ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA PARA IMPLANTAÇÃO DE ENERGIA FOTOVOLTAICA NA MATRIZ SÃO JOSÉ EM SÃO JOSÉ DE UBÁ/RJ

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12036891


Thiago Felix de Almeida¹
João Vitor de Souza Boechat²
Jarilson de Souza Silva³


Resumo

O contexto energético mundial, juntamente com a necessidade de desenvolvimento tecnológico sustentável, demanda a busca constante por fontes alternativas de energia renovável. Nesse cenário, a energia solar destaca-se como uma fonte inesgotável, devido ao alto índice de radiação solar diária que a Terra recebe. A energia solar fotovoltaica é o principal sistema de conversão dessa energia em eletricidade. A localização estratégica do Brasil confere ao país uma capacidade única de geração de energia solar. Este estudo tem como objetivo analisar a viabilidade da implantação de um sistema fotovoltaico na Matriz São José em São José de Ubá/RJ. Com uma média anual de radiação solar entre 4,9 e 5,1 kWh/m²/dia e um amplo espaço disponível nos telhados para a instalação do sistema, concluiu-se que há viabilidade técnica para a implementação do projeto.

Palavras-chave: Energias renováveis; energia solar fotovoltaica, radiação solar.

Abstract

The global energy context, along with the need for sustainable technological development, demands constant search for alternative sources of renewable energy. In this scenario, solar energy stands out as an inexhaustible source, owing to the high daily solar radiation index received by the Earth. Photovoltaic solar energy is the primary system for converting this energy into electricity. Brazil’s strategic location grants the country a unique capacity for solar energy generation. This study aims to analyze the feasibility of implementing a photovoltaic system at the São José Matrix in São José de Ubá/RJ. With an annual average of solar radiation between 4.9 and 5.1 kWh/m²/day and ample available space on the roofs for system installation, it was concluded that there is technical feasibility for project implementation.

Keywords: Renewable energies; photovoltaic solar energy, solar radiation.

1 INTRODUÇÃO

O crescimento populacional contínuo do planeta, juntamente com o aumento correspondente no consumo de energia global, apresenta desafios significativos devido à finitude dos combustíveis fósseis e às preocupações ambientais. Este cenário demanda uma revisão do atual paradigma energético. Assim, os esforços estão concentrados em encontrar soluções sustentáveis que promovam a introdução de sistemas de energia renovável no mercado. Esses sistemas devem ser capazes de atender às demandas atuais sem comprometer a segurança humana e o meio ambiente.

O Brasil está enfrentando um aumento significativo no consumo de energia, conforme indicado pela Agência Internacional de Energia. Prevê-se que nos próximos 25 anos o país terá o segundo maior crescimento de consumo de energia primária do mundo. Isso implica em um aumento de cerca de 80% em comparação com os níveis atuais de consumo. Como resultado, o Brasil ascenderá ao sétimo lugar no ranking global de consumo de energia.

Apesar dos esforços em implementar usinas nucleares e hidrelétricas, bem como pequenas centrais hidrelétricas em Angra dos Reis e Belo Monte, o Brasil ainda enfrenta desafios na garantia do suprimento energético futuro. Embora essas medidas possam ser vistas como especulações, é crucial que o país reconheça a necessidade de adotar iniciativas sustentáveis de geração de energia. 

Diante do alto valor da energia elétrica no Brasil e da crescente preocupação com o meio ambiente, a busca por meios de energia renovável e mais limpa, como a solar fotovoltaica, tem sido uma das opções mais procuradas como alternativa à fonte de eletricidade convencional. De acordo com Abdala (2019), a energia proveniente do sol é a alternativa renovável mais promissora para o futuro, recebendo maior atenção e mais investimentos. A radiação fornecida pelo sol pode ser captada por placas fotovoltaicas e, posteriormente, convertida em energia elétrica. Esse tipo de fonte é uma das mais fáceis de ser implantada em larga escala e, além de beneficiar os consumidores com a redução na conta de energia elétrica, reduz as emissões de dióxido de carbono (CO2).

