EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF UROLITHIASIS IN BRAZIL FOR THE PERIOD FROM 2012 TO 2022
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408062148
José Eduardo Rivas da Silva1
Laise Maria Volgran de Alencar Franco1
Luiz Eduardo Gomes Araújo1
Douglas José Angel2
RESUMO
Introdução: Urolitíase ocorre quando há um ou mais cálculos no interior de órgãos ou canais do trato urinário, desde as membranas renais até a bexiga. É uma patologia que apresenta aumento progressivo de sua incidência ao longo dos anos. Objetivo: Evidenciar o perfil epidemiológico da urolitíase no Brasil no período compreendido entre 2012 e 2022. Método: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com coleta de informações nas bases de dados eletrônicos Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PUBMED) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), em estudos publicados no período compreendido entre 2012 a 2022. Resultados: Evidenciou se uma maior ocorrência da nefrolitíase entre o sexo masculino, em adultos com idade entre 30 e 55 anos e crianças dos 4 aos 12 anos. E possui outros fatores de risco como baixa ingesta hídrica, obesidade, situação de vulnerabilidade socioeconômica, indivíduos com dieta rica em sódio/proteína, habitação em regiões de clima com temperatura elevada, histórico de litíase renal na família e realização prévia de bypass gástrico. Conclusão: Percebeu-se que alguns fatores associados a nefrolitíase são determinados geneticamente, como o sexo e o histórico familiar, porém, a maioria dos fatores de risco são modificáveis, sendo passíveis de prevenção, demonstrando, portanto, a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas efetivas para prevenção e diminuição da ocorrência desta patologia.
Palavras-chave: Urolitíase. Epidemiologia. Brasil.
ABSTRACT
Introduction: Urolithiasis occurs when there are one or more stones inside organs or channels of the urinary tract, from the kidney membranes to the bladder. It is a pathology that has seen a progressive increase in incidence over the years. Objective: To highlight the epidemiological profile of urolithiasis in Brazil in the period between 2012 and 2022. Method: This is a systematic review of the literature, with information collected in the electronic databases Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PUBMED) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), in studies published in the period between 2012 and 2022. Results: There was a greater occurrence of nephrolithiasis among males, in adults aged between x and x years and children x to x. And it has other risk factors such as low water intake, obesity, socioeconomic vulnerability, individuals with a diet rich in sodium/protein, living in regions with a high temperature climate, history of renal lithiasis in the family and previous gastric bypass. Conclusion: It was noticed that some factors associated with nephrolithiasis are genetically determined, such as sex and family history, however, the majority of risk factors are modifiable and can be prevented, therefore demonstrating the need for the development of public policies effective measures to prevent and reduce the occurrence of this pathology.
Keywords: Urolithiasis. Epidemiology. Brazil.
1. Introdução
Urolitíase, também chamada de litíase renal, nefrolitíase, cálculo ou calculose urinária, ocorre quando há um ou mais cálculos no interior de órgãos ou canais do trato urinário, desde as membranas renais até a bexiga¹. A litíase afeta os humanos desde a antiguidade, com relatos que datam de 5.000 a.C. e achados arqueológicos confirmando a patologia nos egípcios em 4.200 a.C².
Essa alteração acontece devido à formação de grupamentos cristalinos e de matriz orgânica, que se desenvolvem no interior do trato urinário devido a hipersaturação urinária, podem ter tamanhos variados e são capazes de causar sintomas e crises álgicas de alta prevalência e recorrência1.
A maior parte dos cálculos são formados por oxalato de cálcio, que é o cálculo renal mais comum, com menor frequência existem outros tipos de sais, como fosfato de cálcio, fosfato de amônio magnesiano, ácido úrico e cistina, sendo a prevalência de cálculos renais variável de acordo com a idade, sexo, raça/etnia e geografia³.
Estima-se que de 4 a 15% da população mundial apresenta algum episódio de calculose renal ao longo da vida, devido a condições climáticas e hábitos de vida4.
A nefrolitíase é uma doença muito comum em todo o mundo, com prevalência variando de 7,1% em mulheres a 10,6% em homens na América do Norte. Dados epidemiológicos de Espanha, Alemanha, Japão e Itália mostraram uma incidência de nefrolitíase de 114-720 por 100.000 pessoas e uma prevalência de 1,7-14,8%. Essas taxas estão em franco crescimento em quase todos os países. No Japão foi observado um aumento progressivo, com baixa incidência na infância e na terceira idade e pico na quarta a sexta décadas de vida5. Estudos apontam ainda um aumento progressivo de sua incidência ao longo dos anos, sendo o mesmo atribuído à gradual elevação dos índices de obesidade, do sedentarismo e da ingestão salina da população mundial6.
