ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA: UM DIAGNÓSTICO AINDA TEMIDO NA PARAÍBA APÓS 9 ANOS DE COMBATE AO MOSQUITO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11528054


Nayanne Medeiros Nóbrega¹, Gigliola Hellen Finizola Barbosa¹, Marta Morenas Roldán¹, Jedson Cordeiro Pontes¹,Nicolas Renan Avelino Mariz¹, Marialvo Laureano dos Santos Neto¹, Tiago de Souza Bido¹, Vítor da Nóbrega Medeiros¹, Fernando de Paiva Melo Neto², Bianca Etelvina Santos de Oliveira³.


RESUMO

O Zika Vírus é um arbovírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, o qual ganhou destaque nacional em vista do surto epidemiológico ocorrido em 2015, no Brasil, com associação de casos de microcefalia em bebês cujas mãe haviam apresentado infecção pelo Zika Vírus durante a gestação. Sendo observado que os primeiros casos registrados da doença começaram a surgir no estado da Paraíba no final de abril de 2015. Dessa forma, o presente estudo possui o objetivo de avaliar a relação da microcefalia nos recém nascidos com a prevalência do Zika Vírus na Paraíba. Sendo caracterizado como um estudo ecológico, associado a uma revisão da literatura, por meio da plataforma TABNET do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), e artigos publicados nas base dados PubMed, SciELO e Web of Science, e publicações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na Paraíba, os casos prováveis de arboviroses em 2024, até a semana epidemiológica do mês de abril totalizam 7.201, sendo 6.374 (88,52%) para dengue, 741 (10,29%) para chikungunya e 86 (1,19%) para Zika Vírus, confirmados no estado, conforme dados dos Boletins Epidemiológicos. No entanto, nos últimos nove anos, foram registrados 1.236 casos de microcefalia na Paraíba, conforme dados do DataSus, do Ministério da Saúde. Desses, 581 casos foram registrados no ano de 2015, seguidos de 496 casos no ano de 2016, período de epidemia da doença. Dessa forma, o estudo apresentado fornece uma análise abrangente sobre a epidemia de Zika Vírus e seus impactos na Paraíba, destacando os dados de microcefalia e outras complicações neurológicas associadas ao vírus desde o surto em 2015.

Palavras-Chave: Zika Virus; Microcefalia; Epidemiologia; Infecções por Arbovirus; Paraíba.

ABSTRACT

The Zika Virus is an arbovirus transmitted by the Aedes Aegypti mosquito, which gained national prominence in view of the epidemiological outbreak that occurred in 2015 in Brazil, with an association of cases of microcephaly in babies whose mothers had been infected with the Zika Virus during pregnancy. It was noted that the first recorded cases of the disease began to appear in the state of Paraíba at the end of April 2015. Therefore, the present study aims to evaluate the relationship between microcephaly in newborns and the prevalence of the Zika Virus in Paraíba. Being characterized as an ecological study, associated with a literature review, through the TABNET platform of the Department of Information and Informatics of the Unified Health System (DATASUS), and articles published in the PubMed, SciELO and Web of Science databases, and publications of the World Health Organization (WHO). In Paraíba, the probable cases of arboviruses in 2024, until the epidemiological week until the month of April, total 7,201, of which 6,374 (88.52%) for dengue, 741 (10.29%) for Chikungunya and 86 (1.19% ) for Zika Virus, confirmed in the state, according to data from the Epidemiological Bulletins. However, in the last nine years, 1,236 cases of microcephaly were registered in Paraíba, according to data from DataSus, from the Ministry of Health. Of these, 581 cases were registered in 2015, followed by 496 cases in 2016, a period of epidemic of the disease. Thus, the study presented provides a comprehensive analysis of the Zika Virus epidemic and its impacts in Paraíba, highlighting data on microcephaly and other neurological complications associated with the virus since the outbreak in 2015.

Keywords: Zika Virus; Microcephaly; Epidemiology; Arbovirus Infections; Paraiba.

