IMPRESSÕES DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM SOBRE O ENSINO REMOTO DURANTE A PANDEMIA E ISOLAMENTO SOCIAL

IMPRESSIONS OF NURSING STUDENTS ABOUT REMOTE TEACHING DURING THE PANDEMIC AND SOCIAL ISOLATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408172205


Ariany da Silva dos Santos1, Maria da Soledade Simeão dos Santos2, Jorge Luiz Lima da Silva3, Cláudia Maria Messias4, Débora Ramos Areias5. Laura Emanuele Marques6


RESUMO

OBJETIVO: Caracterizar o perfil sociodemográfico, atividades acadêmicas remotas e impactos na vida cotidiana de acadêmicos  de enfermagem. MÉTODO: O levantamento  contou com 446 alunos de duas universidades federais no Rio de Janeiro, por meio de questionário eletrônico, contendo questões abertas e fechadas. Destes, 96 responderam fornecendo suas impressões sobre o ensino remoto. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética das instituições envolvidas. RESULTADOS: As análises das impressões dos participantes apontaram a elevada carga horária, e a falta de lazer como fatores que mais pesavam na vida dos estudantes, o que poderia afetar a  saúde mental. CONCLUSÃO: Recomenda-se uma reflexão sobre a imagem desejada para o ensino superior público, e o conhecimento real dos perfis dos estudantes por parte dos docentes e das instituições.

Descritores: Estudantes de enfermagem. Enfermagem. Política de Educação Superior.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To characterize the sociodemographic profile, remote academic activities, and impacts on the daily lives of nursing students. METHOD: The survey included 446 students from two federal universities in Rio de Janeiro, through an electronic questionnaire containing open and closed questions. Of these, 96 responded by providing their impressions of remote teaching. The study was approved by the ethics committee of the institutions involved. RESULTS: The analysis of the participants’ impressions pointed to the high workload and lack of leisure as factors that weighed most heavily on the lives of students, which could affect their mental health. CONCLUSION: It is recommended that a reflection on the desired image for public higher education and that professors and institutions have real knowledge of student profiles.

Descriptors: Students, Nursing. Nursing. Higher Education Policy.

1. INTRODUÇÃO

A pandemia de covid-19, causada pelo Sars-Cov-2, representa um dos maiores desafios da saúde pública devido à sua alta transmissibilidade e grande número de infectados. O isolamento social, apesar da recomendação científica, tem impactado negativamente a saúde mental da população, exacerbando transtornos como ansiedade, insônia, depressão e estresse pós-traumático, especialmente em grupos vulneráveis (Galvão et al., 2020).

Nos últimos anos, houve um aumento exponencial nos sintomas mentais em vários países durante a pandemia, incluindo sentimento de culpa, distúrbios do sono, irritabilidade, dificuldade de memória, fadiga e queixas somáticas. Esses sintomas caracterizam os transtornos mentais comuns (TMC), desencadeados por fatores estressores (Lima da Silva et al., 2022, Brasil, 2020).

Experiências anteriores mostram que o isolamento social pode agravar efeitos psicopatológicos, tanto em pessoas com distúrbios psiquiátricos quanto em indivíduos previamente saudáveis, o que foi confirmado durante a pandemia. Nesse contexto, estudos indicam que emergências de saúde pública afetam o estado mental dos universitários, gerando ansiedade, medo e preocupação. Durante a pandemia, a suspensão de aulas e a falta de aconselhamento profissional aumentaram problemas de saúde mental, incluindo solidão, risco de suicídio e abuso de substâncias (Rodrigues et al., 2020).

Com a pandemia, surgiram sérios problemas de saúde mental entre a população, com aumento evidente nos níveis de ansiedade (70%), estado de saúde (35%) e estresse (62%). Os acadêmicos afetados apresentam alterações mentais, que podem ser identificadas como Transtornos Mentais Comuns (TMC). Especificamente, os estudantes de enfermagem lidam com uma situação nova e estressante, o que pode prejudicar o aproveitamento no curso, o processo de aprendizagem e o desenvolvimento pessoal e profissional (OPAS, 2022).

Durante a pandemia e o isolamento social, os acadêmicos foram afastados das universidades, exigindo a continuidade remota dos estudos com novas formas de interação entre alunos e professores, criação de plataformas de comunicação e métodos de ensino e avaliação adaptados. A combinação do isolamento, pandemia e mudanças no ensino resultou em sofrimento psicológico para os universitários (Jesus, 2021, Brasil, 2020).

