FATORES DE RISCO PARA SEPSE NEONATAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12732709


Leila Francelina Boff
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Diala Alves de Sousa.


RESUMO

A sepse é caracterizada pela presença de dois ou mais sinais da Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), existindo vários fatores de risco para o surgimento dessa doença na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), sendo uma das causas principais de óbito em neonatos. O objetivo deste artigo é descrever os fatores de risco associados ao desenvolvimento de sepse neonatal na unidade de terapia intensiva. A metodologia utilizada é a revisão integrativa da literatura, pesquisada em artigos científicos entre os anos de 2018 e 2023. Dessa forma, os fatores de risco visualizados são o baixo peso ao nascer e a prematuridade demonstrados em todos os estudos. Também existe fatores gestacionais e maternos como infecção do trato urinário materno, pré-natal incorreto ou incompleto e ruptura prolongada ou prematura de membranas. Além disso, tem os fatores relacionados ao ambiente da UTIN, como a utilização de dispositivos invasivos, sendo cateter central de inserção periférica, acesso venoso periférico, ventilação mecânica invasiva e nutrição parenteral, agravados por causa da prematuridade imunológica do recém-nascido. Portanto, a assistência adequada no pré-natal na preconcepção, gestação, parto e ao RN são indispensáveis para a melhoria da quantidade de sepse neonatal. Assim, a execução de estudos novos nessa área é primordial para direcionar as ações de saúde, analisar as práticas assistenciais e determinar as possibilidades de melhoria do cuidado aos neonatos.

Palavras-chave: Sepse. Unidade de Terapia Intensiva. Fatores de Risco. Neonatal.

ABSTRACT

Sepsis is characterized by the presence of two or more signs of Systemic Inflammatory Response Syndrome (SIRS), with several risk factors for the onset of this disease in the Neonatal Intensive Care Unit (NICU), being one of the main causes of death in newborns. . The objective of this article is to describe the risk factors associated with the development of neonatal sepsis in the intensive care unit. The methodology used is an integrative literature review, researched in scientific articles between the years 2018 and 2023. Thus, the risk factors visualized are low birth weight and prematurity demonstrated in all studies. There are also gestational and maternal factors such as maternal urinary tract infection, incorrect or incomplete prenatal care and prolonged or premature rupture of membranes. Furthermore, there are factors related to the NICU environment, such as the use of invasive devices, such as a peripherally inserted central catheter, peripheral venous access, invasive mechanical ventilation and parenteral nutrition, which are aggravated by the immunological prematurity of the newborn. Therefore, adequate prenatal care during preconception, pregnancy, childbirth and the newborn are essential for improving the amount of neonatal sepsis. Therefore, carrying out new studies in this area is essential to direct health actions, analyze care practices and determine the possibilities for improving care for newborns.

Keywords: Sepsis. Intensive Care Unit. Risk Factors. Neonatal.

1 INTRODUÇÃO

A sepse é definida pelo surgimento de dois ou mais sinais da Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), entre eles estão hipotermia/hipertermia e/ou alteração de leucócitos, juntamente com a presença de quadro infeccioso comprovado ou suspeito, por causa da existência de patógenos como vírus, bactérias ou fungos que frequentemente estão presentes em fluidos estéreis como o líquor ou sangue, no primeiro mês de vida (1).

A sepse neonatal é uma das principais causas de óbito no mundo todo, causando em torno de cinco milhões de óbitos na etapa neonatal, sendo na maioria das vezes diagnosticada em países em crescimento ou subdesenvolvidos, como o Brasil. Os indivíduos mais afetados são os recém-nascidos de baixo peso expostos a procedimentos invasivos no decorrer do tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) (2).

A sepse neonatal é dividida como precoce ou tardia. Assim, a sepse neonatal precoce é quando os sinais clínicos surgem nas primeiras 48 a 72 horas de vida. Está associada a fatores pré-natais e do periparto, isto é, são adquiridas antes ou durante o parto e normalmente retratam transmissão vertical de mãe para filho. Já, a sepse tardia o quadro clínico começa após 72 horas de vida, referente a fatores pós-natais associados a organismos adquiridos de interação com o meio hospitalar ou a comunidade, na maior parte das vezes relativo a vários procedimentos aos quais os recém-nascidos (RN) estão submetidos na UTI (3).

