A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

THE IMPORTANCE OF BREASTFEEDING FOR THE PREVENTION OF BREAST CANCER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11832868


Jully Anne De Souza1
Maria Carolina Santos Da Silva2
Luciana Santana Martins3


RESUMO

Introdução: No contexto brasileiro, ao se desconsiderar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama emerge como a patologia mais prevalente entre as mulheres em todas as regiões do país (INCA, 2022). Objetivo: realizar uma investigação do acervo cientifico pertinente sobre a importância do aleitamento materno como um método essencial na prevenção do câncer de mama. Método: utilizada para desenvolver este trabalho baseou-se em uma revisão bibliográfica de natureza descritiva, reflexiva e qualitativa. O embasamento do estudo foi realizado a partir de consultas na base de dados do Ministério da Saúde e Instituto Nacional de Câncer. Resultados: mostram que de acordo com o Instituto Nacional de Câncer, estima-se que em 2023 tenham tido a incidência de 73.610, que corresponde a 30,1% de casos novos de câncer de mama no Brasil e também a primeira causa de morte por câncer em mulheres. Considerações finais: através do estudo foi possível demonstrar a importância do aleitamento materno como forma de prevenção para o câncer de mama. A revisão de literatura mostrou como o tempo de amamentação está associada a uma significativa redução no risco de desenvolver a neoplasia.

PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento materno.Câncer de mama. Prevenção. Saúde da mulher.  

ABSTRACT:

Introduction: In the Brazilian context, when non-melanoma skin tumors are disregarded, breast cancer emerges as the most prevalent pathology among women in all regions of the country (INCA, 2022). Objective: To conduct an investigation of the relevant scientific literature on the importance of breastfeeding as an essential method in breast cancer prevention. Method: This study was developed based on a descriptive, reflective, and qualitative bibliographic review. The study was based on consultations in the databases of the Ministry of Health and the National Cancer Institute. Results: According to the National Cancer Institute, it is estimated that in 2023 there were 73,610 new cases of breast cancer, which corresponds to 30.1% of new breast cancer cases in Brazil and is also the leading cause of cancer death in women. Final Considerations: Through the study, it was possible to demonstrate the importance of breastfeeding as a form of breast cancer prevention. The literature review showed how the duration of breastfeeding is associated with a significant reduction in the risk of developing the neoplasia.

KEYWORDS: Breastfeedin. Breast cancer. Prevention. Women’s health.

1. INTRODUÇÃO

No contexto brasileiro, ao se desconsiderar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama emerge como a patologia mais prevalente entre as mulheres em todas as regiões do país, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, onde as incidências são mais significativas. (INCA, 2022).

De acordo com Instituto Nacional de Câncer, a análise da mortalidade proporcional por câncer em mulheres durante o ano de 2021, os óbitos associados ao câncer de mama predominaram no país, representando 16,3% do total. Tal padrão foi uniformemente observado em todas as regiões brasileiras, com exceção da região Norte, onde os óbitos por câncer de mama ocuparam o segundo lugar, com uma proporção de 13,6%. Os percentuais mais elevados na mortalidade proporcional por câncer de mama foram registrados no Sudeste (17,2%) e Centro-Oeste (16,8%), seguidos pelo Nordeste (15,6%) e Sul (15,5%). Para o triênio 2023-2025, foram calculadas estimativas de 73.610 novos casos anualmente, resultando em uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres.

O câncer de mama não é resultado de uma única causa, mas sim de uma combinação complexa de fatores. Entre as mulheres, diversos elementos estão associados ao seu desenvolvimento, incluindo o envelhecimento, aspectos relacionados à história reprodutiva, histórico familiar da doença, consumo de álcool, sobrepeso, falta de atividade física e exposição à radiação ionizante (INCA, 2022).

A amamentação, mesmo em curtos períodos, entra como um dos fatores de risco modificáveis (BUSHATSKY, 2015). A Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com o MS do Brasil, recomenda de dois anos ou mais o aleitamento materno, sendo que nos primeiros seis meses seja ofertado exclusivamente o leite materno. A associação entre a redução do câncer de mama com a amamentação gera uma estimativa de haja a diminuição de 4,3% a cada período de 12 meses de amamentação. Aspectos como etnia, idade, presença ou não de menopausa e paridade, não afetam essa estimativa de redução (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). 