1. INTRODUÇÃO

O Zika Vírus surgiu na Paraíba como uma doença “misteriosa”, assim, tratada por alguns periódicos da época. Os primeiros relatos eram de pacientes com manchas vermelhas pelo corpo e logo em seguida começaram a surgir os primeiros casos de malformação cerebral em bebês. Após pesquisas, descobriu-se tratar-se de um arbovírus transmitido principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti. Ele ganhou destaque devido ao surto ocorrido no Brasil em 2015, associado a casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas durante a gestação.

Os sintomas incluíam febre baixa, erupção cutânea, conjuntivite, dores musculares e articulares, e em alguns casos, complicações neurológicas. A prevenção envolve o controle do vetor e medidas de proteção contra picadas de mosquitos, especialmente em áreas endêmicas.

Nos últimos nove anos, foram registrados 1.236 casos de microcefalia na Paraíba, conforme dados da plataforma TABNET do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), do Ministério da Saúde (MS) – Registro de Eventos em Saúde Pública. Desses, 581 casos foram registrados no ano de 2015, seguidos de 496 casos no ano de 2016, período de epidemia da doença.

O Zika Vírus conseguiu deixar de ser uma infecção sem aparentes complicações e se tornou a maior preocupação das gestantes em um curto intervalo desde dos primeiros casos até a definição do diagnóstico de malformação cerebral em bebês. Essas mães temiam e temem até hoje o diagnóstico da microcefalia.

Ainda que não se fale tanto nos dias atuais, essa enfermidade registrou cinco casos de microcefalia em 2023, conforme registro do DATASUS, na Paraíba. E nos últimos nove anos, resultou em 81 óbitos.

Os primeiros casos registrados da misteriosa doença começaram a surgir no estado da Paraíba no final de abril de 2015, sendo registrado nos jornais da época, Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba, e a imprensa local tratou como eritema infeccioso. Logo, a doença chamou atenção dos órgãos públicos ligados à saúde na Paraíba que investigavam a ocorrência da doença, que tinha como sinal mais aparente o surgimento de manchas vermelhas na pele e coceira forte (ALMEIDA, 2016).

O surto da doença foi confirmado pela Secretaria de Estado da Saúde no dia 30 de abril de 2015, um dia depois que pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) identificaram que o causador da doença era o Zika Vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti (G1 GLOBO BA, 2015).

Sete meses depois, a Zika voltou ao foco das atenções no estado, desta vez de forma mais preocupante. No dia 11 de novembro do mesmo ano, o MS informou que estava investigando casos de microcefalia registrados na Paraíba e em outros estados do Nordeste. Durante uma coletiva de imprensa, o Ministro da Saúde da época, Marcelo Castro, explicou que foi declarado estado de emergência em saúde pública por causa da situação (ALMEIDA, 2016).

As investigações começaram após as secretarias de saúde de várias cidades identificarem um aumento no número de suspeitas de microcefalia registradas no segundo semestre desse mesmo ano. Na ocasião, o MS também explicou que havia a possibilidade de o aumento dos casos estar relacionado ao Zika vírus (ALMEIDA, 2016)

Essa relação do vírus com a má formação se deu após a médica Adriana Melo, da maternidade do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande, solicitar exames feitos com o líquido amniótico de dois bebês com microcefalia no município de Juazeirinho, no Seridó paraibano. Adriana requisitou um teste para identificar se as gestantes tinham sido infectadas pelo Zika Vírus durante a gestação. A confirmação da infecção foi divulgada pela Secretaria de Saúde de Campina Grande no dia 17 de novembro de 2015 (ALMEIDA, 2016).

Neste mesmo dia, o MS informou que a epidemia de contaminação por Zika vírus registrados no primeiro semestre era a “principal hipótese” para explicar o aumento dos casos de microcefalia na região Nordeste. Apenas 11 dias depois, o MS confirmou a relação inédita entre a infecção por Zika vírus e a microcefalia (ALMEIDA, 2016).

Ainda no início de dezembro, o Governo da Paraíba decretou situação de emergência no Estado, tendo em vista a incidência considerada anormal de casos de microcefalia. Para o ano seguinte, as expectativas eram caóticas.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é avaliar a relação da microcefalia nos recém nascidos com a prevalência do Zika Vírus na Paraíba, mesmo após mais de 9 anos de combate ao mosquito transmissor.