Os neonatos possuem seu sistema imune imaturo, tornando-se mais vulneráveis aos agentes infecciosos existentes nessa fase, no período intrauterino, que pode acontecer antes, durante ou pós-parto, mesmo por microrganismos de pequena patogenicidade. As manifestações clínicas podem ser confundidas facilmente com outras patologias frequentes no período neonatal, quanto mais precoce a determinação dos sinais e sintomas, maiores são as chances de recuperação do RN dentro da UTIN (2,4).

Considerando o risco de que a sepse progrida para choque séptico e que a prevalência de letalidade no choque desenvolve consideravelmente, foi elaborado o protocolo Surviving Sepses Campaign, revisado em 2020, através do Departamento Científico de Terapia Intensiva da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para ajudar os profissionais da saúde a detectar e tratar mais rápido o quadro infeccioso, impossibilitando que piore e proporcionando intervenções mais eficientes. Á vista disso, deve compreender quais são os fatores principais de risco associados à sepse no período neonatal, visto que é tida como a época mais delicada da vida do indivíduo, possibilitando aumentar as discussões sobre a infecção e, consequentemente, sugerir providências mais eficazes para a sua prevenção (5).

Dessa forma, a sepse neonatal é uma doença muito grave, afetando especialmente os neonatos, ocasionando várias mortes. Por esse motivo, é necessário um conhecimento vasto em relação aos fatores desencadeadores desta doença, norteando os profissionais presentes na UTI, principalmente o enfermeiro que possui maior contato, assegurando maior segurança e agilidade nos cuidados ofertados.

2 OBJETIVO 

2.1 Objetivo Geral 

Descrever os fatores de risco associados ao desenvolvimento de sepse neonatal na unidade de terapia intensiva.

3 METODOLOGIA

Este artigo foi realizado a partir de uma revisão integrativa da literatura, a respeito do tema discutido com análise e síntese dos resultados verificados, para reunir informações interessantes buscando uma compreensão melhor do assunto. Empregando como base artigos científicos, na modalidade online, averiguando comparativamente os dados desta base de pesquisa. As informações usadas apresentaram como fonte de busca Literatura Latino-Americana (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Revistas Eletrônicas e Google Acadêmico. Os Descritores em Ciências da Saúde utilizados foram: sepse, unidade de terapia intensiva, fatores de risco, neonatal. A investigação foi executada no período de agosto de 2023 a junho de 2024. 

Após a leitura de distintos periódicos, foram selecionados 6 artigos, sendo 4 de revisão integrativa da literatura, 1 descritivo retrospectivo e 1 estudo transversal a campo, utilizando os seguintes descritores: sepse neonatal, enfermeiro, fatores de risco e unidade de terapia intensiva, sendo publicações em português, e que relatassem o tema com assuntos completos e gratuitos, entre o período de 2018 a 2023. A título de exclusão encontrados publicações incompletas, em outros idiomas que não abordassem o assunto ou repetidos em outras fontes de dados, anterior ao ano de 2018 foram eliminados.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 SEPSE NEONATAL

A sepse neonatal é uma enfermidade clínica com alterações hemodinâmicas e diferentes manifestações clínicas generalizada resultante do surgimento de um germe patogênico. Os recém-nascidos pré-termo, possuem o risco de acontecer infecção de 8 a 11 vezes maior do que no RN a termo. Isso ocorre devido a fragilidade das mucosas e das barreiras cutâneas, e também do pequeno desenvolvimento do mecanismo de defesa sobre as infecções dos prematuros, sendo imunodeficientes na síntese de imunoglobulinas, na capacidade de opsonização e fagocitose e no sistema complemento (C3 e C5) (6).

Além do mais, esta doença tem como característica os elevados níveis de interleucina 8 (CXCL8), 18 (IL-18) e 6 (IL-6), que podem ser sintetizadas por células endoteliais (CE) que são intensificadas no contexto séptico. O propósito da geração dessas citocinas é conduzir os leucócitos para os tecidos periféricos, entretanto, esta ação na vasculatura inflamada é reduzido nos neonatos sépticos. Esse fator, relacionado ao imaturo sistema imunológico do RN, sendo incapaz de resolver a infecção em seu sítio inicial, causando a difusão sistêmica, possuindo carga de patógenos bem maior que os adultos, e, em consequência, é a causa da gravidade e dos altos índices de morbimortalidade (5).

