A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CUIDADO DE  GESTANTES COM DIABETES GESTACIONAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11557880


Jayne dos Santos Machado;
Matheus Francisco Ferreira da Silva;
Laiza Soares Jorge;
Maria Tatiane Sousa Medeiros
Iraneide Quirino Soares


Resumo 

Objetivo: O objetivo do presente estudo é analisar através da literatura científica a  importância do papel da enfermagem na assistência da gestante com diabetes gestacional. Métodos: a pesquisa foi feita nas seguintes bases de dados: SciELO (Scientific  Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em  Ciências da Saúde) e BDENF (Base de Dados de Enfermagem). Como critérios de  inclusão foram adotados: Artigos completos disponíveis online e na íntegra e  publicados português, entre os anos de 2015 a 2024. Como critérios de exclusão  foram: Artigos duplicados, com ausência de resposta para a questão norteadora e  que sejam na língua estrangeira, além de capítulos de livros, tese de doutorado,  dissertação de mestrado e relatórios técnicos. Resultados: Foram encontrados 48  textos o estudo procedeu com a leitura dos títulos e resumos dos artigos, com a  finalidade de selecionar apenas os que possuíssem relação com o tema estudado.  Após a análise, foram selecionados 10 artigos que envolviam a temática estudada. A  partir das informações extraídas dos estudos, foi possível analisar acerca do cuidado  e assistência quanto às gestantes com diabetes em que oferece uma compreensão  aprofundada sobre a atuação do enfermeiro. Conclusão: Entre os estudos  analisados, fica evidente que a assistência de enfermagem prestada à gestante com  diagnóstico de diabetes desempenha um papel essencial, especialmente ao fornecer  orientações sobre a importância da adesão ao tratamento, controle alimentar e  posterior controle glicêmico, contribuindo para uma melhor qualidade de vida tanto  para a mãe quanto para o bebê.  

Palavras chaves: Enfermagem.Diabetes gestacional.Assistência 

Summary 

Objective: the objective of the present study is to analyze, through scientific  literature, the importance of the role of nursing in assisting pregnant women with  gestational diabetes. Methods: the research was carried out in the following  databases: SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Latin American  and Caribbean Literature in Health Sciences) and BDENF (Nursing Database). The  inclusion criteria were adopted: Complete articles available online in full and  published in Portuguese, between the years 2015 and 2024. The exclusion criteria were: Duplicate articles, with no answer to the guiding question and in a foreign  language, in addition to book chapters, doctoral thesis, master’s dissertation and  technical reports. Results: 48 texts were found and the study proceeded by reading  the titles and summaries of the articles, with the purpose of selecting only those that  were related to the topic studied. After analysis, 10 articles were selected that  involved the topic studied. Based on the information extracted from the studies, it was  possible to analyze the care and assistance provided to pregnant women with  diabetes, offering an in-depth understanding of the nurse’s role. Conclusion: Among  the studies analyzed, it is clear that nursing care provided to pregnant women  diagnosed with diabetes plays an essential role, especially when providing guidance  on the importance of adherence to treatment, dietary control and subsequent  glycemic control, contributing to better quality of life for both mother and baby.  

Keywords: Nursing.Gestational diabetes.Care

1 INTRODUÇÃO 

A gravidez representa uma fase marcante que sinaliza a transição de um ciclo de vida para outro, caracterizada por uma série de transformações que evocam uma gama de emoções, tanto positivas quanto negativas, nas mulheres. Nesse contexto, as mudanças fisiológicas, hormonais e psicológicas integram-se às expectativas e anseios da gestante (Cabral et al. 2018). 

Assim, é crucial salientar que muitas gestantes desconhecem os riscos associados à Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), bem como as complicações decorrentes dessa condição para a mãe e o bebê. Essa patologia é caracterizada por níveis elevados de glicose, pode resultar em complicações significativas. Estudos indicam que aproximadamente 7% das gestantes podem desenvolver DMG, com variações de 1% a 14% dependendo do grupo étnico e do método de avaliação. Notavelmente, um grande número de casos, estimado entre 2,4% e 72%, afeta mulheres brasileiras anualmente (Fernandes; bezerra, 2020). 

