ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO AO PACIENTE IDOSO COM CÂNCER GÁSTRICO CAUSADO PELA BACTÉRIA HELICOBACTER PYLORI

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12658776


Erik Thiago Laborda Nery,
Ester De Souza Pessoa,
Gigliani Melo Portilho,
Margareth Barros De Alencar,
Ricardo Souza De Alencar,
Orientadora: Enf.ª Especialista Dina Gaspar da Silva. 


RESUMO

Introdução: O presente estudo abordou sobre a incidência de câncer gástrico causado por Helicobacter pylori em pacientes idosos. Teve como Objetivo confrontar os vários estudos sobre o assunto para que se pudesse inferir sobre os resultados, se eles convergem ou divergem e se a discrepância de resultados está dentro do considerado normal. A Metodologia da pesquisa se fez de forma bibliográfica com revisão das várias literaturas que tratam do assunto em questão. Se explanou sobre os fatores de risco e suas características em pacientes idosos e em quais camadas sociais o câncer gástrico por H. pylori é mais comum. Para tal, foram selecionados teóricos e obras que dialogam com os questionamentos e o andamento da pesquisa, desde sua origem até as conclusões finais. Resultados e discussões: a enfermagem tem um papel importante para com esses pacientes, pois estes, com orientações adequadas, poderão ter a noção de que se fazendo os exames preventivos são fatores importantes para detecção precoce dessa doença. Considerações finais: Os cuidados do enfermeiro com esse tipo de paciente, o idoso, é tentar dar a melhor sobrevida, da forma mais humanizadora e confortável, com vistas à dignidade humana, para que o paciente se sinta cuidado, primeiramente, como um ser humano que tem importância como tal e que ele tenha acesso ao melhor tratamento para o seu caso especifico, que é o câncer gástrico causado pelo H. pylori.

Palavras-chave: Atuação do Enfermeiro; Câncer Gástrico; Helicobacter Pylori; Pacientes Idosos.

ABSTRACT

Introduction: The present study addressed the incidence of gastric cancer caused by Helicobacter pylori in elderly patients. Its objective was to compare the various studies on the subject so that one could infer on the results, if they converge or diverge and if the discrepancy of results is within what is considered normal. The Methodology of the research was bibliographic, with a review of the various literatures that deal with the subject in question. We explained the risk factors and their characteristics in elderly patients and in which social classes gastric cancer caused by H. pylori is more common. To this end, we selected theorists and works that dialogue with the questions and the progress of the research, from its origin to the final conclusions. Results and discussions: nursing has an important role in these patients, because with proper orientation, they can have the notion that doing the preventive exams are important factors for early detection of this disease. Final considerations: The nurse’s care with this type of patient, the elderly, is to try to give the best survival, in the most humanizing and comfortable way, with a view to human dignity, so that the patient feels cared for, first of all, as a human being who has importance as such and that he/she has access to the best treatment for his/her specific case, which is gastric cancer caused by H. pylori.

Keywords: Nurse’s performance; Gastric Cancer; Helicobacter Pylori; Elderly Patients.

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa se tratou de uma revisão bibliográfica sobre a prevenção ao câncer gástrico em pacientes idosos, com intuito de analisar como está atualmente a incidência na população brasileira nessa faixa etária. Esse tipo de câncer é associado a fatores como alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade, entre outros. O que ocasionou o interesse foi por ser uma patologia que preocupa a população brasileira por sua incidência.

O estudo se justificou pelo interesse de prevenção de mortalidade de pessoas idosas por câncer de estômago, e teve como objetivo geral: analisar bibliografias sobre a prevenção deste tipo de câncer gástrico causado pela bactéria H. pylori em pacientes idosos e os cuidados do enfermeiro para com este paciente. Os objetivos específicos foram: identificar quantos autores da área da enfermagem fazem referência ao câncer de estômago em pacientes idosos e que medidas esses autores sugerem ou expõem para a prevenção e por fim, a Sistematização da Assistência do Enfermeiro ao paciente idoso com câncer de estômago causado por H. pylori.

Aumenta-se com frequência a busca pelos serviços de saúde registrando casos de câncer de estômago, sendo este considerado uma das principais causas de mortes em nível nacional e mundial, tornando-se um grave problema de Saúde pública. Os cuidados do enfermeiro para com o paciente idoso com câncer de estômago são importantes por conta da incidência do mesmo.   

Esta doença crônica degenerativa caracteriza-se pela multiplicação e crescimento desordenado de determinadas células do estômago, órgão que tem um papel muito importante na digestão dos alimentos, alterando o funcionamento normal do organismo. Objetivamos também descrever as principais características fisiopatológicas do câncer de estômago desencadeado por H. pylori, e a prevenção da mortalidade de pessoas idosas. 

Dentre os cuidados do enfermeiro está a correta orientação quanto aos exames necessários para acompanhamento com o médico em relação a evolução da doença, orientar quanto a higiene, conforto, prevenir risco de aspiração e principalmente estabelecer um vínculo de comunicação com acompanhante e paciente. O paciente apresenta fatores de risco psicológicos e sociais. Portanto, o enfermeiro, junto a outras profissões, fornece uma atenção multiprofissional, colaborando para uma assistência em saúde melhor.

A pesquisa evidenciou-se com maior incidência do câncer gástrico no sexo masculino e, contudo, por não possuir uma causa única, essa patologia acaba possuindo diversos riscos que podem ser; Etilismo, tabagismo e como um dos fatores principais, a infecção pela bactéria H. pylori. Essa bactéria tem um fator considerado Gênese, pois promove alterações que podem se tornar tão graves ao ponto de constituírem   carcinoma em situ, ela coloniza a mucosa gástrica e tem grande afinidade pelas células produtoras de muco. Infelizmente esse tipo de câncer é o segundo tipo mais comum em incidência e mortalidade, principalmente em idosos. 

Este estudo foi do tipo bibliográfico descritivo de prevenção de câncer de estômago, feito com uma revisão bibliográfica em que foram selecionados teóricos que em seus artigos, dissertações, teses e obras, tratam sobre o tema em questão, que é o câncer gástrico causado pela bactéria Helicobacter pylori. Então, partindose dessa premissa, foram escolhidos os autores e obras mais relevantes para fundamentar esta pesquisa, que é de cunho quali-quantitativa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO 

A revisão bibliográfica deste projeto está em consonância com os objetivos do mesmo e com o seu problema de pesquisa. Assim, foram escolhidos para fundamentá-lo, autores e obras que vão de encontro com o que se pretende em relação ao câncer gástrico causado pela bactéria H. pylori e os cuidados do enfermeiro em relação à sobrevida destes pacientes. 

Houve dificuldades em se encontrar literaturas recentes sobre o assunto em questão, por conta disso, a pesquisa se estendeu por repositórios acadêmicos e de publicações tanto em nível nacional quanto em nível internacional. 

Foram incluídos apenas estudos com seres humanos, que analisaram pacientes diagnosticados com neoplasia gástrica com a presença da bactéria. Incluíram-se também artigos completos, estudos observacionais de caso-controle, ensaio clínico controlado e coorte, publicados nos idiomas inglês, português e espanhol. Não foram incluídos relatos caso. Foram excluídos artigos em duplicidade, artigos que não informam a quantidade pacientes por H. pylori e artigos que não apresentam a quantidade de indivíduos ou registros estudados.

Então, para fundamentar sobre Relação do H. pylori com o desenvolvimento do câncer gástrico, foi escolhido, entre outros o artigo de Costa et al (2021) que vai explicitar que o câncer gástrico se desenvolve através do acúmulo de lesões sobre o epitélio gástrico formando a massa neoplásica, ou seja, a evolução do tumor começa de modo lento e silencioso e se o diagnóstico não for realizado de maneira precoce ocorre a progressão de forma rápida. Além da ocorrência de metástase nos linfonodos regionais e também por contiguidade, sinalizando que o tumor atingiu os órgãos vizinhos (OLIVEROS et al., 2019; INCA, 2018).