2. OBJETIVO

Descrever as atividades acadêmicas realizadas de graduandos de enfermagem de universidades federais, durante o modelo de ensino remoto.

3. MATERIAL E MÉTODO

Foi realizado a partir de um estudo epidemiológico descritivo de design seccional. Participaram 446 acadêmicos de enfermagem entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, de duas universidades federais do estado do Rio de Janeiro. Foram excluídos os dados pertencentes aos acadêmicos que não estavam regularmente matriculados, os que desistiram do curso e os recém-chegados, transferidos de outras universidades com menos de um semestre em curso.

Os acadêmicos responderam a um formulário eletrônico online disponibilizado através da plataforma Google Docs®, com questões abertas e fechadas. O conteúdo das questões abordou, dentre outros, variáveis sociodemográficas e questões sobre a vida acadêmica antes e durante a crise de saúde.

Foram utilizadas, as questões abertas, onde os acadêmicos responderam suas impressões sobre o ensino remoto e como foram afetados positiva ou negativamente no âmbito acadêmico. Dos 446 acadêmicos, foram obtidas 94 respostas das questões abertas, as quais eram opcional responder.

Por meio da leitura e análise das respostas, foram construídas  duas categorias emergentes da saturação frequência de menções a tópicos recorrentes, uma sobre a carga horária considerada grande e outra sobre impactos no lazer, o que poderia afetar o bem-estar dos participantes.

Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), enviado de forma eletrônica via e-mail, atendendo a Resolução CNS 466/12 e respeitando a Carta Circular nº 1/2021CONEP/SECNS/MS para pesquisas em ambiente virtual. O projeto foi aprovado no CEP sob nº 4.176.173 / UFF e 4.263.701/ UFRJ.

4. RESULTADOS

Na população do estudo, a média de idade foi de 23 anos, onde 270 (60,5%) dos acadêmicos estavam dentro da média, sendo a presença de estudantes mais jovens perceptível. Dito isso, dos 446 acadêmicos, 391 (87,7%) eram do sexo feminino, evidenciando a predominância feminina nessa população de universitários.

Quando observamos o tópico raça/cor percebeu-se que dos 446 acadêmicos da graduação de enfermagem, 221 (49,60%) se autodeclararam brancos, 85 (19,1%) pretos e 140 (31,4%) se declararam como outros. A disparidade entre os números de acadêmicos brancos e negros que ocupavam uma vaga foi perceptível.

Em relação à presença de filhos, os dados foram agrupados em dois estratos, e 427 (95,7%) afirmaram não possuir filhos, enquanto 19 (4,3%) possuíam filhos. Dentro do grupamento filhos, desses universitários 17 (89,5%) moravam com os filhos e 2 (10,5%) informaram não morar com seus filhos.

Dos 446 acadêmicos, 235 (52,7%) afirmaram morar com até 3 pessoas, 211 (47,3%) com mais de 3 pessoas e 339 (76%) com pessoas que necessitavam de cuidados permanentes.

A média salarial foi dividida em dois estratos, onde os discentes informaram possuir uma média de até três salários-mínimos 268 (60,1%), enquanto 178 (39,9%) tinham renda familiar acima de três salários-mínimos. O valor do piso nacional era de R$1.212, no Brasil. Considerando que a média do número de moradores, onde 235 (52,7%) disseram morar com até três moradores e 211 (47,30%) moravam com mais de três moradores, levando em consideração que a renda familiar se aproximava de um salário mínimo por pessoa, analisando concomitante a situação laboral, onde 345 (77,4%) trabalhavam.

Sobre as categorias emergentes da análise textual das impressões dos participantes, foram  expressivas as falas sobre a frequência das atividades agendadas pelas disciplinas e tarefas.

Quando indagados sobre se teriam algo que modificariam sobre a forma de ensino-aprendizagem remoto, duas categorias surgiram e foram descritas, a seguir com as impressões coletadas.

