UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DA INTERPROFISSIONALIDADE PARA RESIDENTES

USE OF LEARNING TOOLS IN TEACHING INTERPROFESSIONALITY TO RESIDENTS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408172259


Deborah Carolina Lucena Oliveira1,
Claudete Matias Portela Martins2,
Lilian de Cássia Lopes Pinheiro de Souza3,
Elizabeth Cristina Franco Freire4,
Jéssica Maria Lins da Silva5


RESUMO

O estudo busca descrever a experiência de uma atividade educativa executada por preceptores de Enfermagem e Serviço Social acerca da temática desenvolvida no âmbito da preceptoria com residentes do Programa de Residência Multiprofissional da FSCMPA. Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência, descritivo e reflexivo com abordagem qualitativa. Os achados apontam que as ferramentas: tempestades de ideias, mapa mental e discussão dialogada possibilitaram a ressignificação do olhar do residente para sua própria atuação tanto de maneira isolada quanto em equipe. Além disso, a prática interprofissional inserida no percurso de atuação do residente contribuiu para exploração de aspectos não contemplados durante a graduação, gerando interação, troca de saberes e experiência do fazer em equipe. A ação facilitou o avanço e a superação de várias barreiras no processo de ensino-aprendizagem, bem como pôde fomentar uma prática colaborativa, a qual influenciará diretamente para uma assistência qualificada.

Palavras-chave: Preceptoria; Educação Interprofissional; Avaliação Educacional.

1 INTRODUÇÃO

O fenômeno da interprofissionalidade é compreendido como um avanço na prestação de serviços à saúde envolvendo as diversas áreas de conhecimento que juntas desenvolvem uma prática de cuidado à saúde coesa e integrada, em resposta às necessidades reais dos usuários. A Organização Mundial da Saúde tem conceituado que a educação interprofissional ocorre quando duas ou mais profissões aprendem sobre os outros, com os outros e entre si, para uma efetiva colaboração e melhora dos resultados na saúde (Organização Mundial de Saúde, 2010).

A prática colaborativa na atenção à saúde, comumente intitulada como prática interprofissional colaborativa interprofissional, ocorre quando os profissionais efetuam suas assistências embasados na integralidade do cuidado. Nesse sentido, é válido ressaltar que a literatura define essa interação como uma forma de conhecer o papel de diferentes especialidades e propiciar maior unificação da equipe de saúde, visando a promoção de melhores resultados, qualificação dos processos de trabalho, otimização e fortalecimento do sistema de saúde, bem como orientação e atuação resolutiva, com vistas a melhor produção do cuidado em saúde centrado nas necessidades dos usuários (Costa; Toassi, 2017).

Outrossim, enfatiza-se que no cotidiano da assistência à Saúde é possível observar a tendência de profissionais exercerem uma prática isolada, dificultando a comunicação efetiva e o cuidado compartilhado, fato propiciado por um processo de formação voltado exclusivamente a sua área de atuação, em detrimento da valorização do trabalho em equipe. Tal situação pode ser notada nas residências em saúde, nas quais há uma quebra constante dos processos de trabalho (Escalda; Parreira, 2018).

Nesse ínterim, a identificação da interprofissionalidade como aspecto relevante advém do conceito de educação interprofissional como aprendizado interativo para o desenvolvimento de competências colaborativas entre os profissionais de diferentes categorias. Além disso, a preceptoria impõe a necessidade de uma atuação colaborativa para superação de ações isoladas, as quais estão presentes diariamente na atenção ao usuário e, consequentemente, durante o processo de ensino e aprendizagem com os residentes porém, não basta a intencionalidade em promover ações colaborativas entre profissões, precisamos que esta esteja materializada em concepções teóricas e estratégias metodológicas (Flor et al., 2022).

Ademais, faz-se imprescindível frisar que o trabalho em equipe quando bem articulado e com objetivos definidos, possui a capacidade de modificar o preceptor e o residente, assim como promover avanços no processo de ensino- aprendizagem proposto pelo programa de residência multiprofissional, pois proporciona qualificação ao mesmo. Durante as atividades desenvolvidas nos cenários de prática pode-se contribuir para um ambiente propício ao debate e ao desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a estes profissionais em formação. Segundo estudos, através da educação interprofissional (EIP) o estudante desenvolve o manejo necessário para participar de maneira coletiva dos serviços prestados à população, havendo uma tendência das instituições de ensino utilizarem a EIP como meio para o desenvolvimento de habilidades e competências colaborativas que contribuam para qualidade das práticas de saúde (Lourenção; Silva; Borges, 2019).

