REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12173051
Maria Eliete dos Santos Silva1
Maria Helena de Souza2
Shelda Brandão do Amaral3
Higor Camargo Oliveira de Paula4
Wagner Novaes de Oliveira5
Ulysses Souza Britto de Almeida6
Antonio José da Silva Neto7
Antonio Eduardo dos Santos Silva8
André Luís do Carmo Pinheiro9
Wisla Casemiro Silva10
Resumo
O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento dos benefícios trazidos ao recém-nascido (RN) prematuro o qual não é possível o aleitamento materno exclusivo desde o nascimento. Mediante a análise dos estudos podemos considerar a eficácia positiva aos recém-nascidos com a administração da colostroterapia nos primeiros dias de vida, pois é quando o RN necessita de maior adaptabilidade e desenvolvimento do sistema imunológico, neuropsicomotor, entre outras, evitando possíveis sequelas irreversíveis. Assim como a inclusão da mãe no cuidado, com o estímulo para ordenha do colostro a ser administrado ao bebê que não irá ao seio materno por um certo período, fortalecendo o vínculo mãe-filho.
PALAVRAS-CHAVE: Colostroterapia. Prematuridade. Benefícios.
Abstract
The objective of this study was to carry out a survey of the benefits brought to premature newborns (NB) who cannot be exclusively breastfed from birth. Through the analysis of the studies, we can consider the positive efficacy to newborns with the administration of colostrotherapy in the first days of life, as this is when the NB needs greater adaptability and development of the immune system, neuropsychomotor, among others, avoiding possible irreversible sequelae. As well as the inclusion of the mother in the care, with the stimulus for milking colostrum to be administered to the baby who will not go to the mother’s breast for a certain period, strengthening the mother-child bond.
Keywords: Colostrotherapy. Prematurity. Benefits.
INTRODUÇÃO
Conforme a Organização mundial de Saúde (OMS) milhões de mortes ocorridas nos primeiros 28 dias de vida poderiam ser evitados, se existissem condições adequadas de atendimento em todos os serviços de saúde e cuidados e protocolos
corretos no período periparto. Muitas dessas mortes ocorrem nos recém nascidos de baixo peso, que por muitas vezes necessitam de cuidados intensivos. Pois é comprovada a importância da maturação intrauterina correta tanto para o desenvolvimento neuropsicomotor, quanto imunológico, e reduzir a taxa de mortalidade por infecções.
Porém diante das altas taxas de nascimentos prematuros valida-se a necessidade de encontrar formas de reduzir as morbidades e risco de mortalidade dos bebês prematuros. É inquestionável os benefícios proporcionados pelo aleitamento materno precoce e exclusivo, que além da função nutricional, promoverá a quantidade de anticorpos necessários para proteção desse RN até maturação do próprio sistema imune, desenvolvimento neuropsicomotor, redução de sequelas graves como cegueira, enterocolite necrosante, dentre outras relacionadas à prematuridade.
DESENVOLVIMENTO
Dados atualizados do Ministério da saúde demonstram que no ano de 2018 houve cerca de três milhões de nascimentos no Brasil, onde 11% foram prematuros¹, passando o Brasil a ser considerado uns dos 10 países com maior taxa de nascimentos prematuros. Dos mais de 320 mil nascidos vivos menores de 37 semanas cerca de 5% foram a óbito no período neonatal, grande porcentagem nos primeiros dias de vida².
Considera- se a prematuridade um dos principais fatores de risco para óbito, muitos desses recém nascidos são encaminhados a unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal onde necessita de cuidados mais intensivos. Decorrente desta condição de prematuridade os recém nascidos apresentam respostas imunológicas imaturas frente a algumas complicações, também apresentam imaturidade do trato digestório, que implicam em sequelas a longo prazo, podendo acarretar déficit no crescimento, alterações no neurodesenvolvimento, comprometimento da visão e audição3.
