A IMPORTÂNCIA DO ENSINO CAPACITADO PARA  CRIANÇAS COM AUTISMO 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11531726


Fernanda Da Silva Andrade


RESUMO 

Nas últimas décadas, a pesquisa tem se concentrado profundamente na  eficácia dos programas de intervenção destinados a crianças autistas na  primeira infância. Os princípios teóricos da neuroplasticidade e abordagens  centradas no desenvolvimento destacam a importância do tratamento precoce e  intensivo para esse grupo de indivíduos. Nesse contexto, estudos indicam a  importância de incluir crianças com menos de cinco anos de idade em programas  de intervenção com uma carga horária mínima de 25 horas por semana. O  ensino infantil surge como um campo educacional altamente promissor para  implementar práticas de intervenção voltadas para essa faixa etária. Além de  atender crianças de 0 a 5 anos, em regime de horário integral ou parcial, o ensino  infantil tem como objetivo fundamental promover o desenvolvimento abrangente  das crianças, abordando aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais.  Este artigo tem como propósito principal descrever os fundamentos da  intervenção precoce, com um foco especial nas melhores práticas direcionadas  às populações de crianças com autismo. Além disso, explora a importância  dessa modalidade de atendimento no contexto da educação infantil no cenário  nacional. 

Palavras-chave: Autismo.Ensino Avaliação. 

INTRODUÇÃO 

A relação entre autismo e educação é um tema de crescente relevância e  interesse tanto para educadores quanto para pesquisadores, pais e profissionais  de saúde. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição  neurobiológica que afeta a maneira como as pessoas percebem o mundo,  interagem socialmente e processam informações. À medida que a  conscientização sobre o autismo aumentou nas últimas décadas, a  compreensão de como melhor apoiar a educação de indivíduos autistas também  evoluiu significativamente.

A educação desempenha um papel crucial na vida de todas as crianças,  mas para aquelas com TEA, essa importância é ainda mais acentuada. A  educação é o meio pelo qual as crianças autistas podem adquirir habilidades,  desenvolver sua autonomia, e integrar-se na sociedade. Portanto, o desafio é  proporcionar uma educação que atenda às necessidades específicas de cada  aluno, reconhecendo a ampla variação de características e habilidades dentro  do espectro autista. Ao decorrer do artigo, será explorado a interseção entre  autismo e educação, destacando a importância da inclusão, adaptação  curricular, métodos de ensino personalizados e a formação de professores para  criar ambientes educacionais mais inclusivos e eficazes. Também discutiremos  o papel crucial dos pais e da colaboração entre escolas, famílias e profissionais  de saúde no apoio ao desenvolvimento e sucesso acadêmico de crianças  autistas. Em última análise, este conjunto de conhecimentos é essencial para  promover uma educação inclusiva e equitativa que permita que todas as crianças  alcancem seu pleno potencial, independentemente de estarem no espectro  autista. 

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO CAPACITADO PARA CRIANÇAS COM  AUTISMO. 

O ensino capacitado para crianças com autismo desempenha um papel  crucial no desenvolvimento e no bem-estar dessas crianças. Aqui estão algumas  das principais razões pelas quais isso é tão importante: 

– Inclusão social: O ensino capacitado promove a inclusão de crianças com  autismo na sociedade, permitindo que elas interajam e participem ativamente na  comunidade. 

– Desenvolvimento de habilidades sociais: Oferece oportunidades para as  crianças com autismo aprenderem e praticarem habilidades sociais essenciais,  como comunicação e interação social. 

– Apoio às necessidades individuais: O ensino capacitado é adaptado para  atender às necessidades específicas de cada criança com autismo,  considerando suas habilidades e desafios únicos.

– Melhoria da qualidade de vida: Ajuda a melhorar a qualidade de vida das  crianças com autismo, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para  funcionar de forma mais independente. 

1. Desenvolvimento cognitivo: Estimula o desenvolvimento cognitivo,  promovendo o aprendizado e a aquisição de novos conhecimentos. 

2. Redução de comportamentos desafiadores: O ensino capacitado pode  ajudar a reduzir comportamentos desafiadores, proporcionando às  crianças estratégias para lidar com suas emoções e frustrações. 

3. Preparação para o futuro: Prepara as crianças com autismo para uma  transição mais suave para a vida adulta, equipando-as com habilidades  necessárias para o trabalho e a vida independente. 