De acordo com Pereira, et al. (2006), o Brasil possui um vasto potencial para aproveitar a energia solar, graças ao seu elevado índice de irradiação solar global, variando entre 4200 e 6700 Wh/m²/dia. Para evitar cenários de apagões, racionamento ou escassez de energia no futuro, é fundamental promover o uso de fontes renováveis de energia. Dessa forma, o país poderá se tornar mais sustentável, exercendo uma influência positiva tanto no presente quanto nas futuras gerações, prevenindo potenciais catástrofes decorrentes da falta de energia.

No âmbito deste estudo, busca-se explorar a evolução da utilização da energia solar ao longo da história, visando promover essa prática, apesar de seu potencial estar sendo plenamente aproveitado no país. É relevante ressaltar que o trabalho em questão tem como objetivo avaliar um local para a implementação de um sistema fotovoltaico, considerando as características específicas da região e outros requisitos necessários para a execução do projeto. Além disso, pretende-se investigar os benefícios do desenvolvimento sustentável e da economia de recursos, uma vez que a radiação solar está amplamente disponível para todos. Este artigo constitui parte do trabalho de conclusão de curso, que se concentra na instalação de um sistema fotovoltaico destinado a suprir a demanda energética da Matriz São José, localizada em São José de Ubá/RJ.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Energias Renováveis

Energia renovável é derivada de recursos naturais considerados inesgotáveis, que se renovam ao longo do tempo e cujo uso não leva ao seu esgotamento. Podemos citar os seguintes exemplos: energia hidrelétrica, que aproveita a força da água dos rios; energia oceânica, que depende das ondas e correntes marítimas; energia solar, que utiliza a luz e o calor do Sol; entre outras. Estas formas de energia são fundamentais para amenizar os impactos ambientais associados à produção e consumo de energia, promovendo assim a sustentabilidade energética e ambiental.

“É possível questionar até que ponto uma fonte de energia é inesgotável. A ciência aponta que ainda poderemos aproveitar a luz e o calor do Sol durante cerca de 8 bilhões de anos, tempo suficiente para considerarmos inesgotável essa fonte de energia, e as outras que dela derivam, para as necessidades humanas” (VILLALVA, 2015, posição 286).

2.1.1 Energia hidrelétrica

A energia hidrelétrica é a energia gerada a partir da força da água em movimento, geralmente aproveitando o potencial energético de rios, quedas d’água ou represas. Esse tipo de energia é considerado uma fonte renovável, pois utiliza a água, que é um recurso natural abundante e reciclável.

Segundo VILLALVA 2015, embora a energia hidrelétrica seja amplamente reconhecida como um dos métodos mais eficientes e ambientalmente amigáveis de geração de energia nos dias de hoje, sua implementação também acarreta algumas desvantagens significativas. A construção de usinas hidrelétricas geralmente requer a criação de represas, o que pode resultar em desmatamento e mudanças no ecossistema local, especialmente afetando a vida selvagem aquática. Além disso, em certos casos, a instalação de usinas hidrelétricas pode levar à expropriação de comunidades locais, dependendo da área em que são construídas.

2.1.2 Energia eólica

Conforme Rodrigues (2011, p. 8) energia eólica “pode ser considerada como uma das formas em que se manifesta a energia proveniente do Sol. As mais diversas formas de energia são, de alguma maneira, originadas pela influência da luz solar em processos físicos, químicos ou biológicos”.

A energia eólica é propícia do fenômeno em que a terra absorve a energia solar e a converte em energia cinética dos ventos, provocadas pela desigualdade do aquecimento na superfície solar.

2.1.3 Energia geotérmica

A energia geotérmica é uma forma de energia renovável que aproveita o calor natural proveniente do interior da Terra para gerar eletricidade e/ou fornecer aquecimento. No Brasil, embora o potencial geotérmico seja menor em comparação com outros países, existem estudos e iniciativas relacionadas ao aproveitamento dessa fonte de energia.