Todavia, a sepse neonatal provoca aproximadamente 36% da morte neonatal, log após prematuridade (28%) e em seguida asfixia ao nascimento (23%). Aliás, a sepse é encarregada por cerca de 26% das mortes de menores de cinco anos com a prevalência mais acentuada na África Subsaariana. Estudos têm determinado que metade dos bebês com esta patologia morrem de choque refratário na primeira semana de vida, e a maior parte delas vem a óbito antes de entrar na UTIN, especialmente devido o diagnóstico ineficiente. A sepse neonatal precoce causa em torno de 8% das mortes neonatais, já o processo infeccioso tardio é cerca de 4 vezes maior (7).

Desse modo, não é comum apresentar um padrão clínico bem determinado para os recém-nascidos que possuem sepse neonatal, contudo, ressalta-se alguns principais sinais e sintomas demonstrados por estes pacientes, hipotonia, instabilidade térmica, taquipneia, irritabilidade, estase gástrica, vômitos, hipotensão arterial, apneia, convulsões, letargia, distensão abdominal, má perfusão, palidez cutânea, intolerância alimentar, dificuldade respiratória, hipoatividade, hiper ou hipoglicemia, hepatoesplenomegalia, petéquias ou púrpura, icterícia idiopática, queda da saturação de oxigênio e acidose metabólica, bradicardia ou taquicardia. Ainda, a sepse neonatal pode acarretar choque séptico com taxas altas de morbimortalidade (6,8).

O diagnóstico desta enfermidade em RN é complicado, pois a maior parte das manifestações são inespecíficas, podendo fazer parte da condição clínica de outras doenças como as situações próprias do nascimento e da adaptação ao meio extrauterino. O padrão-ouro para a determinação da sepse é a cultura positiva no líquido cefalorraquidiano (LCR) e/ou no sangue. Entretanto, em vários casos é preciso presumir o diagnóstico e inserir o tratamento fundamentado em exames laboratoriais inespecíficos e achados clínicos. Porém, a utilização critérios clínicos e laboratoriais estabelecidos corretamente podem servir de base para criar um diagnóstico mais preciso, prevenindo-se o emprego desnecessário de antimicrobianos (7).

O tratamento deve ser verificado juntamente com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da instituição para apontar a microbiota hospitalar incidente, o padrão de resistência e também a dependência de procedimentos invasivos para o direcionamento apropriado da terapêutica empírica até a saída das hemoculturas coletadas (8).

4.1.1 Fatores de Risco para Sepse

A sepse de início precoce no neonatal ocorre por alguns fatores: ruptura prematura das membranas que podem acontecer 18h antes do parto ou ruptura prolongada (grávidas acima de 37 semanas, >18 horas); febre materna (> 38,0º C); infecção do trato urinário no trabalho de parto; corioamnionite materna que se apresenta com febre materna antes um pouco ou até mesmo no decorrer do parto com leucocitose materna, sensibilidade uterina, líquido amniótico fétido e taquicardia; parto prematuro e mãe colonizada com Estreptococos grupo B (SGB) com determinação de profilaxia intraparto incorreta ou sem profilaxia. E referente ao bebê são: prematuridade; taquicardia fetal (>180   bpm); Apgar 5min <7; sexo masculino; primeiro gemelar (4).

O maior número de casos de sepse neonatal precoce é causado por organismos Gram-negativos entéricos (Escherichia coli) e estreptococos do grupo B. Culturas efetuadas através de material vaginal e retal de grávidas retratam na maioria das situações taxas altas de colonização de estreptococos do grupo B de até 35%, isto é, 35% dos RN ficam colonizados com esse microrganismo (9).

