA, S. R. G. Use of the shower aspersion combined with the swiss ball as a method of pain relief in the active labor stage. Brazilian Journal Of Pain, v. 1, n. 2, 2018. Disponível em: scielo.br/j/brjp/a/CZTKgqNPJTvTc8YjmFP7r3k/?lang=en. Acesso em: 24 mai. 2024.

SILVA, M. A. D. A et al. Aromaterapia para alívio da dor durante o trabalho de parto. Revista de enfermagem UFPE online, p. 455–463, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1010322. Acesso em: 30 mai. 2024.

VALENCIA, M. L. J. et al. Manejo no farmacológico del dolor en la atención del parto: experiencia desde las prácticas formativas. Revista Cuidarte. (Bucaramanga. 2010), p. e667–e667, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1094642. Acesso em: 24 mai. 2024.


1 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: willianesilva@aluno.fapce.edu.br
2 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: amandaayara@aluno.fapce.edu.br
3 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: clarasantos@aluno.unifapce.edu.br
4 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: daniellyrs@aluno.unifapce.edu.br
5 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: larissa218@aluno.fapce.edu.br
6 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: Suzana@aluno.unifapce.edu.br
7 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: nathaliasilva@aluno.fapce.edu.br
8 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail:ritinha123@aluno.fapce.edu.br
9 Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Paraíso Campus Juazeiro do Norte e-mail: enfermeiravanessa67@gmail.com
10 Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário Paraíso – UniFAP. E-mail: sarahlais09@hotmail.com