De acordo com o relatório “O Futuro da Energia Geotérmica: Impacto dos Sistemas Geotérmicos Aprimorados (EGS) nos Estados Unidos no Século XXI” (Tester et al., 2006), a energia geotérmica fotovoltaica representa uma abordagem inovadora para a geração de eletricidade, combinando os benefícios da energia geotérmica e solar para fornecer uma fonte de energia limpa e sustentável.

2.1.4 Energia de biomassa

A energia de biomassa é uma forma de energia renovável que utiliza matéria orgânica, como resíduos agrícolas, florestais, de alimentos ou culturas energéticas dedicadas, para gerar eletricidade, calor ou biocombustíveis. No Brasil, a energia de biomassa desempenha um papel significativo na matriz energética, especialmente devido ao grande potencial do país em termos de disponibilidade de biomassa.

2.1.5 Energia solar térmica

A energia solar térmica é uma forma de aproveitamento da energia solar que converte a luz do sol em calor para utilização em diversas aplicações.

Na energia solar térmica, a radiação solar é capturada por coletores solares e convertida em calor. Esse calor pode ser utilizado para aquecimento de água em residências, aquecimento de ambientes, geração de vapor para produção de eletricidade ou processos industriais, entre outras aplicações.

Essa seção provavelmente aborda os princípios de funcionamento da energia solar térmica, as tecnologias empregadas, suas aplicações práticas e possíveis benefícios e desafios associados a essa forma de energia renovável.

2.1.6 Energia oceânica

A geração de energia elétrica a partir do mar abrange diversas fontes, como marés, correntes marítimas, ondas, energia térmica oceânica e gradientes de salinidade. A eletricidade pode ser obtida tanto da energia cinética gerada pelo movimento das águas quanto da energia resultante da diferença de nível entre as marés alta e baixa (ANEEL, 2008).

2.1.7 Energia solar fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é uma forma de energia renovável que converte a luz solar em eletricidade por meio de células fotovoltaicas semicondutoras. Essas células, geralmente feitas de silício, absorvem a luz solar e geram corrente elétrica quando os fótons da luz solar atingem os átomos do material semicondutor, liberando elétrons.

Segundo Matheus e Oliveira (2018), a energia solar fotovoltaica é uma alternativa promissora para a geração de eletricidade, pois apresenta baixo impacto ambiental, não emite gases de efeito estufa durante a geração de energia e tem potencial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

2.1.7.1 Células e módulos fotovoltaicos

As células fotovoltaicas são dispositivos semicondutores que convertem a energia da luz solar diretamente em eletricidade por meio do efeito fotovoltaico. Geralmente compostas de silício cristalino ou amorfo, essas células possuem uma camada superior dopada com fósforo e uma camada inferior dopada com boro, criando um campo elétrico interno. Quando a luz solar incide sobre a célula, fótons são absorvidos pela camada dopada, liberando elétrons livres que são então coletados pelo campo elétrico, gerando uma corrente elétrica. As células fotovoltaicas são então agrupadas em módulos fotovoltaicos para aumentar a potência de saída e facilitar a instalação e manutenção. Esses módulos são encapsulados em materiais de proteção, geralmente vidro temperado, para garantir durabilidade e proteção contra intempéries.

“A célula fotovoltaica é o dispositivo fotovoltaico básico. Uma célula sozinha produz pouca eletricidade, então várias células são agrupadas para produzir painéis, placas ou módulos fotovoltaicos. Um módulo fotovoltaico é constituído de um conjunto de células montadas sobre uma estrutura rígida e conectadas eletricamente. Normalmente as células são conectadas em série para produzir tensões maiores” (VILLALVA, 2015, posição 1416).

Figura 01: Usina fotovoltaica. 

Fonte: Sistema de Informações de Geração da ANEEL, 11/09/2023.