A sepse neonatal de início tardio em RN ocorre devido a alguns fatores como: transmissão de patógenos do meio hospitalar circundante depois do parto, por causa do contato com cuidadores ou profissionais de saúde; manifestação tardia de infecção disseminada verticalmente e, o uso de cateter intravascular ou outros processos invasivos que rompem a integridade da mucosa. A continuação na UTIN eleva o risco de desenvolvimento da sepse por meio da utilização da Ventilação Mecânica (VM), do cateter central de inserção periférica (PICC) e a nutrição parenteral, emprego de antibióticos de amplo espectro, uso de incubadora, tempo de internação maior que 21 dias na UTIN, monitorização invasiva, e aplicação de bloqueadores de receptores H2. Além desses, Baixo Peso ao Nascer (BPN), ácido estomacal baixo, amamentação insuficiente, infecções prévias (maternas ou não), superlotação e infraestrutura das unidades também foram mencionadas. Dentre os citados, o uso de PICC foi o Fator considerado mais grave (2, 5).

Os agentes etiológicos mais comuns nessa afecção são as bactérias gram-positivas, sendo os Enterococos, Staphylococcus aureus, Estafilococos coagulase-negativo, as gram-negativas representadas pela Pseudomonas aeruginosa, Klebisiella pneumoniae, Enterobacter spe, fungos como a Candida albicans e a Candida parapsilosise e por fim os agentes virais, vírus herpes simples, vírus sincicial respiratório, rinovírus e enterovírus. Em situações de ocorrência da doença fora do meio hospitalar, os germes mais frequentes visualizados nos   surtos comunitários, são o Escherichia coli e Staphylococcus aureus (5).

4.2 UTI NEONATAL

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um local responsável pelo cuidado ao recém-nascido com idade de 0 a 28 dias, visto que apresenta os recursos humanos, tecnológicos e materiais, precisos e especializados para atender o neonato em suas complexidades e de maneira integral, em estado de saúde crítico ou potencialmente crítico, segundo a Portaria do Ministério da Saúde, nº 930, de 10 de maio de 2012 (10).

O cuidado nesse lugar necessita de ser qualificado contendo profissionais preparados com conhecimentos tecnológicos e técnicos, demonstrando-se fundamentais ações de aperfeiçoamento e também capacitação da equipe, para assegurar ao RN atendimento de qualidade com a finalidade de manutenção da vida (8).

Entretanto, a UTIN, mesmo com as tecnologias presentes, é um meio diferente ao que o neonato estava acostumado, estressante e bastante temeroso em que os recém-nascidos continuam em estado de intensa vulnerabilidade sendo regularmente manuseados e submetidos a intervenções invasivas, diferindo do meio anterior (intrauterino). Contudo, a assistência fornecida pela equipe, vem colaborando de forma benéfica para evolução clínica do RN (10).

4.3 PAPEL DO ENFERMEIRO NA SEPSE NEONATAL

O enfermeiro é encarregado pelo cuidado ao bebê, percebendo na maior parte das vezes os primeiros sintomas e sinais da infecção, possuindo a função principal de diagnóstico e intervenção precoce, assegurando a adequada complementação diagnóstica e antibioticoterapia. É recomendável que os hospitais providenciem protocolos sempre atualizados, apresentando especificações, para otimizar os tratamentos, diminuindo os casos de sepse neonatal, e contribuindo na concepção dos mecanismos da enfermidade na investigação clínica (2).

Além disso, os enfermeiros que trabalham em UTI realizam atividades guiadas por padrões de cuidados, subsidiando a esquematização para qualidade da assistência fornecida, assim como um guia de como deve ser efetuado os cuidados ao doente em estado crítico. Nessa perspectiva, a introdução da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) na supervisão de crianças em UTI neonatal proporciona maior segurança ao RN, melhora a qualidade da assistência e possibilita autonomia maior aos profissionais de enfermagem. Dessa forma, com a SAE o atendimento em UTIN será efetivado de modo humanizado, prevenindo os efeitos da hospitalização e obedecendo as peculiaridades patológicas de maneira segura (8).

A SAE presume a organização do trabalho em relação ao método, individual e instrumentos, e promove a operacionalização do Processo de Enfermagem, sendo um instrumento metodológico integrado, formado por cinco fases inter-relacionadas: Histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem (DE), Planejamento, Implementação e Avaliação. Assim, por intermédio do DE, o enfermeiro utiliza o raciocínio e julgamento clínicos e finaliza a investigação das informações pertinentes à condição de saúde do RN, aprovando a padronização e individualização do amparo (2).

