FATORES DE RISCO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA NA POPULAÇÃO ADULTA BRASILEIRA.¹

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11553993


Barbara C. Fontana Gehring2; Isadora Regina Machado3; Isabela Oliveira Moreira4; Larissa Esbegen Marcelino5; Gabriela Pontarolo Granemann Melo6; Gabriela Luiza Nicareta7; Mariana Siqueira Leite8; Miriam Gonçalves de Castro9; Renan Lucas Carminatti Vasoler10; Solange De Bortoli Beal11.


Resumo – As doenças cardiovasculares (DCVs) representam um importante problema de saúde pública em todo o mundo, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade. Dentre os diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento das DCVs, alguns são modificáveis e passíveis de intervenção preventiva. No entanto, é essencial compreender a prevalência e a distribuição desses fatores de risco na população para orientar políticas de saúde e programas de prevenção eficazes. Este projeto de pesquisa visou investigar os fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares na população adulta brasileira. A análise se concentrou na associação entre esses fatores de risco e a ocorrência de doenças cardiovasculares, buscando identificar grupos populacionais com maior suscetibilidade a esses fatores de risco. Os dados foram analisados utilizando técnicas estatísticas descritivas e inferenciais. Foram calculadas frequências, médias, desvios padrão e intervalos de confiança para descrever a prevalência dos fatores de risco cardiovascular na população estudada. Além disso, foram realizadas análises de regressão para investigar a associação entre os fatores de risco e a ocorrência de doenças cardiovasculares.

Palavras-chave: Risco cardiovascular. Fatores de risco cardiovasculares. Sedentarismo. Hipertensão. Diabetes. Hábitos de vida. 

INTRODUÇÃO 

As doenças cardiovasculares (DCVs) são um grupo de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos e representam uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo (World Health Organization, 2017). Elas incluem doença coronariana, acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial periférica, entre outras.

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCVs são responsáveis por cerca de 17,9 milhões de mortes a cada ano, representando 31% de todas as mortes globais (World Health Organization, 2017). No Brasil, as DCVs também são uma importante causa de morte, representando uma proporção significativa dos óbitos registrados no país (Brasil, Ministério da Saúde, 2020).

Diversos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Entre os fatores não modificáveis, destacam-se a idade avançada, o sexo masculino e a história familiar de DCVs (Yusuf et al., 2004). Já entre os fatores modificáveis, incluem-se o tabagismo, a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, a obesidade, a inatividade física, a má alimentação e o consumo excessivo de álcool (Yusuf et al., 2004).

O tabagismo é um dos principais fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Estudos têm demonstrado que fumar aumenta o risco de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial periférica e outras condições cardiovasculares (Khan et al., 2018). 

A falta de atividade física regular é outro fator de risco modificável para as doenças cardiovasculares. A prática regular de exercícios aeróbicos tem sido associada a uma redução significativa do risco cardiovascular, além de proporcionar benefícios adicionais para a saúde, como controle do peso, melhora da pressão arterial e do perfil lipídico (Warburton et al., 2006). 

A obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O excesso de peso está associado a uma série de alterações metabólicas que aumentam o risco de hipertensão arterial, diabetes tipo 2, dislipidemia e doença arterial coronariana (Abdullah et al., 2011). 

De acordo com Marcopito & Neumann (2017) é necessário manter uma ingestão diária de lipídios abaixo de 30%, quando esse índice deve ser alcançado com a utilização de boas fontes lipídicas, como por exemplo, frutos oleaginosos – castanhas e nozes – que são uma boa opção. Além disso, o uso excessivo de sal deve ser controlado, assim como de bebidas alcoólicas, quando esse último, em consumo moderado, pode ser benéfico, pois reduz a HAS – como, por exemplo, uma taça de vinho ao dia (MARCOPITO e NEUMANN 2017).

A pressão arterial elevada é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. A hipertensão arterial crônica danifica as paredes dos vasos sanguíneos, aumentando o risco de aterosclerose, AVC, insuficiência cardíaca e outras complicações cardiovasculares (Williams et al., 2018).

Além do impacto na saúde pública, as DCVs também representam uma carga significativa para os sistemas de saúde e para a economia como um todo. Os custos associados ao tratamento das DCVs e suas complicações são elevados e podem sobrecarregar os sistemas de saúde, especialmente em países em desenvolvimento (World Health Organization, 2017).

METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo epidemiológico transversal utilizando dados de uma amostra representativa da população adulta brasileira. Foram coletadas informações sobre os seguintes fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares: tabagismo, sedentarismo, alimentação não saudável, obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas estruturadas e aplicação de questionários padronizados.   

Como objetivo específico buscou, por meio de pesquisa bibliográfica nas bases de dados indexadas Scielo, Google Acadêmicos e Lilacs, constituir ações afim de conscientizar a população alvo a respeito dos fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares.  

Os dados foram analisados utilizando técnicas estatísticas descritivas e inferenciais. Foram calculadas frequências, médias, desvios padrão e intervalos de confiança para descrever a prevalência dos fatores de risco cardiovascular na população estudada. Também foram realizadas análises de regressão para investigar a associação entre os fatores de risco e a ocorrência de doenças cardiovasculares.