3 Sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica

Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, comumente denominados sistemas on-grid ou grid-tie, operam em paralelo com a infraestrutura de energia elétrica das concessionárias. Diferentemente dos sistemas isolados (off-grid), esses sistemas são implantados em áreas já atendidas por redes de distribuição elétrica das concessionárias. Uma distinção significativa é a ausência de dispositivos de armazenamento de energia, como baterias, nos sistemas on-grid. Todo o excedente de energia gerado pelos sistemas fotovoltaicos é direcionado para a rede elétrica. No caso de usinas fotovoltaicas, toda a energia produzida é injetada na rede elétrica.

A estrutura básica desses sistemas é composta por diversos módulos fotovoltaicos responsáveis pela captação da radiação solar e sua conversão em energia elétrica. Essa energia é então conduzida a um conjunto de inversores, cuja função é converter a corrente contínua (CC) gerada pelos painéis solares em corrente alternada (CA), que é compatível com a rede elétrica pública. Além dos módulos fotovoltaicos e inversores, o sistema inclui caixas de junção, dispositivos de proteção e equipamentos de medição para monitorar a quantidade de energia produzida.

como funciona sistema fotovoltaico

Figura 02: Diagrama esquemático da energia solar.

Fonte: Página Luz Solar,2024.

4 Resolução Normativa 

A Resolução Normativa ANEEL Nº 1.059, de 7 de fevereiro de 2023, estabelece novas regras para a conexão e o faturamento de unidades de microgeração e minigeração distribuída no sistema de distribuição de energia elétrica. Ela também ajusta as normas do Sistema de Compensação de Energia Elétrica e modifica outras resoluções normativas anteriores, como as de números 920, 956, 1000 e 1009​.

5 Dimensionamento

O sistema fotovoltaico opera com uma fonte de energia limitada, especificamente a energia solar incidente sobre os módulos, cuja disponibilidade varia em função de fatores meteorológicos de difícil previsão. O dimensionamento do sistema deve ser criterioso para garantir o atendimento integral das necessidades energéticas do consumidor ao longo de todo o ano. Este dimensionamento está relacionado a três parâmetros principais: os níveis de energia solar incidente, o ângulo de inclinação dos módulos e o consumo de eletricidade previsto. Quanto maior a incidência solar no local, menor será a área de captação de energia necessária; inversamente, quanto maior o consumo de energia, maior será a área de captação requerida.

6 Projeto de geração distribuída

Os projetos de geração distribuída são categorizados em microgeração e minigeração, diferenciando-se pela potência instalada e pelos tipos de fontes de energia, que podem incluir solar, eólica, biogás, termelétrica, entre outras. No presente trabalho, será abordada exclusivamente a energia solar.

Para a aprovação desses projetos, é necessário submeter um dossiê contendo formulários e diagramas referentes ao projeto à concessionária de energia. Esta, por sua vez, analisará o projeto e emitirá um parecer sobre sua aprovação. A distinção entre projetos de microgeração e minigeração não se restringe apenas à potência instalada, mas também à quantidade de documentação exigida pela concessionária. Esses aspectos serão detalhados a seguir, juntamente com a especificação exata da potência que define cada categoria.

6.1 Microgeração x Minigeração

A microgeração distribuída refere-se a uma central geradora de energia elétrica com potência instalada, em corrente alternada, igual ou inferior a 75 kW, utilizando cogeração qualificada, conforme estipulado pela Resolução Normativa nº 1.031/2022, ou fontes renováveis de energia elétrica. Esta central deve estar conectada à rede de distribuição de energia elétrica por meio das instalações de uma unidade consumidora.