Portanto, o enfermeiro é o profissional de responsabilidade maior pela manipulação do RN e os cuidados com os dispositivos. Engloba algo além do emprego de técnicas e procedimentos, em que o profissional se preocupa com o oferecimento de atenção, proteção e comodidade que lhes são precisos. Ainda, pode contribuir para laços afetivos ajudando na comunicação inicial dos pais com o RN, poderá também orientá-los quais os cuidados que será efetuado, informar o direito de visitá-lo quando desejarem, estimulá-los a tocar e conversar com o neonato, tornar o local acolhedor, entre outras maneiras de recursos (11).

5 RESULTADOS

Esta revisão integrativa é formada por meio da análise de 6 artigos, envolvendo os critérios de inclusão propostos na metodologia, analisados com a finalidade de caracterizá-los e interpretá-los. A apresentação dos artigos selecionados no quadro abaixo descreve as pesquisas efetuadas para determinar os principais fatores de risco em neonatos na UTI, demonstrando a importância da prevenção desses fatores na vida dos RN, evitando várias complicações e até a morte. 

Quadro 1:  Principais estudos em relação ao tema, ressaltando o autor e ano, título, objetivo, metodologia, resultados e conclusão

AutoresTítuloObjetivoMetodologiaResultadosConclusão
SANTOS; OLIVEIRA; SALES (2020)Sepse neonatal, avaliação do impacto: uma revisão integrativa.Analisar os principais   fatores de risco   de sepse   neonatal, as principais manifestações clínicas e a antibioticoterapia mais prevalente.Revisão integrativa.Os resultados demonstram que os fatores de risco associados a Sepse Neonatal à UTIN são: fatores associados a prematuridade e às condições de   nascimento, e   fatores gestacionais e maternos. E também referentes a procedimentos invasivos e contaminação existentes nos setores    hospitalares.Portanto, a   definição dos   fatores de riscos, os sintomas   clínicos e o diagnóstico precoce e o tratamento poderão colaborar efetivamente para a redução dos casos que progridem para óbito e realizar as intervenções precisas.
SOUZA et al. (2023)Fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de sepse neonatal: revisão integrativaInvestigar os   fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de sepse neonatal.Revisão integrativa da literatura.A partir dos estudos, tem diversos fatores associados a sepse neonatal, sendo: infecções sexualmente transmissíveis e do trato urinário na gestação, ruptura de membranas com tempo superior a 18 horas, falta ou cuidados pré-natais incompletos, parto prematuro, febre materna, internação prolongada na UTIN, baixo peso ao nascer relacionado a prematuridade, reanimação neonatal no nascimento, dispositivos e procedimentos invasivos.Dessa forma, os resultados sugerem que, para diminuir a prevalência de prematuridade e complicações neonatais, existe a necessidade de uma assistência  pré-natal e pós- natal melhor que  procure determinar precocemente as manifestações   clínicas ou   alterações no decorrer da   gravidez.      
MEDEIROS et al. (2018)Procedimento s invasivos e sepse em recém- nascidos de muito baixo peso: estudo descritivo.  Identificar o tipo de sepse que acometeu o RN com muito baixo peso ao nascer e os procedimentos assistenciais invasivos aos quais foram submetidos, em um hospital universitário do município de Niterói, entre os anos de 2008 e 2012.Estudo descritivo retrospectivoNessa pesquisa ressalta-se que a prematuridade e o baixo peso ofertam condições para o desenvolvimento de sepse. Referente aos fatores de exposição do RN tem-se os procedimentos de risco. Assim, as porcentagens de acessos vasculares foram maiores, 81% para cateter central de inserção periférica e 88% para acesso venoso periférico.Por conseguinte, as informações sobre à sepse neonatal contribuíram para que ocorressem modificações de práticas assistenciais, fundamentadas em protocolos sugeridos para a minimização da sepse na UTIN, colaborando muito para a qualidade da assistência ao RN.
DORTAS et al. (2019)Fatores de risco associados a sepse neonatal: Artigo de revisão.Identificar principais fatores de risco para desenvolvimento de sepse neonatalRevisão integrativa da literatura.Diante dos resultados obtidos os fatores de risco, os mais frequentes foram: sexo masculino, nascidos pré-termo, muito baixo peso ao nascer, execução de procedimentos invasivos, deficiência de G6PD, infecção do trato urinário materno, ruptura prematura ou prolongada de membranas, pré-natal incorreto e hospitalização prévia.Conclui-se que é primordial o reconhecimento dos fatores predisponentes ao surgimento da sepse neonatal, objetivando sua intervenção precoce e prevenção.
OLIVEIRA; SORTE (2022)Caracterização dos fatores de risco e ocorrência de óbito em recém- nascidos com diagnóstico de sepse neonatal em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.Caracterizar os fatores de risco observados e sua relação com a ocorrência de óbito em recém nascidos com diagnóstico de sepse em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital regional do interior da Bahia, Brasil.Estudo transversal com 712 participantes internados, em uma UTIN, em Guanambi, Bahia.Observou-se neste trabalho que a prematuridade, juntamente com o baixo peso ao nascer, são os fatores principais de risco para a sepse neonatal, pois entre os bebês internados com sepse neonatal nesse hospital, mais de 65% deles possuíam as duas condições.Desse modo, averiguou-se que os RNs que foram tratados na UTIN para sepse neonatal eram, a maioria, nascidos de parto artificial, do sexo masculino, prematuros, com baixo peso ao nascer, sendo os fatores mencionados como de risco para sepse neonatal.
OLIVEIRA et al. (2018)Fatores de risco para sepse neonatal em unidade de terapia: Estudo de evidência.  Buscar as principais evidências disponíveis na literatura sobre os fatores de risco para a sepse neonatal em recém-nascidos internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal.  Revisão integrativa da literatura.A prematuridade e o baixo peso ao nascer predominaram em todos as pesquisas como fator preditivo de maior relevância.  A idade gestacional,  ruptura prematura das membranas amnióticas e infecção do trato geniturinário materno foram os principais fatores de risco gestacionais para a sepse neonatal. Os fatores relativos ao ambiente da UTIN: o tempo médio de permanência hospitalar, utilização de dispositivos invasivos, como a ventilação mecânica invasiva, cateter PICC e nutrição parenteral.Logo, conclui-se que a definição dos fatores de riscos relacionados ao diagnóstico de sepse neonatal subsidiará a efetuação de intervenções e demais estudos que contribuem para a redução da mortalidade neonatal ocasionada a partir desses riscos.  
Fonte: Própria Autora (2024).