Também ZHANG et al. (2021), demonstraram que Helicobacter pylori pode inibir a expressão do miRNA-375 no estômago. O miR-375 regulado, ativa a via JAK2STAT3 promovendo a secreção de IL-6, IL-10 e VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) levando à diferenciação imatura das células dendríticas e à indução de câncer gástrico.

Para se tratar sobre o câncer gástrico no estado do Amazonas, como exemplo, Júnior et al. (2019) chegaram à conclusão que a infecção pela H. pylori, o tabagismo e o etilismo não seriam fatores de riscos importantes, ao contrário do consumo de sal em alimentos processados como carne seca, peixe salgado etc. Observou-se como fator de risco para o adenocarcinoma gástrico, a idade maior que 50 anos (46,87 % faixa etária de 51 a 60 anos e 31,37 % faixa etária 61 a 70 anos; p – 0.0064), baixa escolaridade e renda salarial.

Para fundamentar sobre os cuidados do enfermeiro para com os pacientes, escolheu-se a obra “CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO CLIENTE COM NEOPLASIA GÁSTRICA”, de Azevedo et al. (2005), que vai explicitar que: “Utilizouse observação-participante, a qual se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos”.

2.1  Magnitude do câncer

Enquanto a maioria dos indivíduos infectados pela H. pylori permanecem assintomáticos, entre 10 a 20% vão desenvolver úlcera péptica e 1% evoluirão para o câncer gástrico (ERNST; PEURA; CROWE, 2006). Após a infecção, a H. Pylori ativa múltiplas vias intracelulares em células epiteliais, tais como MAPK, NF-kB, ativador de proteína (AP) -1, Wnt/â-catenina, PI3K, transdutores de sinal e ativadores de transcrição 3 (STAT3), ciclooxigenase2, que afetam as funções celulares tendo como consequência a produção elevada de citocinas inflamatórias, alteração das taxas de apoptose, proliferação e diferenciação de células epiteliais, e mais importante, resultam na transformação oncogênica de células epiteliais. 

Fonte: https://anatomia.mogiglass.com.br/sistema-digestivo/modelo-de-cancer-estomago

Os fatores de virulência como a citotoxina CagA, a citotoxina vacuolizadora VacA e as proteínas de membrana externa (OMPs), são responsáveis por muitos destes efeitos. A H. Pylori induz alterações epigenéticas, como a metilação do DNA e a modificação das histonas, que são importantes na transformação oncogênica (DING; GOLDBERG; HATAKEYAMA, 2017). Modelos animais têm sido utilizados para uma melhor compreensão do papel dos fatores de virulência da H. Pylori possibilitando observar os mecanismos de indução da oncogênese. 

Em um modelo de camundongo transgênico, demonstrou-se que a expressão de CagA em camundongos induziram vários tumores, hiperplasia epitelial gástrica, pólipos hiperplásicos, carcinomas gastrointestinais e doenças hematológicas malignas, como Leucemia Mielóide e Linfoma de célula B. Observação importante foi a ausência de sinais de gastrite ou inflamação sistêmica e identificação de câncer em células autônomas (OHNISHI et al., 2018). 

Este estudo demonstrou que a proteína CagA isolada é capaz de induzir o câncer, sem processo inflamatório, identificando o papel da CagA na tumorigênese como sendo uma oncoproteína. Com uma amostra de 436 pacientes brasileiros infectados com cepas cagA-positivas, Batista et al (2014) verificaram que a infecção com cepas de H. pylori com mais de um sitio cagA EPIYA C, sítios de fosforilação, estava claramente associada ao câncer gástrico, mas não havia associação com úlcera duodenal.

O maior número de segmentos EPIYA C também foi associado a lesões gástricas pré-cancerosas. A bactéria H. Pylori também aumenta a expressão de CXCR4 no câncer gástrico através do TNF-a (ZHAO et al., 2016). CXCR4 é o receptor de quimosinas mais comumente super expresso em muitos tipos de cânceres, entre eles o gástrico. O TNF-a é um dos principais mediadores químicos implicados na inflamação associada a cânceres e está envolvido na promoção e progressão de cânceres humanos e experimentais. Os produtos da cag PAI podem estar envolvidos nesta indução. O polimorfismo de interleucinas influencia no desenvolvimento de úlcera péptica e câncer gástrico. 

2.2  A Bactéria do câncer de estômago: H. pylori

Helicobacter pylori é uma bactéria gram-negativa que infecta a mucosa do estômago provocando afecções localizadas de gravidade variável, tais como gastrite, úlceras pépticas e câncer de estômago. Esta bactéria tem como uma de suas características a capacidade de interagir com a célula do hospedeiro de forma de garantir sua permanência por longo tempo. Apesar da H. pylori ser causa de amplo espectro de doenças, a maioria dos humanos infectados por ela não apresentam qualquer tipo de sintomatologia.

A bactéria H. Pylori é frequentemente adquirida na infância e pode persistir por toda a vida. A gastrite é uma consequência presente em quase todos os indivíduos infectados pela H. Pylori e apesar de muitos hospedeiros permanecerem assintomáticos, outros apresentam úlcera péptica ou duodenal, adenocarcinoma gástrico e linfomas, principalmente o linfoma MALT (Linfoma do tecido linfoide associado a mucosa). 

A capacidade de sobrevivência da H. pylori em ambiente tão ácido como o fornecido pelo estômago, característica singular desta bactéria, deve-se a excreção de amônia que a protege neutralizando parcialmente esta acidez. Esta excreção dá-se pela ação da uréase, produzida pela bactéria, que converte a ureia em amônia e CO2. O seu formato em hélice espiralada, de onde vem o nome “Helicobacter”, permite que a H. pylori atravesse com facilidade a camada de muco que protege o epitélio gástrico (PÉREZ-PÉREZ; BLASER, 2016).

Apesar de descrita desde o século XIX e inicialmente nomeada de Vibrio Rugula por Jaworski, que sugeriu um papel patogênico da H. pylori nas doenças gástricas, apenas após o trabalho de Robin Warren, junto com Barry Marshall, na década de 80, a comunidade científica aceitou a importância da H. Pylori na patogenia das doenças gástricas. Em 1994 o National Institutes of Health (NIH) reconheceu a H. Pylori como causadora de úlceras gástricas recorrentes propondo o tratamento com antibióticos para estas patologias.

 Atualmente existem evidências de que as úlceras duodenais também estão associadas à infecção pela H. pylori (PIETROIUSTI et al., 2005). A H. pylori tem de 2 a 4 micrômetros (µm) de comprimento e de 0,5 a 1 µm de diâmetro. Contém hidrogenases que são usadas para obter energia através da oxidação do hidrogênio molecular. (OLSON; MAIER, 2017). Os flagelos unipolares, de 2 a 6, com aproximadamente 3 µm de comprimento, ajudam na penetração do muco até chegarem a superfície das células epiteliais gástricas. A sua adesão ao muco e as células epiteliais dá-se pela produção de adesinas. A produção da amônia e a liberação, com a consequente ação de proteases, catalases e fosfolipases da H. Pylori são responsáveis pela ação agressora às células epiteliais gástricas e utilizadas para a caracterização laboratorial, pois estas bactérias são positivas para teste de oxidase e catalase.

A maioria dos pacientes infectados pela H. pylori não desenvolvem complicações ou sintomas clínicos desta infecção. Este fato levou à consideração dos cientistas a possibilidade de que algumas cepas fossem mais virulentas que outras, provocando a investigação da patogenia de diferentes cepas da H. pylori. Estas investigações chegaram à conclusão que as cepas mais virulentas da H. pylori tinham a capacidade de provocar alterações morfológicas, vacuolização e degenerações sucessivas em cultura de células. Esta capacidade foi relacionada à presença de uma proteína com aproximadamente 140 k da de massa nomeada CagA (de gene associado a citotoxina), altamente imunogênica e codificada pelo gene CagA presente em mais da metade das cepas da H. pylori.

2.3 Contágio e desenvolvimento do H. pylori no corpo humano

Apesar da resposta imunológica celular e humoral, a bactéria H. pylori pode permanecer infectando o hospedeiro por toda a vida. Porém, nos idosos é provável que a infecção possa desaparecer à medida que a mucosa do estômago vai-se atrofiando e inviabilizando a infecção. A persistência das infecções ainda não está bem definida e a possibilidade de eliminação espontânea deve ser considerada. A maioria dos portadores desta bactéria é assintomática e apenas uma pequena percentagem de pacientes infectados desenvolvem respostas mais severas a infecção, sendo a gastrite o quadro clínico aparente mais comum.