4. Apoio às famílias: Oferece suporte às famílias, fornecendo orientação e  recursos para ajudá-las a compreender e apoiar melhor seus filhos com  autismo. 

5. Promoção da igualdade: Contribui para a promoção da igualdade,  garantindo que todas as crianças, independentemente de suas  diferenças, tenham acesso a uma educação de qualidade. 

6. Desenvolvimento emocional: Ajuda as crianças com autismo a  desenvolverem habilidades emocionais e a compreenderem e  expressarem suas próprias emoções. 

7. Comunicação eficaz: Foca na melhoria da comunicação, permitindo que  as crianças com autismo se expressem e compreendam melhor o mundo  ao seu redor. 

8. Empoderamento: Capacita as crianças com autismo, aumentando sua  autoestima e confiança, à medida que conquistam novas habilidades e  alcançam metas educacionais. 

9. Redução do estigma: O ensino capacitado também desempenha um  papel importante na redução do estigma em relação ao autismo,  aumentando a compreensão e a aceitação na sociedade. 

Portanto, o ensino capacitado para crianças com autismo é essencial para  garantir que elas tenham oportunidades justas e adequadas para crescer, aprender e se desenvolver plenamente. Isso não apenas beneficia as crianças  em questão, mas também enriquece nossa sociedade como um todo. 

2. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO AUTISTA  

A escola oferece oportunidades valiosas para interações sociais,  permitindo que os alunos autistas aprendam a se relacionar com colegas e  desenvolvam habilidades sociais cruciais. Assim como, a escola promove a  inclusão, ajudando a integrar alunos autistas na sociedade e a construir  comunidades mais diversas e compreensivas. A sala de aula é um ambiente  onde os alunos têm acesso a uma variedade de conhecimentos e habilidades,  preparando-os para enfrentar desafios acadêmicos futuros. Como também ajuda  a promover a independência, permitindo que os alunos autistas desenvolvam  habilidades de autocuidado e tomada de decisão. A interação com colegas e  professores na escola pode contribuir significativamente para o desenvolvimento  da linguagem e comunicação. A presença de alunos autistas na escola pode  aumentar a conscientização e promover a aceitação da neurodiversidade entre  os colegas, oferecendo a oportunidade de explorar uma variedade de interesses  e talentos, permitindo que os alunos autistas descubram suas paixões,  incentivando a definição de metas educacionais e pessoais, capacitando os  alunos a alcançarem seus objetivos. Por isso, os educadores podem adaptar  estratégias de ensino para atender às necessidades individuais dos alunos  autistas, promovendo um aprendizado mais eficaz com equipes multidisciplinares  que incluem psicólogos, terapeutas e especialistas em educação especial para  fornecer um suporte abrangente. Com isso, a escola enriquece a experiência de  vida dos alunos autistas, expondo-os a diferentes perspectivas e culturas. Sendo  através da educação que os alunos autistas podem se sentir mais empoderados,  confiantes e capazes de enfrentar os desafios da vida, com uma preparação na  participação cívica, sobre cidadania e responsabilidade social, capacitando-os a  se tornarem membros ativos da comunidade, tornando-se um onde os alunos  podem fazer amizades duradouras e construir relacionamentos significativos. Em resumo, a escola desempenha um papel crucial na formação de alunos autistas, oferecendo não apenas conhecimento acadêmico, mas também  oportunidades vitais de desenvolvimento social, emocional e pessoal. Ela  desempenha um papel importante na criação de indivíduos capacitados e  contribui para uma sociedade mais inclusiva e diversificada. 

3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO 

Jussara Hoffmann, renomada educadora e autora de best-sellers na área  da educação, argumenta que as tradicionais provas são predominantemente  utilizadas como um instrumento classificatório, carecendo da capacidade  necessária para medir adequadamente o conhecimento adquirido pelo aluno.  Segundo Hoffmann (2011), por muito tempo, a prática classificatória serviu como  meio para estimular o engajamento dos alunos, pois criava-se uma necessidade  artificial de aprender baseada na importância burocrática das avaliações. A  simples atribuição de notas parecia suficiente para motivar os alunos a se  dedicarem às atividades escolares. 

