TROPA DE ELITE: UMA ANÁLISE SOBRE OS PRINCÍPIOS DA CANONICIDADE E DA VIOLAÇÃO NA NARRATIVA DO POLICIAL MILITAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12660357


Denisson Seixas Barreto[1]
Orientador: Prof. Dr. Valdir Vigini[2]


Resumo: Como objeto de estudo a narrativa produzida pelos Policiais Militares, personagens do filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha e estrelado por Wagner Moura no ano de 2007, analisaremos neste artigo os princípios da Canonicidade e da Violação, da Narratologia, partindo do princípio de que o fato narrado não contém uma prova empírica ou dedução racional, mas a sua Composicionalidade Hermenêutica assegurada, isto é, “a melhor esperança de análise é apresentar uma explicação intuitivamente convincente do significado do texto como um todo”, baseado nas teorias de Jerome Bruner. Destacaremos ainda a referencialidade, como a verossimilhança, cuja realidade pode criar a narrativa da mesma forma que a ficção. Através do método exploratório, por meio de pesquisas bibliográficas, levantamento de dados com auxílio de artigos, entrevistas e análises de conteúdos que estimulem a compreensão, descreveremos com riqueza de detalhes os acontecimentos humanos a partir de um novo ponto de vista, de uma maneira ainda não notada.

Palavras-chave: Canonicidade. Construção Narrativa da realidade. Violação.

1  CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O objeto de pesquisa deste artigo são fragmentos extraídos da narrativa (especialmente os que se fundam sob os princípios da canonicidade e da violação) do Policial Militar, por meio das falas de personagens do Filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha e estrelado pelo ator Wagner Moura, como o Capitão Nascimento, no ano de 2007.

Tivemos por intuito permitir que o objeto de pesquisa verificado pudesse ser utilizado para confirmar as teorias existentes no que se refere à Narratologia – entendida enquanto o estudo das narrativas de ficção e não-ficção (como a História e a reportagem), por meio de suas estruturas e elementos. Além disso, a Narratologia enquanto campo também se serve de estudos para a dramaturgia e roteiros de audiovisuais (cinema, quadrinhos, jogos digitais e TV). 

Sendo o próprio autor deste estudo também um policial militar, esta pesquisa pretende, por um lado, contribuir para quebrar preconceitos e ideias preconcebidas negativamente sobre a imagem do Policial Militar, e, por outro, para diminuir a distância entre comunidade e policial militar cuja função e missão, dentre outras, é proteger a sociedade, arriscando a própria vida. Nesse sentido, a proposta foi analisar algumas narrativas de personagens que representam Policiais Militares no filme Tropa de Elite, tendo em vista discutir como é construída a realidade narrada pelos personagens. 

Consideramos, portanto, como justificativa principal para a realização deste estudo a afinidade pessoal do pesquisador com relação à vida dos militares na caserna, termo utilizado para se referir a quartel ou a organização policial militar, refletindo fora dela. Observamos que existe uma diferença marcante da postura do policial militar perante a comunidade, fato este que pode ter sido condicionado pela tentativa de imposição do poder e por conta da necessidade do Estado em reorganizar ou equilibrar a vida em sociedade ou pelo fato do comportamento do militar ser diferenciado, e que a partir de filmes podemos comparar a verossimilhança neles descrita. 

Partimos da hipótese de que a imagem do Policial mistificado no filme é discrepante da realidade – decerto que não podemos deixar de considerar os casos de corrupção que são passíveis de punição, mas não devem ser tomados como a regra, e sim como a exceção. Dessa forma, procuramos argumentar que o discurso apresentado no filme corrobora para que o imaginário ficcional evidencie traços de outra realidade, fazendo com que o receptor/espectador acredite que o repassado no filme corresponda fidedignamente ao policial da realidade. 

Tomamos como questões norteadoras, as seguintes indagações: (01) Como é constituída a narrativa do Policial Militar no Filme Tropa de Elite em termos de referencialidade? (02) Como funcionam os princípios da canonicidade e violação para o desenvolvimento da trama narrativa no filme? (03) Em se tratando de ficção, podemos dizer que a representação da figura do Policial Militar encontra correspondência com o referente externo, o da realidade?

Como evidenciado anteriormente, existem casos isolados de corrupção ou de má conduta policial, mas, abordando linguisticamente, as narrativas do filme Tropa de Elite são versões da realidade, sua aceitabilidade é convencionada pela necessidade narrativa e não pelo fato de ser ou não real, tampouco por haver uma verificação, comprovação cientifica ou empírica.  

Com embasamento técnico, usando de apoio científico das teorias da Narratologia, promovemos a pesquisa em questão com o propósito de: a) analisar, considerando os princípios da canonicidade e violação, a narrativa produzida pelo Policial Militar no filme Tropa de Elite; b) discutir trechos do filme que correspondam a uma violação da canonicidade do discurso narrativo, na medida em que projetam um sentido “estranho” (BRUNER, 1991); c) compreender o papel da quebra de canonicidade no percurso narrativo do filme; d) analisar os procedimentos de construção da referencialidade no filme Tropa de Elite.