A gastrite crônica induzida pela H. pylori aumenta o risco para um amplo espectro de resultados clínicos, que vão de úlcera péptica (úlcera gástrica e duodenal) ao adenocarcinoma gástrico distal e linfoma não Hodgkin. Embora os fatores que determinam esta variedade de resultados clínicos da infecção pela H. Pylori não estejam bem compreendidos, o desenvolvimento de uma resposta imune inflamatória gástrica sustentada à infecção parece ser fundamental para o desenvolvimento da doença. Maior risco pode estar relacionado a diferenças na expressão de produtos bacterianos específicos (CagA, VacA e outros), a variações na resposta inflamatória do hospedeiro a bactérias ou a interações específicas entre o hospedeiro e a bactéria (ISRAEL; PEEK, 2014).

A infecção pela H. pylori ocorre em todo o mundo, mas a prevalência varia muito entre países e entre grupos populacionais dentro do mesmo país. A H. pylori coloniza o estômago de 50% da população nos países desenvolvidos e cerca de 80% no mundo em desenvolvimento. A infecção é adquirida pela ingestão da bactéria e transmitida principalmente dentro das famílias. A principal fonte de transmissão dentro da família é a mãe (PORTAL-CELHAY; PEREZ-PEREZ, 2016).

2.4 Patologia do H. pylori

A aquisição da H. pylori é mais comum na primeira infância. O aumento contínuo da prevalência da H. pylori com a idade é devido a um efeito de coorte, refletindo a transmissão mais intensa enquanto crianças em indivíduos de coortes com nascimento anterior ao mesmo. As bactérias têm sido isoladas de fezes, vômitos, saliva e placa dentária de pacientes infectados, sugerindo vias gastro-oral e/ou fecal-oral como possíveis vias de transmissão. 

A prevalência da H. pylori está fortemente correlacionada com as condições socioeconômicas. Fatores como a alta densidade de habitantes no lar e falta de água corrente tem sido vinculada a uma maior aquisição de infecção pela H. pylori. A acidez gástrica e o peristaltismo normalmente inibem a colonização bacteriana do estômago humano. No entanto, a seleção natural forneceu a bactéria H. pylori vários mecanismos para evitar estas defesas (como a ação da Uréase e a sua forma espiralada) e estabelecer uma infecção persistente. 

Após ser ingerida, a H. pylori foge da atividade bactericida do conteúdo do lúmen gástrico e estabelece contato íntimo com a camada de muco. A enzima Uréase metaboliza a ureia em dióxido de carbono e amônia para tamponar o ácido gástrico. Os flagelos permitem que a bactéria passe através do viscoso muco gástrico e atinja o pH mais neutro abaixo do muco. Uma vez abaixo do muco, a H. pylori adere firmemente às células subjacentes. A adesina melhor caracterizada, BabA, uma proteína de membrana externa com 78 kDa liga-se ao antígeno do grupo sanguíneo Lewis b.

A colonização persistente vai depender da capacidade de resposta às mudanças das condições ambientais e de contornar os mecanismos de defesa do hospedeiro iniciadas durante a infecção. O rearranjo do DNA genômico permite a uma variedade de patógenos de se adaptarem a expressão de antígenos de superfície e escaparem da imunidade do hospedeiro. A H. pylori tem a maior taxa de recombinação genética entre as espécies conhecidas de bactérias, sugerindo que este processo confere uma vantagem seletiva na colonização.

2.5  Células do estômago

 As células parietais ou células oxínticas são células epiteliais do estômago que secretam ácido gástrico e fator intrínseco. As células das mucosas de superfície, é conhecida como epitélio foveolar. As fovéolas gástricas conectam-se as glândulas gástrica.

Imagem 2 – Célula Parietal

2.5.1 Anatomia do estômago

O estômago é parte fundamental do trato gastrointestinal (GI), situa-se entre o esôfago e duodeno. Tem como função misturar alimentos com o ácido gástrico e dividir os alimentos em partículas menores através da digestão química e mecânica.  Abaixo, a Figura 3 – Partes do estômago.

2.6  Estágios do câncer gástrico
2.6.1  Estágio zero (0)

 Neoplasia, inicialmente o câncer atingiu apenas a camada de revestimento interna do estômago. Nesse caso, o tratamento é cirúrgico onde será avaliada se será gastrectomia geral ou parcial, o médico também poderá optar em retirar os linfonodos para se evitar metástases. Esse tratamento requer uma melhor qualidade de vida, pois implica na alimentação desses pacientes.

2.6.2  Estágio I (um)

 Nesse caso o tumor já atingiu a camada interna quase total. Aí o cirurgião orienta a gastrectomia total.

Figura 5 – Estágio I do câncer gástrico por H. pylori.

Fonte: https://www.institutojorgereina.com.br/especialidades/aparelho-digestivo-alto/cancergastrico/

2.6.3  Estágio II (dois)

Nesse momento, o tumor atingiu a camada de revestimento, linfonodos, e até o abdômen muitos especialistas optam pela quimioterapia e radioterapia para diminuir o tumor e logo depois o tratamento cirúrgico e aliado a um novo ciclo de quimio e rádio. Quando já está nos estágios III e IV, o tratamento já fica limitado, aí o médico trata os sintomas para se tentar estabelecer a qualidade de vida desses pacientes. O médico, a família e o próprio paciente decidem qual o melhor tratamento.

Figura 6 – Estágio II do câncer gástrico por H. pylori

2.7  Transmissão da H. pylori

A bactéria H.Pylori foi identificada pela primeira vez por Barry Marchal e Robin Warren, em 1983, Austrália, esta descoberta rendeu prêmio Nobel em Medicina em 2005.

A transmissão pode ocorrer de uma pessoa contaminada para outra sadia pelo contato com vômitos, fezes e água contaminada. Em países com saneamento básico precário a cadeia de transmissão se dá pela amostra da água, onde as crianças nadam, bebem água, ou se alimentam de vegetais crus aumentando as chances de serem infectadas. Já em países desenvolvidos esse contágio é menos frequente em crianças.

2.8 Tratamento da H. pylori

 Para desenvolver o risco de desenvolvimento de um câncer gástrico, curar as patologias associadas e extirpar o patógeno e realizado terapia para erradicar a H. pylori. Esse tratamento é indicado para pacientes que tiveram o resultado do diagnóstico como paliativo e para pessoas que realizam com tratamento contra o câncer gástrico ou tem história na família. O tratamento é incerto, aconselhável e fortemente recomendável. O primeiro é recomendado as pessoas com trombocitopenia e anemia, depois propedêutica adequada e com doenças cardiovasculares. 

O aconselhável para pessoas com doenças de refluxo gastresofágico e dispepsia funcional e o fortemente recomendado aos pacientes com linfoma de 33 MALT, pós ressecção de câncer gástrico e parentes de primeiro grau de pessoas que foram diagnosticadas com câncer gástrico, úlcera péptica e gastrite atrófica (SANTOS, 2017).

O tratamento para erradicar a bactéria é classificada em primeira linha que dura 14 dias, é usado um inibidor da bomba de prótons (IBP) e dois antibióticos. Devem ser tomados a cada 12hrs, sendo: amoxicilina 1g + claritromicina 500mg. + omeprazol 20mg ou outro (IBP), pode ser o patoprazol, esoprazol 20mg, lanzoprazol 30mg (BVS, 2019).

Figura 7 – Câncer gástrico por H. pylori

Segundo outro autor, não citado nessa literatura, um novo método de tratamento encontra-se em estudo, com 7 dias de tratamento e com baixas doses de Vonoprazam que bloqueia o ácido por competição com potássio + Amoxacilina. Segundo pesquisadores, os testes demonstram erradicação da bactéria local com grande resistência a Claritromicina como os métodos de três remédios baseados no Vasoprazam porém esse esquema eleva a resistência aos antibióticos (ALMEIDA, 2020).