No Brasil, é uma patologia responsável por um grande problema de saúde pública, uma vez que, possui um elevado custo socioeconômico devido ao grande acometimento de pessoas em idade produtiva, sendo a mesma, frequente, recidivante e afeta principalmente os adultos, entre a segunda e sexta décadas de vida, com maior ocorrência em pessoas do gênero masculino7. Em 2012, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou mais de 32,5 milhões de reais em tratamento e internação de urolitíase8.
O presente artigo tem como problemática da pesquisa: “Qual é o perfil socioepidemiológico da urolitíase no Brasil?”, como hipótese associada uma maior prevalência da doença em indivíduos do sexo masculino; Situação de vulnerabilidade social; Antecedente pessoal/familiar de litíase; Obesidade; Baixa ingesta hídrica/desidratação; Sedentarismo; Consumo de dieta rica em sódio ou proteínas; Infecção do trato urinário e pessoas submetidas a cirurgia bariátrica com o método de bypass gástrico prévio.
Estudos revelam que a formação de cálculos urinários está associada a várias morbidades graves, além de estar associada à redução da produtividade, acarretando um grande impacto socioeconômico por conta desta patologia. Mediante à grande prevalência e aumento progressivo de sua incidência ao longo dos anos, torna-se necessário a ênfase nos fatores de risco associados a ela, apresentando diretamente intervenções específicas de prevenção que justificam a necessidade da realização do presente estudo, que tem por objetivo evidenciar o perfil epidemiológico da urolitíase no Brasil no período compreendido entre 2012 e 2022.
2. Método
O estudo em questão trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com metodologia dedutiva, abordagem qualitativa e objetivo descritivo. As etapas utilizadas na realização dessa revisão foram: (1) Identificação de um problema de saúde pública; (2) Escolha da questão norteadora; (3) Pesquisa de evidências científicas a partir de critérios de exclusão e inclusão; (4) Avaliação das evidências encontradas nos artigos incluídos na revisão; (5) Extração e análise dos dados obtidos e (6) Discussão dos resultados dos estudos.
A coleta de dados foi obtida nas seguintes bases de dados eletrônicas: Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PUBMED) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) com a adoção dos seguintes descritores: “Urolithiasis AND Epidemiology AND Brazil”. A pergunta norteadora adotada para o estudo foi: Qual é o perfil socioepidemiológico da urolitíase no Brasil?
Para seleção dos estudos originais publicados sobre a temática proposta, os critérios de inclusão utilizados foram, o período de janeiro de 2012 a dezembro de 2022, sem restrição de idioma ou localização, disponíveis online na íntegra e com abordagem completa do conteúdo. E foram excluídos da amostra de estudo artigos de revisão, relatos de caso, metanálise, documentos, publicações não pertencentes ao período de tempo delimitado e que não contemplassem a temática abordada. Após a leitura por extenso dos artigos, também foram excluídos os estudos que não respondiam à pergunta norteadora da pesquisa e os estudos duplicados nas plataformas escolhidas.
A pesquisa resultou em 44 publicações. Após a utilização dos critérios de inclusão e exclusão mencionados, foram encontrados 14 artigos, em seguida, selecionaram-se todos estes estudos para a leitura na íntegra e análise completa, os quais compõem a amostra final desta revisão.
Os dados obtidos das publicações analisadas foram dispostos e sintetizados em dois quadros desenvolvidos no programa Microsoft Word para possibilitar a integração dos achados, com as seguintes variáveis: título, autor, ano, local, objetivo, resultados e conclusão, possibilitando uma análise comparativa, que viabiliza a elaboração de considerações sobre o tema em estudo.
3. Resultados
Neste estudo, foram analisados 14 artigos que preencheram os critérios de inclusão e exclusão para composição da análise proposta. A seleção final é apresentada nos quadros 1 e 2, que expõem os principais resultados das pesquisas referente ao padrão epidemiológico da urolitíase no Brasil.