SOUZA, et al (2021) fala que para a criança o leite apresenta o que é essencial para o desenvolvimento saudável, o que em longo prazo reflete futuramente na sua vida, e cria um laço emocional entre mãe e filho, já para a mulher ele entra como medida de prevenção do câncer de mama e vários outros problemas. Podendo assim afirmar que é recíproco os benefícios do aleitamento. 

Os índices altos de neoplasias mamárias podem ter relação com a diminuição no período de aleitamento, várias causas podem justificar esses dados, como a mudança de estilo de vida onde a mulher está cada vez mais inserida no mercado de trabalho, fazendo com que a maternidade não seja o enfoque (AGUILAR CORDERO et al., 2010). A desvalorização quanto aos benefícios da amamentação também pode estar relacionada a não ciência sobre os benefícios da amamentação, fazendo muitas vezes ela não ter o interesse necessário, segundo MARQUES (2014). O período de amamentação de um ano já gera um mecanismo de proteção contra o progresso da doença (OLIVEIRA et al, 2020).

Diante do exposto, nota-se que o câncer de mama é um problema na saúde da mulher e que existem fatos que podem diminuir a sua incidência, como o aleitamento materno que traz benefícios para ambas as partes, o bebê e mãe, sendo ele um fator modificável importante para a prevenção do câncer. Esse estudo tem como objetivo demonstrar a importância do aleitamento na saúde da mulher agindo como forma de prevenção para o câncer de mama. 

2.OBJETIVOS

O objetivo deste estudo é realizar uma investigação aprofundada do acervo cientifico pertinente a importância do aleitamento materno como um método essencial na prevenção do câncer de mama.

3. MATERIAL E MÉTODO

A abordagem metodológica utilizada para desenvolver este trabalho baseou-se em uma revisão bibliográfica de natureza descritiva, reflexiva e qualitativa.  A pesquisa foi embasada em informações provenientes de renomadas instituições e revistas, disponíveis em repositórios online, bem como em publicações em revistas, artigos científicos, periódicos e cartilhas. O embasamento do estudo foi realizado a partir de consultas na base de dados do Ministério da Saúde e Instituto Nacional de Câncer (INCA), utilizando os seguintes descritores: aleitamento materno, prevenção do câncer de mama e saúde da mulher.

Os critérios de inclusão para os estudos selecionados foram: estudos atuais, entre 2010 a 2023 e que abordam diretamente a temática da importância do aleitamento materno para a prevenção do câncer de mama, estudos em bases de dados confiáveis e com a metodologia clara e coerente, além de artigos disponíveis em texto completos. Sendo excluídos matérias encontrados de forma incompleta e em períodos anteriores ao ano de 2010.

A revisão foi elaborada considerando artigos e publicações em língua portuguesa e espanhola, tendo como principal assunto de pesquisa a relação do aleitamento materno para a prevenção do câncer de mama.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após leitura de títulos e resumos, alguns artigos foram selecionados, e para leitura completa 22 artigos foram escolhidos, dos quais 18 comporão a amostra final. Apresenta-se a seguir o quadro 1 com os seguintes levantamentos: distribuição das referências incluídas na revisão integrativa, organizadas de acordo com periódico, título do artigo, autores, metodologia e objetivos, evidenciando a variedade metodológica e geográfica dos artigos selecionados, abordando múltiplos aspectos do aleitamento e sua relação com a prevenção do câncer de mama.

Quadro 1: Distribuição de referências incluídas na revisão integrativa.