A minigeração distribuída é uma central geradora de energia elétrica que utiliza fontes renováveis ou cogeração qualificada, conforme a Resolução Normativa nº 1.031/2022. Esta central deve estar conectada à rede de distribuição de energia elétrica por meio das instalações de uma unidade consumidora e possuir potência instalada, em corrente alternada, superior a 75 kW e inferior ou igual a:

  • 5 MW para as centrais geradoras de fontes despacháveis; ou
  • 3 MW para as demais fontes não enquadradas como centrais geradoras de fontes despacháveis.
  • 5 MW para unidades consumidoras já conectadas em 7 de janeiro de 2022 ou que protocolaram solicitação de orçamento de conexão, nos termos da Seção IX do Capítulo II do Título I, até 7 de janeiro de 2023, independentemente do enquadramento como centrais geradoras de fontes despacháveis.

Outra diferença é que a minigeração distribuída será necessariamente enquadrada como Grupo A, conforme art. 23, §6º da Resolução Normativa nº 1.000/2021, enquanto a microgeração pode ser instalada em unidade consumidora do Grupo B ou do Grupo A.

7 Viabilidade do espaço

Para determinar e verificar o espaço disponível para a instalação do projeto, é crucial considerar uma ampla gama de informações disponíveis em CRESESB, Google Earth dentre outras fontes referenciadas. 

Através da figura 03 é possível ver o mapa do Estado do Rio de Janeiro com as Regiões de Governo e Municípios.

Figura 03 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro com as Regiões de Governo e Municípios.

Fonte: researchgate.net.

Após esta fase, foram coletados dados de localização geográfica da Matriz utilizando o Google Earth (Figura 04 e 05).

Figura 04 – Localização da Matriz São José em São José de Ubá.

Fonte: Google Earth (Vista Panorâmica).

Figura 05 Localização da Matriz São José em São José de Ubá.

Fonte: Google Earth (Vista Superior).

A Matriz São José está situada na Rua João Antunes, 01, centro, com latitude: 21°21’29” Sul e longitude: 41°56’33″W Oeste, apresentando altitude de 190 metros.

Para uma análise completa verifica-se também as interferências suscitadas pelas particularidades da geometria solar. A figura 06 faz uma abordagem nesse sentido.


Figura 06: Geometria Terra-Sol e sua relação com a declinação solar. 

Fonte:(Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, 2004)

Durante o ciclo anual de órbita ao redor do Sol, a Terra segue uma trajetória elíptica, inclinada em aproximadamente 23,5° em relação ao plano equatorial. Essa inclinação, em conjunto com o movimento de translação da Terra, desencadeia as diversas estações do ano que experimentamos. A declinação solar (δ), que representa o ângulo de inclinação do Sol em relação ao plano do Equador, desempenha um papel essencial nesse processo. Sua variação ao longo do ano, variando de -23,45° a 23,45°, é determinada pela posição angular do Sol ao meio-dia solar. Esse fenômeno desempenha um papel crucial na compreensão dos padrões climáticos e das variações sazonais em distintas regiões do globo.

O termo “radiação solar” é usado para descrever o fluxo de energia por unidade de área, também conhecido como irradiância solar. Essa irradiância pode variar de acordo com a posição da Terra e o ângulo de incidência dos raios solares. No topo da atmosfera terrestre, ao longo de um ano, a irradiância solar pode variar entre 1.325 W/m² e 1.412 W/m², com uma média de aproximadamente 1.367 W/m² (CEPEL, 2006). Essas variações são importantes para entendermos a quantidade de energia solar disponível em diferentes momentos e locais, o que tem implicações significativas em uma série de aplicações, desde a geração de energia solar até os padrões climáticos. De posse da teoria de Rayleigh e Mie é possível fazer uma relação simplificada: 

8 Análise da irradiação solar

Para determinar os valores de incidência solar na região do município de São José de Ubá, foi utilizado o software SunData v 3.0, disponibilizado pelo Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito (CRESESB). A metodologia adotada pelo SunData destina-se ao cálculo da irradiação solar diária média mensal em qualquer ponto do território brasileiro, constituindo-se em uma ferramenta de apoio essencial para o dimensionamento do sistema fotovoltaicos (CRESESB, 2018). O programa é baseado no banco de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar – 2ª Edição, produzido pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

No sistema mencionado foi utilizada as coordenadas geográficas latitude: 21°21’29” Sul e longitude: 41°56’33″W Oeste, encontradas no Google Earth ao buscar o endereço da Matriz São José (Rua João Antunes, 01, Centro, São José de Ubá/RJ, Brasil).