6 DISCUSSÃO

Diante do exposto, os estudos pesquisados identificaram os principais fatores de risco que interferem no desenvolvimento da sepse neonatal. O baixo peso ao nascer e a prematuridade estão presentes em todas as pesquisas como fator preditivo de alta relevância. Também fatores gestacionais e maternos como ruptura prematura ou prolongada de membranas, infecção do trato urinário materno, pré-natal inadequado ou incompleto, indicando a necessidade de melhoria da assistência fornecida a gestante no pré-natal.  

Da mesma maneira, os fatores associados ao ambiente da UTIN, como a utilização de dispositivos invasivos, por exemplo, cateter central de inserção periférica, ventilação mecânica invasiva, acesso venoso periférico e nutrição parenteral, que são agravados devido a prematuridade imunológica do neonato, precisando da adoção de formas de prevenção, de capacitação e educação continuada e ainda a introdução de protocolos como o de inserção desses dispositivos, manuseio e remoção e a técnica de lavagem das mãos corretamente, com o objetivo de diminuir os índices de sepse neonatal, sendo condutas primordiais no planejamento da assistência oferecida.

Contudo, existe falta de reconhecimento desta doença como um problema de saúde pública de grande preocupação, resultando da ausência de dados detalhados, especialmente nos países emergentes. Por essa razão, fica visível a necessidade de investigar o conhecimento a respeito dos fatores de risco relativos à sepse neonatal para recomendar ainda mais maneiras profiláticas do seu contágio, ajudando na criação de políticas públicas eficientes para possibilitar modificações epidemiológicas a nível nacional e regional (5). 