Periódico Ano PaísTítulo do ArtigoAutoresMetodologiaObjetivos da Abordagem
Nutricion hospitalaria (2010, Espanha)Lactancia materna: un método eficaz en la prevención del cáncer de mamaM. a. J. AGUILAR CORDERO et al.Revisão de LiteraturaRevisar a evidência científica sobre o efeito protetor da amamentação na prevenção do câncer de mama.
Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (2020, Espanha)A importância da assistência do enfermeiro das práticas educativas no aleitamento materno  BARROSO, Z. A.; ALVES, N.C.M.Revisão de LiteraturaDiscutir a importância dá assistência do enfermeiro e das praticas educativas no aleitamento materno.  
Ciência, Cuidado e Saúde (2015, Brasil)Educação em saúde: uma estratégia de intervenção frente ao câncer de mamaBUSHATSKY M, et al.Estudo quase-experimentalAvaliar a efetividade de uma intervenção educativa sobre câncer de mama em usuárias da Estratégia de Saúde da Família.
Revista Brasileira de Ginecolo-gia e Obstetrícia (2018, Brasil)Breastfeeding and the Benefits of laction for women’ HeathsCIAMPO, L. A. D.; CIAMPO, I. R. L. D.Revisão Integrativa da LiteraturaInvestigar os benefícios da amamentação para a saúde das mulheres.
INCA (s.d., Brasil)Estatísticas de câncerINCAColeta e análise de dadosFornece informações sobre a incidência e mortalidade por câncer no Brasil.
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (2019, Brasil)A situação do câncer de mama no Brasil: síntese de dados dos sistemas de informação, RJ/ Rio de JaneiroINSTITUTO NACIONAL DO CÂNCERAnálise de dados de sistemasApresentar um panorama da situação do câncer de mama no Brasil, incluindo dados epidemiológicos, acesso a serviços e políticas públicas.
Int J Med Paediatra Onco (2019,Breastfeeding and breast cancer: A risk reduction strategyJELLY, P.; CHOUDHARY, S.(a definir)Examinar a amamentação como uma estratégia de redução de risco para o câncer de mama.
Revista Enfermagem UERJ (2015, Brasil)Políticas de saúde pública para o controle do câncer de mama no BrasilMARQUES, CAV; GUTIÉRREZ, MGR DE; FIGUEIREDO, EN DERevisão de literatura e análise de documentosAnalisar as políticas de saúde pública voltadas para o controle do câncer de mama no Brasil, considerando seus aspectos históricos, estruturais, organizacionais e de financiamento.
Universidade Estadual de Feira de Santana (2014, Brasil)A prática do aleitamento materno exclusivo fatores associados à sua interrupção.MARQUES, Mayara da SilvaEstudo observacionalIdentificar os fatores associados à interrupção do aleitamento materno exclusivo.
Ministério da Saúde (s.d., Brasil)Saúde da Criança: Aleitamento Materno e Alimentação ComplementarMINISTÉRIO DA SAÚDERevisão de literaturaFornecer orientações sobre aleitamento materno e alimentação complementar para profissionais de saúde e famílias.
Revista brasileira de enfermagem (2016, Brasil)Ações públicas para o controle do câncer de mama no Brasil: revisão integrativaOHL, I. C. B. et al.Revisão integrativa da literaturaAnalisar as ações públicas para o controle do câncer de mama no Brasil, identificando suas características, abrangência, efetividade e desafios.
Propostas, Recursos e Resultados nas Ciências da Saúde (2020, Brasil)FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA.OLIVEIRA, A. L. R. et al.Revisão de literaturaApresentar os principais fatores de risco e estratégias de prevenção do câncer de mama.
Brazilian Journal of Development (2023, Brasil)O desafio da instrução do aleitamento materno no pré-natal de risco habitual.PINTO, E. C. et al.Revisão de literaturaDiscutir os desafios da instrução do aleitamento materno no contexto do pré-natal de risco habitual.
Europub Journal of Health Research (2022)O benefício da amamentação para a saúde da mulher contra o Câncer de mama.SILVA, A. L. E. da, FAUSTINO , W. H. D. N., & Silva, T. M. E. da.Revisão de literaturaRevisar a literatura sobre os benefícios da amamentação para a saúde da mulher na prevenção do câncer de mama.
Revista Uningá (2019, Brasil)ALEITAMENTO MATERNO NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA.SOARES, J. DE C. N. et al.              Revisão integrativa da literaturaInvestigar a relação entre aleitamento materno e prevenção do câncer de mama por meio de uma revisão integrativa da literatura.
Anais Colóquio Estadual De Pesquisa Multidisciplinar & Congresso Nacional de Pesquisa Multidisciplinar (2021, Brasil)OS BENEFÍCIOS DA AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA NA VIDA E SAÚDE DAS CRIANÇAS E SUA GENITORA.SOUZA, A. C. N. et al.Revisão de literaturaDiscutir os benefícios da amamentação exclusiva para a saúde das crianças e de suas mães.
UNICEF (2020)Breastfeeding support in the Workplace. A GLOBAL GUIDE FOR EMPLOYERSUNICEFManualFornece um guia para empregadores sobre como apoiar a amamentação no local de trabalho.

