SÍNDROME DE GUILLAIN BARRÉ E A COVID-19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12803279


Andressa Caroline Mendes Costa
Paula Beatriz Torres De Souza
Sâmela Maresca Pascoal De Paulo
Orientadora: Profa. Dra. Alcione de Oliveira dos Santos


RESUMO

A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma neuropatia periférica autoimune desmielinizante aguda das raízes e nervos periféricos rapidamente progressiva que afeta axônios motores e sensoriais, impedindo a transmissão normal dos impulsos nervosos. A SARS-CoV-2 é um vírus da família do coronavírus, tratando-se de 1 dos 7 tipos de cepas existentes. Esse vírus entra na célula hospedeira, através de uma enzima conversora de angiotensina II (ECA-2), ocasionando o alinhamento negativo que causará lesões múltiplas nos órgãos, pois o vírus com esse receptor torna-se qualificado para utilizar todas as proteínas presentes no corpo, desencadeando uma infecção. Os casos associados a Covid-19 e SGB possui cada vez mais relatos e evidências, pois a associações com a Covid-19, que provoca infecções em diversas áreas do corpo, pode desencadear a síndrome de Guillain-Barré, que inicia suas manifestações clínicas após entrar em contato com infecções neuronais.

Palavra-chave: Síndrome de Guillain-Barré, Covid-19, SGB e SARS-CoV-2.

ABSTRACT

Guillain-Barré syndrome (GBS) is a rapidly progressive acute demyelinating autoimmune peripheral neuropathy of the roots and peripheral nerves that affects motor and sensory axons, preventing the normal transmission of nerve impulses. SARS-CoV-2 is a virus of the coronavirus family, being 1 of the 7 types of existing strains. This virus enters the host cell through an angiotensin II converting enzyme (ACE-2), causing a negative alignment that will cause multiple organ damage, as the virus with this receptor becomes qualified to use all the proteins present in the body, triggering an infection. The cases associated with Covid-19 and GBS have more and more reports and evidence, as the association with Covid-19, which causes infections in different areas of the body, can trigger Guillain-Barré syndrome, which begins its clinical manifestations after coming into contact with neuronal infections.

Keyword: Guillain-Barré syndrome, Covid-19, GBS e SARS-CoV-2.

1. INTRODUÇÃO

Diante da situação que se encontrava o mundo em relação a pandemia após o surgimento da doença SARS-CoV-2 ou Covid-19, que teve sua origem na cidade de Wuhan-China, em dezembro de 2019, se alastrando pelo mundo, atingindo principalmente o sistema respiratório e outros órgãos e sistemas dos indivíduos que contraem a doença, deixando sequelas ou levando a morte, devido a variedade de sintomas em formas assintomáticas, podendo evoluir para sintomas graves e falência múltipla de órgão (MOF).1 

Com o acometimento da COVID-19 em outros órgãos e sistema no corpo, incluindo o sistema nervoso periférico e central, ocorre o desencadeando doenças neurológicas comuns e raras, com sensibilidade a infecções por vírus ou bactérias, sendo uma delas, a síndrome de Guillain-Barré, uma dessas doenças neurológicas raras, que desencadeia suas manifestações clínicas, após infecções virais ou bacterianas, atingindo o sistema nervoso periférico, na forma desmielinizante que em meio a pandemia, evidenciou um aumento discrepantes em seus índices de casos confirmados no mundo, podendo estar inteiramente ligada ou não ao vírus da SARS-CoV-2, que proporciona pouca compreensão.2

A síndrome de Guillain-Barré apresenta manifestações clínicas, como, fadigas, mialgias, insuficiência cardíaca e insuficiência respiratória neuromuscular, sendo capaz de encaminhar pacientes que foram acometidos pela doença a serem intubados e internalizados na UTI, se assemelhando a COVID-19 que apresenta suas manifestações clínicas e evolução da doença de forma semelhante a SGB. 3 

Métodos de diagnóstico se assemelham, por meio de achados clínicos, exames de imagens como tomografia computadorizada (TC), ressonância nuclear magnética (RNM), raio-x e análises imunológicos com objetivos de encontrar anticorpos anti-gangliosideos, IgG e IgM e biomarcadores para identificar a presença da doença no organismo do indivíduo. 4