Logo após o nascimento de RN’s com partos sem distócia e sem contra indicações maternas e do lactente para amamentação, o aleitamento materno deve ser estimulado desde a sala de parto até os dois anos ou mais, devendo ser exclusivo e em livre demanda até o 6º mês, posterior a isso poderá ser complementado de forma saudável e equilibrada. Porém nos casos em que o RN nasce prematuro ou tenha alguma condição onde se contraindica o aleitamento materno, outras formas para alimentá-lo devem ser consideradas. Nas primeiras horas após o nascimento temos a produção do colostro, sendo mais viscoso, espesso possuindo mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, também possui quantidades mais elevadas de imunoglobulina A, fatores de crescimento, macrófagos e linfócitos. Por conter essas características o colostro se assemelha ao líquido amniótico, facilitando a transição nutricional do bebê do meio intrauterino para extrauterino4.
Portanto consideramos o colostro como uma primeira vacina ao bebê, contendo uma dose de anticorpos que promoverão a defesa das crianças nos primeiros dias de vida e assim estimular o sistema imunológico do RN4.
Partindo desse pressuposto sobre a importância do colostro nas primeiras horas e dias de vida, surge a colostroterapia ou terapia colostral, no qual a administração do colostro não tem função nutricional e sim de proteção como terapia imune para os bebês que não serão introduzidos ao aleitamento materno imediato. Estudos mostram que administrar o colostro na cavidade orofaríngea nas primeiras horas de vida dos recém nascidos de baixo peso, estimula o desenvolvimento da imunidade e melhora da microbiota intestinal melhorando consideravelmente o prognóstico destes pacientes5. O método de administração e quantidade definida conforme os estudos variam de 0,1 a 0,2 ml de colostro materno na região interna de cada bochecha de três em três horas por um período de cinco dias6.
Apesar de comprovado a eficácia da colostroterapia, podemos verificar a falta de estudos frente a este tema, bem como a baixa adesão das unidades a esta prática 5,6.
CONCLUSÃO
Conclui-se que é de extrema importância a realização e adesão a colostroterapia nas unidades de atendimento aos recém nascidos prematuros, uma vez que é comprovada pelos estudos a importância desta conduta no prognóstico dos pacientes.
No entanto, existe a necessidade de mais estudos que demonstrem relação dos benefícios da prática nas unidades de atendimento e assistência aos pacientes prematuros. Visto que é uma terapia de fácil acesso, orientação e baixo custo, mas que pode trazer grande impacto na saúde e qualidade de vida desse RN, no vínculo mãe e filho, indicadores de qualidade institucionais diminuindo o tempo de internação, uso de medicamentos e melhorando os indicadores de qualidade de assistência.
REFERÊNCIAS
- Ministério da Saúde. Portal da Saúde [Homepage on the Internet]. Datasus: Estatísticas vitais [cited 2020 Nov 14]. Available from: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205
- Harrison MS, Goldenberg RL. Global burden of prematurity. Semin Fetal Neonatal Med. 2016;21:74-9.
- Lopes, J. B., de Oliveira, L. D., & Soldateli, B. (2018). Colostroterapia: Uma revisão da literatura. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, 13(2), 463–476. https://doi.org/10.12957/demetra.2018.29813
- da Paz, Ana Luiza Velloso; Giugliani, Elsa Regina Justo; Vieira, Graciete Oliveira; Nascimento, Maria Beatriz Reinert do; Issler, Roberto Mario Silveira; Serva, Vilneide Maria Santos Braga D.; Chencinski, Yecchiel Moises: Guia prático de aleitamento materno; Sociedade Brasileira de Pediatria; 2019-2021.
- Lopes, Jéssica Blat; Colostroterapia: Uma revisão de literatura/ Jessica Blatt Lopes, 2016 fl19.
- de Morais, Rian Barreto Arrais Rodrigues et al; Colostroterapia: Uma abordagem inovadora na unidade de terapia intensiva neonatal; Ciências da Saúde, Medicina, Volume 28 – Edição 131/fevereiro 2024SUMÁRIO/ 17/02/2024. Registro DOI: 10.5281/zenodo.10674035