Sobre a carga horária dispensada aos acadêmicos:

“Mudaria a forma como os professores estão sendo desrespeitosos com relação a carga horária, eles lançam aulas atrás de aulas, às vezes são vídeo aulas grandes, mais questionário e isso sem contar que são várias matérias e tudo pra mesma semana. Lançam coisa na sexta pra ser entregue na segunda (…) já lançaram teste de quinta a tarde pra entregar até o sábado (final de semana) sendo que existem milhões de matérias e questionários, eles não estão respeitando a carga horária, isso seria impossível nas aulas presenciais.” ALUNO 15

“(…) os professores postam aulas gravadas que são obrigatórias para o aprendizado, então o que presencialmente seriam 4 horas de aula na semana, se tornam 20 horas de aula semanais no PLE.ALUNO 17 

A forma abusiva como os professores passam trabalhos e provas, muitas vezes exercícios que tem que entregar em poucos dias, em casa a rotina é completamente diferente então muitos não tempo toda hora para fazer exercícios, os alunos já se cobram demais porque muitas vezes não dá pra entregar essas atividades no tempo estipulado (…).” ALUNO 20

(…) Uns testes valendo DÉCIMOS, qual a necessidade meu Deus, de passar um monte de testes valendo tão pouco. Se fosse presencial não teríamos tanta matéria sendo passada dessa maneira e nem com tantos testes cansativos, que valem tão pouco (…) ALUNO 134

A demanda de atividades propostas pelos professores está muito grande, não tenho dúvidas que seria muito menor se fosse presencialmente. Estou fazendo apenas 3 matérias e não tenho tempo para absolutamente nada”. ALUNO 152  

“(…) Exemplo, grande parte da turma não aderiu a prova oral, os professores simplesmente falaram que iriam fazer uma prova muito difícil para quem optasse pela prova 100% escrita. (…) Porque a qualidade desses ensinos está decaindo, os alunos estão tendo dificuldade em aprender os conteúdos, inclusive eu mesma. Disciplinas práticas não devem, nunca, ser ministradas remotamente, isso é uma negligência da universidade.” ALUNO 216

Gostaria que os professores não lançassem teste e trabalho semanalmente, é muito cansativo psicologicamente. Dá vontade de trancar, sensação de que não darei conta(…).”  ALUNO 27

“(…) não entendem o quanto é cansativo. Preciso estudar de domingo a domingo. Todo dia e toda hora. Sinto que não vou aguentar. Não quero trancar.ALUNO 27

(…) acham que a gente não tem vida, que só tem disciplina dele e envia trilhões de testes por semana, até finais de semana tem teste para entregar. A GENTE TEM VIDA, TEM QUE DESCANSAR, TEM QUE VIVER. Enviam horas de vídeo aula gravadas e querem que assistimos para debater na aula síncrona, para depois responder a teste, SÓ QUE NÃO TEM TEMPO. Esse PLE tá pior do que aula presencial (…). ALUNO 134

“(…) muitas matérias e período curto de tempo de aprendizagem. A forma como é aplicado às disciplinas, em especial, do ciclo básico (…) Uma padronização da forma como as aulas são feitas e avaliações dadas. acaba professor faz uma coisa e não sabe da quantidade de trabalho que temos de um outro professor. Saímos muito sobrecarregados!” ALUNO 250

(…) Atendimento às demandas do estudante, um ensino remoto no qual os professores se lembrassem que alunos tem demandas extra universidade, ensino remoto com qualidade, onde as ferramentas eletrônicas fossem usadas de maneira melhor (…) ALUNO 255

Porque acho que os professores principalmente não estão seguindo o cronograma, dificultando o acompanhamento das aulas, principalmente de quem trabalha ou tem atividades fora da vida acadêmica que exigem tempo”. ALUNO 258

Sobre o tempo livre e aspectos relacionados à dinâmica de vida, chamou a atenção as impressões dos participantes sobre a dificuldade de conciliação dos estudos com o lazer.

Lazer dos acadêmicos de enfermagem no período pandêmico:

(…)os alunos passam a se sentir totalmente frustrados e desestimulados, até por conta de não ter nunca um tempo de descanso ou lazer, é só trabalho atrás de trabalho, nem mesmo um único dia do fim de semana é possível ficar sem estudar, fora as madrugadas perdidas estudando e fazendo trabalhos (…) ALUNO 32

(…)já lançaram teste da quinta a tarde pra entregar até o sábado (final de semana) sendo que existem milhões de matérias e questionários, eles não estão respeitando a carga horária (…) ALUNO 15

Tão acabando com nossa saúde mental, já estamos isolados e ainda não poder ter tempo livre pra fazer algo pra distrair ferra mais ainda.ALUNO15