Os meios de tratamento da SGB e COVID-19, são estabelecidos por meio da evolução da doença e das manifestações clínicas. Ambas não possuem medicamentos ou tratamentos específicos, sendo necessário a utilização de outros mecanismos farmacológicos para tratar a doença, com objetivo diminuir suas manifestações clínicas, evolução da doença e possivelmente a cura dos pacientes acometidos pelas doenças. 5

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ

2.1.1 FISIOPATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA DA SÍNDROME DE GUILLAIN- BARRÉ

A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é identificada como uma neuropatia periférica autoimune, determinante na desmielinização aguda das raízes e dos nervos periféricos (Figura 1), ligeiramente progressiva, que lesa os axônios sensório motor, bloqueando assim as transmissões neuronais, que são ocasionadas por impulsos nervosos.6 As decorrências desta síndrome, suscitará a uma paralisia da via cefalorraquidiana que possui uma envoltura no centro respiratório bulbar e na força muscular. Essa paralisia pode desencadear diversas enfermidades, bem como a paresia dos músculos dos membros inferiores e superiores (MIS), Pharyngeal-cervico-brachial (PCB), insuficiência respiratória, dificuldade miccional, insuficiência cardíaca e fraqueza ocular. 7

Figura 1- Imagem ilustrativa de neurônio com axônio mielinizado e desmielinizado.

Fonte: Revista Saúde Experts.

A síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio global, independentemente de ser apontada como uma síndrome rara e com baixas incidências de casos confirmados anualmente. Prontifica suas incidências, de acordo com sua localização geográfica, com elevados índices de contaminação de agentes etiológicos que afetam principalmente o sistema gastrointestinal e o sistema respiratório, consta-se também uma prevalência pelo sexo e pela idade dos pacientes, determinados por um estudo efetivado em um hospital escola entre o ano de 2013 à 2017, com indicadores de que sexo masculino possui predominância, com um índice de 60,87% dos casos confirmado e no sexo feminino consta-se um índice de 39,13% dos casos confirmados. 8

2.1.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ

A SGB principia suas manifestações clínicas 3 a 6 semanas, seguidamente a contrações de agentes etiológicos, capazes de ativas resposta imunológicas, como bactérias (Campylobacter jejuni), vírus (Epstein-Barr, citumegalovírus, HIV ou SARS- CoV), arbovírus (Chikungunya, vírus Zika ou influenza), ou em aplicações de vacinas (BioNTech, Pfizer, CoronaVac, Johnson & Johnson, Oxford, AstraZeneca ou H1N1). 9

A síndrome de Guillain-Barré apresenta diversificadas mutações, apresentando- se de diferentes formas, assim sendo a AIDP (polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda) estabelecida por ser o subtipo popular e pela iniciação inflamatória as raízes nervosas, dificultando a condução eletrofisiológica ou bloqueio condutor, desencadeando miastenia, AMAN (neuropatia axonal motora aguda), AMASAN ( neuropatia axonal sensorial motora aguda), síndrome de Miller-Fisher (MF) determinado por apresentar anticorpos GQ1b, síndrome polineurite craniana (PNC) e encefalopatia de Bickerstaff prototípica (BFE). 7

A determinação do diagnóstico da SGB é entendida por resultado de critérios clínicos, exames laboratoriais e exames de imagens. Os exames laboratoriais se dão pela identificação de biomarcadores, que frequentemente são expostos em exames laboratoriais de doenças autoimunes ou relacionadas a pós-infecções, porém encontra-se indispostos nos exames laboratoriais da síndrome de Guillain-Barré, instigando a necessidade de utilizar outros mecanismos, para proporcionar o diagnóstico para SGB. Sendo eles, respostas imunes humorais e celulares, macrófagos ativados, linfócitos ativados e anticorpos anti-gangliosídeos. 10

Os exames de imagens mais aplicados para identificação da SGB foi eletroneuromiografia (ENMG) (Figura 2), que proporciona a visualização das formas desmielinizantes ou axonais, posteriormente ao excitamento dos nervos periféricos, motores e sensitivos, por decorrência da passagem de uma corrente elétrica, fornecendo considerações relacionadas ao nível de comprometimento, fisiopatologia das lesões e o curso transitório dessas lesões em tempo real.11

Figura 2- Exame de imagens de eletroneuromiografia.