De acordo com Jussara, a inclusão pode, paradoxalmente, resultar em  exclusão quando a avaliação é usada para fins de classificação em vez de  promoção do aprendizado. Isso acontece quando as decisões de avaliação se  baseiam em critérios comparativos, em vez de levar em consideração as  necessidades individuais de cada aluno e o princípio de proporcionar igualdade  de oportunidades de aprendizagem e integração na sociedade, com igualdade  de condições educativas. Essa igualdade não está relacionada à abordagem  padronizada da avaliação, que exige que os alunos se igualem aos colegas ou  atendam às expectativas de um grupo fixo ou de um professor. Ela está  relacionada à necessidade de desenvolver abordagens de aprendizagem  personalizadas e formar educadores capazes de criar ambientes educacionais  inclusivos e adequados às diversas necessidades das crianças e jovens  brasileiros. 

Por outro lado, Iana Horta, pedagoga especializada em Educação  Especial, salienta que as crianças autistas frequentemente experimentam  oscilações comportamentais, sendo sensíveis a pequenas alterações em sua  rotina, o que pode levá-las a manifestar agressividade, impaciência e irritação.

A pedagoga também enfatiza que as avaliações tradicionais não conseguem medir  adequadamente o conhecimento dos estudantes, uma vez que são influenciadas  pelo estado de ânimo e bem-estar dos alunos no dia da avaliação. 

As pessoas possuem estilos de aprendizagem distintos, o que significa  que a forma como absorvem informações pode variar consideravelmente.  Enquanto algumas pessoas preferem a leitura como principal meio de adquirir  conhecimento, outras acham que ferramentas visuais, como desenhos, filmes e  quadrinhos, são muito mais eficazes. 

Essa diversidade de estilos de aprendizagem também se estende à  maneira como os indivíduos expressam o que aprenderam. Enquanto alguns  alunos podem se destacar em avaliações tradicionais, como provas escritas,  outros podem encontrar sua voz e demonstrar seu conhecimento de maneira  mais eficaz por meio de apresentações orais ou trabalhos práticos. 

Portanto, é imperativo que os educadores não se limitem a métodos de  ensino e avaliação padronizados, especialmente ao trabalhar com alunos que  têm diagnósticos como Transtorno do Espectro Autista (TEA), dislexia,  Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e outros. A inclusão e  a promoção da aprendizagem desses alunos exigem abordagens flexíveis e  diversas. 

Com o objetivo de oferecer avaliações que atendam às necessidades de  todos os alunos de maneira inclusiva, apresentam-se algumas sugestões: 

Atividades de Aperfeiçoamento: Propor atividades destinadas a  aprimorar e avaliar o conhecimento do aluno, sem a atribuição de notas  finais. Essas atividades devem ser cuidadosamente adaptadas para  alunos com TEA, usando textos claros e perguntas objetivas, evitando  metáforas. 

Essas estratégias reconhecem a individualidade dos alunos e garantem  que todos tenham a oportunidade de aprender e demonstrar seu  conhecimento da melhor maneira possível. Ao adotar abordagens inclusivas,  os educadores podem promover um ambiente de aprendizado mais eficaz e  equitativo.

Atividades em grupo podem ser realizadas de várias maneiras, como por  meio de brincadeiras, jogos, seminários ou dinâmicas em grupo. Essa  abordagem de avaliação oferece à criança ou adolescente a oportunidade de  demonstrar seus conhecimentos de forma lúdica, ao mesmo tempo em que  aprimora suas habilidades sociais e de comunicação. 

Atividades manuais e artísticas constituem uma forma criativa de avaliar o  entendimento dos alunos sobre determinados temas. Por exemplo, após a  apresentação da estrutura de uma célula animal, os alunos podem ser  desafiados a construir uma maquete representando essa célula. Essa  abordagem é particularmente eficaz para abordar conceitos abstratos e  desenvolver a coordenação motora. Outra opção seria avaliar a compreensão  de textos, incentivando os alunos a recontar uma história lida em sala de aula  por meio de desenhos, sequências de fotos ou apresentações teatrais. 

Entrevistar o profissional de apoio ou mediador que acompanha os alunos  neuro diversos durante o período letivo é uma estratégia valiosa. Esse  profissional está em contato diário com o aluno, oferecendo suporte,  respondendo dúvidas e auxiliando nas atividades. Sua perspectiva pode fornecer  insights valiosos sobre as habilidades, desafios e níveis de desenvolvimento do  aluno em diferentes matérias. Essas informações podem enriquecer o processo  de avaliação e ajudar a adaptar o ensino para atender às necessidades  específicas de cada aluno. 