Outrossim, os autores classificam as competências em três tipos de competências primordiais para a prática profissional à esses profissionais, sendo elas: competências comuns, consideradas aquelas que devem ser desenvolvidas por todos os profissionais para que estejam habilitados a trabalhar no mesmo ambiente, neste caso, no Sistema Único de Saúde; competências colaborativas, são as que possuem maior relevância no que concerne à integração da equipe, haja vista que representam um conjunto de articulações e saberes mútuos entre as profissões; e, ainda, competências específicas, que são as focadas em cada profissão e suas respectivas demandas (Lourenção; Silva; Borges, 2019).

Desse modo, é possível verificar que os residentes, durante sua formação, não recebem noções pedagógicas adequadas para o trabalho em equipe dentro de uma perspectiva de Educação Interprofissional, sendo necessário lançar mão de estratégias específicas para que o preceptor introduza esse conhecimento no percurso formativo desses profissionais, favorecendo o desenvolvimento de competências e visando maior integração da equipe (Marques et al., 2021).

Assim, considerando que o cenário de formação da residência é um ambiente propício para o desenvolvimento dessas capacidades e que a interprofissionalidade é um aspecto a ser qualificado durante a prática, o presente relato objetiva descrever a experiência de uma atividade educativa executada por preceptores de Enfermagem e Serviço Social acerca da temática desenvolvida no âmbito da preceptoria com residentes do Programa de Residência Multiprofissional da FSCMPA.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência, descritivo e reflexivo com abordagem qualitativa acerca de uma ação educativa com métodos ativos de ensinoaprendizagem, implementada na Residência Multiprofissional Atenção à Saúde da Mulher e da Criança da FSCMPA.

O Programa de Residência tem como instituição formadora a Universidade do Estado do Pará (UEPA), autarquia educacional, e instituição executora a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará (FSCMPA). Além disso, apresenta como instituições parceiras a Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) e a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (SESMA).

A Residência multiprofissional da FSCMPA iniciou em março de 2012 com 16 (dezesseis) residentes, chegando ao ano de 2023, conforme informações da Coordenação de Residência Multiprofissional (COREMU), com 35 (trinta e cinco) residentes e 221 (duzentos e vinte e um) preceptores nas seguintes áreas profissionais: assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais (Projeto de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde da Mulher e da Criança, 2011).

Os cenários de prática do programa de residência abrangem o campo da Atenção Primária, secundária e terciária à Saúde, a saber: as Unidades Básicas de Saúde da SESMA e Unidades de referência da SESPA, às quais são adicionadas unidades do programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher e Atenção Integral à Saúde da Criança e Adolescente.

Destaca-se como principais cenários de atuação prática dos residentes os ambulatórios e as áreas de internação da FSCMPA, locais nos quais diariamente acompanham os preceptores nos atendimentos com os usuários e seus familiares, desenvolvem atividades de educação e saúde, realizam estudos científicos e produção acadêmica, sendo corresponsáveis pelo acolhimento e atenção à medida que avançam no seu processo de conhecimento e desenvolvimento de habilidades.

Além disso, é válido frisar que os preceptores recebem os residentes nos cenários de atuação conforme cronograma definido pela tutoria, desenvolvem suas atividades embasados pelo Projeto Político Pedagógico da Residência Multiprofissional da FSCMPA, que possui, como eixos norteadores: práticas interdisciplinares em saúde/educação, realização de atividades complementares, organização do sistema de avaliação, condições de infra-estrutura e avaliação de resultado dos processos de ensino e aprendizagem. Acrescenta-se, ainda, atender as diretrizes e princípios fundamentados no planejamento, avaliação somativa e formativa, acompanhamento das situações, ações e medidas com caráter qualitativo e quantitativo, mediante a realização de estudos coletivos e individuais, participação em reuniões científicas e produção técnico-científica (Projeto de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde da Mulher e da Criança, 2011).

Ademais, ressalta-se que o processo ensino-aprendizagem vivenciado nesse programa apresenta aspectos e oportunidades diferentes daquelas experimentadas em sala de aula que, via de regra, se restringe apenas na relação aluno/professor, haja vista que quando o residente está em um cenário de prática, ele fortalece competências e habilidades profissionais, mediado pela figura do preceptor e pelas relações vivenciadas com os usuários em seu campo de prática.