Fonte: Revista de saúde- Eloy Cass.

Exame de imagem eletroneuromiografia, figura A demonstra as estruturas presentes nos nervos, de acordo em como a estrutura deve se encontrar no organismo. B observa-se uma desmielinização axonal, de forma uniforme. C observa-se uma desmielinização não uniforme da região axonal. D, E, F e G observa-se uma desmielinização uniforme do neurônio, na região axonal.

Tomografia computadorizada de crânio (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM), proporcionando imagens de alta qualidade da região, permitindo a explanação anatômica, para identificação das lesões e alterações relevantes para o diagnóstico (Figura 3). 12

Figura 3- Ressonância nuclear magnética.

FONTE: TY – JOUR et al. 2018/01/02, SP . JO – Neurology.

Imagens sagitais ponderadas em T2 da coluna cervical (A) mostram extensa hiperintensidade de substância cinzenta na coluna vertebral cordão e leve inchaço. Imagens coronais ponderadas em T2 de as órbitas (B) mostram hiperintensidade central na óptica nervos próximos ao quiasma (asterisco). Pós-contraste coronal. As imagens ponderadas em T1 (C) mostram o realce do segmento apical do nervo óptico esquerdo (seta).

A SGB existe carência de cura, no entanto existem mecanismos de tratamento intencional, de proporcionar qualidade de vida, abrandar manifestações clínicas e impossibilitar o avanço da doença. Os tratamentos para a síndrome de Guillain- Barré abarcam o uso de medicamentos para reprimir as dores e que constitui em ocasionar poucos efeitos colaterais (Gabapentina e Carbamazepina), plasmaferese (troca plasmática terapêutica, para divisão do plasma, dos componentes sanguíneos). O tratamento fisioterapêutico é assinalado desde o diagnóstico, pois opera na fisioterapia motora e respiratória, determinando o propósito de prevenir comorbidades, de reatar o equilíbrio, readquirir a força muscular e habituar o condicionamento físico. 13

2.2 COVID-19.

2.2.1 FISIOPATOGENIA E EPIDEMIOLOGIA DA COVID-19

A COVID-19 é uma síndrome respiratória aguda grave infecciosa, causada pelo coronavírus e seu agente etiológico é o SARS-CoV-2. Tendo em vista que já foram reconhecidos outros agentes etiológicos semelhantes decorrentes de outras epidemias, tais como o SARs-CoV-1 e o MERS, não se predominam formas graves, igualmente a SARs-CoV-2, que demonstrou uma propagação rápida de novos casos por todo o mundo no ano de 2020.14 Todavia, quando o SARS-CoV-2 entra no organismo do hospedeiro, se liga ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), permitindo a sua entrada nas células-alvos e a sua replicação no interior destas células, desencadeando, dessa forma, uma resposta imune no hospedeiro, que iniciaram a apresentação de sinais e sintomas da Covid-19. Ao ser reconhecido, o tropismo se aloja no trato respiratório superior e nos tecidos pulmonares, que irá agir como uma porta de entrada para outros órgãos, os quais iram expressam esse receptor, podendo assim ser afetados pela SARs-CoV-2, de modo que os indivíduos, desenvolvam periodicamente, decorrências de outras manifestações clínicas, como desencadear doenças neurológicas, cardiológicas, renais, hepáticas e principalmente as doenças respiratórias. 7

Ademais, alguns estudos epidemiológicos demonstram três condições que se encontram internamente relacionadas com a via de disseminação das viroses, tais como fonte de infecção, via de transmissão e susceptibilidade. Entretanto, o coronavírus, com altos índices de transmissibilidade, possui sua principal via de transmissão por gotículas, no qual ocorre de originada pessoa que se encontra infectada por Covid- 19, transmitindo o vírus ao ambiente, permanecendo no ar por aproximadamente 6 horas ou a outra pessoa de modo direto, por meio de tosses ou espirros. 15

2.2.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DA COVID-19.

