HIPERTENSÃO ARTERIAL COMO FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR

HYPERTENSION AS A CARDIOVASCULAR RISK FACTOR

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11584481


Ana Isabel Morais Franchin¹
Brenda Felski dos Santos¹
Daniele Moresco¹
Kamile Nayara da Costa²
Maria Amelia Betoni¹
Mariana Siqueira Leite¹
Mushue Dayan Hampel Vieira Filho¹
Rafaela Pohl de Almeida¹
Thais Regina Barbieri¹
Amanda Siqueira Leite³


Resumo 

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição caracterizada pelo aumento da pressão arterial, que pode levar a alterações funcionais em órgãos-alvo e modificações metabólicas. É o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares, a principal causa de morte no mundo entre 2000 e 2012. No Brasil, em média, 30% da população tem hipertensão. Apesar da possibilidade de ser herdada geneticamente, a prevenção da hipertensão arterial é possível e pode ser feita através de mudanças nos hábitos de vida, prática regular de atividades físicas, não uso de bebidas alcoólicas e/ou fumo e evitando o consumo de alimentos gordurosos. Na maioria dos casos, busca-se o controle e não necessariamente a cura, de modo que o tratamento pode ser feito pela utilização de medicamentos e pela adoção de um estilo de vida mais saudável. A hipertensão arterial é determinada pela interação complexa do cardíaco com a resistência vascular periférica total e pode surgir quando há anormalidades em um ou ambos esses determinantes. Além disso, alterações na capacidade renal de excretar sódio e água, bem como disfunções na ação de substâncias como a renina e a angiotensina II, que promovem vasoconstrição, aumento do tônus simpático e reabsorção de sódio, também podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial. A hipertensão arterial é um problema de saúde pública de grande magnitude, que está relacionado a altas taxas de morbidade e mortalidade. A conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce, da adoção de hábitos de vida saudáveis ​​e do tratamento adequado da hipertensão arterial é crucial para prevenir e controlar a doença e suas complicações.

Palavras-chave: Hipertensão; Doenças Cardiovasculares; Atenção básica; Hábitos de vida; Tratamento

Abstract

Systemic arterial hypertension (SAH) is a condition characterized by increased blood pressure, which can lead to functional changes in target organs and metabolic modifications. It is the main modifiable risk factor for cardiovascular diseases, the leading cause of death worldwide between 2000 and 2012. In Brazil, on average, 30% of the population has hypertension. Despite the possibility of being genetically inherited, prevention of arterial hypertension is possible and can be achieved through lifestyle changes, regular physical activity, avoiding alcohol and/or tobacco use, and avoiding the consumption of fatty foods. In most cases, control rather than cure is sought, so treatment can be done through the use of medications and the adoption of a healthier lifestyle. Arterial hypertension is determined by the complex interaction of the heart with total peripheral vascular resistance and may arise when there are abnormalities in one or both of these determinants. Furthermore, alterations in renal capacity to excrete sodium and water, as well as dysfunctions in the action of substances such as renin and angiotensin II, which promote vasoconstriction, increased sympathetic tone, and sodium reabsorption, may also contribute to the development of arterial hypertension. Arterial hypertension is a major public health problem, related to high rates of morbidity and mortality. Raising awareness among the population about the importance of early diagnosis, adoption of healthy lifestyle habits, and appropriate treatment of arterial hypertension is crucial to prevent and control the disease and its complications.

Keywords: Hypertension; Cardiovascular Diseases; Primary Care; Lifestyle Habits; Treatment

INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição complexa caracterizada pelo aumento sustentado dos níveis pressóricos, com uma pressão arterial sistólica acima de 140mmHg e/ou pressão arterial diastólica acima de 90mmHg. Essa condição está associada a alterações funcionais e estruturais em órgãos-alvo, além de modificações metabólicas, sendo considerada o principal fator de risco modificável para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (BARROSO et al., 2020).

O Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), sugerem que as doenças cardiovasculares, grupo qual a Hipertensão Arterial está incluída, foram as causas de óbito mais importantes no mundo entre os anos de 2000 e 2012 (ANDRADE, et al. 2015). Estudos realizados por Cesarino et al. (2008) e Rosário, et al. (2009) sugerem que, no Brasil, em média 30% da população possui a doença, ou seja, um a cada três brasileiros.

Apesar da possibilidade de ser herdada geneticamente, como nos casos de Hipertensão Primária, por exemplo, a prevenção da Hipertensão Arterial Sistêmica é possível e pode ser feita através do controle adequado do peso, mudanças nos hábitos de vida, prática regular de atividades físicas, não uso de bebidas alcoólicas e/ou fumo e evitando o consumo de alimentos gordurosos ou excessivamente calóricos. Na maioria dos casos busca-se o controle e não, necessariamente a cura, de modo que o tratamento pode ser feito pela utilização de medicamentos, bem como a adoção de um estilo de vida mais saudável (BRASIL, 2020).