Entre os principais fatores de risco associados à Diabetes Mellitus Gestacional, destacam-se também os seguintes elementos: histórico de diabetes em parentes de primeiro grau, estatura inferior a 150 centímetros, utilização de diuréticos ou corticoides, uso de medicamentos hiperglicemiantes, antecedentes de aborto ou óbito neonatal, além da ocorrência de macrossomia ou Diabetes Mellitus Gestacional em gestações anteriores (Santos et al., 2020). 

O enfermeiro desempenha um papel de extrema importância na detecção da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). É responsabilidade do enfermeiro identificar, durante a consulta de pré-natal, quais desafios a gestante está enfrentando, realizar o diagnóstico da DMG, escolher o tratamento mais apropriado e fornecer informações sobre as causas da doença, bem como orientar sobre maneiras saudáveis de conviver com ela. Para isso, é fundamental que o enfermeiro estabeleça uma interação efetiva com a gestante, a fim de desenvolver um plano de tratamento que leve em consideração a realidade socioeconômica da paciente (Silva et al., 2023). 

O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam que o rastreamento seja realizado durante a primeira consulta de pré-natal e repetido entre a 24ª e 28ª semana de gestação em que baseiam-se na glicose plasmática de jejum (8 horas), nos pontos de jejum e de duas horas após sobrecarga oral de 75g de glicose (Teste Oral de Tolerância à Glicose – TOTG) e na medida da glicose plasmática casual. Uma pequena parcela sugere iniciar o rastreamento na 20ª semana de gestação. É relevante destacar que o Ministério da Saúde preconiza a realização do rastreamento para todas as mulheres durante a gestação (Salvador; pereira silva,  2022). 

Sendo assim, este trabalho se propõe a responder ao seguinte questionamento: como se dá a atuação do enfermeiro diante dos casos de DG e a sua importância? 

O estudo possui relevância social substancial, uma vez que contribui para o entendimento da importância da assistência de enfermagem no tratamento da Diabetes Gestacional, na identificação precoce dessa condição e na adoção de medidas significativas que podem reduzir a necessidade de uso de insulina posteriormente, minimizando os riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Portanto, a Diabetes Mellitus Gestacional tem um impacto significativo na saúde pública, pois seus efeitos não se limitam apenas ao período perinatal, mas também aumentam o risco de as crianças desenvolverem obesidade e síndrome metabólica na fase adulta (Souza, 2020). 

Portanto, o objetivo do presente estudo é analisar através da literatura científica a importância do papel da enfermagem na assistência da gestante com diabetes gestacional.

2 DESENVOLVIMENTO  

2.1 DIABETES MELLITUS 

A Diabetes Mellitus é uma condição metabólica resultante da insuficiência ou má absorção da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. A função primordial da insulina é decompor as moléculas de glicose, convertendo-as em energia para ser utilizada por todas as células do organismo. A ausência total ou parcial desse hormônio não apenas afeta a queima do açúcar, mas também interfere na sua transformação em outras substâncias, como proteínas, músculos e gordura (ALMEIDA et al., 2019). 

Isso ressalta a complexidade da diabetes e a necessidade de um tratamento abrangente que não só aborda a glicose sanguínea, mas também leve em consideração outros aspectos metabólicos do organismo. 

A falta de diagnóstico do Diabetes Mellitus é uma preocupação, com evidências de complicações microvasculares presentes em até 25% dos indivíduos no momento do diagnóstico clínico. Diante desse cenário, torna-se crucial considerar a realização de rastreamento em adultos assintomáticos para essa condição clínica (ARAÚJO et al., 2020). Investigar a evolução, índices e características de cada tipo de diabetes é fundamental para compreender a complexidade da doença. 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, conforme o “Estudo Multicêntrico sobre a Prevalência do Diabetes Mellitus no Brasil”, estima-se que a população global com diabetes seja de aproximadamente 382 milhões, podendo atingir 471 milhões até 2035. Essa condição afeta cerca de 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos em João Pessoa, apresentando magnitude semelhante a países desenvolvidos. Além disso, o diabetes gestacional ocorre em até 14% das gestantes, aumentando o risco de distúrbios hipertensivos durante a gestação (Diretrizes SBD, 2015). 