Além disso, o período médio de incubação do SARS-CoV, pode se diversificar entre 0 e 14 dias, onde é notadamente um período mais reduzido do que a SARS- CoV-2 e o MERS-CoV. As vítimas acometidas por infecção, em decorrência ao coronavírus, expõem aspectos clínicos muito versáteis, de entre eles, encontra-se a presença de pacientes assintomáticos, que periodicamente pode apresentar manifestações clínicas leves, moderadas e graves, que se assemelham a de quadros gripais, como tosses, dores de cabeças, vômitos e dispneia, classificado como os sintomas mais comuns das manifestações clínicas da Covid-19. As manifestações apresentadas pela evolução da doença, para internação e UTI, se apresentam com febres, tosses, fadigas, dispneia, dores de cabeça, astenia, mialgia, rinorreia, dores toráxicas, ageusia, síncope, confusão, alterações da frequência cardíaca, respiratória e na pressão arterial. 16

A gradatividade da doença para desencadear sepse, é de forma lentificada, em que a insuficiência cardíaca refratária e danos renais ocorrem devido a participação extrapulmonar, estimulando assim, o progresso para sepse e choque séptico. Demonstrando o importante uso de instrumentos de triagem, avaliando e determinando as condições vitais do paciente e se possui falência de órgãos, evitando possíveis complicações e beneficiando a recuperação de forma qualitativa desses indivíduos.17

Outrossim, sua confirmação diagnóstica se dá através de achadas clínicos, por reverse-transcriptase polymerase chain reaction (RT-PCR) que investiga sequências do RNA exclusivas do SARS-CoV-2, que posteriormente levantará taxas de sensibilidade, especificidade, valores positivos e negativos, de materiais coletados da orofaringe e nasofaringe, estabelecida como o padrão ouro para diagnóstico de SARS-CoV-2. Hemograma com uso do meio Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA), proporcionando a identificação de anticorpos IgA, IgM e IgG, com avultada capacidade de diagnosticar de forma concreta, com margem de erro baixa, para positividade a SARS-CoV-2.15

Testes rápidos ou SWAb nasofaringe/orofaríngeo, estabelecido durante a pandemia e atualmente como o meio mais ágil e rápido para identificação da presença de SARS-CoV-2, utilizando os meios de RT-PCR, no entanto, de forma menos sensitivo. Cultura celular, com materiais coletados por aspiração nasofaringea, utilizada no período pandêmico, em laboratórios apenas, para induzir estudos e experiências do vírus. Ressaltando também, valores de detecção da presença de outros vírus, que indicam comportamentos clinicamente semelhantes ao da SARS- CoV-2. 15

Em suma, exames de imagem evidenciam a presença e a gravidade da Covid-19 no organismo do indivíduo, sendo eles, tomografia computadorizada (TC), raio-x e ressonância nuclear magnética (RNM). A tomografia computadorizada de tórax (FIGURA 4), permite identificar achados que evidencie a presença do vírus no organismo, devido ao sítio de infecção (sistema respiratório) e sua alta sensibilidade de visualizar esses achados, vindo a ser o método de imagem mais utilizado durante a pandemia da Covid-19, permitindo a visualização das opacidades pulmonares em vidro fosco e as consolidações tomográficos que observará-se com mais frequência em paciente com casos positivos de COVID-19 com a evolução das manifestações clínicas, necessitando do encaminhamento para UTI, onde o vírus pode posteriormente irradiar predominantemente para periferia do corpo, desencadeando outras manifestações clínicas, podendo deixar sequelas ou até mesmo provocar a morte do indivíduo.18

Figura 4- Tomografia computadorizada de tórax.

FONTE: Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2020.