RESULTADOS E DISCUSSÕES 

As doenças crônicas não transmissíveis em destaque as doenças cardiovasculares, são uma das principais causas de morte no Brasil. Tendo em vista que a principal maneira de prevenção dessa patologia é a prevenção e tratamento dos fatores de risco modificáveis no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. (World Health Organization, 2018). 

Os achados do estudo ressaltam a importância da prevenção e intervenção precoce para reduzir o impacto das doenças cardiovasculares na população e a necessidade de políticas de saúde mais eficazes para enfrentar os fatores de risco cardiovasculares. Medidas legislativas, como aumento de impostos sobre produtos prejudiciais à saúde cardiovascular, e programas de educação e conscientização são fundamentais para promover mudanças de comportamento e reduzir a incidência de DCVs. 

Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde, políticas públicas e a sociedade civil, é essencial para enfrentar o desafio das doenças cardiovasculares. A colaboração entre diferentes setores pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias integradas e sustentáveis de prevenção e controle das DCVs.

Destacamos assim, a relevância do projeto sobre os principais fatores modificáveis das DCV, foi possível perceber que essas ações precisam ser contínuas para que os indicadores das DCV apresentem resultados mais promissores, a educação e conscientização são fundamentais para promover mudanças de comportamento e reduzir a incidência de DCVs.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O presente projeto de pesquisa teve como objetivo investigar os fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares na população adulta brasileira. Através da coleta de dados e análise estatística, foram identificados importantes insights que podem contribuir para a prevenção e controle dessas condições de saúde.

Os resultados obtidos destacam a elevada prevalência de fatores de risco cardiovasculares, como tabagismo, sedentarismo, alimentação não saudável, obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus, na população estudada. Esses fatores estão fortemente associados à ocorrência de doenças cardiovasculares, evidenciando a urgência de intervenções preventivas eficazes.

Diante disso, é fundamental o desenvolvimento e implementação de políticas de saúde pública que promovam hábitos saudáveis e reduzam a exposição da população a esses fatores de risco. Programas de educação em saúde, campanhas de conscientização e incentivo à prática de atividade física e alimentação balanceada são medidas essenciais para prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida da população.

Além disso, é importante destacar a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e integrada para enfrentar o desafio das doenças cardiovasculares. A colaboração entre profissionais de saúde, gestores públicos, instituições de pesquisa e a sociedade civil é fundamental para o desenvolvimento e implementação de estratégias eficazes de prevenção e controle das DCVs.

Por fim, ressalta-se a importância da continuidade das pesquisas e do monitoramento epidemiológico para avaliar o impacto das intervenções realizadas e identificar novas oportunidades de atuação na área da saúde cardiovascular. A promoção da saúde cardiovascular deve ser uma prioridade em políticas de saúde, visando reduzir a carga das doenças cardiovasculares e melhorar o bem-estar da população.

REFERÊNCIAS 

Abdullah, A., Peeters, A., de Courten, M., & Stoelwinder, J. (2011). The magnitude of association between overweight and obesity and the risk of diabetes: a meta-analysis of prospective cohort studies. Diabetes Research and Clinical Practice, 89(3), 309–319.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. (2020). Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019. Ministério da Saúde.

Khan, M. A. B., Hashim, M. J., Mustafa, H., Baniyas, M. Y., Al Suwaidi, S. K. B. M., & Alkatheeri, R. (2018). Global Epidemiology of Ischemic Heart Disease: Results from the Global Burden of Disease Study. Cureus, 10(7), e2944.

Malta, D. C., Bernal, R. T. I., Andrade, S. S. C. A., Silva, M. M. A., Velasquez-Melendez, G., & Prevalência de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Adultos Residentes em Capitais Brasileiras, 2019. 1(1), 10–11.

Monteiro, C. A., Moubarac, J.-C., Cannon, G., Ng, S. W., & Popkin, B. (2016). Ultra-processed products are becoming dominant in the global food system. Obesity Reviews, 14(S2), 21–28.

Sociedade Brasileira de Cardiologia. (2016). V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 107(3), 1–103.

Warburton, D. E. R., Nicol, C. W., & Bredin, S. S. D. (2006). Health benefits of physical activity: the evidence. Canadian Medical Association Journal, 174(6), 801–809.

Williams, B., Mancia, G., Spiering, W., Agabiti Rosei, E., Azizi, M., Burnier, M., … Zanchetti, A. (2018). 2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension. European Heart Journal, 39(33), 3021–3104. 

World Health Organization. (2017). Cardiovascular diseases (CVDs). Recuperado de https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds)

Yusuf, S., Hawken, S., Ounpuu, S., Dans, T., Avezum, A., Lanas, F., … & Lisheng, L. (2004). Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study): case-control study. The Lancet, 364(9438), 937-952.


1Trabalho resultante do Projeto Integrador da 7ª fase do curso de Medicina.
2barbarafontana@hotmail.com
Acadêmico(s) do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe.
3Rosarisa.rosa.r@hotmail.com
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