Utilizamos o método exploratório, por meio de pesquisas bibliográficas, levantamento de dados com auxílio de artigos, entrevistas e análise de conteúdo que estimulem a compreensão; após a análise do filme, dessa forma, os objetivos alcançados serão apresentados de forma cientifica. Partimos do princípio de que o fato narrado não contém uma prova empírica ou dedução racional, mas uma composicionalidade hermenêutica que deve ser assegurada. Por esse motivo, diferentemente da Análise do Discurso, que leva em consideração a ideologia, nosso estudo não tem como preocupação central a forma como o texto narrativo é construído, mas como ele opera como instrumento mental para a construção da realidade. Desse modo, para discutir algumas características das narrativas, iniciaremos abordando acerca das teorias da Narratologia, como descreve Jerome Bruner.

2  BREVE HISTÓRICO DA NARRATOLOGIA

Narratologia é a denominação dada ao estudo das narrativas de ficção e nãoficção, como, por exemplo, a História e a reportagem. O termo foi proposto pelo filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov, no início do século XX, para distingui-la como um campo de estudo dentro da Teoria Literária e apareceu em sua obra intitulada “Gramática do Decameron”, do ano de 1969.

É preciso acrescentar imediatamente que, na prática, a análise estrutural visará também a obras reais: o melhor caminho para a teoria passa pelo conhecimento empírico preciso. Mas essa análise descobrirá em cada obra o que esta tem de comum com outras (estudo dos gêneros, dos períodos etc.), ou mesmo com todas as outras (teoria da literatura); ela não saberia dizer a especificidade individual de cada uma. Na prática, trata-se sempre de um movimento contínuo de ida e volta, das propriedades literárias abstratas às obras individuais e inversamente. A poética e a descrição são, de fato, duas atividades complementares. (TZVETAN, 1939, p. 79).

O fato de analisarmos as obras ficcionais engloba a base fundamental dos estudos relativos às narrativas, e ainda acrescenta que a literariedade embutida nos filmes, como exemplo nosso objeto, nos permite ratificar os entendimentos até aqui adquiridos.

Segundo Bruner (2002, p. 46), “uma narrativa é composta por uma sequência singular de eventos, estados mentais, ocorrências envolvendo seres humanos como personagens ou autores” e acrescenta, mais adiante que “ela pode ser ‘real’ ou ‘imaginária’ sem perder seu poder como história” (p.47). Foi consolidada como ciência por pesquisadores franceses, como Roland Barthes, e pela Escola Formalista Russa, com estudiosos como A. J. Greimas, Vladimir Propp e outros. Dentre os renomados estudiosos da Narratologia, destacam-se o professor e escritor Carlos Reis e o filósofo italiano Umberto Eco.

Atualmente as narrativas assumem novas formas, devendo adaptarse aos mais variados suportes e atender objetivos igualmente diversos. A tradição oral voltada à transmissão de ensinamentos, que outrora atravessava as gerações, é substituída pelas narrativas midiáticas, publicitárias e jornalísticas. Nesse tipo de relato, a “moral da história” estimula os indivíduos a adotarem determinadas práticas (culturais, de consumo, de comportamento), muitas vezes incitandoos à ação, à reflexão e ao engajamento para com diferentes causas. A sociedade atual compõe-se de múltiplas formas e expressões narrativas, que transformam o real em relato (narrativização dos acontecimentos) e confundem ficção com realidade. Diante desse panorama, questiona sabiamente Eco (1994, p. 137): “se a narrativa está tão intimamente ligada a nossa vida cotidiana, será que não interpretamos a vida como ficção e, ao interpretar a realidade, não lhe acrescentamos elementos ficcionais?”. (SILVA, MARTINEZ, 2006, p. 307)

 Dessa forma, voltando nossa análise ao que é narrado no filme Tropa de Elite, podemos considerar que são expressões, percepções ou até visões adquiridas pelos anos de evolução da língua e do comportamento do homem. Não significa que é real, mas sim, que apresenta verossimilhança.

Com o intuito de entender como se constrói uma realidade, como alcançamos uma perfeita convicção de mundo como realmente é visto, Jerome Bruner, com base em estudos racionalistas de Gestalt e Piaget, buscou compreender como se constrói a realidade, levando vários parâmetros em consideração. Segundo o autor,

Cada maneira particular de usar a inteligência desenvolve a sua própria integridade – um tipo de integração conhecimento-maishabilidade-mais-ferramenta – com o foco numa gama particular de aplicabilidade. É uma pequena realidade de nós mesmos que se constitui pelos princípios e procedimentos que nós usamos internamente. (BRUNER,1991, p. 02)

Isso indica que poucas pessoas dominam a gama de ferramentas necessárias para o entendimento completo sobre determinado assunto. Ou seja, crescemos inteligentes em certas esferas e permanecemos incompetentes em outras a cujas ferramentas pertinentes não fomos “apresentados” (BRUNER, 1991). Nesse sentido, assume-se que nenhum conhecimento ocorre sem que haja um ponto de vista.