Mesmo com a presença de vacinas atualmente no mundo, como AstraZeneca, Johnson & Johnson, Pfizer, CoronaVac e entre outras, criadas por diversos países e aplicadas na população mundial, que se apresentaram de forma efetiva na sociedade, conseguindo promover a diminuição de casos, mortes e encaminhamentos para internação.19 Porém, a COVID-19 não possui medicamentos em casos de contaminação ou internações, apresentando tratamento medicamentos alternados, variando do grau de evolução da doença. Tratamento com o “Kit covid-19”, com base nos medicamentos azitromicina, ivermectina e cloroquina ou hidroxicloroquina, disponibilizados por alguns estados para população, não evidenciou quaisquer eficácias no tratamento da infecção pelo vírus. Um vasto número de pacientes, demonstraram melhora sem uso de quaisquer medicamentos. Mas encontra-se atualmente, o estudo de desenvolvimentos de fármacos específicos para COVID-19, porém, os fármacos que possui objetivo proposital de tratar outras doenças, no uso em pacientes acometidos pela doença que demonstraram resultados animadores, como favipiravir, oleandrina e medicamentos biológicos como tocilizumabe, uso de plasmas convalescentes e heparina.20

2.3 CORRELAÇÃO ENTRE A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ E A COVID-19.

A pandemia ocasionada pela COVID-19, com início em dezembro de 2019, na cidade Wuhan, na China, promoveu pelo mundo inúmeras mortes e internações, com a apresentação de sintomas leves, graves, assintomáticos e mortes. A COVID-19 tem seu sítio de infecção no sistema respiratório, porém, as manifestações neurológicas encontram-se incluso em seu sítio infeccioso. Entre elas, encontra-se a Síndrome de Guillain-Barré, que durante a pandemia, a partir de relatos de casos, observa-se uma coincidência temporal, entre o início das manifestações de SGB após a infecção pela COVID-19 ou após a administração de vacinas para o vírus de SARS-CoV.1

Presumivelmente os mecanismos que se acredita estar correlacionado em desencadear a SGB em pacientes acometidos pela COVID-19, pode-se dar à patogênese vinculada a SGB típico, resumindo-se na desmielinização das raízes nervosas periféricas. As deteriorações nos nervos periférico, há possibilidade de ser em questão a resposta imune aberrante a infecções, expondo a chance de ocorrência da deterioração, mediada a resposta imune ao SARS-CoV-2, devido impulso na elaboração de anticorpos auto-reativos (antigangliosídeos).21

Com base em um estudo realizado no centro terciário francês, para o reconhecimento da SGB fundamentados em exames biológicos, eletrofisiológicos e clínicos que desempenhavam os critérios de Brighton. Entre os 294 pacientes adultos que se encontravam internados na UTI, com sedação e ventilação mecânica, entre 1° de março de 2020 a 31 de maio de 2021, que positivaram a COVID-19, apenas 2 desses pacientes foram diagnosticados com SGB e 1 com a Síndrome de Miller Fisher. Os 3 apresentavam inexistência de comorbidades anteriores. Entretanto, não há confirmações que a COVID-19 se relaciona ao desencadeamento da SGB.22

Relato de caso de uma criança hispânico com 8 anos de idade, que apresentou no pronto-socorro do Hospital Riley, com fraqueza progressiva, onde foi realizado exames de imagens com resultados normais. Contudo, seus reflexos tendinosos se encontravam ausentes nos membros superiores e inferiores, mas a sensibilidade encontrava-se intacta. O paciente iniciou um quadro de má depuração e tosse, levando aos profissionais a realizar intubação com a finalidade de permanecer nas vias aéreas em perfeito estado. O paciente foi submetido ao exame de eletrodiagnóstico, que identificou a ausência da condução sensitiva e condução motora lenta, impondo o diagnóstico de Síndrome de Guillain-Barré. O paciente realizou exames de PCR com resultado negativo para COVID-19, mais exame de amplificação do ácido nucleico de SARS-CoV-2 positivo, estabelecendo o diagnóstico de COVID-19. Identificando mais uma vez, a associação da COVID-19 com a SGB. 22