A pressão arterial é determinada pela interação complexa do débito cardíaco com a resistência vascular periférica total e pode surgir quando há anormalidades em um ou ambos esses determinantes. Além disso, alterações na capacidade renal de excretar sódio e água, bem como disfunções na ação de substâncias como a renina e a angiotensina II, que promovem vasoconstrição, aumento do tônus simpático e reabsorção de sódio, também podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial. O sistema nervoso simpático desempenha um papel importante na gênese e manutenção da hipertensão arterial, afetando o débito cardíaco, a frequência cardíaca e a resistência periférica. Além disso, a obesidade central está frequentemente associada à hipertensão arterial, juntamente com dislipidemia e intolerância à glicose (NOBRE et al., 2013).

A maioria das alterações cardiovasculares provocadas pela hipertensão é desencadeada por mecanismos compensatórios provocados diretamente pela pressão alta, como a hipertrofia ventricular e vascular, ou indiretamente, devido ao dano vascular causado, ou seja, aterosclerose e nefroesclerose. Essencialmente, três fatores contribuem significativamente para a hipertensão arterial e suas consequências negativas: a pulsão arterial, que pode levar à degeneração das artérias e aneurismas; a disfunção endotelial, que pode levar à formação de placas de ateroma e à doença aterosclerótica; e a hipertrofia das células musculares lisas vasculares, que pode contribuir tanto para a formação de placas de ateroma quanto para a perpetuação da hipertensão arterial. (MARCUS VINICIUS SIMÕES; SCHMIDT, 1996)

A hipertensão arterial e o risco cardiovascular são problemas de saúde pública de grande magnitude, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo e estão relacionados a altas taxas de morbidade e mortalidade. A hipertensão arterial é uma doença crônica que, se não tratada adequadamente, pode levar a complicações graves, como doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal, entre outras.

Diante disso, elaborou-se a seguinte pergunta de pesquisa: Como a hipertensão arterial influencia no desenvolvimento de doenças cardiovasculares?  

Nesse sentido, um projeto que aborde a Hipertensão Arterial como fator de risco cardiovascular é justificado, uma vez que busca informar e sensibilizar a população sobre os perigos da condição e a necessidade de medidas preventivas e de controle adequado da pressão arterial.

O projeto teve como objetivo principal conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, da adoção de hábitos de vida saudáveis e do tratamento adequado da Hipertensão Arterial, bem como promover ações de prevenção e controle da doença em diferentes contextos, como escolas, empresas, unidades de saúde, entre outros.

Além disso, o projeto pode contribuir para a capacitação de profissionais de saúde na detecção e manejo da Hipertensão Arterial, bem como para a melhoria da assistência prestada aos pacientes hipertensos, visando prevenir e reduzir as complicações cardiovasculares associadas à doença.

METODOLOGIA 

O presente trabalho, tratou-se de uma pesquisa do tipo descritiva e exploratória com fundamentação qualitativa. Para a revisão de literatura, foram realizadas buscas nas bases de dados Scielo, Lilacs e artigos científicos publicados nos últimos 10 anos.

A metodologia do trabalho consistiu em uma abordagem educativa para pacientes portadores de hipertensão arterial, visando conscientizá-los sobre o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares associadas a essa condição clínica. Foram entregues panfletos informativos contendo informações sobre os principais fatores de risco cardiovascular e medidas preventivas. Além disso, foram realizadas rodas de conversa com os participantes, para aprofundar o entendimento e promover a discussão sobre o tema.

A amostra do estudo consistiu em pacientes atendidos em um centro de atenção primária à saúde, que foram selecionados de forma aleatória. Os critérios de inclusão foram ter diagnóstico de hipertensão arterial e idade acima de 18 anos.

Os panfletos foram entregues aos pacientes no momento da consulta médica ou de enfermagem, juntamente com uma explicação oral sobre o seu conteúdo. Durante as conversas, foram abordados temas relacionados à hipertensão arterial, suas complicações e formas de prevenção, bem como a importância do controle da pressão arterial.

Os panfletos são uma forma de comunicação visual e acessível que pode ajudar a transmitir informações importantes sobre a hipertensão arterial e as medidas de prevenção e controle de doenças cardiovasculares associadas. Já as conversas permitem um diálogo mais personalizado e a oportunidade de esclarecer dúvidas e abordar questões específicas relacionadas à condição de cada paciente. Essa abordagem pode ajudar a aumentar a adesão às medidas de prevenção e controle da hipertensão arterial e, consequentemente, reduzir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Além disso, ao promover o conhecimento e a conscientização sobre a hipertensão arterial e suas implicações na saúde cardiovascular, essa abordagem pode ter um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes e contribuir para a redução do custo do tratamento dessas doenças para a sociedade como um todo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente estudo foi composto por um grupo de mulheres e homens, pacientes das Unidades Básicas de Saúde Nações, São Miguel e Vila Salete – Fraiburgo, com faixa etária entre 18 e 90 anos. Com a coleta dos dados da unidade básica de saúde, baseando-se no ano de 2023, pode-se averiguar quantitativamente, algumas proporções do sexo de maior prevalência com HAS, a influência dos fatores de risco e sua relação com a descompensação da pressão arterial sistêmica culminando em eventos cardiovasculares e a importância do uso correto de medicamentos para melhor qualidade de vida.