“(…) final de semana ninguém faz nada, só estuda também, já estamos presos em casa e estamos tendo que ficar presos no quarto estudando sem tempo pra nada (…)” ALUNO 15

(…)até por conta de não ter nunca um tempo de descanso ou lazer, é só trabalho atrás de trabalho, nem mesmo um único dia do fim de semana é possível ficar sem estudar(…). ALUNO 20

5. DISCUSSÃO

Perfil sociodemográfico:

Um estudo conduzido em 2018 para analisar o perfil sociodemográfico e cultural de estudantes de enfermagem realizou uma revisão prévia de publicações anteriores, abrangendo o período de 2009 a 2015, através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram identificados nove artigos, porém apenas dois abordavam a temática central. Um deles, realizado por Brito, Brito e Silva (2009), revelou que a maioria das estudantes era do sexo feminino, solteiras e com idades entre 20 e 24 anos. O outro estudo, conduzido por Bublitz et al. (2015), mostrou que, dos 705 estudantes participantes, havia predominância do sexo feminino, estado civil solteiro, sem filhos, residindo com familiares e com idade superior a 18 anos. Ambos os estudos foram realizados em instituições de ensino superior (Silva; Freitas, 2018).

Essa realidade, historicamente estereotipada, reflete a tradicional atribuição de funções de cuidado, amor e afeto às mulheres, enquanto ocupações que demandam conhecimento, habilidades e liderança eram consideradas mais adequadas aos homens (Magalhães, 2021).

De acordo com Mata e Samimi (2022) pandemia evidenciou a luta de mães acadêmicas para conciliar a carreira, produtividade acadêmica e as responsabilidades do trabalho de cuidado não remunerado, que se mostrou um fator de risco significativo para que esse público vivencie sofrimento psíquico, culpa, exaustão e  impactos negativos em sua produtividade. Nesse contexto, mulheres, em geral, são mais suscetíveis a transtornos decorrentes de sobrecarga, devido à frequente acumulação de múltiplas jornadas, sejam elas no trabalho, em casa ou nos estudos (Carlotto; Barcinski; Fonseca, 2015).

A média de idade dos estudantes variou de 22 a 26 anos, significativamente superior à faixa etária de 15 a 19 anos observada em 43% dos estudantes de cursos técnicos nos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), enquanto no Brasil essa taxa é de apenas 8%, sugerindo que os estudantes brasileiros de cursos técnicos são mais velhos e possivelmente estão em busca de oportunidades no mercado de trabalho ou aperfeiçoamento profissional, sendo essa considerada uma excelente opção, com oportunidades imediatas no mercado de trabalho (Moraes; Albuquerque, 2019).

Em relação às etnias, destacou-se a branca e parda foram as mais frequentes entre os estudantes, com 37 (44%) brancos, 36 (43%) pardos, 7 (8%) pretos, e 4 (5%) declararam-se amarelos. Essa proporção reflete a distribuição étnica da população brasileira, onde 42,7% se declararam brancos, 46,8% pardos, 9,4% pretos, e 1,1% amarelos ou indígenas (Brasil, 2020).

Mais da metade dos estudantes, 55 (65%), optaram pela religião católica. A religião está profundamente entrelaçada com questões culturais e de saúde, e ao longo da história, pessoas e grupos religiosos têm desempenhado um papel ativo nos cuidados com o próximo, seja através de cuidados diretos ou por meio de práticas como a oração. Instituições como as Santas Casas de Misericórdia, ligadas a movimentos da igreja, ainda exercem influência, servindo como locais de estágio para estudantes na área de saúde, destacando a continuidade da influência religiosa no cuidado com os doentes. Florence Nightingale, pioneira da enfermagem moderna, desempenhou um papel fundamental como líder durante a Guerra da Crimeia e expressou sua dedicação à profissão como uma vocação ou chamado divino (Gussi; Dytz, 2007).

Segundo dados do IBGE de 2017, a renda per capita familiar dos estudantes inscritos em cursos técnicos é 11,7% superior à dos estudantes do ensino médio regular, evidenciando um maior poder econômico nas famílias que escolhem o ensino profissionalizante. Além disso, após concluírem seus estudos, os técnicos desfrutam de uma remuneração 20% maior em comparação com os graduados de cursos tradicionais. Além disso, a maioria dos participantes, 61 (72%), tinha estado civil solteiro. O pai ou padrasto foi identificado como chefe de família com mais frequência, representando 36 (43%) dos casos. Quanto à localização geográfica, o estado de Minas Gerais, onde está localizado o Instituto Federal do Sul de Minas, é o lar de 71 (84,5%) dos estudantes.