Fontes: Elaborados pelos autores (2024)

Os resultados desta revisão sistemática indicam que o aleitamento materno é um método relevante na prevenção do câncer de mama. A análise das fontes dos dados selecionados revela que a duração do aleitamento materno está significativamente associada a redução do desenvolvimento do câncer de mama, conforme demonstrados nos estudos.

Diante disto, os resultados desta revisão reforçam a importância do aleitamento materno como um meio eficiente na prevenção do câncer de mama, evidenciando a importância de políticas públicas embasadas em evidencias cientificas e a necessidade de continuidade em pesquisas para aprimorar a compreensão sobre a temática descrita, assim, consequentemente trazendo resultados significativos na redução do câncer de mama.

Ademais, no Brasil o câncer é considerado um grave problema na saúde pública, na década de 70 depois da implementação do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) foi possível visualizar melhor o cenário, observando que a incidência e mortalidade de câncer de mama era alta (MARQUES, 2015). De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, com indicadores provenientes, principalmente, dos Registros de Câncer e do SIM, estima-se que em 2023 tenham tido a incidência de 73.610, que corresponde a 30,1% de casos novos de câncer de mama no Brasil e o também a primeira causa de morte por câncer em mulheres. A incidência e a mortalidade por neoplasia mamária tendem a crescer progressivamente a partir dos 40 anos. 

Essa incidência não se restringe apenas ao Brasil, segundo OLIVEIRA, et al. (2020), a expansão é em nível mundial, consequência do estilo de vida e a média de duração, sendo o câncer definido como crescimento celular desordenado nos tecidos resultante de modificações no código genético.

Consumo de bebida alcoólica e obesidade, são estilos de vida que se encaixam nos fatores de risco relacionados ao ambiente. Para as mulheres o aumento do risco de desenvolver o câncer de mama também está ligado aos fatores hormonais que são de significativa relevância, principalmente os relacionados à produção de estrogênio, como o uso de contraceptivos, menarca antes dos 12 anos, menopausa após os 55 anos, nuliparidade, entre tantos outro que podem ser produzidos de forma natural pelo corpo ou sinteticamente (OHL et al., 2016).

Existem muitas formas de proteção, mas vale ressaltar o estilo de vida saudável, a alimentação saudável e o hábito de atividade física, que apresenta índices de redução de 20 a 40% no câncer de mama, esses fatores somados agregam-se para proteção do câncer de mama. É importante que hábitos como ingestão de bebidas alcoólicas e tabagismo também sejam evitados (OLIVEIRA, et al, 2020).

INCA 2019, afirmou que o ato de amamentar protege a mãe do câncer de mama ao longo de todas as fases da vida, já que é reduzida a exposição da mesma a hormônios que aumentam o risco da neoplasia e erradica células mamárias mutantes. Frisando que os benefícios são maiores com um tempo de amamentação prolongado. 

O Ministério da Saúde destaca que os benefícios do aleitamento materno não se restringem apenas à proteção contra o desenvolvimento do câncer de mama, mas reduz o risco também do câncer de colo de útero.

Outros benefícios evidenciados pela literatura, além de ser um fator de proteção contra o câncer de mama, existe a diminuição de chance do desenvolvimento de depressão pós-parto, como também pode auxiliar na redução de peso, diabetes e doenças cardiovasculares. (CIAMPO; CIAMPO, 2018).

A OMS define que mesmo que a criança esteja recebendo algum outro tipo de alimento, o aleitamento materno é a nutrição por meio do leite materno. Segundo os parâmetros da saúde da criança definidos pelo MS do Brasil, o aleitamento vai muito mais além do que apenas nutrir, mas repercute no estado emocional, nutricional, na defesa de infecções e no desenvolvimento cognitivo e emocional.

O leite materno é um alimento completo para a nutrição e desenvolvimento saudável do bebe, além de ser algo natural. Os anticorpos estão presentes no leite materno, auxiliando na proteção e defesa do organismo, trazendo um papel importante na prevenção e diminuição de risco de inúmeras doenças, alergias e obesidade (UNICEF, 2020).