Aqui cabe ressalvar que grande parte de nossos conhecimentos resulta de uma reapropriação e reformulação de experiências de outras pessoas, estudiosos, intelectuais, que trabalharam com conhecimentos de mundo natural ou físico. Essas construções ou conhecimentos, embora contenham produtos culturais, a visão que se tem da língua e outros sistemas simbólicos, intermedeiam o pensamento e colocam-se como representações da realidade. Por esse motivo, torna-se pertinente desvelar os procedimentos e princípios que foram seguidos para a construção deles. Assim nos esclarece Bruner:

Da mesma maneira que os domínios de construção da realidade lógico-científica, ele é sustentado por princípios e procedimentos. Tem ferramentas culturais e tradições disponíveis pelas quais seus procedimentos são modelados e seu alcance distribucional é tão largo e tão ativo quanto qualquer boato. Sua forma está tão familiarizada e onipresente que provavelmente será negligenciada, do mesmo modo como supomos que os peixes serão os últimos a descobrir água. Como discuti extensivamente alhures, nós organizamos nossa experiência e nossa memória de acontecimentos humanos principalmente na forma de narrativas: história desculpas, mitos, razões para fazer e para não fazer, e assim em diante (1991, p 04).

Como elencado anteriormente, todos os conhecimentos seguem princípios organizados em procedimentos, técnicas ou até mesmo em símbolos e encontram uma forma de serem manifestos pela narrativa. As narrativas, por sua vez, consistem, dentre outros conceitos, em uma exposição de acontecimentos ou séries de acontecimentos ordenados, reais ou imaginários, expressos em palavras ou imagens. Ao contrário das construções baseadas em acontecimentos lógicos e científicos, que facilmente podem ser destruídas por falsificações, as construções narrativas apenas podem alcançar a verossimilhança. Ou seja, as narrativas são versões da realidade cuja aceitação baseia-se em convenções sobre as necessidades da narrativa e não por comprovação empírica ou lógica, não tendo a obrigatoriedade de serem imbuídas de valores como verdadeiro ou falso. Assim, o fato narrado não contém uma prova empírica ou dedução racional e “a melhor esperança de análise é apresentar uma explicação intuitivamente convincente do significado do texto como um todo”, como elenca Bruner (1991, p. 07). 

Para sustentar a proposta de nossa pesquisa, utilizamos como aporte teórico o livro A Construção Narrativa da Realidade (1991), de Jerome Bruner. Na referida obra, o autor conceitua os elementos utilizados para sustentação da narrativa, como a canonicidade e violação, dentre outras características importantes para atingir nossos objetivos. Primeiramente, vale destacar o entendimento do autor acerca do termo “hermenêutica”:

O termo hermenêutica implica haver um texto ou algo semelhante por meio do qual alguém esteja tentando expressar um significado e alguém esteja tentando extrair um significado. Isso, por sua vez, implica uma diferença entre o que é expresso no texto e o que o texto poderia significar, e implica também a ausência de uma solução única para a tarefa de determinar o significado para a expressão. Tal interpretação hermenêutica é requerida quando não há nenhum método racional de assegurar a “verdade” de um significado atribuído ao texto como um todo, nem um método empírico para determinar a confiabilidade dos elementos constituintes do texto (BRUNER, 1991 p. 07).

Assim, entendemos que a hermenêutica constitui-se como arte ou forma de interpretar os textos, narrativas ou discursos. Dessa forma, um melhor entendimento de uma narrativa deve levar em consideração explicações intuitivamente convincentes, ou seja, cada texto, em sua imanência, deve permitir entender o que ele quis dizer, sem a necessidade de recorrer a referências externas ou dirimir ambiguidades textuais, fazendo com que todas as possibilidades interpretativas sejam consideradas.

Os princípios da canonicidade e da violação da Narratologia são fundamentais para apresentar de forma diferenciada a análise fílmica pretendida, levando as pessoas a verem os acontecimentos humanos a partir de um novo ponto de vista, de uma maneira ainda não notada. A fim de esclarecer acerca dos princípios da canonicidade e violação, vale destacar que nem toda sucessão de eventos recontada constitui uma narrativa, mesmo quando é diacrônica, particular, e organizada a partir de estados intencionais. Alguns acontecimentos não justificam que se aborde sobre eles e diz-se serem “sem-graça”, e não uma história. Um escrito de Schank-Abelson é um caso desses: é uma prescrição de comportamento canônico em uma situação culturalmente bem definida, a de como se comportar em um restaurante. Narrativas requerem tais roteiros como plano de fundo necessário, mas eles não constituem por si próprios uma narrativa. Para se tornar apta a ser contada, uma história precisa ter implicitamente um enredo canônico que foi quebrado, violado, ou desviado de maneira a violentar o que Hayden White chamou de “legitimidade” do enredo canônico (BRUNER, 1991).