O trabalho está dividido em 4 sessões. A primeira é a introdução, em que trouxe considerações iniciais importantes sobre o que será abordado no seguinte trabalho. O desenvolvimento é a segunda parte que foi subdividida em tópicos e discorreu sobre a temática. A metodologia é a terceira parte onde serão abordados os materiais utilizados na pesquisa. Por fim, tem as considerações finais, que abrange as reflexões finais sobre os resultados obtidos e a análises sobre o trabalho apresentado.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura associada a um estudo epidemiológico, utilizando uma abordagem qualitativa. Quanto à metodologia utilizada na pesquisa, foi aplicada a pesquisa descritiva, visto que o objetivo da pesquisa foi de avaliar, identificar, e interpretar os dados sem a interferência do pesquisador.

A pesquisa foi realizada por meio de livros, publicações de artigos científicos, documentos e materiais da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), United States National Library of (PubMed), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da saúde e Web of Science. Sendo selecionados os idiomas, inglês, português e espanhol. Com recorte dos dados entre os anos de 2014 e 2024, da plataforma TABNET do DATASUS, acerca do Zika Vírus e da Microcefalia.

Além disso, foram utilizados os descritores dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH), “Zika Virus”, “Microcephaly”, “Epidemiology”, “Epidemics” e “Arbovirus Infections”, e suas variações, de forma isolada, ou combinados através dos operadores booleanos AND e OR.

Por fim, foram excluídos os estudos que não fossem contemplados pelos critérios de inclusão, bem como, as duplicatas e aqueles que não estivessem relacionados à temática proposta.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 A epidemia de Zika na saúde global

Ainda que não seja um vírus novo, somente a partir de 2015 alertou a atenção da mídia, da ciência, das agências financiadoras e dos órgãos nacionais e internacionais. O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em 1947 em Uganda, país do continente africano. Seu nome remete a uma floresta local e, literalmente, pode-se traduzir como “coberto” ou “cheio”. Foram detectados casos isolados em países da África e, no final da década de 1970, na Indonésia. A partir de 2007, foram descritas epidemias na Micronésia e em outras ilhas do oceano Pacífico (DICK et al., 1952).

Em fevereiro de 2014, o vírus foi registrado pela primeira vez nas Américas, com casos da doença reportados na Ilha de Páscoa (território chileno no oceano Pacífico), provavelmente relacionados com o surto na Micronésia. Em 2015, foi confirmada a circulação do vírus no Nordeste do Brasil. Em 2016, desde o mês de maio, 57 países e territórios relataram a continuação da transmissão por mosquito do vírus. Para 44 desses países, este é o primeiro surto de vírus Zika documentado (MUSSO et al., 2014b; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2016; ZANLUCA et al., 2015).

A infecção por Zika não é uma situação nova no mundo. No entanto, o vírus Zika era praticamente desconhecido até o surto em 2015, que mobilizou os agentes políticos nacionais e internacionais e capturou a atenção mundial. Essa atenção deve-se não propriamente à doença em si, mas à sua associação entre as infecções em grávidas com aumento anormal da incidência de microcefalia em recém-nascidos, além da associação com outras doenças como a Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma doença autoimune neurológica (NUNES, PIMENTA, 2016).

Outras doenças transmitidas por mosquitos também foram associadas a um risco aumentado da SGB. No entanto, a magnitude da doença em pessoas não grávidas tem sido tanto qualitativa como quantitativamente ofuscada por seu impacto dramático sobre a gravidez e a associação com a microcefalia. De fato, a epidemia mobilizou gestores, mídia, pesquisadores e sociedade em geral, em reações dramáticas que, não raras vezes, assumiram os contornos de grande alarmismo e alguns autores a denominam essa fase de “zikafobia” (GONZALEZ, 2016).