Assim, levando em consideração as oportunidades formativas nesse contexto, optou-se por desenvolver uma atividade educacional com objetivo de oportunizar aos residentes a reflexão acerca das práticas colaborativas no trabalho. Esta atividade não estava prevista no calendário de ação da residência multiprofissional, tendo sido planejada a partir da percepção de um grupo de preceptores de que havia a necessidade de qualificar a temática da Interprofissionalidade com o residente/aluno, possuindo como recurso uso de ferramentas pedagógicas.

O local escolhido foi uma sala de reuniões onde são desenvolvidas atividades de educação em saúde, localizada em uma das unidades de saúde utilizadas como campo de prática. Essa escolha ocorreu de modo a facilitar o acesso e evitar deslocamento do local de atuação tanto dos preceptores quanto dos residentes, bem como pela necessidade de um espaço privativo e seguro, onde a equipe estivesse livre de possíveis interrupções que produzissem entraves e/ou barreiras na execução das atividades planejadas.

Para a realização da ação foram planejados dois momentos de discussão com utilização das seguintes ferramentas de ensino: brainstorming (tempestade de ideias), mapa mental e discussão dialogada, as quais foram escolhidas por serem metodologias ativas e reflexivas pedagogicamente atrativas e estimulantes aos participantes. Além disso, elencou-se como a metodologia de avaliação da atividade a utilização de palavras-chaves para propiciar o exercício da criticidade.

Na primeira atividade a equipe de preceptores elaborou quatro questões para que o grupo discutisse e formulasse respostas sobre sua compreensão acerca de seu papel como membro da equipe de saúde, as percepções e sentimentos sobre o campo de prática e conceito de interprofissionalidade, sendo elas: “O que eu faço?”; “Quem sou eu na equipe de saúde?”; “Me sinto parte da equipe de saúde do meu campo de prática?” e “O que eu compreendo sobre interprofissionalidade?”.

No segundo momento, os preceptores planejaram trabalhar a leitura e discussão do texto: “Educação Interprofissional e Integralidade do cuidado: uma leitura Filosófica contemporânea dos Conceitos”, cuja leitura antecipada foi orientada aos participantes (Peduzzi et al., 2013). Após isso, a finalização da ação se daria a partir da elaboração de um mapa mental com o tema central: Interprofissionalidade para promover o pensamento crítico e reflexão das ideias entre os residentes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, durante a primeira etapa da ação, foi possível perceber que alguns residentes se encontravam comedidos e entusiasmados com a atividade que seria desenvolvida. Para aumentar a adesão e participação, os preceptores realizaram uma apresentação da equipe e falaram um pouco da temática que seria trabalhada.

Após isso, pediram para que os residentes fizessem o mesmo, enfatizando, além de sua apresentação pessoal, o que esperavam da ação e o que sabiam sobre o assunto. Nesse momento foi possível perceber que eles começaram a engajar-se com a proposta, havendo relatos de boas perspectivas quanto ao desenvolvimento da temática, bem como curiosidade sobre a forma com a qual ele seria abordado.

Dando continuidade, o grupo foi indagado quanto às quatro perguntas escritas pelos preceptores para orientarem o processo. Nesse ínterim foi possível constatar através da fala dos residentes que muitos se sentiam desconfortáveis com a equipe de profissionais em alguns cenários, haja vista que não havia um acolhimento considerado adequado em alguns cenários de prática. Com isso, também enfatizaram que, por vezes, não se sentiam parte integrante da equipe e que ainda eram tratados como estudantes e não como profissionais.

Dessas falas também houve alguns apontamentos positivos durante as respostas às questões iniciais, frisaram vivências de acolhimento com empatia e cuidado tanto pelos preceptores quanto pelos funcionários da instituição nos diversos cenários em que atuavam.

Finalizando a primeira etapa, os preceptores reiteraram pontos positivos e negativos, enfatizando as principais palavras que foram elencadas pelos participantes realizando, dessa forma, uma chuva de palavras para fomentar a discussão e reflexão sobre a importância de ressignificar algumas delas.

As principais palavras citadas pelo grupo destacam-se: invisibilidade, respeito, diálogo, articulação, saberes, desafios e trabalho em equipe. A partir disso, houve uma discussão sobre elas, na qual tanto os residentes quanto a equipe de preceptores evidenciaram a necessidade de mudanças efetivas junto a equipe de profissionais dos cenários em que estão lotados, em especial com foco no acolhimento e atitudes respeitosas aos residentes em formação.