A Canonicidade parte da teoria de que os fatos tendem a seguirem regras, padrões sociais, legislações, inclusive na narrativa. Quando esses padrões de comportamentos são, de alguma forma, quebrados ou desviados de maneira grosseira, temos a Violação.

Ademais, importa recuperar o conceito de referencialidade, conforme proposto por Bruner (1991, p.12): “a aceitabilidade não pode depender de sua correta referência à realidade, caso contrário não haveria nenhuma ficção”. O autor completa dizendo que “a ‘verdade’ narrativa é julgada por sua verossimilhança e não por sua verificabilidade”. (BRUNER, 1991, p. 12). Portanto, quando se fala em

“verdades” nas narrativas, o que se deve ser considerado, principalmente, é a sua semelhança com a história e percepção de mundo que cada receptor possui, não pelo estabelecimento de correlatos de cientificidade e objetividade da narrativa e os estados intencionais da personagem.

3  RESUMO E PERSONAGENS DO FILME      
3.1  Resumo

Em 1997, o Rio de Janeiro aguarda a visita do Papa João Paulo II. Apesar da cidade estar vivendo em uma situação quase de guerra entre o tráfico e a polícia, o pontífice passará sua temporada na casa do Arcebispo, no Morro do Turano. Assim, os responsáveis por garantir a segurança durante a visita serão os policiais do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, o BOPE. Essa divisão, considerada a Tropa de Elite da polícia carioca, é a única incorruptível, mas não mede esforços para conter o tráfico. 

Às vésperas de ter seu primeiro filho, o Capitão Nascimento está farto da pressão de sua vida no batalhão, mas, antes de sair, precisa escolher um substituto. Este, além de ser honesto, precisa ser forte para suportar o trabalho. A vaga ficará entre dois aspirantes da PM, Neto e Matias. Enquanto este é extremamente racional, com pouca ação, mesmo quando se vê frente a um grupo de usuários de drogas, aquele age de forma impulsiva, sem medir as consequências. Para Nascimento, seu substituto ideal seria um misto dos dois, que é em que ele tentará transformar um deles.[3]

3.2  Personagens

Roberto Nascimento: um policial considerado “incorruptível” pelos seus pares, ainda que comande uma equipe que se utiliza de artifícios pouco ortodoxos como tática investigativa;

Aspirante André Matias: negro e de origem humilde, conseguiu a duras custas ingressar no curso de Direito de uma das melhores faculdades do Rio de Janeiro.

Matias demonstra ser um aluno aplicado, mas não concorda com tudo o que seus professores e colegas lhe dizem, especialmente quando as aulas vão de encontro à sua vocação como policial, e posteriormente confronta os usuários de drogas da faculdade;

Aspirante Neto Gouveia: um jovem idealista e de temperamento um tanto impulsivo, que decidiu ingressar na PM, mas acaba por desiludir-se com a corporação após testemunhar o descaso e a corrupção promovidos por seus colegas de batalhão. Ao tentar ajudar um oficial de seu grupamento que havia sido levado para uma armadilha por outros policiais, Neto travou o primeiro contato com o Capitão Roberto Nascimento e decidiu ingressar no BOPE. Levou consigo seu melhor amigo, o Aspirante André Matias. Em certa altura Neto é cogitado como sucessor de Nascimento, mas acaba morto pelos bandidos do morro antes de assumir o posto;

Fábio Barbosa: envolvido com cafetões e prostitutas, vê seus esquemas corruptos serem tomados por outro oficial logo no início da trama. Seria morto pelo seu rival, Capitão Oliveira, a mando do Coronel Otávio, Comandante do batalhão onde serviam, mas foi salvo por Neto, Matias e o BOPE. Posteriormente, candidatase junto a Neto e André ao BOPE, sendo rejeitado durante o andamento do curso. É um policial muito corrupto, porém não é um assassino como Oliveira e sua quadrilha. Provou sua amizade a Neto e Matias quando compareceu ao enterro do primeiro, que acabou sendo morto por bandidos;

Maria: dedica-se verdadeiramente à ONG da qual é voluntária, esforçando-se para ajudar os meninos carentes que moram no morro dos Prazeres comandado por Baiano – traficante que ela acaba tendo que obedecer, julgando que isso a permitiria continuar com suas ações sociais. Assim como seus amigos de trabalho, também é usuária de drogas, mas seu envolvimento com um policial – André – muda toda a situação;

Eduardo: grande exemplo da hipocrisia criticada pelo filme, Edu é jovem e bem-nascido que critica duramente a repressão policial, mas torna-se um traficante menor, revendendo na faculdade a maconha que compra no morro onde se situa a ONG na qual trabalha como voluntário;

Roberta Fontes: estudante de Direito, participa da ONG não por motivos altruístas, mas para ter mais fácil acesso à droga (maconha) ao adquirir permissão para trabalhar numa favela. Inclusive, é namorada de Pedro Rodrigues, o administrador da ONG, e ambos acabam assassinados por Baiano e seus comparsas;

Rosane: esposa do Capitão Nascimento, tem constantes discussões com ele sobre seu envolvimento estressante com a tropa e a promessa de sair do BOPE e trabalhar em outra unidade. Tenta auxiliar Nascimento a restabelecer seu equilíbrio, sem muito sucesso;