2.9 Câncer de estômago no Norte do Brasil

O câncer já foi considerado a quinta causa mais frequente de morte no Brasil e hoje é a segunda, perdendo para as mortes ocasionadas por doença cardiovasculares (NAKASHIMA et al., 2016). No norte do Brasil este tipo de incidência está associado aos hábitos alimentares do nortista, como a ingestão de farinha de mandioca em excesso, verduras e legumes e outros alimentos mal lavados ou mal cozidos, peixes e outros tipos de carnes salgados entre outros.

Com a expansão da população mundial e a evolução do envelhecimento, é de esperar que esses indicadores reflitam também no impacto do câncer no mundo, a priori nos Países em desenvolvimento. Enquanto a expectativa de vida está em crescimento paulatino, um aumento astronômico na incidência de câncer é esperado na próxima década, pois a doença ocorre principalmente em pacientes com mais de 50 anos e se acentua a partir da sétima década. 

Remontet et al. e Yancik e Ries vão explicitar que mais de 60% dos novos casos e mais de 70% das mortes por câncer ocorrem além dos 85 anos na Europa e nos Estados Unidos. Estima-se que, em 2020, 70% das neoplasias ocorram em indivíduos com idade superior a 65 anos.

Figura 8 – Classificação do câncer de estômago

2.9.1  Prevenção

Não existem maneiras de prevenir o câncer de estômago, mas existem coisas que você pode fazer para reduzir seu risco de desenvolver a doença. Estar acima do peso ou ser obeso aumenta o risco de alguns tipos de câncer de estômago, portanto, manter um peso saudável pode diminuir esse risco. Praticar atividade física regularmente também ajuda a diminuir o risco de câncer de estômago. Além dos possíveis efeitos sobre o risco de câncer de estômago, manter um peso saudável e ser ativo também pode ter um efeito sobre o risco de vários outros tipos de câncer e problemas de saúde.

Uma dieta rica em frutas e vegetais frescos também pode reduzir o risco de câncer de estômago. As frutas cítricas, como laranja, limão e toronja (grapefruit), podem ser especialmente uteis, mas o suco de toranja pode alterar as taxas sanguíneas de determinados medicamentos que você utiliza, por isso é importante conversar com seu médico antes de adicionar essa fruta a sua dieta.

É recomendado que as pessoas mantenham uma dieta saudável, que inclua uma variedade de frutas e vegetais coloridos e grãos inteiros, e evite ou limite carnes vermelhas e processadas, bebidas adoçadas com açúcar e alimentos altamente processados. O uso de álcool provavelmente aumenta o risco de câncer de estômago, portanto, evitar ou limitar a ingestão de álcool pode diminuir o risco. Existe alguma evidência de que combinações de suplementos antioxidantes (vitaminas A, C, e selênio mineral) podem reduzir o risco de câncer de estômago em pessoas com má nutrição. Mas, a maioria dos estudos sobre as pessoas que têm uma boa nutrição não encontrou qualquer benefício com a adição de vitaminas em suas dietas. Portanto, mais pesquisas nesta área ainda são necessárias.

Apesar de alguns estudos sugerirem que o consumo de chá, especialmente o chá verde, pode proteger contra o câncer de estômago, a maioria dos grandes estudos não encontrou nenhum benefício. Evitar o consumo de tabaco -Fumar aumenta o risco de câncer de estômago proximal (porção do estômago mais próxima ao esôfago). O tabagismo aumenta o risco de muitos outros tipos de câncer e é responsável por cerca de um terço de todas as mortes por neoplasias.

Tratamento da infecção por H. pylori – Ainda não está claro se o tratamento com antibióticos deve ser administrado a pessoas cujo revestimento interno do estômago está cronicamente infetado com a bactéria H. pylori, mas que não apresentam sintomas. Alguns estudos iniciais sugerem que prescrever antibióticos para as pessoas com infecção por H. pyloripode reduzir o número de lesões précancerígenas no estômago, reduzindo assim o risco de desenvolver o câncer de estômago. No entanto, mais pesquisas são necessárias para ter certeza de que esta é uma forma de prevenir o câncer de estômago em pessoas com infecção por H. pylori.

2.9.2   Exames para se detectar o câncer de estômago

Existem alguns exames, que podem ser realizados para investigar se uma pessoa tem a infecção por H. pylori e consequente câncer de estômago causado por essa bactéria.

  • Exame de sangue. É um exame que procura por anticorpos contra o H. pylori. Os anticorpos são proteínas do sistema imunológico que fazem com que o corpo responda a uma infecção. O resultado de anticorpos H pylori positivo pode significar a presença da infecção propriamente dita ou que você teve uma infecção no passado e que agora está curado.
  • Endoscopia. Biópsia da mucosa do estômago para retirada de uma amostra de tecido. Essa amostra será analisada para a presença de H. pylori.
  • Teste respiratório para bactérias. Nesse exame, ingere-se um líquido contendo ureia. Se o H. pylori está presente, ele alterará quimicamente a ureia e uma amostra de sua respiração será analisada para determinar ou não, se existem alterações.
3 O CÂNCER GÁSTRICO NO PACIENTE IDOSO

De acordo com Lins e Souza (2018) a oncologia por ser específica não faz relação direta com o curriculum da enfermagem. Espera-se que o profissional de Enfermagem com o curso de graduação, se encontre preparado para desenvolver ações de Saúde e promover a assistência Integral de Enfermagem aos pacientes oncológicos, sendo que o enfermeiro esteja preparado para promover ações de atenção à saúde, com reciclagens e o aprimoramento contínuo, assim como a mudança nos currículos dos cursos de graduação, demandando abordagens reflexivas sobre a assistência que é oferecida a esses pacientes.

Já segundo Batista, et. al, (2017) a enfermagem requer do enfermeiro técnicas para atender as necessidades do paciente. Sendo assim, o enfermeiro oncológico ultrapassa conhecimentos científicos, pois busca a afetividade no cuidar do paciente e também a família, promovendo Saúde, qualidade de vida, conforto e bem estar. Esse cuidado é específico e requer saber e práticas como qualidade e habilidades, principalmente nas tomadas de decisões junto à equipe multiprofissional ao paciente idoso acometido pelo câncer gástrico, esse cuidado demanda respostas positivas a esse paciente idoso.

Lidar com o paciente idoso crônico, traz à tona diversos sentimentos, ao avaliar que esse paciente permanece sem cura dessa doença, resta à equipe de saúde proporcionar os melhores cuidados visando uma boa qualidade de vida desse paciente no durante a internação hospitalar. Por vezes os sentimentos de esperança dão lugar a uma tristeza e incerteza profunda das poucas que muitas vezes dependem economicamente desses indivíduos. Dessa forma a equipe de Saúde, em especial a enfermagem surge como fonte de apoio e demonstrar sensível e presente às situações de saúde destes pacientes oferecendo apoio durante a fragilidade pela doença (NUNES, 2018).

Essa doença nos idosos provoca interferências no cotidiano da sua vida, ultrapassando o físico, uma vez que os sentimentos e significados são interpretados tanto pela pessoa quanto pela sociedade. O câncer interfere na pessoa doente, e no convívio Social, afetando na mobilidade, estilo de vida e imagem, principalmente nos idosos são gravemente afetados. Isso mobiliza toda a família, que as vezes opta por esconder do paciente idoso o diagnóstico, deixando de haver o processo de comunicação paciente e família (SILVA, 2011).

3.1 Políticas Nacionais dos direitos do idoso

Veras e Oliveira (2018), descrevem que o envelhecimento da população está sendo um dos grandes avanços da humanidade, pela expectativa e qualidade de vida ter aumentado, sendo esse um desafio para as políticas de saúde dos idosos. Essa primeira ação se deu em Viena 1982, na primeira Assembleia Mundial sobre o envelhecimento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU).  No Brasil as políticas de Saúde ganharam força com a criação da PNI Lei n.1.948/1994, e regulamentada pelo decreto n.1.948/96. Essa Lei tem por finalidade assegurar os direitos sociais do idoso criando condições para promover sua autonomia e participação na Sociedade.