Quadro 1: Distribuição dos estudos de acordo com título, autor, país/ano
TÍTULO | AUTORES | PAÍS/ANO | |
(1) | COVID-19: The impact on urolithiasis treatment in Brazil | Korkes et al. | Brasil/2022 |
(2) | Hospital morbidity and financial impacts for urolithiasis in bahia, brazil | Júnior et al. | Brasil/2021 |
(3) | Nephrolithiasis in gout: prevalence and characteristics of Brazilian patients | Hoff et al. | Brasil/2020 |
(4) | Perfil clínico-epidemiológico de 106 pacientes pediátricos portadores de urolitíase no Rio de Janeiro. | Barata et al. | Brasil/2018 |
(5) | Epidemiology of urolithiasis consultations in the Paraíba Valley | Silva et al. | Brasil/2016 |
(6) | A large 15 – year database analysis on the influence of age, gender, race, obesity and income on hospitalization rates due to stone disease | Mello et al. | Brasil/2016 |
(7) | Urolitíase pediátrica: experiência de um hospital infantil de cuidados terciários | Amancio et al. | Brasil/2016 |
(8) | American and Brazilian Children With Primary Urolithiasis: Similarities and Disparities | Penido et al. | Brasil/2014 |
(9) | Influence of socioeconomic disparities, temperature and humidity in kidney stone composition | Cunha et al. | Brasil/2020 |
(10) | Prevalence of Kidney Stones and Vertebral Fractures in Primary Hyperparathyroidism Using Imaging Technology | Cipriani et al. | Brasil/2015 |
(11) | Influence of climate on the number of hospitalizations for nephrolithiasis in urban regions in Brazil | Júnior et al. | Brasil/2020 |
(12) | Urinary Evaluation After RYGBP: a Lithogenic Profile with Early Postoperative Increase in the Incidence of Urolithiasis | Valezi et al. | Brasil/2013 |
(13) | Metabolic syndrome and associated urolithiasis in adults enrolled in a community-based health program | Pinto et al. | Brasil/2012 |
(14) | Lithiasis in 1,313 Kidney Transplants: Incidence, Diagnosis, and Management | Cassini et al. | Brasil/2012 |
Fonte: Adaptado pelos autores, 2023.
No quadro 1, apresentam-se as 14 publicações selecionadas, destacando título, autores e ano das pesquisas, no qual, os artigos utilizados para a projeção dos resultados da presente revisão foram publicados entre o ano de 2012 e 2022. E em relação ao país de origem dos estudos selecionados, todos são do Brasil. Sendo os artigos publicados em diferentes bases de dados sendo elas, Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PUBMED) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).
Quadro 2: Resumo dos artigos selecionados contendo, objetivo, principais resultados e conclusão.
OBJETIVO | RESULTADOS | CONCLUSÃO | |
(1) | Avaliar o impacto da pandemia nas internações hospitalares por urolitíase no sistema público de saúde brasileiro. | O impacto do surto de COVID-19 nas internações de mulheres foi significativamente mais intenso do que nos homens, reduzindo de 48,91% para 48,36% do total (p=0,0281). Os extremos de idade pareceram ser mais afetados, com pacientes menores de 20 anos e maiores de 60 anos apresentando redução significativa no acesso aos serviços hospitalares (p=0,033). | Evidenciou-se uma redução considerável nas internações gerais para tratamento de urolitíase no sistema público de saúde brasileiro durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19. Mulheres e indivíduos com mais de 60 anos foram especialmente afetados. |
(2) | Descrever os casos de morbidade hospitalar e impactos financeiros por urolitíase no estado da Bahia, Brasil no período de 2012 a 2016. | Foram registrados 15.171 casos de morbidade hospitalar por urolitíase, o que corresponde a 0,46% do total das internações. A maior prevalência ocorreu na macrorregião leste (n=6.920), entre o sexo masculino (n=7.815), em idade entre 35 e 39 anos (n=1.877) e cor/raça ignorada (n=8.031). | De acordo com os resultados, observa-se a necessidade de tornar a macrorregião leste como prioritária para as ações de controle e prevenção da patologia. |
(3) | Os objetivos deste artigo foram avaliar a prevalência da nefrolitíase e os fatores associados à nefrolitíase em pacientes brasileiros com gota primária. | Cento e quinze (93,5%) pacientes eram do sexo masculino, com média de idade de 62,9 ± 9,4 anos. Vinte e três (18,7%) pacientes apresentavam nefrolitíase assintomática (detectada apenas por ultrassonografia), 7 (6,0%) apresentavam nefrolitíase sintomática (detectada por ultrassonografia e história clínica positiva) e 13 (10,0%) tinham histórico de cálculos renais, mas a ultrassonografia na avaliação não mostrou nefrolitíase. Portanto, 35,0% dos pacientes apresentavam nefrolitíase (detectada por ultrassonografia e/ou história clínica positiva). A nefrolitíase foi associada ao sexo masculino (43 [100%] vs 72 [90%],p =0,049), o uso de citrato de potássio (13 [30,2%] vs 0,p <0,001) e o uso de medicamentos para diabetes (10 [23,3%] vs 8 [10%],p =0,047) e dislipidemia (15 [34,9%] vs 10 [12,5%], p =0,003); a benzbromarona teve uma associação inversa com nefrolitíase (21 [48,8%] vs 55 [68,8%],p =0,030). | A prevalência de nefrolitíase na gota primária foi de 35,0% e 18,7% dos pacientes eram assintomáticos. A nefrolitíase foi associada ao sexo masculino, diabetes e dislipidemia. Uma história positiva de nefrolitíase provavelmente influenciou a prescrição de citrato de potássio e benzbromarona. |