Essas abordagens diversificadas de avaliação reconhecem a singularidade  de cada aluno e incentivam a expressão do conhecimento de maneiras variadas,  promovendo uma aprendizagem mais eficaz e inclusiva. 

4. AUTISMO NA CONTEMPORANEIDADE: 

O Jade EDU é um software educacional projetado para estimular o  desenvolvimento cognitivo de alunos com diversas habilidades, tanto típicos  quanto atípicos. Ele complementa o processo de aprendizado de maneira  envolvente, até mesmo fora do ambiente de sala de aula, e permite que os  professores acompanhem de perto o progresso acadêmico de seus alunos.

Enquanto as crianças se divertem com os jogos interativos disponíveis no  aplicativo, a plataforma avalia seu desempenho, identifica áreas de desafio e  pontos fortes e fornece relatórios detalhados aos professores. Essas  informações são valiosas para a criação de estratégias de ensino  personalizadas, resultando em uma sala de aula mais inclusiva e adaptada às  necessidades individuais dos alunos. 

Nosso objetivo transcende a simples promoção de alunos para o próximo  ano letivo. Almejamos oferecer ferramentas que capacitem as escolas a  proporcionar educação de forma inclusiva, onde o conhecimento seja acessível  a todos, independentemente de suas habilidades ou diferenças. O autismo,  também conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma  condição neurodesenvolvimental que afeta a maneira como uma pessoa pensa,  se comporta e interage com os outros. Os aspectos cognitivos do autismo podem  variar amplamente de pessoa para pessoa, mas geralmente envolvem  diferenças no processamento de informações sensoriais, na comunicação e na  interação social. 

Aqui estão alguns dos principais aspectos cognitivos associados ao autismo: 

1. Processamento sensorial: Muitas pessoas com autismo têm diferenças no  processamento sensorial. Isso significa que podem ser hiper ou hipo  reativos a estímulos sensoriais como luzes, sons, texturas e sabores.  Essas sensibilidades sensoriais podem afetar a forma como uma pessoa  com autismo percebe e interage com o ambiente ao seu redor. 

2. Comunicação: A comunicação é uma área-chave afetada pelo autismo.  Alguns indivíduos podem ter dificuldades na comunicação verbal e preferir  a comunicação não-verbal, como gestos ou comunicação através de  dispositivos de comunicação assistiva. Além disso, alguns podem ter  dificuldades em entender e interpretar a comunicação social, como  expressões faciais e tom de voz. 

3. Interação social: As pessoas com autismo podem enfrentar desafios na  interação social. Isso pode incluir dificuldades em estabelecer conexões  emocionais, entender e responder a pistas sociais sutis, como o olhar nos  olhos, e em participar de conversas e atividades sociais de maneira típica.

4. Padrões de comportamento repetitivos: Muitas pessoas com autismo  exibem padrões de comportamento repetitivos ou interesses restritos.  Isso pode incluir a repetição de movimentos, como balançar as mãos, ou  o foco intenso em tópicos específicos de interesse. 

No entanto, é importante notar que o autismo é altamente heterogêneo, e  cada indivíduo é único. Algumas pessoas com autismo têm habilidades  excepcionais em áreas específicas, como matemática, música ou arte. O apoio  e a intervenção precoces podem desempenhar um papel crucial no  desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais de uma pessoa com  autismo. 

As abordagens terapêuticas, como a Análise do Comportamento Aplicada  (ABA), a Terapia de Comunicação Aprimorada (AAC) e a Terapia Ocupacional,  podem ser usadas para ajudar indivíduos com autismo a desenvolverem suas  habilidades cognitivas e melhorar sua qualidade de vida. Além disso, a  conscientização e a aceitação do autismo desempenham um papel fundamental  na promoção da inclusão e do apoio às pessoas com autismo em suas  comunidades. 