Nesse mesmo contexto, uma pesquisa de Corrêa et al. (2018), revelou que a maioria dos estudantes de enfermagem são jovens mulheres, com uma representação significativa da enfermagem feminina, muitas vezes de pele branca. Um total de 173 indivíduos não possuem parceiros e, em geral, também não têm filhos. Entre os estudantes, 72,2% afirmaram não estar empregados, enquanto 113 sujeitos relataram uma renda per capita familiar abaixo de três salários mínimos (menos de R$3.135,00).

Carga horária dispensada aos acadêmicos:

Com a pandemia, as universidades viram no uso pedagógico das Tecnologias de Informação  e  Comunicação  (TICs) e aproveitamento  tecnológico para garantir a continuidade ao  seu  processo educacional durante o  distanciamento  social. A partir disso, as  aulas presenciais foram substituídas por aulas on-line de forma súbita, o que comprometeu o planejamento do aprendizado dos alunos nesse novo formato (Fernandes et al., 2021).

Diante do cenário, diferentes métodos de ensino passaram a  ser utilizados e diversos desafios de inadequação surgiram, sendo os mais comuns: falta de ambiente de aprendizagem em casa,  uso  de  diferentes plataformas  para  ministrar,  cursos,  aulas  ou  palestras, falta  de  treinamento  no  uso  de  aprendizagem  virtual  em  sala  de  aula, falta de proficiência no uso das plataformas de software por parte de professores e alunos, dificuldades  de  avaliação  do  aluno; falta  de controle sobre  os  parâmetros  de avaliação (exames, questionários e trabalhos), etc. (Costa et al., 2022).

Desse modo, os resultados mostram que professores não conseguiram estabelecer um plano pedagógico de forma eficiente, tanto em critérios de conteúdo a serem abordados, pois percebe-se que muitas disciplinas tiveram uma quantidade de conteúdo excessiva, quanto ao fato de administrar o tempo que demandam desses acadêmicos.

Referente aos métodos de avaliação dos docentes, é percebido uma falta de homogeneidade nos formatos de avaliação. Os acadêmicos destacam o curto prazo para a entrega das tarefas semanais e que se sobrepõem com outras disciplinas, além da alta exigência das tarefas que não condiz com a pontuação agregada a esses trabalhos e o curto prazo de tempo para a entrega dessas atividades. Salientando de forma comparativa o ensino presencial, onde não seria possível o cumprimento da carga horária e atividades impostas durante o ensino remoto.

Entende-se que os estudantes de enfermagem enfrentam um período estressante, marcado por noites de sono insuficientes devido aos estudos, uma grande carga de atividades acadêmicas e extracurriculares, além das exigências do estágio. Todos esses fatores contribuem para uma sobrecarga significativa (Souza; Hanzelmann; Passos, 2020).

Dito isso, o fato de os docentes possuírem tanta demanda e uma autocobrança para continuarem com a mesma produtividade, seguir com a melhor metodologia de ensino durante o ensino remoto e serem cobrados para mais produção científica, pode ter refletido no modo em que esses professores conduziram suas disciplinas, o grau de cobrança, a falta de compreensão para as necessidades de tempo livre e lazer e não respeitando a curva de aprendizado dos seus acadêmicos.

É reconhecido que os universitários enfrentam vulnerabilidades decorrentes do planejamento da carreira profissional, gerenciamento do volume de informações, equilíbrio entre estudos e lazer, busca de independência e autonomia. Para os estudantes de enfermagem, há ainda o estresse adicional dos estágios práticos, a preocupação com a qualidade do ensino e o ambiente educacional, bem como o desafio emocional associado ao contato com pacientes doentes e a experiência da morte, tornando-os mais propensos a desequilíbrios mentais (Marchi et al., 2013).

Corroborando com essa ideia, tem-se que o ambiente acadêmico é propenso à ansiedade devido à carga de atividades intensa e às múltiplas mudanças simultâneas, resultando em aumento da tensão. Os hábitos de vida desempenham um papel crucial para mitigar essa sobrecarga enfrentada pelos estudantes. Além disso, ter acesso a informações precisas e confiáveis ajuda a compreender os desencadeadores emocionais. É importante ressaltar que os participantes da pesquisa são estudantes da área da saúde, os quais em breve estarão envolvidos no tratamento, cuidado, educação e orientação de outras pessoas, destacando a importância de não negligenciar o autocuidado (Chehab et al., 2023).