(4) | Descrevendo a frequência, o perfil clínico e condutas adotadas em portadores de urolitíase no setor de nefropediatria do Hospital Federal dos Servidores do Estado na cidade do Rio de Janeiro. | A frequência de urolitíase no período foi de 13,6%, e as características mais frequentes foram sexo masculino, cor da pele branca, eutrofia, idade entre 5 e 10 anos, história familiar de urolitíase, infecção urinária prévia e eliminação espontânea do cálculo. Dor abdominal, em flanco e hematúria macroscópica foram as queixas mais comuns. Distúrbios metabólicos mais frequentes: hipercalciúria, hiperuricosúria e hipocitratúria. A hipocitratúria foi associada à história de infecção urinária prévia (p=0,004). A ultrassonografia de abdome ou aparelho urinário foi o exame mais utilizado para diagnóstico. Hidronefrose ocorreu em 54,4% dos casos, 81,1% dos cálculos estavam nos rins e os bilaterais eram associados com história familiar de urolitíase (p=0,030). Houve recidiva em 29,3% dos casos (maior parte com distúrbio metabólico); 12,3% submeteram-se à litotripsia; 24,5%, à cirurgia, principalmente pielolitotomia; e apenas 7,6% dos pacientes tiveram cálculos analisados (mais frequente: oxalato de cálcio). | A frequência de urolitíase nessa população pediátrica foi próxima à da literatura. Os achados sugerem a necessidade de investigação metabólica mais ampla e a análise mais frequente dos cálculos. |
(5) | Conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes com urolitíase, na região do Vale do Paraíba, identificando sua prevalência e distribuição espacial. | Ocorreram 1901 atendimentos por urolitíase nos 35 municípios do Vale do Paraíba nos três anos estudados, sendo 52,3% dos pacientes do sexo feminino. Do total, 70,1% dos atendimentos foram em caráter de urgência. Os atendimentos femininos, na sua maioria (67,2%), também foram de urgência (p<0,01). A prevalência geral encontrada para a urolitíase foi 31,7/100.000 habitantes. A prevalência masculina foi 30,7/100.000 e a feminina de 32,7/100.000 (p>0,05). A relação de prevalência encontrada foi 0,9 homens para cada mulher. A faixa etária com o maior número de pacientes atendidos foi entre 30 e 39 anos, com 23,1% do total. Nas estações quentes ocorreram 51,6% dos atendimentos, enquanto nas frias 48,8% (p>0,05). | Foi possível identificar que na região do Vale do Paraíba o sexo feminino é mais acometido pela urolitíase do que o masculino, fato inédito na literatura. Não se encontrou relação entre a estação do ano e a doença. Foram identificados municípios onde ações de prevenção da litogênese urinária são necessárias. |
(6) | Avaliar a taxa de hospitalização pública por doença de cálculos num grande país em desenvolvimento durante um período de 15 anos e sua associação com dados sociodemográficos | O número de hospitalizações relacionadas com cálculos aumentou de 15,7%, embora a taxa de hospitalização ajustada à população tenha permanecido constante em 0,04%. A proporção homem: mulher entre os pacientes hospitalizados manteve se estável (49,3%:50,7% em 1998; 49,2%:50,8% em 2012), embora tenha havido uma redução significativa na prevalência de internações masculinas (- 3,8%;p=0,041). Em 2012, 38% dos pacientes internados por litíase tinham entre 40 e 59 anos. O≥O estrato de 80 anos apresentou a diminuição mais significativa (- 43,44%;p=0,022), seguido pelas coortes de 20 a 39 anos (-23,17%;p<0,001) e de 0 a 19 anos (-16,73%;p= 0,012). No geral, as menores taxas relativas de internação foram encontradas para amarelos e indígenas. O número de indivíduos com sobrepeso/obesidade aumentou significativamente (+20,6%), acompanhado de um aumento de +43,6% na renda per capita. Foi encontrada correlação significativa apenas entre renda e obesidade (R=0,64;p=0,017). | A prevalência de litíase que requer hospitalização no Brasil permanece estável, com proporção equilibrada entre homens e mulheres. Há tendência de diminuição das taxas de hospitalização de homens, <40 e≥ Indivíduos com 80 anos. A obesidade e a renda têm uma correlação mais pronunciada entre si do que com cálculos da doença. |