De acordo com a legislação Brasil (2013), o estatuto do Idoso criado em 2003, Lei n. 10.741, veio para juntar os direitos já assegurados na Constituição de 1988, garantindo a proteção do Idoso em situação de risco, direito à vida, Saúde, Educação, lazer, esporte e cultura, assim como a previdência Social, habitação e dignidade. 

3.2 Câncer na terceira idade

 O envelhecimento e o Câncer, principalmente o câncer de estômago nos idosos crescem com os fatores de risco para patologias oncológicas. No entanto, pelas estimativas indicam incidência que essa patologia tem maior incidência e tendência nos idosos. Pois está relacionada aos hábitos e estilo de vida destes, e ao processo de envelhecimento das células, onde ocorrem mutações dos genes estimuladores de crescimento das células. Se o sistema imunológico não agir destruindo essas células anormais, as novas serão afetadas causando uma célula cancerosa, (MATOS, 2014).

 De acordo com o envelhecimento, as células envelhecem e o nosso Sistema imune já não trabalha com o mesmo empenho, e a partir dos 60 anos esse sistema vai ficando falho, ocasionando com isso o aparecimento do câncer. Vale ressaltar que fatores externos como tabagismo, etilismo, alimentação pobre em nutrientes, assim como obesidade e sedentarismo também colaboram com o surgimento desta doença (MOTA, 2017).

E como já citado pelos autores acima o desenvolvimento do câncer gástrico incluem sexo masculino, idade avançada, genética, fatores alimentares, dietas ricas em sódio, deficiente de vitaminas e antioxidante, consumo de álcool, tabaco e também a infecção pelo H. pylori. O câncer gástrico é classificado em três tipos: Linfoma que é diagnosticado em cerca de 3% dos casos, o sarcoma que é uma forma extremamente rara e o mais comum que atinge cerca de 95% da população que são portadores do câncer gástrico e o Adenocarcinoma (INCA, 2018; RAMOS et. al 2019).

O câncer gástrico se desenvolve através do acumulo de lesões sobre o epitélio gástrico formando a massa neoplásica, ou seja, a evolução do tumor começa de modo lento e silencioso e se o diagnóstico não for realizado de maneira precoce ocorre a progressão de forma rápida, podendo atingir camadas mais profundas do estômago: além da ocorrência de metástase nos linfonodos regionais e também por contiguidade, sinalizando que o tumor atingiu os órgãos vizinhos (OLIVEROS et. al 2019; INCA, 2018).

Percebe-se que o tema câncer gástrico, é de extrema relevância, já que existem várias publicações da relação do câncer gástrico com o H. pylori. As comparações com os estudos publicados e segundo autores acima citados é possível avaliar e concluir que o H. pylori pode estar relacionado ao desenvolvimento do câncer gástrico. Essa bactéria pode colonizar toda a região gastrointestinal, garantindo sua sobrevivência, histologicamente se diferencia entre adenocarcinoma, linfoma e sarcoma.

3.3 Biologia do câncer em idosos

A ligação entre câncer e envelhecimento é complexa e questões fundamentais permanecem sem resposta (Kristjansson e Wyller ,2010). Embora a senectude seja um fator de risco importante para o desenvolvimento de câncer, curiosamente, após os 80 anos, a incidência dos níveis de neoplasias diminui. Ademais, outra peculiaridade da biologia tumoral no idoso é o reconhecimento de que algumas neoplasias se apresentam de forma mais agressiva, a exemplo da leucemia mieloide aguda, enquanto outras se caracterizam por serem mais indolentes nesses pacientes, a exemplo do câncer mamário. Como mostra Balducci (2003), as alterações moleculares no idoso geram mudanças que podem ser favoráveis e outras que podem se opor à carcinogênese. 

Ainda segundo o mesmo autor, as mudanças pró- -carcinogênicas incluem a hipometilação do DNA e a instabilidade genética, enquanto o encurtamento dos telômeros, a redução da atividade da telomerase e a ativação do antioncogene P16 se contrapõem à proliferação neoplásica. Algumas alterações importantes do processo de senescência, a exemplo de mutações no DNA nuclear e mitocondrial induzidas por agentes ambientais, e a formação de radicais livres, juntamente com uma menor atividade dos mecanismos de reparo do DNA, podem alterar a estrutura e a função de genes importantes para a gênese e progressão de tumores. 

Acredita-se que, com o passar dos anos, o dano ao DNA gerado pelos radicais livres pode se acumular e esse fenômeno contribuir para a explicação do aumento na incidência de neoplasias nos mais idosos. Outros contribuintes para a proliferação neoplásica no idoso são a perda da capacidade celular de sofrer apoptose e a prevalência aumentada de fatores que estimulam o crescimento tumoral, a exemplo de interleucina-6 nos linfomas não Hodgkin, e de metaloproteinases que favorecem a propagação metastática. Além da suscetibilidade dos tecidos mais velhos aos carcinógenos ambientais, devida a alterações moleculares e celulares próprias da senectude, a associação de câncer e envelhecimento pode ser explicada pela casualidade, visto que o processo da carcinogênese pode ser prolongado, assim, pessoas que vivem mais teriam maior propensão a desenvolver neoplasias.

3.4 Avaliação geriátrica ampla no idoso com câncer

Geriatras e gerontólogos têm desenvolvido escalas para avaliar e quantificar a fragilidade de pacientes idosos, uma vez que, como lembra Giglio et al.2002, o processo de envelhecimento é heterogêneo tanto em um mesmo indivíduo como entre indivíduos diferentes de uma população, sendo dependente de fatores ambientais e genéticos, nível de atividade física e mental, hábitos e doenças pregressas. Além disso, a senescência não pode ser quantificada perfeitamente pelos exames complementares existentes e a idade cronológica pode não refletir a reserva funcional e a expectativa de vida da pessoa em questão, necessitando, assim, que o idoso seja avaliado clinicamente de forma global e individualizada. 

Nesse contexto, surge a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), que capta a complexidade de problemas típicos a essa população, abordando o idoso em suas múltiplas dimensões por meio de instrumentos que o avaliam quanto ao seu status funcional, equilíbrio e mobilidade, função cognitiva, deficiências sensoriais, condições emocionais, adequação de suporte familiar, social e ambiental e riscos nutricionais e de interações medicamentosas. Por meio da AGA, é possível identificar indivíduos frágeis – com baixa sobrevida e capacidade funcional, que não poderiam tolerar um tratamento oncológico – ou verificar fatores de risco potencialmente reversíveis que, por meio de intervenções, permitam que o paciente siga com seu tratamento. 

Assim, uma avaliação clínica inicial e global mostra-se indispensável na orientação da conduta em idosos oncologicamente enfermos. Balducci e Extermann (2000) definiram o objetivo principal para uma AGA no paciente oncológico idoso: detectar comorbidades que estão associadas com a diminuição da expectativa de vida e que são fatores de prognóstico independentes para câncer, comprometendo, eventualmente, a tolerância aos quimioterápicos. 

Uma avaliação ampla desses pacientes ajuda a entender se o câncer poderia causar sintomas ou incapacidades durante o período de vida residual, para além do que já está presente ou previsível por outras causas que não a neoplasia propriamente dita. Além de permitir reconhecer a presença do estado de fragilidade; estimar a sobrevida esperada, independentemente do tumor; avaliar a capacidade de o paciente tolerar o tratamento; estimar o seu estado funcional; identificar situações potencialmente reversíveis; e avaliar o suporte emocional e social do paciente para enfrentar a doença; condições que influenciam sobremaneira a agressividade do tratamento antineoplásico a ser proposto. 

3.5  Comorbidades nos idosos com câncer

A presença de comorbidades em idosos com neoplasia constitui um importante indicador prognóstico e terapêutico. Os pacientes com elevada taxa de comorbidades, avaliadas pelo número e/ou gravidade delas, apresentam menores taxas de sobrevivência em relação àqueles sem doenças associadas, bem como piores níveis de estado funcional e de qualidade de vida (SATARIANO WA, 2003). Além disso, a presença simultânea do câncer e outras morbidades interfere, também, no diagnóstico, retardando-o, uma vez que existe a tendência de subestimar os sintomas apresentados, que são comumente associados à idade ou a outra condição mórbida preexistente.