O papel do professor desempenha um papel fundamental no aprendizado e  no desenvolvimento de estudantes autistas. A educação inclusiva, que visa  atender às necessidades de todos os alunos, incluindo aqueles com autismo,  exige que os professores desempenhem um papel ativo e adaptativo. Aqui estão  algumas considerações importantes sobre o papel do professor no aprendizado  de estudantes autistas: 

1. Conhecimento sobre o autismo: Professores devem buscar entender o  autismo, suas características e como ele pode afetar o aprendizado e o  comportamento dos estudantes. Isso envolve aprender sobre as  diferenças sensoriais, de comunicação e sociais comuns em pessoas com  autismo. 

2. Individualização do ensino: Cada aluno autista é único, portanto, os  professores precisam adaptar suas abordagens de ensino para atender  às necessidades individuais. Isso pode incluir a personalização do  currículo, a modificação de atividades e a oferta de apoios específicos, como comunicação alternativa ou estratégias de gerenciamento de  comportamento. 

3. Comunicação eficaz: Professores devem ser proficientes em  comunicação eficaz, o que pode incluir o uso de comunicação visual, clara  e direta. Eles também devem estar cientes das preferências de  comunicação de cada aluno autista e estar dispostos a utilizar métodos  alternativos, como a comunicação por meio de dispositivos de  comunicação assistiva. 

4. Ambiente de aprendizado inclusivo: O ambiente de sala de aula deve ser  acolhedor e inclusivo. Isso pode envolver a organização do espaço de  maneira a minimizar estímulos sensoriais aversivos, proporcionando  áreas de descanso sensorial, e incentivando a interação social positiva  entre os alunos. 

5. Colaboração com especialistas: Professores frequentemente trabalham  em equipe com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e  outros profissionais que têm experiência em autismo. Essa colaboração é  crucial para desenvolver estratégias eficazes de ensino e apoio. 

6. Estabelecimento de rotinas: Muitos alunos autistas se beneficiam de  rotinas estruturadas e previsíveis. Os professores podem ajudar a  estabelecer rotinas diárias claras e consistentes, fornecendo aos alunos  um senso de segurança e previsibilidade. 

7. Prática de empatia e aceitação: Professores devem promover um  ambiente de aceitação e empatia, tanto entre os alunos quanto entre os  colegas. Isso ajuda a reduzir o estigma e a promover a compreensão e o  respeito pelas diferenças. 

8. Avaliação contínua: Professores devem monitorar o progresso dos alunos  autistas de forma contínua e ajustar suas abordagens de ensino conforme  necessário. Isso pode envolver a coleta de dados sobre o comportamento  e o desempenho acadêmico e a revisão regular dos planos de ensino. 

Em resumo, o papel do professor no aprendizado de estudantes autistas  é essencial para garantir que esses alunos tenham acesso a uma educação  de qualidade e sejam apoiados em seu desenvolvimento. Isso exige compreensão, adaptação e um compromisso contínuo com a criação de  ambientes inclusivos e de apoio. 

A terapia ocupacional desempenha um papel importante no tratamento e  no desenvolvimento de habilidades em crianças autistas. Essa forma de  terapia visa ajudar as crianças a melhorar seu funcionamento e  independência em atividades diárias (ocupações) que são essenciais para  suas vidas, incluindo tarefas de autocuidado, habilidades sociais,  brincadeiras e participação na escola. 

Aqui estão alguns aspectos importantes da terapia ocupacional em crianças  autistas: 

1. Avaliação: O processo de terapia ocupacional geralmente começa com  uma avaliação abrangente das necessidades da criança. O terapeuta  ocupacional observa e avalia as habilidades motoras, sensoriais,  cognitivas e sociais da criança para determinar áreas de dificuldade e  identificar metas terapêuticas. 

2. Intervenção baseada em metas: Com base na avaliação, o terapeuta  ocupacional desenvolve um plano de intervenção individualizado que  inclui metas específicas a serem alcançadas. Essas metas podem se  concentrar em habilidades motoras finas e grossas, habilidades de  coordenação, regulação sensorial, habilidades sociais e de comunicação,  entre outras. 

3. Terapia sensorial: Muitas crianças autistas têm sensibilidades sensoriais  incomuns, como hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos  sensoriais. A terapia ocupacional pode incluir técnicas de integração  sensorial para ajudar a criança a regular e processar informações  sensoriais de maneira mais eficaz. 