Uma das consequências de se continuar a pensar nas arboviroses (e na Zika em particular) como um “problema de mosquito” é a perpetuação da negligência de determinantes políticos, econômicos e ambientais – ou seja, do contexto mais amplo onde a doença se instala e se reproduz. Enquanto o contexto político em que as respostas à Zika se inserem produz pressões sobre o governo, exigindo respostas com resultados imediatistas, a resolução do problema requer necessariamente mudanças profundas, estruturais e de longo prazo, que permitam enfrentar os fatores que estão impedindo o Brasil e o mundo de lidar adequadamente com as arboviroses.

Torna-se urgente questionar e lidar com os problemas estruturais, universalizar o acesso à água tratada, coletar e dar destinação adequada ao lixo, expandir a oferta de saneamento, dentre outros. A doença tem revelado as contradições da sociedade brasileira e do mundo, bem como do atual modelo de desenvolvimento capitalista neoliberal, tais como: insuficiências do SUS e demais sistemas de saúde, problemas de saneamento, de abastecimento de água, necessidade de políticas de urbanização sustentável, entre outras questões de cunho social, econômico, político e cultural.

Conforme o último boletim epidemiológico da Paraíba, divulgado em abril deste ano, ou seja, 2024, de Nº 04-2024, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) 349 casos suspeitos de Zika na Paraíba. Destes, 24,64% (n=86/349) foram prováveis, 6,01% (n=21/349) foram confirmados, 75,35% (n=263/349) descartados. O critério de confirmação dos casos por exame laboratorial foi de 61,90% (n=13/21) e 38,10% (n=8/21) por critério clínico-epidemiológico. A taxa de incidência dos casos prováveis no Estado é de 2,12 casos por 100 mil habitantes, considerada baixa.

Até o dia 01/04/2024, o LACEN-PB realizou um total de 678 exames sorológicos para Zika (IgM). Deste total, 10 (1,47%) apresentaram resultados reagentes. Em relação ao exame de biologia molecular, foram realizadas 4.623 amostras, das quais 0 (0.00%) foram detectadas. Constatou-se que oito municípios tiveram casos de Zika Vírus. Campina Grande com dois resultados reagentes; Aroeiras, Cabaceiras, Camalaú, Monteiro, Olivedos, Pedra Lavrada e Queimadas com um resultado reagente cada.

Apesar da baixa incidência, a Secretaria de Saúde do Governo alerta para a sensibilização da população quanto ao autocuidado para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, contribuindo assim, para o controle das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya. Além de manter ativa a vigilância para a notificação dos casos suspeitos das Arboviroses.

3.2 Cenários de arbovírus na Paraíba

Na Paraíba, os casos prováveis de arboviroses em 2024, até a semana epidemiológica 13 totalizam 7.201, sendo 88,52% para dengue, ou seja, 6374 casos, 10,29% ou 741 para chikungunya e 1,19% para zika vírus, ou seja, 86 casos confirmados no estado, conforme das dos Boletim Epidemiológico. Os dados de investigações são ainda mais alarmantes, no Sinan 11.725 casos suspeitos de dengue na Paraíba.

Até a Semana Epidemiológica 13/2024, 84 casos foram notificados para Dengue com sinais de alarme ou dengue grave. Acerca dos óbitos, até o momento, há 03 óbitos confirmados nos municípios de Conde, Camalaú e Campina Grande. São 05 óbitos em investigação nos municípios de: Araçagi, Cabedelo, Caldas Brandão, Campina Grande e Santa Rita. 04 óbitos descartados nos municípios de: Campina Grande, Pocinhos, Santa Rita e Soledade. Há também dois óbitos confirmados por Chikungunya, nos municípios de Sapé e João Pessoa.

Figura 1 – Cenário epidemiológico das arboviroses na Paraíba, entre os anos de 2011 e 2024.

Quadro 1 – Casos de microcefalia na Paraíba, segundo os anos de notificações, entre os anos de 2015 a 2023.

Ano de NotificaçãoCasos
2015581
2016496
201750
201860
201916
202018
20217
20223
20235
Total1.236
Fonte: Autoria própria, com base em dados da plataforma TABNET do DATASUS, 2024.