Existem formas diferentes de aleitamento, sendo elas: a AME- aleitamento materno exclusivo (ofertado exclusivamente o leite materno), AMP- aleitamento materno predominante (é ofertado predominantemente o leite materno, mas também outros líquidos como água e chás) e AMC- aleitamento materno complementado (oferta de leite materno e alimentos semissólidos e sólidos), vale destacar que todas são importantes na vida de criança (MARQUES, 2014). 

A decisão de se alimentar exclusivamente não depende da criança, porém, depende de outro ser humano, a mãe e das pessoas desse ambiente familiar, mas vale ressaltar que essa alimentação é natural, já que os humanos são mamíferos (SOUZA. et al, 2021). Medo e dúvida são frequentes nesse período para a mulher, em especial para as mães de primeira viagem, mostrando que mesmo que seja uma ação natural é necessário ser aprendida (MARQUES, 2014).

No contexto da Política Nacional de Aleitamento Materno, a atuação do enfermeiro é de suma importância, uma vez que desempenha um papel fundamental na prevenção, segurança e resolução de dificuldades na interação entre mãe e filho, primordialmente na esfera do aleitamento (BARROSO; ALVES, 2020).

De acordo com Barroso e Alves (2020), a enfermagem deve ser capacitada a identificar quaisquer eventualidades que surjam, desde a inadequação na técnica de pega correta da mama, além de outros desafios relacionados à amamentação. A habilidade de prover soluções imediatas para tais questões é de suma importância, e o profissional de enfermagem deve estar adequadamente capacitado para tal desempenho.

Para promover eficazmente o aleitamento materno, os profissionais de saúde precisam compreender e atender às expectativas, necessidades e demandas das mães em relação ao tipo de apoio, informação e interação desejados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015)

            As orientações quanto sobre a amamentação devem ser iniciadas no pré-natal, para quando chegar o momento a mulher já ter informações corretas das técnicas de pega, sucção e do básico, como a posição da criança no colo. É importante que o profissional de saúde faça com que essa abordagem seja estratégica, já que uma das causas do desmame precoce são as dificuldades e incômodos que podem surgir durante esse período (PINTO. et al., 2023). 

O desmame acontece de forma natural, mas estudos sugerem que ele dure em média o período de dois a três anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE). O indicador de aleitamento em crianças de 24 meses é de 52,1%, 12 a 14 meses é de 45,4% e de 21 a 23 meses de 31,8%, ao se falar de amamentação diretamente do peito e em algum momento da vida, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (INCA, 2019). 

Globalmente já foi exposto que os benefícios da amamentação são equivalentes para mãe e a criança, demonstrando que tal prática poderia ter prevenido inúmeras mortes infantis. Além disso, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida poderia evitar que muitas mulheres desenvolvessem câncer de mama (SOUZA, et al, 2021). 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o risco de desenvolvimento do câncer de mama durante o período que há o aleitamento materno diminui, porque há uma redução na taxa de produção de hormônios responsáveis pela formação da neoplasia, além de que se tem a renovação e eliminação de células que prejudicam o material genético.  

A proteção do câncer de mama com o aleitamento é respectiva com o tempo de duração da amamentação, estima-se que a cada 12 meses de lactação há redução de 4% do risco. Existe uma explicação plausível por trás de tais dados, que está diretamente ligado aos fatores biológicos, como a redução do estrogênio e a produção aumentada de prolactina, que reduz o acúmulo de estrogênio (SOARES, et al., 2019).

Então, pode-se afirmar que o quanto antes o aleitamento começar e o tempo for maior, a proteção consequentemente irá aumentar, reduzindo em até 48% a probabilidade de desenvolver a neoplasia mamária, associado a outros de fator de proteção, como praticar atividades físicas e uma boa alimentação (SILVA, 2022).

A fisiopatologia que liga o aleitamento como fator de proteção ao câncer de mama, é em resumo que em algumas dessas neoplasias apresentam receptores para progesterona e estrogênio, quando há a sucção da mama feita pela criança, diminui a oscilação desses hormônios, através da produção da prolactina que atua no hipotálamo (JELLY; CHOUDHARY, 2019). 