Relato de caso de um paciente de 53 anos, que manifestava parestesia de membros inferiores, ataxia, fraqueza distal e arreflexia, que informou o contato com pessoas positivadas para COVID-19, 17 dias anteriores a manifestações clínicas neuronais iniciarem. O paciente realizou exames de imagem (TC) e RM, sorológicos, SWAB, LCR por ensaio ELISA multiplex, HLA, PCR e exames de condução nervosa. A tomografia computadorizada (TC) evidenciou opacidades em vidro fosco bilaterais, mas o SWAB para COVID-19 resultou em negativo, entretanto teste sorológico sanguíneo e LCR evidenciou a presença IL-6, IL-8 e TNF-alfa, o IL-6 encontrado no LCR foi utilizado para o diagnóstico de COVID-19. Exames de condução nervosa apresentou positivo para desmielinização, eliminando a envoltura do SNC, mediada por uma ressonância magnética cerebral e a presença de IL-8 no LCR foi utilizado para diagnosticar o paciente com SGB, pois evidencia uma predisposição genética. Nota-se novamente uma associação da SGB com a COVID-19, mesmo que não apresente firmes conclusões.23

Em conclusão a análise dos estudos e relatos de casos apresentados acima, podemos evidenciar que as manifestações e quadros clínicos da SGB e a COVID-19 possuem associações de extrema relevância, os exames realizados nos pacientes de ambas doenças, como exames de imagens, sorológicos e LCR, são utilizados com o mesmo intuito de diagnósticas os pacientes, as manifestações clínicas se interligam de acordo com a evolução de ambas as infecções, todavia, não encontra-se uma explicação, estudo ou evidência concreta que correlacione verdadeiramente que a Síndrome de Guillain-Barré venha a ser desencadeada após a infecção pela SARS- CoV-2.

3. JUSTIFICATIVA

A justificativa para escolha do tema é proposta devido a situação que encontrava o mundo em relação a pandemia após o surgimento da doença SARS- CoV-2 ou Covid-19, que teve sua origem na cidade de Shuan-China, em dezembro de 2019, se alastrando pelo mundo, atingindo principalmente o sistema respiratório e outros órgãos e sistemas dos indivíduos que contraem a doença, deixando sequelas ou levando a morte, devido a variedade de sintomas em formas assintomáticas , podendo evoluir para sintomas graves e falência múltipla de órgão (MOF).1

Com o acometimento da COVID-19 em outros órgãos e sistema no corpo, incluindo o sistema nervoso periférico e central, ocorre o desencadeando doenças neurológicas comuns e raras, com sensibilidade a infecções por vírus ou bactérias, sendo uma delas, a síndrome de Guillain-Barré, uma dessas doenças neurológicas raras, que desencadeia suas manifestações clínicas, após infecções virais ou bacterianas, atingindo o sistema nervoso periférico, na forma desmielinizante que em meio a pandemia, evidenciou um aumento discrepantes em seus índices de casos confirmados no mundo, podendo estar inteiramente ligada ou não ao vírus da SARS- CoV-2, que proporciona pouca compreensão.2

A síndrome de Guillain-Barré apresenta manifestações clínicas, como, fadigas, mialgias, insuficiência cardíaca e insuficiência respiratória neuromuscular, sendo capaz de encaminhar pacientes que foram acometidos pela doença a serem entubados e internalizados na UTI, se assemelhando a COVID-19 que apresenta suas manifestações clínicas e evolução da doença de forma semelhante a SGB.3

Métodos de diagnóstico se assemelham, por meio de achados clínicos, exames de imagens como tomografia computadorizada (TC), ressonância nuclear magnética (RNM), raio-x e análises imunológicos com objetivos de encontrar anticorpos anti- gangliosideos, IgG e IgM e biomarcadores para identificar a presença da doença no organismo do indivíduo.4

Os meios de tratamento da SGB e COVID-19, são estabelecidos por meio da evolução da doença e das manifestações clínicas. Ambas não possuem medicamentos ou tratamentos específicos, sendo necessário a utilização de outros mecanismos farmacológicos para tratar a doença, com objetivo diminuir suas manifestações clínicas, evolução da doença e possivelmente a cura dos pacientes acometidos pelas doenças.5

4. OBJETIVO

4.1 OBJETIVO GERAL

Compreender as fisiopatologias e manifestações clínicas da síndrome de Guillain-Barré e a Covid-19, com o objetivo de compreender e analisar se realmente ocorre uma relação entre o desencadeamento da SGB após a contração da Covid-19.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Conhecer os aspectos gerais sobre a SGB e a Covid-19.
  • Discutir como ocorre a sua fisiopatologia no corpo humano.
  • Analisar se ocorre interligação entre a SGB e a Covid-19.