(7) | Evidenciar as características demográficas e clínicas da urolitíase pediátrica, a etiologia, condutas terapêuticas, recidiva da doença e evolução dos pacientes em um hospital infantil de cuidados terciários. | Nesse estudo foram avaliados 106 pacientes (65%M) pediátricos. Idade média ao diagnóstico 8,0 ± 4,2, dessa amostra 85% tinham histórico familiar positivo para urolitíase. Dor abdominal, cólica nefrética clássica e infecção urinária foram as principais manifestações. 93,2% tinham alteração metabólica, sendo a hipercalciúria a mais comum. O tratamento farmacológico foi instituído em 78% dos casos. Utilizou-se citrato de potássio e hidroclorotiazida. Tratamento cirúrgico foi realizado em 38% dos pacientes. Houve resposta ao tratamento em 39% deles, com recidiva da urolitíase em 34,2%. | A urolitíase na população pediátrica requer avaliação metabólica detalhada após sua apresentação inicial, para que seja possível realizar o devido tratamento, acompanhamento e prevenção da formação lítica e de suas complicações. |
(8) | Identificar possíveis fatores associados ao aumento da incidência de urolitíase, comparando crianças americanas e brasileiras com cálculos. | Não houve diferenças entre idade e sexo no momento do diagnóstico. As crianças brasileiras eram mais magras, mas em nenhuma população a taxa de obesidade excedeu a da população em geral. O ultrassom foi mais utilizado para diagnosticar cálculos, ainda mais em brasileiros. A diminuição do fluxo urinário foi mais comum entre os americanos (P= .004), hipercalciúria entre brasileiros (P= .001), e elevada relação Ca/citrato entre os americanos (P= .009). Não houve diferenças entre os grupos na frequência de hipocitratúria, hiperuricosúria, hiperoxalúria absortiva e cistinúria | Apesar de algumas diferenças entre as populações, as principais causas de urolitíase entre ambas foram “oligúria”, hipercalciúria e elevada relação Ca/citrato. Em nenhum dos países a obesidade foi a razão para o aumento da incidência de urolitíase, nem o uso de tomografia computadorizada. |
(9) | Avaliar a frequência e composição dos cálculos renais e suas associações com temperatura, umidade e índice de desenvolvimento humano (IDH). | O oxalato de cálcio monohidratado (COM) foi detectado em 38,8% dos pacientes; oxalato de cálcio dihidratado (COD) em 22,1%; mistos de COD/apatita em 9,4%; apatita pura em 1,9%; brushita em 1,8%; estruvita em 8,3%, ácido úrico puro em 11,1%; mistos de ácido úrico / COM em 5,6% e cistina/tipos raros em 0,8%. O IDH médio de todas as cidades em conjunto foi de 0,780 ± 0,03. No entanto, indivíduos que vivem em regiões com IDH <0,800 apresentaram duas vezes a razão de chances de ter cálculo de estruvita do que aqueles que vivem em cidades com IDH > 0,800 (OR = 2,14; IC 95% 1,11- 4,11). Além disso, um aumento progressivo na frequência de cálculos de estruvita de 4,5 para 22,8% foi detectado em IDH> 0,800 até IDH <0,700. Não foi observada nenhuma diferença significativa para outros tipos de cálculos. Modelos separados de regressão logística foram utilizados para avaliar a associação de cada tipo de cálculo com gênero, temperatura, umidade e IDH como covariáveis. | Pacientes que vivem em áreas com baixo IDH são mais propensos a desenvolverem cálculos de estruvita, possivelmente devido ao menor acesso à assistência médica. A temperatura e a umidade não representaram um fator de risco específico para qualquer tipo de cálculo na presente amostra. |
(10) | Avaliar a prevalência de cálculos renais e fraturas vertebrais em pacientes com hiperparatireoidismo utilizando tecnologia de imagem não invasiva. | Cinquenta e cinco por cento de todos os indivíduos tinham cálculos renais por ultrassonografia, 62,9% tinham osteoporose pelo escore T em qualquer local e 35,1% tinham fratura vertebral por raio-x. Não houve diferença na incidência de fratura vertebral e osteoporose densitométrica entre pacientes sintomáticos e assintomáticos, enquanto mais cálculos renais foram detectados em sintomáticos (78%) do que assintomáticos (35,5%). 22% dos pacientes classificados como assintomáticos no início do estudo sem osteoporose pela absorciometria por raios X com dupla energia apresentaram cálculos renais e/ou fratura vertebral. | Nefrolitíase e fraturas vertebrais são comuns em indivíduos assintomáticos com hiperparatireoidismo primário assintomático. Os resultados fornecem evidências que apoiam recomendações recentes de que uma abordagem mais proativa seja adotada para detectar doenças silenciosas de cálculos e ossos em hiperparatireoidismo assintomáticos. |
(11) | Determinar a associação entre clima e número de internações por nefrolitíase (IN) em cidades brasileiras localizadas em diferentes regiões climáticas. | Foi identificada associação positiva entre o número de internações por nefrolitíase e temperatura ((TMB vs. IN; R2 = 0,218; P<0,0001) (TM vs. IN; R2 = 0,284; P<0,0001) (TMA vs. IN; R2 = 0,317; P<0,0001)) e associação negativa entre o número de internações por nefrolitíase e umidade relativa do ar (UR vs. IN; R2 = 0,234; P <0,0001). Também foram observadas interações entre TM e UR com relação aos seus efeitos sobre a IN, conforme descrito por um modelo linear (IN = 4,668 + 0,296 x TM – 0,088 x UR). IN foi mais acentuada nas cidades com climas tropicais do que nas cidades com climas subtropicais (82,4 ± 10,0 vs. 28,2 ± 1,6; P<0,00001). | Existe associação entre número de internações por nefrolitíase e variações de temperatura e umidade relativa. |