Com isso, sobre a prevalência do diabetes Mellitus no Brasil destaca a crescente preocupação com a saúde pública em relação a essa condição. Os números fornecidos pelo Ministério da Saúde revelam uma tendência alarmante de aumento global do diabetes, com projeções que indicam um aumento significativo até 2035. A ênfase na situação em João Pessoa, com uma taxa de prevalência semelhante à de países desenvolvidos, ressalta a necessidade de abordagens eficazes de prevenção e tratamento, especialmente em áreas urbanas. Além disso, a menção ao diabetes gestacional destaca outro aspecto crítico, evidenciando não apenas os desafios enfrentados pelas gestantes, mas também os potenciais riscos adicionais à saúde materna e fetal. Esses dados reforçam a importância da conscientização, educação e acesso a cuidados médicos adequados para lidar com essa epidemia crescente. 

Segundo a American Diabetes, a prevalência do Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) varia de 1% a 14% em todas as gestações, dependendo da população estudada e dos testes diagnósticos utilizados. O Estudo Brasileiro de Diabetes Gestacional (EBDG), concluído em 1997, revelou que a prevalência do diabetes gestacional em mulheres com mais de 25 anos, atendidas no Sistema Único de Saúde, é de 7,6%. 

O estudo brasileiro mencionado fornece uma estimativa significativa da prevalência do DMG em mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde, evidenciando a relevância desse problema de saúde pública no contexto nacional. Além disso, destaca-se a complexidade dessa condição e a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e holística no seu manejo. 

A Diabetes Mellitus é uma síndrome clínica caracterizada por hiperglicemia devido à deficiência na efetividade ou à diminuição da insulina, acarretando distúrbios metabólicos em carboidratos, lipídeos, proteínas e água e eletrólitos (ALMEIDA et al., 2019). É essencial ter em mente que o diabetes está associado a um conjunto de doenças, destacando a importância de considerar as possíveis complicações e permanecer atento a cada uma delas. 

A conscientização sobre as possíveis complicações associadas ao diabetes é crucial, e este comentário enfatiza a importância de estar atento a essas complicações para um tratamento eficaz e uma melhor qualidade de vida para os pacientes. 

2.1.2 Fisiologia da diabetes 

Conforme observado por Pereira et al. (2016), o diabetes é ocasionado  pela hipofunção das ilhotas pancreáticas, resultando na produção deficiente ou nula  de insulina, um hormônio que facilita a absorção de glicose pelas células, especialmente no fígado, onde é convertida em glicogênio. Existem dois principais tipos de diabetes: 

Tipo 1: Geralmente diagnosticado em crianças e adolescentes, sua origem está ligada à hereditariedade. Nesses casos, ocorre uma disfunção metabólica que impede as ilhotas pancreáticas de produzirem insulina, tornando necessária a aplicação diária de injeções desse hormônio; Tipo 2: Mais comum em pessoas com mais de 40 anos, o diabetes tipo 2 não depende diretamente de insulina e representa aproximadamente 80% dos casos. Nestes pacientes, as ilhotas pancreáticas produzem insulina em quantidade insuficiente, sendo frequentemente associado a um estilo de vida sedentário e obesidade (Diretrizes SBD, 2015). 

Com isso, a diferenciação entre diabetes tipo 1 e tipo 2 é bem delineada, ressaltando suas características distintas em termos de idade de diagnóstico, hereditariedade e dependência de insulina. A menção à necessidade de injeções diárias de insulina no diabetes tipo 1 e à associação do diabetes tipo 2 com fatores de estilo de vida, como sedentarismo e obesidade, destaca a importância de abordagens personalizadas no tratamento e prevenção dessas doenças. 

Assim, fornecesse uma visão abrangente e informativa sobre o diabetes, destacando sua complexidade e a necessidade de uma abordagem integrada que leve em consideração não apenas os aspectos biológicos, mas também os fatores ambientais e comportamentais que influenciam a condição. 

Durante a gestação, ocorre um aumento na resistência periférica à insulina e um aumento na produção de insulina pelas células beta do pâncreas. A resistência à insulina é intensificada devido à secreção placentária de hormônios considerados diabetogênicos, como o hormônio do crescimento, cortisol e lactogênio placentário humano (HPL) (Santos; Galeno; silva, 2018). 