5. METODOLOGIA

Será aplicado neste estudo, uma pesquisa sistemática de revisão bibliográfica utilizando as principais ferramentas online de busca de artigos científicos e/ou clínicos indexados, como: Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Serão utilizados os seguintes descritores para seleção dos artigos: Síndrome de Guillain-Barré, SARS-CoV-2, Covid-19, Síndrome de Guillain-Barré e Covid-19, Síndrome de Guillain-Barré e SARS-CoV-2. Além disso, as palavras também foram utilizadas na língua inglesa: Guillain-Barré Syndrome, Guillain-Barré Syndrome and Covid-19, Guillain-Barré and SARS-CoV-2 para obtenção de estudos publicados em revistas e/ou periódicos internacionais.

Serão considerados um total de artigos publicados entre os anos 2019 e 2022. Não sendo descartados artigos publicados em anos anteriores com grande relevância.

Serão excluídos estudos incompletos que não apresentem as informações necessárias para abordagem do tema proposto no trabalho. Posteriormente, será realizada uma leitura seletiva dos resumos desses materiais bibliográficos encontrados, com base no tema proposto e combinações dos descritores. Após o acesso ao texto completo desses estudos, o conteúdo será analisado através de uma leitura crítica. Assim, após esse procedimento, as produções científicas serão selecionadas para compor o presente trabalho.

Para análise dos resultados, as informações serão coletadas utilizando uma ficha de apontamento com as seguintes informações: título, ano de publicação, autores e considerações do artigo. Em seguida o conteúdo será analisado e utilizado para o desenvolvimento do estudo.

6. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se com esse trabalho, estabelecer conhecimentos gerais e específicos, apontando as fisiopatologia, as manifestações clínicas da síndrome de Guillain-Barré e a SARS-CoV-2, analisando as possíveis causa desencadeadoras da síndrome de Guillain-Barré, incluindo a contração da Covid-19, que é tida como o principal alvo de análise deste estudo, com a busca de estabelecer os conhecimento necessários, informações e dados de relevância, capturadas de estudos científicos dirigidos entre essas doenças, para compreender se ocorre uma relação entre as duas.

7. REFERÊNCIAS

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2 Ellul MA, Benjamin L, Singh B, Lant S, Michael BD, Easton A, Kneen R, Defres S, Sejvar J, Solomon T. Neurological associations of COVID-19. Lancet Neurol. 2020 Sep;19(9):767-783. doi: 10.1016/S1474-4422(20)30221-0. Epub 2020 Jul 2. PMID: 32622375; PMCID: PMC7332267.

3 Ottaviani D, Boso F, Tranquillini E, Gapeni I, Pedrotti G, Cozzio S, Guarrera GM, Giometto B. Early Guillain-Barré syndrome in coronavirus disease 2019 (COVID-19): a case report from an Italian COVID-hospital. Neurol Sci. 2020 Jun;41(6):1351-1354. doi: 10.1007/s10072-020-04449-8. Epub 2020 May 12. PMID: 32399950; PMCID: PMC7216127.

4 Toscano G, Palmerini F, Ravaglia S, Ruiz L, Invernizzi P, Cuzzoni MG, Franciotta D, Baldanti F, Daturi R, Postorino P, Cavallini A, Micieli G. Guillain-Barré Syndrome Associated with SARS-CoV-2. N Engl J Med. 2020 Jun 25;382(26):2574-2576. doi: 10.1056/NEJMc2009191. Epub 2020 Apr 17. PMID: 32302082; PMCID: PMC7182017.

5 Zhao H, Shen D, Zhou H, Liu J, Chen S. Guillain-Barré syndrome associated with SARS-CoV-2 infection: causality or coincidence? Lancet Neurol. 2020 May;19(5):383-384. doi: 10.1016/S1474-4422(20)30109-5. Epub 2020 Apr 1. PMID: 32246917; PMCID: PMC7176927

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