Lazer dos acadêmicos de enfermagem no período pandêmico:

Em consequência desse período, a falta de lazer foi recorrentemente citada pelos acadêmicos, onde eles relataram não ter ocorrido uma delimitação do tempo entre demandas da universidade e vida pessoal, resultando em falta de tempo para o próprio lazer e descanso e a confusão entre vida pessoal com universitária, devido ao excesso de demandas e ao fato dos aparelhos tecnológicos estarem sempre à disposição, propendendo a serem mais requisitados para realizar atividades que antes eram encerradas com a saída do ambiente físico de trabalho (Menezes, 2021)

Nesse sentido, é possível observar uma frustração entre os acadêmicos, pelo fato de terem seu tempo livre e de lazer tomados pelas demandas da faculdade, noites de sono prejudicadas e o prejuízo no rendimento dos mesmos.

A redução das interações sociais devido à pandemia, combinada com fatores já presentes no ambiente universitário, pode ter exacerbado problemas de saúde mental. Sentimentos de medo, angústia e pressão aumentaram devido à sobrecarga física e mental, competitividade e frustração, intensificados pela transformação abrupta para o ensino remoto. Adaptar-se a essa nova realidade exigiu recriar o ambiente acadêmico em casa, enfrentando inseguranças e preocupações com a pandemia, saúde e questões socioeconômicas (Bolsoni-Silva; Guerra, 2014; Hodges et al., 2020; Maia; Dias, 2020).

Pesquisa realizada em Botucatu/SP investigou o impacto do distanciamento social nos sentimentos dos estudantes de graduação em enfermagem. Os resultados revelaram que a saudade da família, amigos e professores, juntamente com a incerteza sobre a duração do isolamento e a sobrecarga de informações sobre vítimas da covid-19, contribuíram significativamente para o sentimento de angústia entre os participantes (Silva; Cavalcante-Neto, 2014; Visentini et al., 2021).

Estudos em diferentes grupos populacionais sugerem que os Transtornos Mentais Comuns (TMC) podem estar associados a diversos hábitos de vida, incluindo a ausência de lazer, consumo de álcool e tabaco, qualidade do sono e uso de mídias sociais. A sobrecarga de trabalho e a falta de tempo para o lazer foram identificadas como fatores de risco significativos para o alcoolismo (Oliveira et al., 2010).

De acordo com Vieira, Romera e Lima (2018), os momentos de tempo livre e lazer se tornam extremamente importantes e necessários, contribuindo positivamente para melhores condições de saúde e qualidade de vida dos estudantes. Entretanto, ficou evidente que universitários tiveram possibilidades de lazer reduzidas e enquanto lidavam com a pressão da universidade e a apreensão referente à covid-19, também tiveram seu tempo livre para o lazer tomado pela ânsia da produtividade das universidades federais.

6. CONCLUSÃO

Após analisar os dados do estudo, os principais fatores relacionados à dificuldade de adaptação ao ensino remoto foram aspectos técnicos pedagógicos das universidades, volume de conteúdo teórico, relação com os professores e falta de tempo livre e lazer. Esses problemas são exacerbados pela falta de um plano pedagógico que permita a harmonização dos planos de ensino das disciplinas.

As instituições e os docentes devem refletir sobre a imagem que desejam transmitir no ensino superior público e se estão atendendo com qualidade às necessidades de todos os perfis de acadêmicos. Será que eles conhecem de fato o perfil atual dos seus acadêmicos, a realidade da grande massa?

REFERÊNCIAS

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1Graduada em Enfermagem – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.  E-mail: arianysilvasantos6@gmail.com . ORCID: https://orcid.org/0009-0001-2218-6083

2Docente. Depto. Metodologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: mariadasoledade@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4493-1045

3Docente. Depto. Materno-Infantil e Psiquiatria da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: jorgeluizlima@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2370-6343

4Docente. Depto. Materno-Infantil e Psiquiatria da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: marimessi1512@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1323-0214

5Graduando em Enfermagem. Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, Brasil. E-mail:debora_areias@id.uff.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2043-5824

6Graduando em Enfermagem. Universidade Tiradentes. Aracaju, SE. laura.emanuele@souunit.com.br. ORCID:https://orcid.org/0009-0009-5076-706X