No grupo de pessoas avaliadas durante a realização do projeto constatou-se que a grande maioria afirma não entender a gravidade da hipertensão arterial sistêmica e os agravos dessa doença principalmente associada ao risco cardiovascular. Além disso, demonstraram enfrentar problemas de controle na pressão arterial, ainda foi verificado que essas mesmas pessoas não fazem a prática de exercícios físicos, não têm uma ingestão reduzida de sal, não conseguem controlar seu nervosismo e também negam fazer acompanhamento com nutricionistas.   

Entre o período de aplicação os pacientes foram orientados sobre a importância das visitas à UBS e do acompanhamento multidisciplinar para o controle e melhor evolução clínica da patologia acima citada, principalmente aqueles pacientes que apresentam dificuldades no controle da pressão arterial, ou nos casos em que havia um longo período sem acompanhamento médico ou ajuste de medicação. Notou-se a compreensão da necessidade de melhoria nos hábitos de vida entre os pacientes que receberam as orientações. 

A hipertensão arterial é uma condição comum, mas muitas vezes negligenciada, que pode ter consequências graves para a saúde. A sua associação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é bem estabelecida, sendo considerada um dos principais fatores de risco modificáveis para essas doenças. A prevenção e o tratamento da hipertensão arterial são, portanto, fundamentais para reduzir o risco de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Uma abordagem eficaz deve incluir mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, exercícios físicos regulares e controle do estresse, bem como o uso de medicamentos anti-hipertensivos. Além disso, é importante destacar a importância da detecção precoce da patologia e do tratamento adequado, a fim de evitar ou minimizar as complicações associadas. Programas de prevenção e controle da hipertensão arterial devem ser implementados em nível populacional, com campanhas de conscientização, triagem e tratamento precoce. 

Durante as conversas realizadas na UBS e no decorrer do desenvolvimento do projeto, foi possível verificar a importância da atenção primária para a prevenção de pior prognóstico e complicação da HAS especialmente no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O auxílio no controle ajuda a prevenir agravos na vida dos pacientes, de modo que houve boa adesão às orientações acerca dos hábitos de vida, retorno ao acompanhamento médico e uso correto da medicação quando prescrita.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A hipertensão arterial é um importante fator de risco cardiovascular e tem sido associada a diversas complicações, como doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência renal e outras condições crônicas. A compreensão dos mecanismos fisiopatológicos que levam à hipertensão arterial é essencial para o desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas efetivas.

Outro ponto discutido neste trabalho foi a importância da educação e conscientização da população portadora de hipertensão arterial. A entrega de panfletos informativos e a realização de conversas foram realizadas como estratégias para melhorar a compreensão da doença e aumentar a adesão ao tratamento, contribuindo para a prevenção de complicações cardiovasculares.

Por fim, é fundamental ressaltar que o controle adequado da hipertensão arterial é essencial para a prevenção de complicações cardiovasculares e deve ser abordado de forma integrada, envolvendo medidas de mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos e acompanhamento médico regular.

REFERÊNCIAS

ALVES, Laura Cecília Silva; NOGUEIRA, Maria Isadora; DOS SANTOS, Luciano Rezende. A importância do controle hipertensivo no paciente renal crônico: uma revisão de literatura. Research, Society and Development, v.11, n.17, p. e194111739160-e194111739160, 2022.

BARROSO, Weimar Kunz Sebba et al. Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial–2020. Arquivos brasileiros de cardiologia, v.116, p. 516-658, 2021.

CAMPAGNOLE-SANTOS, M.; SIQUEIRA, A. Rev Bras Hipertens 8: 30-40, 2001 Reflexos cardiovasculares e hipertensão arterial. [S. l.: s. n.], [s. d.]. Disponível em: http://sta.sites.uff.br/wp-content/uploads/sites/358/2019/09/press%C3%A3o-card%C3%ADaca.pdf.

FERREIRA LOPES, H. Genética e hipertensão arterial Genetic and hypertension. Rev Bras Hipertens, [s. l.], v. 21, n. 2, p. 87–91, 2014. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/881416/rbh-v21n2_87-91.pdf#:~:text=Na%20grande%20maioria%20das%20vezes.

NOBRE, Fernando et al. Hipertensão arterial sistêmica primária. Medicina (Ribeirão Preto), v. 46, n. 3, p. 256-272, 2013.

GEWEHR, Daiana Meggiolaro et al. Adesão ao tratamento farmacológico da hipertensão arterial na Atenção Primária à Saúde. Saúde em debate, v. 42, p.179-190, 2018.


¹Acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe
² Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Norte do Paraná
³ Preceptora do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe.