A INFLUÊNCIA DA IRRADIAÇÃO PARA OS USUÁRIOS DE EQUIPAMENTOS  ELETRÔNICOS E INTERNET SEM FIO  

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12593979


Pedro Henrique Marciano1,
João Gabriel Baroni De Souza2,
Ricardo Zanni Mendes Da Silveira3


RESUMO

Este trabalho aborda a questão da “Radiação Wi-Fi e Saúde Humana” com o objetivo de analisar os possíveis impactos da exposição à radiação eletromagnética de radiofrequência emitida por redes Wi-Fi na saúde dos seres humanos. A tecnologia Wi-Fi tornou-se uma parte fundamental da vida moderna, proporcionando conectividade sem fio em diversos ambientes. No entanto, as crescentes preocupações e o debate sobre os riscos à saúde relacionados à exposição a essa radiação têm motivado uma pesquisa aprofundada. O estudo começa com uma visão geral dos fundamentos da tecnologia Wi-Fi e sua disseminação na sociedade. Em seguida, explora os riscos potenciais à saúde humana, com foco em estudos epidemiológicos, distúrbios neurológicos, efeitos no sistema reprodutivo e outros impactos identificados pela pesquisa científica. Além disso, esta pesquisa considera as normas de exposição estabelecidas por organizações de saúde e segurança, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Comissão Internacional de Proteção contra Radiações Não Ionizantes (ICNIRP). A análise crítica dessas normas visa fornecer uma visão equilibrada das diretrizes que orientam a exposição segura à radiação Wi-Fi. Este trabalho tem como objetivo contribuir para uma compreensão mais informada das complexas relações entre o Wi-Fi e a saúde humana, auxiliando tanto pesquisadores quanto o público em geral a tomar decisões conscientes e baseadas em evidências em relação ao uso e regulamentação das redes Wi-Fi.   

Palavras-chave: Wi-Fi; Exposição à Radiação; Tecnologia sem Fio; Saúde Humana; Normas de Exposição.

ABSTRACT

This work addresses the issue of “Wi-Fi Radiation and Human Health” with the aim of analyzing the possible impacts of exposure to radiofrequency electromagnetic radiation emitted by Wi-Fi networks on the health of human beings. Wi-Fi technology has become a fundamental part of modern life, providing wireless connectivity in a variety of environments. However, growing concerns and debate about the health risks related to exposure to this radiation have motivated in-depth research. The study begins with an overview of the fundamentals of Wi-Fi technology and its dissemination in society. It then explores potential risks to human health, focusing on epidemiological studies, neurological disorders, effects on the reproductive system, and other impacts identified by scientific research. Additionally, this research considers exposure standards established by health and safety organizations such as the World Health Organization (WHO) and the International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection (ICNIRP). Critical analysis of these standards aims to provide a balanced view of the guidelines guiding safe exposure to Wi-Fi radiation. This work aims to contribute to a more informed understanding of the complex relationships between Wi-Fi and human health, assisting both researchers and the general public to make informed, evidence-based decisions regarding the use and regulation of Wi-Fi networks.

Keywords: Wi-Fi; Wi-Fi; Radiation Exposure; Wireless Technology; Human health; Exposure Standards.

1. INTRODUÇÃO 

A tecnologia via Wi-Fi tornou-se uma parte fundamental na vida humana, fornecendo conectividade e acesso à internet em lugares como escolas, cafés e uma ampla gama de ambientes públicos. Também é essencial no meio profissional, revolucionando a forma como a humanidade se comunica, trabalha e interage com o mundo digital. No entanto, o uso contínuo dessa tecnologia tem levantado questões e preocupações por conta da radiação que é emitida e quais são os riscos para a saúde humana.

A nova tecnologia 5G tem sido utilizada no meio profissional e pessoal, por conta da velocidade e entrega de pacotes para o usuário, porém vê-se necessário avaliar quais são os riscos que essa tecnologia pode causar no corpo humano, uma vez que o 5G emite maiores quantidades de ondas eletromagnéticas, que transmitem energia através do vácuo.

O objetivo desse artigo é avaliar o uso da tecnologia 5G e como ela afeta o meio profissional e pessoal. Buscará compreender quais são os potenciais riscos à saúde humana, afetando o sistema nervoso e reprodutivo além de explicar quais as normas de exposição estabelecidas pelas organizações de saúde e segurança.

2. METODOLOGIA

O método de estudo utilizado para a confecção deste trabalho foram pesquisas bibliográficas na área de redes de computadores e da tecnologia de transmissão de sinal 5G, bem como estudos sobre os efeitos desse tipo de radiação no corpo humano.

As pesquisas tiveram foco em artigos científicos com data de publicação superior ao ano de 2010. A busca pelos artigos foi realizada de maneira minuciosa afim de encontrar conteúdos relevantes e que trouxessem resultados satisfatórios para o estudo.

Os critérios de inclusão da literatura abordada foram publicações nas línguas portuguesa e inglesa que, ao longo das pesquisas observou-se que os materiais na língua estrangeira foram encontrados com maior facilidade do que artigos na língua portuguesa.

A partir da questão principal desta pesquisa, a influência da irradiação de ondas eletromagnéticas por equipamentos eletrônicos, a essência foi buscar por estudos que abordam o impacto desses equipamentos no contexto da interferência na saúde humana.

As bases de dados consultadas para o desenvolvimento deste trabalho foram as plataformas Google Acadêmico, Scielo, Periódicos da Capes, além de páginas de veículos de comunicação na Internet, utilizando as palavras-chave como “irradiação sem fio”, “radiação”, “efeitos da irradiação” e “irradiação wi-fi”.

O processo de seleção dos estudos foi realizado através de uma triagem inicial para identificação de materiais potencialmente relevantes. Posteriormente, foi feito uma leitura completa das obras selecionadas para confirmar a relevância e a adequação aos critérios do estudo.

3. DESENVOLVIMENTO
3.1. Funcionamento da Radiação Eletromagnética

A radiação é composta de ondas eletromagnéticas que se propagam dentro do espaço. Elas contêm energia, cargas magnéticas e cargas elétricas, essas ondas podem ser geradas de forma natural, tais como minerais e o Sol ou por dispositivos construídos pelo próprio homem. O contato com os campos eletromagnéticos naturais é relativamente baixo e não geram riscos à saúde humana, porém o contato direto com os aparelhos eletrônicos torna maior e mais frequente a exposição à radiação.

GONDIM et al. (2016) analisou os efeitos da radiação ionizante no corpo humano e percebeu que a interação afeta diretamente algum componente crítico para a sobrevivência da célula, afetando a habilidade de se reproduzir e consequentemente causando a morte dela. Primeiro é causado um desequilíbrio eletroestático das moléculas e em seguida ocorrem a quebra das ligações químicas que mantém as moléculas estáveis.

3.2. Comparação entre 3G, 4G e 5G

Lançada em 2001, a tecnologia 3G se diferenciava das anteriores por ter uma maior largura de banda e permitir maior velocidade ao realizar downloads, os celulares da época utilizaram de serviços como GPS e permitiam assistir VODs (Videos on Demand) com maior conforto. Empresas que ofertavam os serviços do 3G tiveram uma dificuldade em manter a consistência da tecnologia por ser utilizada por grande parte da civilização ao mesmo tempo.

Em 2010 surgia o 4G, com maior velocidade de transferência de arquivos e permitindo a conexão de notebooks e melhorando o suporte com a internet. O diferencial dessa tecnologia é a possibilidade de múltiplas conexões. O 4G provê um endereço IP para os usuários que podem estar vulneráveis a ataques como spoofing e DDOS, tornando um desafio para as empresas.

O 5G foi lançado em 2020 e promete uma maior escalabilidade, eficiência energética, infraestrutura segura e comunicação entre aparelhos do que o seu antecessor. Utilizando da mesma tecnologia via IP que o 4G, o 5G também é vulnerável a ataques de redes.

Tabela – Tecnologias 3G, 4G e 5G

3.3. Avaliação dos Riscos à Saúde

Um estudo de Kostoff et al. (2018) investigou os efeitos adversos da tecnologia de rede 5G em condições de vida real. Foi analisado possíveis associações entre a exposição crônica a campos eletromagnéticos de RF, tais como os emitidos por Wi-Fi e a nova tecnologia 5G e as condições de saúde como câncer, distúrbios neurológicos e o sistema reprodutivo, mostrando que as ondas emitidas pela tecnologia afetam também os olhos e a pele do ser humano.

Durante uma análise para avaliar o nível de radiação emitida por um novo aparelho lançado na época, “A França suspendeu a comercialização do iPhone 12 porque o produto excede os limites de valores de ondas eletromagnéticas emitidas e que depois serão absorvidas pelo corpo humano, de acordo com a Agência Nacional de Frequências (ANFR)” (G1,2019). O dispositivo ultrapassava o limite máximo de radiação emitida pelo aparelho em 1,74 watts por quilograma (W/kg), sendo o limite permitido igual a 4 W/kg. A exposição continua a esse tipo de ondas eletromagnéticas pode provocar irritação no tecido humano e em casos mais graves pode causar a queimadura da pele. Em pronunciamento feito pela empresa do aparelho a Apple irá realizar uma atualização do dispositivo, ajustando assim o sistema operacional para reduzir a emissão das ondas.

3.4. Efeitos no Sistema Nervoso  

Sivani et al. (2017) revisaram a literatura para investigar os impactos dos campos eletromagnéticos de RF, não apenas de dispositivos Wi-Fi, mas também de torres de celular, em biossistemas e ecossistemas. Foram encontradas evidências de possíveis distúrbios neurológicos e sintomas neuropsiquiátricos relacionados a exposição das ondas eletromagnéticas. O uso dos dispositivos celulares durante o período noturno também afeta diretamente no sono e na liberação de melatonina no cérebro, hormônio que é produzido naturalmente e regula o relógio biológico.

3.5. Efeitos no Sistema Reprodutivo  

Aitken et al. (2005) investigaram os efeitos da radiação RF na integridade do DNA do esperma, o que pode ter implicações para a fertilidade masculina. Foi relatado que a exposição a campos eletromagnéticos de RF pode causar danos ao DNA do esperma, levando a preocupações quanto aos efeitos na reprodução humana. 

Preocupando-se com a exposição aos dispositivos que emitem esse tipo de radiação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu um limite para a exposição e a emissão dessas ondas. Em 2011 a OMS classificou as radiofrequências como “carcinogênicas para o corpo humano”, levando em conta o avanço das tecnologias e o uso contínuo dos aparelhos. A organização, no entanto, observou que mais estudos eram necessários para esse assunto, além de monitoramento contínuo. 

Uma pesquisa recente analisando dados obtidos entre 2003 a 2020 questionou se o uso de dispositivos móveis pode afetar a fertilidade masculina. A revisão abordou estudos em seres humanos e animais, encontrando evidências de que a exposição continua a radiação eletromagnética está associada a problemas nos espermatozoides, tais como a redução da capacidade de movimento, anomalias na estrutura e aumento do estresse oxidativo, causando a perda da integridade da membrana plástica.

O estudo ressalta que os resultados quanto aos efeitos prejudiciais ainda são ambíguos, pois foram realizados em animais, especialmente ratos. O estudo ainda sugere algumas precauções para reduzir a exposição a essas ondas, tais como limitar o tempo de uso de dispositivos emissores de radiofrequência, evitar manter o celular próximo a área pélvica por longos períodos e minimizar a proximidade dos dispositivos móveis com o corpo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO  

A revisão da literatura demonstrou que existem reais preocupações quanto à exposição as ondas eletromagnéticas emitidas por dispositivos Wi-Fi e que, seus impactos na saúde humana tem um grau de preocupação. Estudos de organizações mundiais e epidemiológicos indicaram associações entre a exposição crônica à radiação de radiofrequência e uma variedade de condições de saúde. No entanto, é importante notar que a causalidade definitiva na exposição e nos efeitos ainda não foi totalmente estabelecida.

As normas estabelecidas de exposição por organizações da área da saúde tais como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e ICNIRP (Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante) consideram o nível de exposição à radiação eletromagnéticas como seguros, porém, estudos ainda são realizados para verificar quais possíveis problemas podem ser causados por conta da exposição continua.

A complexidade entre a radiação Wi-Fi e a saúde humana é alta. Os resultados dos estudos realizados possuem um grau de inconsistência por vários fatores externos, tais como a diversidade das exposições, falta de um grupo de controle, tamanho das amostras e usos de fatores externos dos humanos.

Até o presente momento não foi estabelecida nenhuma causalidade definitiva entre a exposição Wi-Fi e os efeitos na saúde humana.

Isso ressalta a importância da precaução, especialmente em um contexto em que a tecnologia Wi-Fi desempenha um papel essencial em nossas vidas. 

Vê-se necessário informar ao público quanto a educação e conscientização dos efeitos que a radiação emitida pode causar no corpo humano. É crucial que as pessoas estejam cientes dos potenciais riscos e saibam como tomar decisões informadas e adotar medidas de segurança ao usar dispositivos Wi-Fi. 

5. CONCLUSÃO 

O presente trabalho buscou investigar a relação entre a radiação Wi-Fi e a saúde humana, em meio a um cenário de rápida expansão da tecnologia sem fio. Durante o curso desta pesquisa, exploramos a literatura existente, analisamos estudos epidemiológicos, consideramos os efeitos no sistema nervoso e reprodutivo, e comparamos os resultados com as normas de exposição estabelecidas por organizações de saúde e segurança. Os resultados desta investigação oferecem uma visão equilibrada e informada sobre essa complexa questão. 

A revisão da literatura demonstrou que as preocupações relacionadas à exposição à radiação Wi-Fi e seus potenciais impactos na saúde humana são legítimas e continuam a ser uma área de estudo ativa. Vários estudos epidemiológicos sugerem associações entre a exposição crônica à radiação de radiofrequência e uma variedade de condições de saúde, embora os resultados muitas vezes sejam inconsistentes.

6. REFERÊNCIAS    

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GONDIM, B. A. M. Interação da radiação ionizante com a matéria e seus efeitos no corpo humano. 2016. 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Física) – Centro de Ciências, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.

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1Graduando em Redes de Computadores FATEC Bauru  
pedromarciano446@gmail.com

2Graduando em Redes de Computadores FATEC Bauru  
joaog8896@gmail.com

3Docente na Fatec Bauru
ricardo.silveira2@fatec.sp.gov.br