Claudio Baiano: o principal vilão do filme, traficante do Morro dos Prazeres onde está sediada a ONG na qual trabalha Maria. Só aceita a ONG em seu território porque esta se submete sua “autoridade”, mas ele é extremamente violento com seus opositores e até com seus próprios associados e, finalmente, com os integrantes da própria ONG (Baiano e seus comparsas queimam um deles vivo dentro de pneus, tal como fizeram, na realidade, com o jornalista Tim Lopes). Acaba morto por Mathias a mando de Nascimento;

Pedro Rodrigues: administrador da ONG e mantém uma relação perigosa com os traficantes da favela, já que eles têm, segundo ele, “consciência social”;

Soldado Tatu: integrante da equipe do Capitão Nascimento;

Oliveira: é o oficial no batalhão convencional que se torna o “queridinho do coronel” devido às suas atitudes corruptas (coletando o “arrego” do bicho para o coronel). Acaba tomando todos os “esquemas” do capitão Fábio, para depois ter suas férias criminosamente roubadas, propositalmente, por Neto e Mathias, numa jogada de mestre destinada a desmoralizá-lo perante o coronel chefe do batalhão. 

Coronel Otávio, Sargento Rocha, Soldado Paulo e Cabo Tião também são personagens do filme, nem menos importantes, possuem um papel secundário a trama.[4] 

4  ANÁLISE  DA NARRATIVA   CONSIDERANDO OS PRINCÍPIOS DA CANONICIDADE E DA VIOLAÇÃO

Inicialmente, veremos que a análise em questão parte de pontos minuciosamente selecionados para que os objetivos sejam alcançados de forma mais compreensível.

Tabela 1 – Narrativas destacadas do filme Tropa de Elite (2007):

 ORDEMNARRATIVAPERSONAGEMFATO OBSERVADO 
01“Você não tem noção de quanta criança entra para o tráfico e morre por causa da maconha e do pó. Do apartamentinho de vocês aqui na zona sul, não dá para ver esse tipo de coisa, não.”André MatiasCanonicidade
02“Eu posso até te ajudar, aliás, eu vou te ajudar! Eu quero te ajudar! Mas agora você tem que me ajudar a te ajudar. Soldado Paulo, quem quer rir, tem que fazer rir.”Sargento RochaViolação
03“Não me misturo com viciado e nem vagabundo. Eu te prendo, traficantezinho de merda”.André MatiasCanonicidade
04“02, o senhor sabe por que o senhor não vai conseguir trazer esse bote até a margem? Não é só porque o senhor é um fraco. É porque para ter essa caveira aqui é preciso ter caráter. Coisa que o senhor não tem. O seu lugar não é aqui não, 02. Se lugar é com prostituta. Seu lugar é com cafetão. Seu lugar é com clínica de aborto. No BOPE nós não gostamos de policial corrupto, 02. No BOPE não entra policial corrupto, 02.”Capitão NascimentoCanonicidade
05“07, traz a 12 aqui, solta o moleque, deixa esse moleque ir embora”Capitão NascimentoCanonicidade
06“o senhor fica à vontade também, pão com mortadela e tem também o cafezinho, água gelada, tá tudo tranquilo”Cabo TiãoViolação
07“Bota na conta do papa”Capitão NascimentoViolação
08“Missão dada é missão cumprida”Coronel AntunesCanonicidade  

Fonte: elaboração própria (2021)           

A primeira narrativa em destaque, “Você não tem noção de quanta criança entra para o tráfico e morre por causa da maconha e do pó. Do apartamentinho de vocês aqui na zona sul, não dá para ver esse tipo de coisa, não”, apresenta Canonicidade, pois podemos observar que, na cena, ocorre um diálogo entre os estudantes de um curso de Direito, uma parte fala que os policiais são corruptos e pegam dinheiro em blitz, atiram primeiro e somente posteriormente perguntam quem é, entretanto, entre os alunos encontra-se André Matias, policial militar que discorda da postura adotada por alguns colegas de turma e afirma que sim, existe corrupção dentro da corporação, mas que a grande maioria dos policiais quer fazer o serviço direito, dentro da legalidade, momento que é criticado, interrompido e confrontado quanto a postura dos policiais. Após uma turbulenta discursão, é autorizado a falar pelo professor e, em seu momento de réplica, a narrativa 01 é explanada. Nota-se que, ao tratar o tema droga como banal e ao admitirem que a instituição PM é opressora, alguns alunos apresentam a violação.