Segundo Extermann, (2010) os problemas geriátricos mais encontrados na avaliação do idoso com câncer são: 1) comorbidades (90%) – 30%-40% apresentam patologias severas; 2) dependência para realização de atividades instrumentais da vida diária (50%-60%); 3) desnutrição ou risco nutricional (30%50%); 4) qualquer grau de deficiência cognitiva (25%-35%); 5) depressão (20%40%); 6) dependência para atividades da vida diária (20%) e performance score (PS) do Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) ≥ 2 (20%). O PS baseia-se em critérios usados por médicos e pesquisadores para avaliar a progressão da doença do paciente, como afeta as habilidades de vida diária e, assim, poder melhor determinar tratamento e prognóstico. Dentre as comorbidades, as mais vistas no idoso oncológico são cardiopatias, pneumopatias e diabetes. Foi observado, também, aumento importante na prevalência de demência entre esses pacientes, sendo de 0,4% entre os indivíduos com 65-73 anos e de 4,2% naqueles com 74-102 anos.

Embora definição imprecisa e, por muitas vezes, subjetiva na literatura, outro conceito importante é o de fragilidade no paciente idoso. Objetivamente, podemos reconhecer a fragilidade quando encontramos uma ou mais das seguintes características: idade superior a 85 anos; dependência em uma ou mais atividades da vida diária; presença de três ou mais comorbidades; presença de uma ou mais síndromes geriátricas ou ainda quando presentes: perda involuntária de 10% ou mais do peso original em um ano; dificuldade dos movimentos; fadiga; decréscimo de força ou impossibilidade em iniciar um movimento. 

O geronte frágil com câncer, em muitos casos, exibe maior toxicidade aos tratamentos antineoplásicos, apresenta maior taxa de mortalidade e, na maior parte das vezes, recebe um manejo voltado apenas à paliação de seus sintomas (Balducci ,2003). De acordo com Gosney (2010) a fragilidade, bem como a presença simultânea de outras doenças, afeta o paciente oncológico em três períodos: inicialmente, no momento do diagnóstico, por causar incertezas em relação à agressividade do plano terapêutico a ser empregado, de acordo com a reversibilidade ou não do fator determinante da fragilidade no paciente; segundo, durante o tratamento, na coexistência de contribuintes para a fragilidade que possam aumentar o risco da toxicidade associada à terapia e, assim, reduzi r a qualidade de vida; e, finalmente, após o tratamento antineoplásico, o desenvolvimento ou piora da fragilidade existente pode reduzir a sobrevida.

4 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO AO PACIENTE IDOSO

A enfermagem é uma ciência que se debruça ao estudo do cuidado (SEBOLD, 2016). A construção desse saber está embasado, não apenas, nos conceitos e técnicas passados durante a graduação, mas pela vivência de cada indivíduo. O contato com usuários diagnosticados com câncer gástrico auxilia no aprendizado sobre os fatores físicos e emocionais trazidos por esses pacientes, uma vez que a abordagem a esses idosos envolve sentimentos que são difíceis de serem administrados (TOMASZEWSKI, 2017).

A enfermagem necessita organizar sua assistência com relação à pessoa idosa com câncer gástrico, enquadrando e relatando as necessidades físicas e psicológicas. A relação profissional – paciente também é de  extrema relevância, principalmente em relação ao tratamento. O paciente deve ser considerado  em todas as particularidades. A enfermagem participa do adoecer e do  morrer.

O foco da assistência de enfermagem diante do paciente idoso e com câncer gástrico é reduzir o impacto que logo ao ser diagnosticado, poderá trazer na sua vida individual e da família, aplicando os conhecimentos, cuidados de enfermagem em relação aos efeitos colaterais, assim como aceitação quanto as etapas do tratamento provocam ao indivíduo. Essa patologia interfere na vida do paciente e de sua família.

Nesta perspectiva a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), constitui um método que organiza e Implementa o Processo de Enfermagem (PE), instrumento que orienta o cuidado profissional de enfermagem, organizando em 5 (cinco) etapas: Coleta de dados, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento,  Implementação e Avaliação de Enfermagem.

Essa implementação garante ao profissional a qualificação do gerenciamento do cuidado e planejamento de suas atividades, além de ser um guia de ações, assistência individualizada e maior visão das ações. Desta forma, as taxonomias NANDA, NIC e NOC auxiliam o processo de enfermagem quanto ao diagnóstico, resultados e intervenções (SILVA, 2015). conforme quadro abaixo:

Quadro 1 – Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem elencados durante experiências com paciente com câncer gástrico.   

DIAGNÓSTICOSRESULTADOS E INDICADORESINTERVENÇÕES E ATIVIDADES
AnsiedadeControle da ansiedadeRedução da ansiedade
 Indicadores: reduz estímulos ambientais quando ansioso; usa técnicas de relaxamento para reduzir ansiedade; busca informação para reduzir a ansiedade.Atividades: orientar o paciente sobre técnicas de relaxamento; observar sinais verbais e não verbais de ansiedade; oferecer informações sobre diagnóstico, tratamento e prognóstico; encorajar a família a permanecer com o paciente conforme apropriado.
Dor agudaControle da dor, Indicadores: usar analgésicos adequadamente; reconhece o início da dor; usa recursos disponíveis; reconhece os sintomas associados a dor.Controle da dor, Atividades: utilizar um método de avaliação desenvolvido de modo adequado que possibilite o monitoramento de alterações na dor e auxilie a identificar fatores precipitares reais e potenciais (fluxograma e registros diários); investigar com o paciente fatores de aliviam e pioram a dor; investigar o uso atual de métodos farmacológicos de alivio da dor pelo paciente.
NáuseaControle náusea e vomito Indicadores: utiliza antieméticos adequadamente; descreve os fatores causais; reconhece estímulos que precipitam a náusea.Controle da náusea Atividades: assegurar que medicamentos antieméticos eficazes sejam dados para prevenir náusea quando possível; controlar os fatores ambientais capazes de provocar náuseas; informar sobre a náusea, suas causas e duração; monitorar a ingestão de líquidos, registrando o conteúdo nutricional oral e as calorias.
Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporaisApetite Indicadores: estimulo para comer; ingestão de líquidos; ingestão de nutrientes; desejo de comer.Controle da nutrição Atividades: determinar preferencias alimentares do paciente; encorajar a ingestão calórica adequada ao tipo de corpo e ao estilo de vida do paciente; pesar o paciente em intervalos adequados.
Risco de lesão por pressãopressão Envelhecimento físico Indicadores: força muscular, IMC; acuidade sensorial.Prevenção de lesão por pressão1 Atividades: orientar a família sobre sinais de degradação na pele; monitorar o surgimento de áreas avermelhadas atentamente; mudar o decúbito a cada ½ horas; manter limpa, seca e sem rugas a roupa de cama; remover umidade excessiva da pele.
Fonte:https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cieh/2019/TRABALHO_EV125_MD1_SA3_ID1272_3005 2 019113116.pdf. Acesso em 07/11/2022

4.1  Cuidados de enfermagem nos sintomas relacionados ao câncer gástrico.

Os cuidados que o paciente idoso com câncer gástrico demanda vai muito além de executar prescrições médicas e de enfermagem. Faz parte da conduta do enfermeiro ter empatia e humanização no cuidado com ele e aos seus familiares. Será citado aqui as principais condutas realizadas para amenizar os sinais que mais acometem esta patologia.

  • Dor: É muito comum nesses casos, podendo ser quantificada com a Escala Visual Analógica (EVA), esta escala pode ser definida por cores, carinhas ou números que vão de zero a dez. As condutas são: 

Monitorar a dor e administrar a medicação conforme a prescrição médica (D’ALESSANDRO; PIRES; FORTE, 2020);

– Aplicar a Escala Visual Analógica de acordo com a instituição; exemplos: Dor leve (iniciar com Paracetamol ou Dipirona associado ou não a anti-inflamatório não esteroide); Dor persistente ou leve à moderada (iniciar com Tramal ou Codeína); Dor moderada persistente ou intensa (iniciar Morfina), conforme prescrição médica.