(12) | Objetivo deste estudo foi avaliar preditores de formação de cálculos recentes após bypass gástrico Roux en Y. | A mediana do IMC diminuiu de 44,1 para 27,0 kg/m2 (p < 0,001) no pós-operatório. O oxalato urinário (24 versus 41 mg; p < 0,001) e o ácido úrico urinário (545 versus 645 mg; p < 0,001) aumentaram significativamente no pós-operatório (pré-operatório versus pós-operatório, respectivamente). Volume urinário (1.310 versus 930 ml; p < 0,001), pH (6,3 versus 6,2; p = 0,019), citrato (268 versus 170 mg; p < 0,001), cálcio (195 versus 105 mg; p < 0,001) e magnésio (130 versus 95 mg; p = 0,004) diminuiu significativamente no pós-operatório (pré operatório versus pós-operatório, respectivamente). Os formadores de cálculos aumentaram de 16 (10,6%) para 27 (17,8%) pacientes na análise pós-operatória (p = 0,001). Os preditores de novos formadores de cálculos após BGYR foram oxalato urinário pós-operatório (p = 0,015) e ácido úrico (p = 0,044). | O bypass gástrico Roux en Y determinou alterações profundas na composição urinária que predispuseram a um perfil litogénico. A prevalência de litíase urinária aumentou quase 70% no pós-operatório. Oxalato urinário pós operatório e ácido úrico foram os únicos preditores de novos formadores de cálculos. |
(13) | Estimar a prevalência de história de urolitíase em uma amostra não randomizada de adultos atendidos por um programa de saúde comunitário e analisar sua associação com a síndrome metabólica. | Foram incluídos 740 adultos (M: F = 0,85; 43±12 anos; 30% brancos e 70% não brancos). Quase metade dos indivíduos (42,5%) apresentavam síndrome metabólica. A prevalência de urolitíase na amostra foi de 10,1%. Cor da pele branca, história familiar e síndrome metabólica foram independentemente associadas à urolitíase (P <0,05). Indivíduos com a síndrome (excluindo casos em uso de diuréticos) apresentaram urina mais ácida (P = 0,014), aumento de natriurese (P = 0,01) e maior uricosúria (P = 0,001) em comparação com os não afetados. A prevalência de urolitíase aumentou proporcionalmente ao número de critérios para síndrome metabólica (P para tendência <0,005). | A síndrome metabólica é um fator modificável associado à urolitíase, de forma que a frequência de história positiva aumenta proporcionalmente ao número de seus critérios diagnósticos. Esses achados reforçam a recente ligação sugerida entre urolitíase e fatores de risco cardiovascular. |
(14) | Avaliar a incidência, o diagnóstico e o manejo terapêutico da litíase renal em rins transplantados em uma única instituição. | Dentre os enxertos, 17 pacientes (1,29%) apresentaram nefrolitíase: 9 mulheres e 8 homens. A idade variou de 32 a 63 anos (média = 45,6 anos). Quinze pacientes receberam rins de doadores cadáveres e apenas 2 de doadores vivos aparentados. Dois cálculos, ambos localizados no interior do ureter, foram identificados durante a cirurgia de transplante (11,7%). Três casos de litíase foram diagnosticados incidentalmente por ultrassonografia durante a avaliação do enxerto, em até 7 dias após a cirurgia (17,6%); todos os três estavam nos cálices. Os 12 pacientes restantes tiveram os cálculos diagnosticados tardiamente (70,58%): 6 nos cálices, 3 na pelve renal e 3 no interior do ureter. | A litíase urinária é uma complicação rara no transplante renal. Na maioria dos pacientes a condição ocorre sem dor. As opções de diagnóstico e tratamento para urolitíase de enxerto são semelhantes às dos pacientes com nefrolitíase na população geral. A litotripsia extracorpórea por ondas de choque foi o método de tratamento mais comum. |
Fonte: Adaptado pelos autores, 2023.
Quanto ao delineamento da pesquisa, foi constatado que todos os artigos selecionados fizeram referência a características epidemiológicas da urolítiase em diferentes regiões do Brasil e os principais resultados obtidos através das pesquisas em questão estão sintetizados no quadro 2.
4. Discussão
A urolitíase consiste em uma patologia na qual ocorre a formação de cálculos renais e é considerada uma das afecções mais prevalentes que acometem o trato urinário em todo o mundo. Esses cálculos são caracterizados conforme sua composição e localização. Quanto a composição dos cálculos da litíase urinária é classificada em cálculos de oxalato de cálcio puro, oxalato de cálcio e fosfato; fosfato de cálcio puro; estruvita (fosfato amoníaco magnesiano); ácido úrico; e cistina. E referente à localização podem ser classificados em caliciais piélicos, coraliformes, ureterais (proximais, mediais ou distais), vesicais e uretrais9.