 Na narrativa extraída no filme, denominada nesse artigo como 02, temos um caso de fácil percepção da Violação: “Eu posso até te ajudar, aliás, eu vou te ajudar! Eu quero te ajudar! Mas agora você tem que me ajudar a te ajudar. Soldado Paulo, quem quer rir, tem que fazer rir.”. Nesse trecho do filme, o personagem Soldado Paulo solicita ao sargento Rocha que sejam publicadas em boletim as suas férias regulamentares, que está há um ano marcada para fruição, para aproveitar junto à sua esposa, que também usufruirá de suas férias no mesmo período. No entanto, o sargento Rocha fala da impossibilidade de atender ao pedido pelo fato de outros 40 (quarenta) militares estarem aguardando a vez, todos anteriormente ao soldado, além do contingente reduzido, momento que o sargento Rocha abre a gaveta e deixa que o soldado Paulo observe certa quantia em espécie. Ao dizer que é seu direito o gozo das férias e que há quatro anos não teve a oportunidade de usufruílas, solicitando ajuda do sargento, é subitamente surpreendido com narrativa em destaque, caracterizando uma tentativa de suborno, corrupção passiva, assim como descreve o Código Penal Brasileiro.

Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. (Brasil, 1940)

 Ao praticar esse crime, solicitando de forma indireta, pela suposição das palavras, combinadas com a atitude de abrir a gaveta e, enfim, mostrar o dinheiro para que o soldado entenda que a frase “tem que me fazer rir para poder rir” significa que o solicitado somente será atendido após o pagamento. Isso certamente viola os princípios do que é esperado de um Policial Militar e, notadamente, há uma postura inadequada que deve ser reprimida e é efetivamente reprovada pela sociedade.  O terceiro trecho marcante destacado foi o “Não me misturo com viciado e nem vagabundo. Eu te prendo, traficantezinho de merda”, que ocorre no retorno às aulas, após finalizado o curso de Operações Especiais. André Matias encontra os colegas de turma e informa que vai à favela entregar um óculos a uma criança carente, a qual havia prometido ajudar, entretanto um dos alunos fala que, se ele for na comunidade, os traficantes poderosos, conhecidos como “donos do morro”, não permitirão o acesso e ele correrá risco de morte. A rigidez nas palavras, ao confrontar de forma direta o colega que em turma que outrora fora visto fazendo uso de substâncias entorpecentes, configura uma postura considerada canônica no perfil Policial Militar. A canonicidade apresentada na narrativa é vista justamente no fato do representante do Estado, Policial Militar, não permitir aproximação de forma amigável com colega de turma que ombreia com traficantes ou pessoas com índole constatável. 

 A narrativa denominada como 04 apresenta um ponto marcante do Curso de Operações Especiais no filme, os alunos passam por diversos testes antes de iniciar o curso, entre eles a investigação social, justamente para que os policiais com conduta inadequada possam ser retirados e assim não consigam aprender técnicas exclusivas das Operações Especiais, que incluem, entre outros, o enfrentamento ao tráfico de drogas e armas. Durante a prática das instruções, a pressão psicológica é marcante e é considerada um ponto fundamental no equilíbrio do combatente e, para obter um melhor desempenho no policiamento, essa pressão é elevada ao extremo. No filme, durante o jogo psicológico a que os instrutores submetem os alunos, o Capitão Nascimento pede a um deles que busque um bote de uma margem do rio para próximo dos outros alunos. Exausto do dia de treinamento duro, enfraquecido pela fome e estressado, o aluno esmorece diante das palavras “02, o senhor sabe por que o senhor não vai conseguir trazer esse bote até a margem?

Não é só porque o senhor é um fraco. É porque para ter essa caveira aqui é preciso ter caráter. Coisa que o senhor não tem. O seu lugar não é aqui não, 02. Seu lugar é com prostituta. Seu lugar é com cafetão. Seu lugar é com clínica de aborto. No BOPE nós não gostamos de policial corrupto, 02. No BOPE não entra policial corrupto, 02”, e acaba por desistir do curso. Percebemos que a narrativa do Policial Militar inclui um momento de enfretamento ao que é visto como inaceitável, ilegal e principalmente abominado por quem exerce a atividade de combate à criminalidade, postura essa que não é permitida dentro de uma instituição séria. A Canonicidade nesse trecho é observada em leis, principalmente a que regula o ingresso na Polícia Militar. Temos como exemplo a Lei nº 6.652, de 30 de maio de 1979, que em seu Capitulo I, Artigo 11, elenca o seguinte: 

Para a admissão nos estabelecimentos de ensino policial-militar destinados à formação de Oficiais e graduados, além das condições relativas à nacionalidade, idade, aptidão intelectual, capacidade física e idoneidade moral, é necessário que o candidato não exerça ou tenha exercido atividades prejudiciais ou perigosas à Segurança Nacional.”

Não sendo admitido quaisquer atos que violem o que prescreve a lei. A violação é justamente saber dos critérios e se permitir influenciar, concordar ou compactuar com quem pratica crimes e transgressões.