SILVA (2022), reforça que a proteção está ligada ao sistema imunológico, uma vez que as células cancerígenas são destruídas pelos macrófagos presentes no leite, logo a proteção é maior quando o período de amamentação é maior. O Ministério da Saúde (2015) tem considerado a amamentação uma forma de estratégia para prevenção do câncer de mama, pois, não há ativação dos receptores do carcinoma e desta forma reduz a formação das células cancerígenas. 

Os achados colaboram com pesquisas anteriores que também destacaram a importância do apoio e da promoção ao aleitamento materno, como políticas públicas de saúde. O INCA (Instituto Nacional de Câncer) e o Ministério de Saúde tem implementado alternativas para incentivar o aleitamento materno como prevenção do câncer de mama, como é destacado em suas publicações.

Pode-se notar que o aleitamento materno é uma estratégia válida para a prevenção do câncer de mama, diminuindo consideravelmente o risco de formação desta neoplasia, ademais, destaca-se a prevenção de hemorragia uterina da mãe no pós parto imediato, além de apresentar significativamente benefícios múltiplos para mãe e bebê, como o transporte de anticorpos necessários para o desenvolvimento saudável da criança, através da amamentação.

 5. CONCLUSÃO

Através do estudo foi possível demonstrar a importância do aleitamento materno como forma de prevenção para o câncer de mama. A revisão de literatura mostrou como o tempo de amamentação está associada a uma significativa redução no risco de desenvolver a neoplasia. Os mecanismos biológicos, como a redução da exposição aos hormônios progesterona e estrogênio e o aumento da produção da prolactina fazem um papel crucial neste fator de proteção.

Também pode ser destacado que ele é um método de prevenção acessível e que não traz benefícios apenas para a mulher, mas para a criança. Nesse contexto, notou-se a importância do encorajamento e a promoção da pratica da amamentação, e a atuação dos profissionais da saúde é de suma importância, em destaque os enfermeiros, que muitas vezes tem o contato com a mulher desde o pré-natal até o desmame.

Em conjunto a tudo isso ficou claro que se deve ter políticas públicas que incentivem e apoie o aleitamento materno como uma estratégia de promoção a saúde da mulher, visando a prevenção do câncer de mama, garantindo o acesso à informação, suporte e recursos necessários para que haja uma amamentação de sucesso.

 6. REFERÊNCIAS

AGUILAR CORDERO, M. a. J. et al. Lactancia materna: un método eficaz en la prevención del cáncer de mama. Nutricion hospitalaria: organo oficial de la Sociedad Espanola de Nutricion Parenteral y Enteral, v. 25, n. 6, p. 954–958, 2010. Acesso em: 15 de março de 2024. 

BARROSO, Z. A.; ALVES, N.C.M. A importância da assistência do enfermeiro das práticas educativas no aleitamento materno, março 2020. Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo. Disponível em: <https://www.eumed.net/rev/atlante/2020/03/importacia-assistencia-enfermeiro.pdf>. Acesso em: 06 de abril de 2024.

BUSHATSKY M, et al. Educação em saúde: uma estratégia de intervenção frente ao câncer de mama. Ciência, Cuidado e Saúde. 2015. Acesso em: 14 de março de 2024. 

CIAMPO, L. A. D.; CIAMPO, I. R. L. D. Breastfeeding and the Benefits of laction for women’ Heaths. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrica, v. 40, n. 6, p. 354-359, 2018. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbgo/a/5MnxQ6xkQfsJfwhNZ5JccTf/?lang=en > Acesso em: 02 de abril de 2024.

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JELLY, P.; CHOUDHARY, S. Breastfeeding and breast cancer: A risk reduction strategy. Int J Med Paediatr Onco, v. 2, pág. 47–50, 2019. Acesso em: 01 de abril de 2024. 

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1: Acadêmica do 9º período do curso de Enfermagem do Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná/Brasil. E-mail: jully_annesouza@outlook.com 

2: Acadêmica do 9º período do curso de Enfermagem do Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná/Brasil. E-mail: maria.carol.santoss@gmail.com

3: Docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná/ Brasil. E-mail: luciana.martins@saolucasjiparana.edu.br