Na tabela 01, encontram-se os valores referentes a irradiação solar diária média mensal [kWh/m2.dia] no plano horizontal e no plano inclinado igual a latitude (21°) para o município de São José de Ubá. Em sequência, no gráfico 1, é possível fazer a comparação das médias mensais em relação aos dois planos.

Tabela 01. Irradiação solar diária média mensal [kWh/m2.dia] no plano horizontal e plano inclinado de 21° para o município de São José de Ubá.

MÊSIRRADIAÇÃO NO PLANO HORIZONTAL [kWh/m2.dia]IRRADIAÇÃO NO PLANO INCLINADO de 21º [kWh/m2.dia]
Janeiro6,15,6
Fevereiro6,46,1
Março5,25,3
Abril4,55,0
Maio3,84,6
Junho3,54,5
Julho3,64,5
Agosto4,45,1
Setembro4,85,1
Outubro5,25,1
Novembro5,14,7
Dezembro6,05,4
MÉDIA4,95,1

Fonte: Elaborado pelo autor segundo dados da CPFL, 2024.

Gráfico 01. Irradiação solar diária média mensal [kWh/m2.dia] no plano horizontal e plano inclinado de 22° para o município de São José de Ubá.

Fonte: Elaborado pelo autor segundo dados da CPFL, 2024

De acordo com os dados apresentados na Tabela 01, considerando os 12 meses detalhados, foi calculado a média aritmética da irradiação solar diária média mensal [em kWh/m². dia] tanto no plano horizontal quanto no plano inclinado de 21° para o município de São José de Ubá. Os resultados obtidos foram de 4,9 kWh/m². dia e 5,1 kWh/m².dia, respectivamente. Para este estudo, será considerada a irradiação referente ao plano inclinado, com um valor médio de 5,1 horas. O menor valor de radiação solar global é encontrado no mês de junho, quando o sol está em seu ponto mais extremo no hemisfério norte, período que coincide com dias mais curtos. Na cidade de São José de Ubá, há um espaço de tempo diário de insolação e esse período dura, aproximadamente, 11,5 horas. Em relação às horas de pico, tem-se um período diário de 5,5 horas. A Figura 07 evidencia o período das horas de pico e insolação.

Figura 07 – Gráfico de Horas Solar Pico e Insolação.

Fonte: HCC engenharia elétrica, 2019.

Após a análise da orientação do estudo da energia fotovoltaica em São José de Ubá, torna-se necessário determinar a orientação ideal para a instalação do sistema, considerando seu custo-benefício. Um fator relevante a ser considerado é que a radiação solar incidente em superfícies inclinadas é superior à radiação solar em superfícies horizontais. A radiação solar não é constante e varia ao longo do dia, atingindo sua intensidade máxima ao meio-dia solar. Durante este período, conhecido como horário de pico de radiação solar, ocorre a máxima geração de energia pelo sistema fotovoltaico. Portanto, é crucial ter conhecimento desse período, pois é durante esse intervalo que se observa a melhor eficiência das placas fotovoltaicas.

Após a realização de todos os estudos, a próxima etapa envolve a realização de um levantamento detalhado da área disponível para a instalação do projeto. 

Após a simulação na “Calculadora Solar” do site Portal Solar, levando em conta um consumo médio de R$ 2.420,00 por mês, foi feito o cálculo da capacidade da usina para geração de kWh necessários para atendimento da Matriz São José. Como pode-se observar na figura 08.

Figura 08 – Calculadora Solar

Fonte: Portal Solar, 2024.