No segundo momento da ação o grupo foi separado em duas partes para discutirem o texto que havia sido indicado para leitura, sendo instruídos a expressarem os conhecimentos absorvidos na leitura através da construção do mapa mental que seria exposto em cartaz disponibilizado pelos preceptores. Com isso, os grupos prontamente iniciaram a atividade proposta, se mostrando disponíveis a realizar a atividade e debatendo ativamente sobre os principais tópicos a serem elencados para posterior exposição.

Após a confecção do material, os residentes apresentaram perspectivas conceituais da interprofissionalidade, relacionando-as e enfatizando sua importância na assistência à saúde. Utilizaram palavras, símbolos e desenhos para expressar o que compreenderam sobre o texto. Todos se mostraram muito engajados, opinando e contribuindo com as ideias dos colegas.

Depois dessa etapa, os presentes se reuniram para um momento de feedback e reflexões sobre a temática e as ideias desenvolvidas a partir da atividade. Os residentes destacaram palavras-chaves acerca da atividade vivenciada, pontuaram a relevância do assunto e que a ação serviu como precursora de novas condutas.

Além disso, alguns residentes enfatizaram as dificuldades de acolhimento no dia a dia da atenção, o que prejudicava o sentimento de pertencimento da equipe, posto que não se reconheciam como integrantes da mesma. Os preceptores validaram a importância dos residentes no processo de cuidado e como membros da equipe de saúde, haja vista que eles, como profissionais, também possuem conhecimentos técnico-científicos adquiridos na caminhada formativa.

Por fim, durante as discussões foi reiterado o papel de preceptores e residentes como multiplicadores dos conhecimentos adquiridos sobre interprofissionalidade, evidenciando a importância da participação e da disseminação das condutas interprofissionais no ambiente de trabalho e durante todo o processo de ensino-aprendizagem da residência multiprofissional.

Diante da experiência relatada com os alunos/residentes, fica evidente que ações educacionais que possibilitam lugar de fala, reflexão e construção coletiva, enriquecem a formação interprofissional e consequentemente os prepara para um cuidado compartilhado num processo transformador. Nessa relação de troca, todos ganham, principalmente os usuários, pois preparar profissionais para uma atuação em conjunto, permite que o usuário seja percebido de forma integral, em sua subjetividade, dentro de seu contexto histórico (Peduzzi; Agreli, 2018).

Outrossim, a partir desse estudo foi possível verificar que a discussão sobre Interprofissionalidade é imprescindível na formação dos profissionais de saúde, haja vista que essa lacuna pode influenciar diretamente na qualidade da assistência prestada, bem como nas relações interpessoais a serem desenvolvidas pela equipe, as quais, quando adequadas, propiciam um cuidado integral ao usuário (Pereira, 2018).

Conforme apontado na literatura, a educação interprofissional constitui uma abordagem educacional que capacita estudantes e profissionais da área da saúde a colaborar em equipes interprofissionais, aprimorando suas habilidades e conhecimentos para uma prática colaborativa altamente eficiente. Diante desse conceito, é possível compreender que a escolha das ferramentas de ensino utilizadas foi eficaz para essa finalidade, posto que contribuíram para a organização do raciocínio, planejamento, gerenciamento de informações e processo de comunicação entre as pessoas (Costa; Toassi, 2017).

Consoante ao exposto, compreender a prática colaborativa interprofissional como aspecto relevante no processo ensino-aprendizagem contribuiu efetivamente para que as percepções e significados compartilhados em equipe durante as vivências pudessem repercutir na qualidade da atenção à saúde, provocando mudança de atitudes e satisfação no trabalho. Desse modo, a interseção entre a prática colaborativa e o clima de trabalho em equipe favoreceram a interação, comunicação, compromisso e compreensão da necessidade de desenvolver formas inovadoras de atender as necessidades dos usuários e da população do território (Reeves, 2016).

Assim, as estratégias utilizadas para a abordagem do conteúdo, bem como para o fomento das discussões foram essenciais para o entendimento dos residentes sobre conceitos, assim como para estimular a dinâmica da equipe interprofissional. Além disso, também foi possível observar que a reflexão acerca da necessidade de interação adequada entre os residentes e os profissionais da equipe também ocorreu de forma crítica. Tal conduta é positiva para o engajamento da equipe de saúde no cuidado holístico (Silva; Dalbello-Araujo, 2019).