Quadro 2 – Casos de microcefalia na Paraíba que obtiveram resultado pela ultrassonografia na gestação (resultados alterados, sugestivos de infecção congênita e com outras alterações), segundo os anos de notificações, entre os anos de 2015 a 2023.

Ano de NotificaçãoCasos
201524
201646
201729
201843
201911
202010
20214
20223
20232
Total172
Fonte: Autoria própria, com base em dados da plataforma TABNET do DATASUS, 2024.

Quadro 3 – Casos de microcefalia que tiveram evolução para óbito, segundo os anos de notificações na Paraíba, entre os anos de 2015 a 2023.

Ano de NotificaçãoCasos
201516
201617
20179
201823
20199
20204
20211
20221
20231
Total81
Fonte: Autoria própria, com base em dados da plataforma TABNET do DATASUS, 2024.

Quadro 4 – Casos de microcefalia que tiveram o diagnóstico laboratorial do RN para Zika Vírus positivo, segundo os anos de notificações, entre os anos de 2016 a 2020.

Ano de NotificaçãoCasos
20161
20172
201810
20193
20202
Total18
Fonte: Autoria própria, com base em dados da plataforma TABNET do DATASUS, 2024.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, o estudo apresentado fornece uma avaliação abrangente sobre a epidemia de Zika vírus e seus impactos na Paraíba, destacando a evolução dos casos de microcefalia e outras complicações neurológicas associadas ao vírus desde o surto em 2015. A epidemia de Zika evidenciou não apenas a vulnerabilidade das gestantes e dos recém-nascidos, mas também as lacunas estruturais no sistema de saúde e nas políticas públicas do Brasil, especialmente em áreas endêmicas.

Os dados indicam que, apesar da diminuição dos casos ao longo dos anos, a vigilância e o controle do vetor Aedes aegypti permanecem cruciais para prevenir novas infecções e surtos. A relação entre o Zika vírus e a microcefalia sublinhou a necessidade de uma resposta coordenada e eficaz, incluindo medidas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. Além disso, a epidemia destacou a importância de uma infraestrutura de saúde robusta e a necessidade de investimentos contínuos em saneamento básico, acesso à água potável e manejo de resíduos sólidos.

Portanto, as medidas preventivas e educativas devem ser mantidas e reforçadas, visando à eliminação dos criadouros do Aedes aegypti e à conscientização da população sobre a importância do autocuidado e da vigilância contínua. A persistência de casos de microcefalia e a ocorrência de novos surtos de Zika exigem um compromisso contínuo com a saúde pública e o bem-estar da população.

REFERÊNCIAS

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G1 GLOBO PB. Exames confirmam infecção por Zika vírus em dois casos de microcefalia. Globo Notícias Paraíba, João Pessoa, 17 de novembro de 2015a. Disponível em: https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2015/11/exames-comprovam-infeccao-por-zika-virusem-dois-casos-de-microcefalia.html. Acesso em: 24 abr. 2024.

G1 GLOBO PB. Surto de doença com manchas vermelhas na pele é confirmado na PB. Globo Notícias Paraíba, João Pessoa, 30 de abril de 2015b. Disponível em: https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2015/04/saude-confirma-surto-de-doenca-com-manch as-vermelhas-no-corpo-na-pb.html. Acesso em: 24 abr. 2024.

MUSSO, D. et al. Potential for Zika virus transmission through blood transfusion demonstrated during an outbreak in French Polynesia, November 2013 to February 2014. Euro Surveillance, 2014a.

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MUSSO, D. et al. Detection of Zika virus in saliva. Journal of Clinical Virology, 2015a.

MUSSO, D. et al. Potential sexual transmission of Zika virus. Emerging Infectious Diseases, 2015b.

NUNES, J; PIMENTA, D. N. A Epidemia de Zika e os Limites da Saúde Global. Lua Nova,2016.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Zika situation report – 5 May 2016. WHO, Genebra, Suíça 2016.

ZANLUCA, C. et al. First report of autochthonous transmission of Zika virus in Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 2015.


¹Discente do Curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ);

²Médico pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ);

³Neurologista e Docente do Curso de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).