Com base nessa análise, devido a área de 169 m² que será necessária para montagem das placas, concluiu-se que o telhado representa a melhor localização para a implementação do sistema. Assim, considerando que um módulo fotovoltaico possui uma média de 25 anos de vida útil e para obter o retorno do investimento necessita-se de um total de 38 meses (3 anos e dois meses), o que torna viável implantar um sistema de energia solar fotovoltaica conectado à rede elétrica na Matriz São José em São José de Ubá/RJ.

9 CONCLUSÃO

De acordo com o estudo realizado, pode-se inferir que a localização da Matriz São José em São José de Ubá/RJ é adequada para a instalação de um sistema fotovoltaico. A região apresenta uma excelente incidência de radiação solar. Em fevereiro, a radiação atinge seu ápice com 6,4 kWh/m² por dia, enquanto em junho registra seu menor nível, com 3,5 kWh/m² por dia. Comparada a países como Holanda, Alemanha e Japão, que fazem uso extensivo da energia solar, São José de Ubá apresenta uma radiação solar significativamente maior.

Além disso, a cidade dispõe de aproximadamente 5,09 horas pico e 11,5 horas de insolação diárias. Para otimizar o rendimento dos painéis, estes devem ser instalados com uma inclinação de 21° em relação ao nível do solo. A área de cobertura de 169 m² torna o sistema viável e acessível. Assim, conclui-se que a Matriz São José em São José de Ubá/RJ está apta a receber um projeto de instalação de um sistema de geração de energia fotovoltaica, tendo o retorno do seu investimento após 38 meses.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS – CEMIG.Alternativas energéticas: uma visão CEMIG. Disponível em:<http://www.cemig.com.br/Inovacao/AlternativasEnergeticas>. Acesso em 09 maio 2024.

Matheus, C., & Oliveira, M. (2018). Energia Solar Fotovoltaica: Uma Alternativa Promissora para a Geração de Eletricidade. Revista Brasileira de Energias Renováveis, 7(2), 112-125.

CRESESB/CEPEL – Grupo de Trabalho de Energia Solar Fotovoltaica. Energia Solar e suas Aplicações, 2006. Disponível em: <http://www.creseb.cepel.br/downlaod/tutorial_solar_2006.pdf.> Acessado em 13 maio de 2024.

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PEREIRA, E. B., MARTINS, F. R., ABREU, S. L. & RUTHER, R. Atlas Brasileiro de Energia Solar. 2ª ed, São José dos Campos: INPE, 2017.

REIS, L. B. D.; FADIGAS, E. A. A.; CARVALHO, C. E. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Ed. Manole. 2005.

Portal Solar, Disponível em: <https://www.portalsolar.com.br.> Acessado em 13 de maio de 2024.

VILLALVA, M. G. Energia Solar Fotovoltaica: Conceitos e aplicações. Edição do Kindle. São Paulo: Editora Érica – Saraiva, 2015.

ABDALA, P. J. P. (org.). Energia Solar e Eólica. V. 1. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019.

Resolução Normativa ANEEL nº 1059. Disponível em <https://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren20231059.html>. Acessado em 19 de maio de 2024.

GOOGLE EARTH. Disponível em https://earth.google.com/web/

RODRIGUES, P. R. Energias Renováveis: Energia Eólica. Edição – Livro Digital. Brasil: JELARE, 2011.

ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Disponível em: <https://www.gov.br/aneel/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/micro-e-minigeracao-distribuida>


1Graduando em Engenharia Mecânica
2Engenheiro Mecânico e Orientador
3Engenheiro Mecânico e Coorientador

¹ Centro Universitário UniRedentor, Engenharia Mecânica, Itaperuna – RJ, thiagofelixdealmeida81@gmail.com
² Centro Universitário Redentor, Engenharia Mecânica, Itaperuna – RJ,
³ Centro Universitário Redentor, Engenharia Mecânica, Itaperuna – RJ,