Considerando que a forma de aprendizado possibilitou a troca mútua de conhecimentos e experiências, ficou destacado nas atividades a importância do trabalho interprofissional, do cuidado centrado no usuário, das interações profissionais saudáveis, da integralidade, da colaboração, da disponibilidade e do acolhimento. Logo, é possível inferir que ações como a realizada neste estudo possibilitam o desenvolvimento e consolidação da equipe interprofissional (Souza; Ely; Toassi, 2022).

Desse modo, fortalecer a Educação interprofissional em saúde na formação dos residentes é uma estratégia necessária no processo ensino-aprendizagem, especialmente através de ferramentas de aprendizagem e avaliação, uma vez que elas facilitam a obtenção de conhecimentos, habilidades e competências para a prática colaborativa, a qual é fundamental na assistência qualificada e segura ao paciente. Assim, propiciar essas vivências no Programa de Residência Multiprofissional contribui efetivamente para sua formação, tendo em vista a importância da Equipe interprofissional para a assistência conjunta (Viana; Hostins, 2022).

Portanto, é notório que a abordagem dessa temática ainda representa um desafio no que concerne a sua constância nas instituições de ensino e nos cenários de residência multiprofissional. Todavia, reitera-se a relevância do preceptor no manejo da Educação interprofissional, principalmente quando trabalhada com metodologias ativas de aprendizagem, haja vista que elas estimulam maior participação do residente, colocando-o como agente resolutivo das problemáticas a serem debatidas (Wanderbroocke et al., 2018).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a importância da interprofissionalidade na prática colaborativa de atenção à saúde, a experiência relatada aponta que as ferramentas: tempestades de ideias, mapa mental e discussão dialogada, comumente utilizadas em temática da educação, possibilitaram a ressignificação do olhar do residente para sua própria atuação tanto de maneira isolada quanto em equipe.

A prática interprofissional inserida no percurso de atuação do residente contribuiu para exploração de aspectos não contemplados durante a graduação, gerando interação, troca de saberes e experiência do fazer em equipe, criando um ambiente propício e cheio de possibilidades para o desenvolvimento habilidades e compreensão das teorias e conceitos relacionados à prática em saúde.

Ainda foi possível constatar, durante a experiência supracitada, que a ação dos preceptores, assim como dos próprios residentes multiprofissionais facilitou o avanço e a superação de várias barreiras no processo de ensino-aprendizagem a ambos, bem como pôde fomentar uma prática colaborativa, a qual influenciará diretamente para uma assistência qualificada. Tais aspectos remetem à percepção do exercício de uma prática cujo movimento permeie o processo contínuo de ação, reflexão e ação, daí a necessidade de planejar ações que envolvam, continuamente, os preceptores e residentes.

Além disso, é válido destacar a necessidade apontada no estudo de que as instituições de ensino estejam aprimorando a equipe de colaboradores tanto no que concerne aos profissionais atuantes nos cenários, especialmente no acolhimento dos residentes quanto aos preceptores, visando fomentar e facilitar o processo de construção de uma equipe interprofissional integrada.

Desse modo, acredita-se que atividades de ensino-aprendizagem com enfoque na interprofissionalidade precisam envolver as várias categorias profissionais de residentes. Ademais, sugere-se futuros trabalhos com maior representatividade das várias categorias profissionais que fazem parte da residência multiprofissional, além da necessidade de abordar a educação interprofissional continuamente durante a formação dos residentes.

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1Graduada em Enfermagem, Especialista em Neonatologia e Preceptoria Multiprofissional na Área da Saúde. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. E-mail: enfa.debluc@gmail.com

2Graduada em Serviço Social, Especialista em Preceptoria Multiprofissional na Área da Saúde. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. E-mail:claudeteportela29@gmail.com

3Graduada em Enfermagem, Especialista em Enfermagem Obstétrica e Preceptoria Multiprofissional na Área da Saúde. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. E-mail: lclps@yahoo.com.br

4Graduada em Serviço Social, Especialista em Preceptoria Multiprofissional na Área da Saúde e Família e Políticas Públicas. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. E-mail:bethfreire11@yahoo.com.br

5Enfermeira, Mestranda em Saúde na Amazônia e Especialista em Auditoria em Serviços de Saúde. Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. E-mail: enfjessicalins@gmail.com