Outro ponto importante que podemos destrinchar é observado na narrativa 05. Em um momento de tensão no filme, André Matias e Capitão Nascimento, após perderem um companheiro de farda assassinado no morro, já formado no curso de Operações Especiais, vão até a favela à procura do traficante chefe que cometeu o crime, passam por alguns que indicam onde encontrá-lo e chegam ao local após muito trabalho. Ao abordarem-no, inconformados com o ocorrido, passam a agredi-lo e liberam o informante, quando ocorre a narrativa: “07, traz a 12 aqui, solta o moleque, deixa esse moleque ir embora”, e com a espingarda atiram no rosto do traficante, conseguindo, por fim, sua vingança. Observamos que alguns fatos contradizem a postura aceitável, mas atentemo-nos aos pontos em destaque. Ao chamar um dos integrantes por 07, já temos uma canonicidade, pois é comum os policiais que finalizaram o curso de Operações Especiais referirem-se uns aos outros com o número que adquiriram no curso; outro ponto é como denominam a espingarda, pelo seu calibre apenas, o número 12, também reformando algo que é canônico nas corporações. No que tange à violação, temos algo mais significante nesse trecho: o fato do Capitão Nascimento mandar liberar o moleque, como titula o personagem, viola dentro do morro o que eles têm como fidelidade, fazendo com que o informante seja condenado e assassinado por integrantes da facção que comanda a favela. Assim, a violação na fala acrescenta a resposta dada pelos criminosos ao fato de não permitirem que seus amigos, também moradores da comunidade tomada pelo tráfico, sejam desmascarados e entregues à polícia.

Tim decidira fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da Vila Cruzeiro de que menores eram obrigadas a participar dos bailes funks, usando drogas e se prostituindo. O jornalista da TV Globo tinha experiência nesse tipo de cobertura. No ano anterior, recebera o Prêmio Esso de Telejornalismo e o Prêmio Líbero Badaró, com a série “Feira das drogas”, na qual denunciava a ação de traficantes, livres de qualquer repressão, nas favelas da Grota, da Rocinha e da Mangueira e em ruas da Zona Sul. (EXTRA, 2020).

A citação marca a prática do Jornalista Tim Lopes, sequestrado, torturado, julgado e executado por traficantes comandados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e que desapareceu quando fazia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um baile funk da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte carioca. Evidencia-se o que foi relatado sobre as consequências dos considerados traidores do morro.

Em um momento icônico no filme, temos um diálogo entre o Aspirante Matias e o Cabo Tião: “o senhor fica à vontade também, pão com mortadela e tem também o cafezinho, água gelada, tá tudo tranquilo”, podemos observar a violação da narrativa do policial ao tratar um superior hierárquico de forma diferente da aceitável. Mesmo que de forma cordial, oferecendo alimento ao seu comandante, ele viola as normas previstas em lei, no que versa sobre tratamento com superior hierárquico, vista no exemplo do Decreto Nº 88.545, de 26 de julho de 1983.

Art. 6º – Contravenção Disciplinar é toda ação ou omissão contrária às obrigações ou aos deveres militares estatuídos nas leis, nos regulamentos, nas normas e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização Militar, desde que não incidindo no que é capitulado pelo Código Penal Militar como crime.

Art . 7º – São contravenções disciplinares:

  1. dirigir-se ou referir-se a superior de modo desrespeitoso;
  2. censurar atos de superior;
  3. responder de maneira desatenciosa ao superior; (BRASIL,1983)

Notadamente, a legislação prevê que o tratamento com superior seja diferenciado, devendo os subordinados observarem as práticas previstas em lei para, assim, manterem o alicerce fundamental do organismo militar e coordenarem o seu funcionamento de forma regular e harmoniosa.

Outro ponto de violação encontrado na narrativa do policial se constrói no momento em que o Capitão Nascimento, por ordem de seu superior, vai até a favela fazer um tipo de policiamento preventivo, tendo em vista que aproximava-se a data da visita do Papa, líder da Igreja Católica, à cidade do Rio de Janeiro, quando, ao questionar a respeito de uma certa quantidade de droga que algumas pessoas possuíam, foi acionado para resgatar outros Policiais Militares que estariam encurralados em outra comunidade. A equipe do Capitão Nascimento abandona o traficante que está sendo torturado para falar onde está o dono da droga e fala: “Bota na conta do papa”, sinalizando aos demais que finalizem o procedimento de tortura, não com intuito de levá-lo ao hospital ou similar, mas sim com a finalidade de matarem-no para que não deixassem rastros. Reforça-se então o que foi discorrido sobre a ética e idoneidade moral como requisitos primordiais na conduta do Policial Militar.

 Como destaque desta análise, apontamos a narrativa mais frequente do filme, a famosa frase “Missão dada é missão cumprida”. Repetidamente explanada no decorrer do longa-metragem, a frase é emblemática por ser considerada uma força de tração da vida do militar correto, sendo vista como fonte de energia para manutenção da postura, garra e, sobretudo, dos ideais almejados ao longo da carreira militar. O recorte denota a fala do Coronel Antunes, comandante do Batalhão de Operações Especiais, ao determinar que o Capitão Nascimento vá ao morro fazer o policiamento preventivo, tendo em vista a visita do Papa à cidade do Rio de Janeiro, marcando a canonicidade existente no fato de que, mesmo com as dificuldades existentes, os militares obedientes às normas legais cumprem todas as ordens que lhes são atribuídas. 