Nas últimas décadas, observou-se um aumento progressivo de sua incidência e prevalência em todas idades e sexos, principalmente nos países industrializados. Desta forma, consiste em uma condição que resulta em grandes gastos pelo sistema de saúde em todo o mundo10.
Segundo Mello et al. a possibilidade de apresentar cálculos renais varia conforme determinados, dentre eles idade, sexo, raça, localização geográfica e índice de massa corporal. Penido et al. cita ainda fatores adicionais como o aquecimento global, mudanças no estilo de vida, aos hábitos nutricionais e possivelmente fatores ambientais. O aquecimento global por resultar na redução da produção de urina e mudanças nos fatores dietéticos com elevado consumo de alimentos industrializados ricos em sódio e diminuição de alimentos naturais ricos em potássio, podendo levar à hipercalciúria e hipocitratúria.
Com relação ao sexo, os achados do presente estudo demonstraram que a prevalência da urolítiase foi maior em indivíduos do sexo masculino, Souza Júnior et al. cita que os homens apresentam incidência e prevalência de 3 a 4 vezes maior em relação ao sexo feminino, os autores Hoff et al., Cunha et al. e Pinto et al em seus respectivos estudos obtiveram resultados que demonstram também maior incidência no sexo masculino.
Em contrapartida, Silva et al. em seu estudo demonstrou que a prevalência é maior em indivíduos do sexo feminino (52,3%). O autor Mello et al. em seu estudo mostrou que a proporção homem/mulher entre os pacientes hospitalizados no período de 1998 a 2012, não tem grandes discrepâncias, porém, houve uma redução na prevalência de internações masculinas. Historicamente a urolitíase tem sido mais frequente em homens do que em mulheres, porém, alguns estudos demonstram que a relação epidemiológica entre o sexo masculino e feminino está mudando, à medida que há um aumento anual dos atendimentos de mulheres com queixas relacionadas à urolitíase nas unidades de urgência10.
No que se refere a população pediátrica, Barata et al. demonstrou que 50,9% das crianças acometidas eram do gênero masculino e 49,1% do gênero feminino. Na análise do autor Amancio et al. foi evidenciado prevalência de 65,1% em indivíduos do sexo masculino e 34,9% no sexo feminino.
Em relação a idade, o autor Júnior et al., demonstrou na sua pesquisa maior acometimento em indivíduos entre 35 e 39 anos. Na análise de Silva et al., a idade entre 30 e 49. Mello et al. evidenciou que a prevalência de internações por litíase na população brasileira separada por idade populacional foi de 7,1% de 0 a 19 anos; 39,6% 20-39 anos; 38,0% 40-59 anos; 13,7% 60-79 anos; e 1,5%≥80 anos. Pinto et al. cita maior prevalência na quarta década de vida (41 a 55 anos).
Cassini et. al. procedeu um estudo mostrando a litíase renal em pacientes que realizaram transplantes renais e demonstrou que mesmo a litíase sendo uma condição rara no transplante renal, dentre os enxertos, 17 pacientes (1,29%) apresentaram nefrolitíase, dessa amostra 9 em mulheres e 8 homens e a idade variou de 32 a 63 anos.
Mello et al. cita que a prevalência da doença dos cálculos aumenta com a idade, sendo incomum antes dos 20 anos de idade. Porém, a incidência aumenta rapidamente e atinge o pico entre as idades de 40 e 60 anos e depois diminui a partir dos 65 anos. Em sua análise foi demonstrada uma diminuição da prevalência de internamentos em todas as faixas etárias, com exceção das populações dos 40-59 e dos 60-79 anos, sendo assim, jovens menos hospitalizados enquanto os mais velhos apresentam taxas de internação estáveis, fato este que pode ter influência direta ou indireta da obesidade, síndrome metabólica e diabetes mellitus, bem como por outras comorbidades associadas a idades mais avançadas.
Existem comorbidades que podem estar associadas a prevalência da nefrolítiase no Brasil, Hoff et al. em seu estudo, expõe que os pacientes mais acometidos com nefrolitíase são do sexo masculino e em sua maioria estavam em tratamento médico para diabetes e dislipidemia.
Na população pediátrica, Barata et al. concluiu que existe maior prevalência em crianças com idade entre 5 e 10 anos. Amancio et al. em sua análise concluiu que a idade média de início dos sintomas da urolitíase na infância é de 4 a 12 anos. E Penido et al., apresentou uma variação de 5 a 11 anos.