  • Fadiga: Pode ser entendida como uma sensação persistente de cansaço relacionada ao câncer, ou também ao tratamento interferindo na qualidade de vida do paciente. As condutas são:

Identificar os sintomas e manter um diálogo com o paciente perguntando como ele está, se está cansado, quais seus hábitos de sono e o que fez durante o dia.

– Administrar medicações conforme prescrição médica (D’ALESSANDRO; PIRES; FORTE, 2020).

  • Depressão: Deve ser tratada conforme avaliação e prescrição médica. Os objetivos visam uma melhor qualidade de vida ao paciente atuando no humor e no interesse pelo prazer de viver. As condutas são:

– Conversar com o paciente reforçando a indicação médica, explicando e esclarecendo todas as dúvidas do tratamento proposto e enfatizando sobre a importância de fazer o tratamento corretamente.

  • Náuseas e vômitos: Pode acontecer devido ao uso de medicamentos e ao mau funcionamento do aparelho digestivo. As condutas são:

– Respeitar à vontade, gostos e horários do paciente;

– Administrar medicamentos conforme prescrição médica;

– Evitar manipular odores fortes próximos ao paciente.

  • Constipação Intestinal: Os sintomas podem ser acompanhados de vômitos, dor abdominal, diarreia, incontinência urinária e obstrução intestinal. As condutas são:

Adotar, sempre que possível, medidas não farmacológicas (ingesta hídrica, fibras e estímulo às mudanças de decúbito);

– Promover a privacidade e o conforto no ato da evacuação.

5 METODOLOGIA

Este estudo é do tipo bibliográfico descritivo de prevenção de câncer de estômago, com uma revisão bibliográfica selecionando teóricos que em seus artigos, dissertações, teses e obras, tratam sobre o tema em questão. Foram escolhidos os mais relevantes para fundamentar esta pesquisa, que é de cunho quali-quantitativa e coleta de dados para esta finalidade.

A coleta de dados foi feita, a partir de autores da área da saúde relacionada com a temática do câncer de estômago.

Em relação aos procedimentos adotados para a realização dessa pesquisa foram abordados os métodos bibliográficos e análise documental. Quanto ao método de pesquisa bibliográfica, para Gil (2019, p. 44) é “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” enquanto Severino (2017, p.122) descreve que a pesquisa bibliográfica é “aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documento impressos, como livros, artigos, teses e etc.”, ou seja, utilizando-se de dados e fontes já pesquisadas e válidas.  

Quanto a pesquisa documental é muito parecida com a bibliográfica Gil (2002, p. 45-46) afirma que a “diferença entre ambas está na natureza das fontes”, isto é, se “verifica os documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privada, tais como associações cientificas, igrejas, sindicatos, partidos políticos”. Enquanto Severino (2007, p. 122-123) “os conteúdos dos textos que ainda não tiveram nenhum tratamento analítico, são matéria primas, a partir da qual o pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise”.

Também identificamos os principais e mais conhecidos teóricos da área da enfermagem que fazem referência ao Câncer estômago;

  • Quais parcelas da população brasileira têm mais chances de desenvolver esse tipo de câncer;
  • Como é a sobrevida desses pacientes;
  • Quais as tecnologias disponibilizadas no Brasil para o tratamento do câncer de estômago;
  • Que medidas esses teóricos da área indicam para amenizar os altos indicie de câncer de estômago.
6 DISCUSSÃO GERAL SOBRE OS RESULTADOS

Esta pesquisa se justificou pela relevância do tema “câncer de estômago em pacientes idosos causado por Helicobacter Pylori” que tem se tornado um grande vilão da atualidade para o povo brasileiro, e se justifica também para se destacar a prevenção dessa doença.

A enfermagem tem um papel importante para com esses pacientes, pois estes, com orientações adequadas, poderão ter a noção de que se fazendo os exames preventivos são fatores importantes para detecção precoce dessa doença.

Contudo, sabemos que é um tema preocupante, mais que podemos ter bons resultados, se tivermos um alcance grande de pacientes de risco, no que concerne à prevenção do câncer de estômago.

Abaixo, informamos o ano da publicação das mais importantes obras aqui pesquisadas, o nome do autor e o título da mesma, conforme apresentando no quadro 2, a seguir:

Quadro 2: Lista de autores e obras usadas na pesquisa  

ANOAUTORTÍTULO DA OBRA
2015BALDUCCI L, Extermann M.Anagement of câncer in the older person: a practical approach.
2000BALDUCCI L.Geriatric oncology: challenges for the new century.
2003BALDUCCI L.Geriatric oncology: Crit Rev Oncol Hematol.
2020BARBOSA, Joel Antonio; SCHINONNI, Maria Isabel.Helicobacter Pylori: Associação com o câncer gástrico e novas descobertas sobre os fatores de virulência.
2014BATISTA, S. A.Higher number of Helicobacter Pylori CagA EPIYA C phosphorylation sites increases the risk of gastric cancer, but not duodenal ulcer.
2003BRASILEstatuto do Idoso.
2021COSTA et al.Relação do H. pylori com o desenvolvimento do câncer gástrico: revisão sistemática.
2017DING, S. Z.; GOLDBERG, J. B.; HATAKEYAMA, M.Helicobacter Pylori infection, oncogenic pathways and epigenetic mechanisms in gastric carcinogenesis.
2015ESTERMANN M.Evaluation of the senior cancer patient: comprehensive geriatric assessment and screening tools for the elderly.
2002GIGLIO A, SITTA MC, W, Jacob FILHO.Princípios de oncogeriatria.
2010GOSNEY M.Handbook of cancer in the senior pacients.
2019JÚNIOR AMF, et al.Câncer gástrico e fatores de risco ambientais: As influências do regionalismo amazônico e à infecção pela Helicobacter pylori.
2010Kristjansson SR; Wyller TB.Handbook of Cancer in the Senior Pacients.
2014MATOS, R. N.Assistência de Enfermagem: A Humanização ao Paciente Idoso com Câncer.
2017MOTA, T.Oncogeriatria, na Melhor Idade da Melhor Forma.
2016NAKASHIMA JP; KOIFMAN S, KOIFMAN RJ.Tendência da mortalidade por neoplasias malignas selecionadas em Rio Branco, Acre, Brasil.
2018NUNES, F.D.B.R.S.; ALMEIDA, A.D.L.Informação médica e consentimento de pessoas com câncer.
2018OHNISHI, N. et al.Transgenic expression of Helicobacter pylori CagA induces gastrointestinal and hematopoietic neoplasms in mouse
2019OLIVEROS R, et al.Gastric cancer is a preventable disease: Strategies for intervention in its natural’s history.
2017SATARIANO WA; SILLIMAN RA.Comorbity: implications for research and practice in geriatric oncology
2021ZHANG Z, et al.Helicobacter Pylori induces gastric cancer via down-regulating miR-375 to inhibit dendritic cell maturation.
Fonte: Autores, 2022.

De acordo com o Balducci e Extermann (2015), elaboraram os objetivos principais em uma Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) nos pacientes oncológico idoso: fazer busca ativa de comorbidades que estejam associadas com a redução na expectativa de vida, e que são fatores de prognósticos independentes para câncer, comprometendo, eventualmente, a tolerância aos quimioterápicos. Este tipo de avalição ajuda a entender se o câncer poderia causar sintomas ou incapacidades durante o período de vida residual.

Para Balducci L. (2000), relatado em sua obra as mudanças e alterações consideráveis no que diz respeito a deformação moleculares no idoso que podem favorecer ou se opor a anomalias como à carcinogênese. Ele também relata que as mudanças pro- carcinogênicas incluem a hipometilação do DNA e a instabilidade genética, enquanto o encurtamento dos telômeros, a redução da atividade da telomerase e a ativação do antioncogene P16 se contrapõem à proliferação neoplásica.