Esses resultados percebidos refletem a necessidade de aperfeiçoar a assistência pré/pós-natal, determinando previamente os sinais de risco ou de mudanças durante a gravidez, com o propósito de reduzir a prevalência de complicações neonatais e partos prematuros. Introduzir a sepse tardia nas políticas públicas de saúde colaborando para a viabilização de esforços e também investimentos em pesquisas, visando conhecer melhor esta patologia, reconhecer que é um tema urgente e grave. O enfermeiro possui papel essencial na assistência aos prematuros internados em UTIN, sempre estando atento aos elementos de risco aos quais os RN estão expostos, evitando infecções e realizando cuidado individualizado ao neonato (16).

Na tentativa de diminuir a morbimortalidade no período neonatal, a inserção e aplicação de bundles (estratégias ou medidas de evidência científica confirmada nos guias internacionais de boas práticas para prevenção de infecções), incluem execução apropriada da higienização das mãos, análise do circuito do ventilador e troca do mesmo em situação de resíduo sólido ou mau funcionamento, desmame ventilatório precoce, avaliação e retirada de condensado do circuito, higiene oral, elevação da cabeceira 10-13 graus, para precaução de infecção associada a dispositivos invasivos, a averiguação individualizada da necessidade real do dispositivo, capacitação da equipe assistencial e além da abordagem interdisciplinar das inúmeras interfaces onde se possa influenciar no cuidado ao RN é fundamental (17)

Apesar de existir a dificuldade em erradicar a sepse, é fundamental que não ocorra desânimo pelos profissionais, porém que essa dificuldade seja observada como ação propulsora para que mais pesquisas sejam efetivadas a longo prazo, com o objetivo da consolidação de informações nacionais que colaborem no conhecimento da mortalidade e incidência, assim como ações com a finalidade de melhorar a assistência neonatal. Além disso, o treinamento para identificação precoce da sepse voltado para os fatores de risco juntamente com os sinais clínicos perceptíveis, a prevenção e a introdução de terapia conforme o perfil epidemiológico do local, intencionando prevenir suas dramáticas consequências (5).

Entretanto, as UTIN são um avanço grande para o cuidado do RN e em diversas situações contribuem para a minimização de sequelas e mortes nos bebês. Assim, deveria ser um lugar utilizado quando preciso, em casos inevitáveis. Contudo, o que se verifica é uma elevação da prematuridade, que demanda o trabalho de UTIN. Portanto, tem que melhorar a atenção primária e secundária no cuidado constante de qualidade à grávida, atenuar as cesarianas desnecessárias para que as atividades de UTIN sejam focalizadas para situações que não se poderia prevenir o internamento do RN (17).

Por conseguinte, os fatores de risco, que indiretamente retratam a qualidade da assistência fornecida, demonstra-se que formas de prevenção devem ser incrementadas nos RN subordinados a estes procedimentos, limitando a sua utilização e estimulando medidas de higiene entre os familiares e os profissionais de saúde nos neonatos.

7 CONCLUSÃO 

A sepse neonatal é uma doença bem preocupante devido a sua alta prevalência nas UTIN e pela associação com múltiplos fatores de risco que estão sujeitos os RN, para o surgimento da sepse neonatal, estando associados a três condições: fatores gestacionais e maternos; situações de nascimento e prematuridade; e referentes ao ambiente da UTIN.

Á vista disso, conclui-se que a gestação é uma fase de várias modificações na vida da mulher, sendo um período de elevada vulnerabilidade, carecendo de ações de promoção e prevenção à saúde. Assim, a assistência apropriada no pré-natal na preconcepção, gravidez, parto e ao RN são imprescindíveis para a melhoria da porcentagem de sepse neonatal. Dessarte, concretiza-se a necessidade de aprofundar em mais estudos sobre seus fatores de riscos e formas de evitá-los, buscando diminuir a exposição dos recém-nascidos e os índices de mortalidade, além de fornecer mais informações sobre esses índices.

A realização de novos estudos nessa área é de fundamental importância para direcionar as ações de saúde, além de avaliar as práticas assistenciais e identificar as possibilidades de melhoria do cuidado à população neonatal. Portanto, as práticas de prevenção são essenciais para reduzir os índices de infecção, ocorrendo, concomitantemente, a monitorização dessas ações e treinamento e educação permanente a equipe profissional.

REFERÊNCIAS

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