A vulnerabilidade socioeconômica também é um fator de risco associado à ocorrência da urolítiase. Cunha et al. em sua pesquisa mostrou que pessoas que vivem em cidades com índice de desenvolvimento humano (IDH) abaixo de 0,800 tiveram duas vezes mais chances de desenvolver cálculo de estruvita do que aquelas que vivem em cidades com IDH mais alto. Os cálculos de oxalato de cálcio e de ácido úrico foram os tipos mais frequentes, porém notou-se maior prevalência de cálculos de estruvita em regiões de baixo IDH do país, sendo assim, quanto menor o IDH, maior foi a prevalência de cálculos de estruvita. Korkes et al. em sua pesquisa cita um estudo antes da era COVID-19 onde foi demonstrado que os pacientes que vivem em áreas com baixo IDH são mais propensos a desenvolver cálculos de estruvita, possivelmente por um acesso mais inadequado aos cuidados de saúde, resultado que corrobora com a pesquisa de Cunha et al.
Em relação ao fator climático, Cunha et al. em seu estudo demonstrou haver uma associação direta entre estação do ano e clima, com maior prevalência de cálculos renais e episódios de cólica renal ou número de internações hospitalares para tratamento de urolitíase nos meses mais quentes do ano. A temperatura diária elevada é considerada um fator de risco para urolitíase, uma vez que provoca perda de água e pode levar a desidratação, com isto, resulta em baixo volume urinário e pH, fatores estes que aumentam a saturação urinária e possibilitam a formação de vários tipos de cálculos. O estudo de Júnior A. et al. evidenciou também que a temperatura mais alta apresenta associação significativa com aumento de internações por nefrolitíase, além disso, o aumento da umidade do ar também foi associado a queda de internações por nefrolitíase.
Mello et al, cita a existência de outros fatores de risco associados à ocorrência de nefrolitíase, que podem desempenhar um papel no risco crescente da ocorrência desta patologia, sendo eles a luz solar e o calor, o consumo dietético de proteína animal, sal e água, e certas condições clínicas como o sobrepeso e obesidade. Vale ressaltar, que os cálculos renais são formados a partir da alta concentração de cristais na urina, sendo assim, sua formação também pode estar relacionada a baixa ingestão hídrica, ingestão de comidas ricas em sódio e o consumo excessivo de proteínas que também é um fator importante.
O autor Valezi et. al. realizou uma pesquisa referente a avaliação urinária após o procedimento de bypass gástrico em Y-de-Roux e em sua análise demonstrou um perfil litogênico aumentado no pós-operatório precoce na incidência de urolitíase, uma vez que, o bypass gástrico em Y-de-Roux estabeleceu alterações profundas na composição urinária que predispuseram a um perfil litogênico, desta forma, foi evidenciado que a prevalência de litíase urinária aumentou quase 70% no pós-operatório, sendo o oxalato urinário e ácido úrico os únicos preditores de novos formadores de cálculos no pós-operatório.
Cipriani et al, elaborou um estudo, onde analisou a prevalência de cálculos renais em pacientes com hiperparatireoidismo primário (HPTP) utilizando tecnologia de imagem não invasiva, na amostra de estudo houve um total de 140 pacientes com HPTP (127 mulheres e 13 homens; idade média, 63,2 ± 11 anos) e cinquenta e cinco por cento de todos os indivíduos tinham cálculos renais demonstrados por ultrassom, demonstrando, portanto, relação entre as duas patologias.
5. Conclusão
Por meio das evidências apresentadas e com base nos estudos mais atuais relacionados à temática do perfil epidemiológico da urolitíase no Brasil, é possível afirmar que nos adultos o acometimento varia entre 30 e 55 anos, enquanto nas crianças a idade vai dos 4 aos 12 anos. A urolitíase se mostrou mais prevalente no sexo masculino em comparação aos indivíduos do sexo feminino e outros fatores como baixa ingesta hídrica, obesidade, situação de vulnerabilidade socioeconômica, dieta rica em sódio/proteína, regiões de clima tropical e subtropical, histórico de litíase renal na família e mais recentemente mostrou-se relação entre a presença da nefrolitíase com o procedimento de bypass gástrico, sendo estes fatores diretamente ligados a ocorrência da patologia. Dito isto, percebeu-se que alguns dados epidemiológicos da nefrolitíase estão associados a fatores genéticos, como o sexo e o histórico familiar, porém, a maioria dos fatores de risco são modificáveis, ou seja, passíveis de prevenção, demonstrando, portanto, a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas efetivas para prevenção e diminuição da ocorrência desta patologia. Dessa forma, esta revisão expõe a importância da educação em saúde e divulgação dos principais fatores de risco da doença, no intuito de diminuir diretamente sua incidência.
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1Acadêmicos de Medicina. Centro Universitário Uninorte, Rio Branco, AC, Brasil.
*Autor correspondente José Eduardo Rivas da Silva: eduardorivasgt18@gmail.com
2Orientador e Docente do Centro Universitário Uninorte, Rio Branco, AC, Brasil.