4. Habilidades de coordenação motora: A terapia ocupacional ajuda as  crianças a desenvolverem habilidades motoras finas, como escrever,  recortar, amarrar sapatos e comer com utensílios. Também pode incluir atividades para melhorar a coordenação motora grossa, como correr,  pular e equilibrar-se. 

5. Autocuidado e habilidades de vida diária: Ensinar habilidades de  autocuidado, como vestir-se, escovar os dentes, tomar banho e usar o  banheiro de forma independente, é um componente importante da terapia  ocupacional para crianças autistas. 

6. Habilidades sociais e de comunicação: A terapia ocupacional também  pode abordar habilidades sociais e de comunicação, ajudando as crianças  a desenvolverem a capacidade de interagir com os outros, compreender  pistas sociais, fazer amizades e expressar suas necessidades de forma  eficaz. 

7. Treinamento de pais e cuidadores: Os terapeutas ocupacionais  frequentemente trabalham em estreita colaboração com os pais e  cuidadores para ajudá-los a entender e apoiar as metas terapêuticas da  criança em casa e em outros ambientes. 

8. Abordagem centrada na criança: A terapia ocupacional para crianças  autistas é altamente individualizada e adaptada às necessidades  específicas de cada criança. Os terapeutas ocupacionais usam uma  abordagem centrada na criança, adaptando as atividades terapêuticas  para envolver a criança de maneira motivadora e eficaz. 

É importante notar que a terapia ocupacional não é uma abordagem única  para o tratamento do autismo, mas pode ser parte de um plano de intervenção  abrangente que inclui outras terapias, como terapia fonoaudiológica e terapia  comportamental, dependendo das necessidades da criança. O objetivo geral da  terapia ocupacional é melhorar a qualidade de vida da criança, promovendo sua  independência, autoestima e participação ativa na sociedade.

CONCLUSÃO. 

Para que a avaliação educacional desempenhe um papel fundamental em  todo o processo de ensino-aprendizagem de crianças neuro divergentes, é  imperativo que o educador assuma uma abordagem responsável e cuidadosa  em sua prática pedagógica. É crucial que haja adaptações nos planos de aula  para esses indivíduos, levando em consideração não apenas seus desafios, mas  também suas habilidades e talentos individuais. Isso não implica em ignorar os  desafios, pelo contrário, eles representam os obstáculos reais que essas  crianças enfrentam e precisam ser compreendidos e abordados de maneira  individualizada. Por meio do uso de ferramentas apropriadas e direcionamentos  adequados, esses desafios podem ser enfrentados de forma mais eficaz e menos conflituosa para as crianças neuro divergentes. No entanto, é fundamental  que os educadores recebam apoio, tanto de profissionais especializados quanto  de médicos, para criar um ambiente de aprendizado verdadeiramente inclusivo. 

Para concluir, gostaria de compartilhar a reflexão da autora Jussara  Hoffmann sobre o ensino inclusivo e personalizado: 

“Em relação às práticas de avaliação, quero enfatizar que qualquer  abordagem que se baseie estritamente no coletivo, no que ‘serve para  todos’, pode deixar muitos alunos no anonimato. Os objetivos alcançados  pela maioria, as tarefas realizadas pela maioria, o interesse demonstrado  pela maioria, o livro lido por quase todos. Pelo contrário, o caminho da  aprendizagem deve ser sempre considerado como algo único e singular,  assim como a vida de cada indivíduo. É necessário exercitar a habilidade  de ‘aprender a olhar’ cada aluno, conhecendo sua experiência de vida,  suas iniciativas, suas realizações, suas emoções e desafios, suas  diferenças, e o inesperado que frequentemente ocorre.” (HOFFMANN,  2011, p.15)

REFERÊNCIAS: 

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APA. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of  Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric  Association, 2013. 

 BRASIL. Linha de cuidado para a atenção às pessoas com Transtornos do  Espectro do Autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do SUS.  Brasília: Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 

Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da  Saúde, 2013.  

CUNHA, E. Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola  e na família. 4. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2012. 

MAZET, P., Lebovici, S.. Autismo e psicoses da criança. Porto Alegre: Artes  Médicas. 1991. 

MERCADANTE, M. T.; GAAG, R. J. V.; SCHWARTZMAN, J. S. Transtornos  invasivos do desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett, transtorno  desintegrativo da infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra  especificação. São Paulo, 2007. 

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