Como Balducci, L (2003), explica em sua contribuição bibliográfica e acadêmica que objetivamente, pode-se reconhecer a fragilidade quando encontramos uma ou mais das seguintes características: idade superior a 85 anos; dependência na execução de atividades diárias; acometido por três ou mais comorbidades; presença de uma ou mais síndromes geriátricas; fadiga; decréscimo de força. Afirma que o geronte frágil com câncer, muito das vezes, exibe maior toxicidade aos tratamentos antineoplásicos, com uma taxa elevada de óbitos. Portanto aplica-se somente procedimentos paliativos para amenizar os efeitos sintomáticos desses pacientes. 

Para fundamentar a relação do câncer gástrico com H. pylori, foi evidenciado o artigo de Costa et al (2021), que este vai explicitar como o câncer se desenvolve através do acúmulo de lesões sobre o epitélio gástrico formando a massa neoplásica, evoluindo o tumor de forma lenta e silenciosa e se o diagnóstico não for descoberto precocemente ocorre a progressão de forma muito rápida e imperceptível.

Extermann (2010), pontua a problemática geriátrica mais encontrada na avaliação do câncer em idoso são: Comorbidades, apresentando patologias severas; dependência na realização de tarefas instrumentais da vida diária; desnutrição ou risco nutricional; qualquer grau de deficiência cognitiva; depressão; performance score (PS). Dentre as comorbidades, as mais observada no idoso oncológico são cardiopatias, pneumopatias e diabetes. Foi evidenciado também a prevalência de demência entre esses pacientes.

Segundo Giglio et al. (2002), o processo de envelhecimento desenvolve de forma desigual ou heterogenia tanto em um mesmo indivíduo como em indivíduos diferentes de um povo/população. A senescência não pode ser quantificada adequadamente pelos exames complementares existentes e a idade cronológica pode não refletir a reserva funcional e a expectativa de vida. Desta forma o idoso seja avaliado clinicamente de forma global e individual.

Gosney (2010), relata também sobre a fragilidade do paciente idoso, bem como a presença simultânea de outras doenças, afeta o paciente oncológico em dois períodos: inicialmente, no diagnóstico, por causar incertezas em relação à agressividade da terapia aplicada. Segundo, durante o tratamento e na coexistência de contribuintes para a fragilidade no paciente que possam aumentar o risco da toxidade associada à terapia e, assim, reduzir a qualidade de vida.

Conforme Júnior et.al (2019), o câncer gástrico no estado do Amazonas, este autor chegou à conclusão que a infecção pela H. pylori, o tabagismo e o etilismo não seriam fatores de extrema relevância para surgimento do câncer gástrico, mas o sal e alimentos processados como carne seca, peixe salgado e também o fator de risco para o adenocarcinoma gástrico, a idade maior que 50 anos, 61 a 70 anos, baixa escolaridade e renda salarial.

De acordo com Kristjansson e Wyller (2010), deixa claro em suas afirmações que a ligação entre o câncer e o envelhecimento continua sendo de difícil entendimento e complexo. Porém questões fundamentais e de extrema necessidade de conhecimento para uma melhor atuação no atendimento a essas duas patologias tão presentes, não permanecesse sem resposta. Mas eles frisam bastante e direciona uma das causas mais relevante junto ao câncer na senectude, ou seja, na velhice.

Como Nakashima et.al (2016), explica que o câncer de estômago já foi considerado a quinta causa de morte no Brasil. Este autor explica em sua obra que no Norte do Brasil, essa incidência está relacionada com hábitos alimentares, como ingestão de farinha de mandioca, verduras cruas e outros alimentos, como peixe e carnes. A pesquisa é de relevância para o leitor nortista, pois contribui nos cuidados aos alimentos ingeridos.

Para Oliveros et.al (2019), o câncer gástrico se desenvolve através do acúmulo de lesões sobre o epitélio gástrico formando uma massa, ou seja, esse tumor, evolui lentamente como citado pelo autor acima. Quando mais tarde se realiza o diagnóstico, o câncer pode atingir camadas profundas do estômago, além de ocorrer metástase nos linfonodos regionais e também contiguidade, sinalizando que o tumor já atingiu órgãos vizinhos.

Mota, T. (2017), apresenta uma visão muito interessante sobre o envelhecimento das células, que fatalmente irá causar falhas no sistema imune do paciente causando baixa no desempenho. A partir dos 60 anos, este idoso poderá ser um possível cliente acometido de células cancerígenas. Ressaltou que fatores externos como tabagismo, etilismo, alimentação pobre em nutrientes, assim como obesidade e sedentarismo também colaboram com o surgimento desta doença.

O envelhecimento e o Câncer, principalmente o câncer e estômago nos idosos crescem com os fatores de risco para patologias oncológicas. No entanto, pelas estimativas indicam maior incidência e tendência nos idosos. Pois está relacionada aos hábitos e estilo de vida destes, e ao processo de envelhecimento das células, onde ocorrem mutações dos genes estimuladores de crescimento das células. Se o sistema imunológico não agir destruindo essas células anormais, as novas serão afetadas causando uma célula cancerosa. (MATOS, 2014).

Satariano WA (2003), afirma em sua obra que a presença de comorbidades em idosos com neoplasia constitui um considerado indicador prognóstico e terapêutico. Os pacientes com elevada taxa de comorbidades, avaliadas pelo número e/ou gravidade delas, apresentam menores taxas de sobrevivência em relação àqueles sem doenças associadas, bem como piores níveis de estado funcional e de qualidade de vida.

Por fim, Zhang et al. (2021), também demonstram que a bactéria Helicobacter pylori poderá inibir a expressão do Mirna – 375 no estômago. Este ativa a via JAK2 – que vai promover a secreção de IL-6, IL-10 e VEGF (falta de crescimento endotelial vascular), como isso leva a diferenciação imatura das células, levando a indução do câncer gástrico.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os cuidados do enfermeiro para com o paciente idoso envolvem muitas questões, mas quando esses cuidados envolvem lidar com uma doença grave e que por vezes exige um tratamento paliativo, aí se tornam bem mais complicados no que concerne a dar uma qualidade de vida e conforto para esses pacientes, além de lhes proporcionar os cuidados e a atenção necessários no que diz respeito ao seu lado emocional. O termo idoso, por si só, já nos remete a uma ideia de fragilidade, de pessoa frágil e que por isso, requer cuidados especiais, mas e o que eles, os idosos, pensam a esse respeito? Como eles se veem?

Se pudermos ter a chance de perguntar a um idoso como ele se vê, como ele se sente, iremos descobrir que em sua mente ele não se vê como tal, ele não se sente idoso, porque diferentemente do corpo, a mente não envelhece na mesma proporção. Em nossa mente, mesmo já com idade avançada, muito provavelmente ainda nos sentiremos jovens. 

Muitas são as questões e fatores a se considerar da parte do enfermeiro em relação ao idoso; suas necessidades de acordo com suas limitações, suas expectativas, sua visão de mundo, também como a sua família o vê, se eles lhe dão a devida atenção ou cuidados, tudo isso vai impactar na qualidade de vida desse paciente quando ele recebe o diagnóstico de câncer gástrico, aqui no caso deste estudo, do causado por H. pylori. 

No caso desse paciente, o enfermeiro ou equipe de enfermagem, e toda a rede de apoio responsável pelo mesmo, vai precisar trabalhar com a ansiedade do idoso, o que é normal diante da situação apresentada, também, no controle da dor e atividades para aliviar o sofrimento desse paciente, além do controle das náuseas, da alimentação, que deve ser adequada ao quadro apresentado e também a prevenção de lesões (escaras, por exemplo) que possam vir a surgir por conta da degradação da pele nas situações em que o paciente já muito debilitado, não tem mais condição de se locomover. São situações diversas que vão surgindo de acordo com a gravidado do caso ou com o avanço da enfermidade, principalmente nos casos em que o paciente está em tratamento paliativo.

O que se mostra mais importante a ser feito pelo enfermeiro nesse caso especifico com esse tipo de paciente, o idoso, é tentar dar a melhor sobrevida, da forma mais humanizadora e confortável, com vistas à dignidade humana, para que o paciente se sinta cuidado, primeiramente, como um ser humano que tem importância como tal e que ele tenha acesso ao melhor tratamento para o seu caso especifico, que é o câncer gástrico causado pelo H. pylori.

REFERÊNCIAS

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