Reformando a teoria de que todos os fatos narrados são verossimilhanças, observações nítidas da construção da realidade, interposta pela visão que se tem a respeito de algo narrado ou observado ao longo os anos pela sociedade, a postura aceitável ao Policial Militar abrange diversas regras, leis e condicionamentos. Assim, podemos esperar que dentro de diversos perfis aceitáveis, seja possível nos surpreender com casos isolados que diferem do previsto e moldam uma outra realidade, um outro perfil que, consequentemente, gera descrédito à instituição.

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Com o intuito de verificar a narrativa do Policial Militar, personagem do Filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha e como ator principal Wagner Moura, pudemos confirmar que, dentre as teorias existentes a respeito da Canonicidade e da Violação, partes integrantes da Narratologia, os trechos extraídos possuem os princípios teóricos que ratificam nossa fundamentação.

 Por meio da análise das falas, as narrativas elencadas do filme, combinadas com conceitos bibliográficos de artigos, códigos e legislações gerais, além de sites de domínio público, observamos que se apresentam, em sua estrutura, fragmentos que podem ser interpretados de diversas formas. Sua composicionalidade hermenêutica é assegurada pelo fato de cada leitor ou telespectador ter sua capacidade individual de avaliar e considerar o que achar prudente. 

Assim, a Canonicidade e a Violação na narrativa do Policial Militar dizem muito da perspectiva que criamos de sua imagem. Percebemos que, ao deixarem de fazer algo previsto em lei ou esperado pela conduta ética, acorre uma violação. Por outro lado, a violação encontrada em outros pontos do filme nem sempre refletem o que é aguardado como via de regra, traços de um comportamento reprovável, e sim a forma que encontraram para equilibrar a falta que o Estado causou em algum momento, mesmo não justificando. 

Percebemos que a imagem atribuída ao Policial Militar, em casos isolados, é realmente reflexo da postura que apresentaram em anos de comportamento inapropriado, mas também podemos considerar que existem Policiais que de todas as formas enfrentam, dentro e fora da caserna, condutas reprováveis, reprimindo com intuito de neutralizar, diminuir ou apenas moderar os atos falhos e até criminosos desses servidores.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Evanice Ramos Lima, Etnolinguística: Pressuposto e tarefas, Portas, são Paulo, Junho 2010;

Brasil, Presidência da Republica. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos. 

DECRETO Nº         88.545, DE 26 DE JULHO DE 1983. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Atos/decretos/1983/D88545.html.Acesso em 29 de abril de 2021;

Brasil, Presidência da Republica. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos.

LEI     Nº      6.652,           DE     30      DE     MAIO DE     1979. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6652.htm#:~:text=O%20ingresso%20na%20Pol%C3%ADcia%20Militar%20% C3%A9%20facultado%20a%20todos%20os,5%C2%BA.Acesso em 29 de abril de 2021;

BRUNER, Jerome. A construção Narrativa da Realidade. Critical Inquiry. [S.I}. 8.1, p. 1-21. 1991. Trad. Waldemar Ferreira Netto;

HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Instituto Antônio Houaiss. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva. 2009. Versão 3.0, 1 CD-ROM;

Matéria do Site Extra com titulo:Relembre a morte de Tim Lopes, torturado e executado por traficantes da Vila Cruzeiro, de 22 de setembro de 2020.Disponível em: https://extra.globo.com/casos-de-policia/relembre-morte-de-tim-lopestorturado-executado-por-traficantes-da-vila-cruzeiro-24654674.html;

SILVA, Míriam Cristina Carlos; MARTINEZ, Monica; IUAMA, Tadeu Rodrigues; SANTOS, Tarcyanie Cajueiro (ed.). Umberto Eco em Narrativas. Votorantim (SP):

Provocare, 2017. Disponível em: http://comunicacaoecultura.uniso.br/publicacoes/ebook_umbertoecoem-narrativas.pdf;Acesso em 27 de abril de 2021;

Todorov, Tzvetan A, 1939. Ás estruturas narrativas / Tzvetan Todorov [tradução Leyla Perrone-Moisés] — São Paulo: Perspectiva, 2006.Disponível em:      file:///C:/Users/denis/Downloads/TODOROV%20-As%20estruturas%20narrativas.pdf.

TROPA de Elite. Direção de José Padilha. Rio de Janeiro. Universal Pictures. 2007.


[3] Sinopse extraída do site https://www.guiadasemana.com.br/cinema/sinopse/tropa-de-elite.

[4] Elenco extraído do site https://pt.wikipedia.org/wiki/Tropa_de_Elite_(2007).


[1] Acadêmico do Curso de Letras/Português, da Universidade Federal de Rondônia – UNIR/RO, campus Porto Velho. E-mail: denissonprt@hotmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/1274753828033957.

[2] Professor orientador. Membro do Departamento Acadêmico de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Rondônia – UNIR/RO, campus Porto Velho.

Trabalho de Conclusão de Curso, modalidade artigo científico, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Letras/Português pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR/RO, campus Porto Velho.