Esse fenômeno fisiológico durante a gestação é fascinante e crucial para entendermos as adaptações metabólicas que ocorrem no corpo da mulher grávida. O aumento na resistência periférica à insulina e na produção de insulina pelas células beta do pâncreas é uma resposta adaptativa necessária para garantir o fornecimento adequado de nutrientes para o desenvolvimento fetal. 

Pode-se destacar duas adaptações metabólicas relevantes na gravidez: a contínua demanda por glicose e aminoácidos essenciais pelo feto, juntamente com as necessidades de ácidos graxos e colesterol; e as modificações hormonais, influenciadas principalmente pelo glucagon, somatotropina coriônica, estrogênios, progesterona e glicocorticoides. Além disso, a presença de enzimas específicas, como as insulinases placentárias, também desempenha um papel significativo nesse contexto (Santos; nascimento; vetorazo, 2022). 

Compreender essas mudanças metabólicas durante a gravidez é essencial para o manejo adequado da saúde materna e fetal. O monitoramento cuidadoso dos níveis de glicose e a intervenção precoce em casos de diabetes gestacional são fundamentais para garantir uma gravidez saudável e reduzir o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. 

2.1.3 Diabetes mellitus em gestantes 

Durante a gestação, ocorrem transformações no metabolismo energético e no acúmulo de gordura, sendo notáveis alterações como a hipoglicemia em jejum, o catabolismo acentuado dos lipídeos com formação de corpos cetônicos e o desenvolvimento gradual da resistência à insulina, processos regulados pelos hormônios placentários (Santos; Galeno; silva, 2018). 

Assim, pode-se observar as complexas mudanças metabólicas que ocorrem no corpo da mulher durante a gestação, todas elas essenciais para sustentar o desenvolvimento saudável do feto. A hipoglicemia em jejum, por exemplo, ocorre devido à preferência do feto pelo consumo de glicose, o que pode levar a uma diminuição temporária dos níveis de glicose no sangue da mãe. 

Na segunda metade da gestação, o hormônio lactogênio placentário (HPL), com características semelhantes ao hormônio do crescimento, desencadeia um aumento na secreção de insulina, embora diminua sua sensibilidade celular. Este hormônio, classificado como catabólico, estimula a lipólise e a gliconeogênese. Assim, no segundo trimestre, começam a surgir fatores hiperglicemiantes e contra insulínicos, levando a um rápido aumento nos níveis de glicose e, como resultado, às maiores demandas por insulina. Nesse período, a tendência materna muda de anabolismo para catabolismo, visando atender às necessidades fetais (Souza; Cintra; Santos,  2021). 

Diante da citação acima, há o destaque para o hormônio HPL e sua semelhança com o hormônio do crescimento é particularmente interessante, pois isso demonstra como a placenta desempenha um papel ativo na regulação metabólica durante a gravidez. A menção à mudança na tendência materna de anabolismo para catabolismo durante esse período ressalta a priorização das necessidades fetais, mesmo que isso envolva processos metabólicos que, em outras circunstâncias, poderiam ser considerados prejudiciais para a saúde materna. Isso destaca a complexidade e a importância da regulação hormonal durante a gestação para garantir o desenvolvimento adequado do feto. 

No terceiro trimestre, ocorre a maior alteração nos níveis de glicose devido à mobilização intensa de glicogênio. Gestantes com reservas pancreáticas limitadas de insulina podem desenvolver diabetes nesse estágio. As necessidades de insulina continuam a aumentar até as últimas semanas, quando se inicia a senescência placentária e a produção de fatores hiperglicemiantes diminui (Cordeiro; nogueira;  santos, 2022). 

Conforme observado, ocorre uma significativa evolução metabólica que ocorre no terceiro trimestre da gestação, especificamente em relação aos níveis de glicose e às demandas crescentes por insulina. A mobilização intensa de glicogênio nesse estágio pode resultar em flutuações significativas nos níveis de glicose sanguínea, representando um desafio particular para as gestantes com reservas limitadas de insulina. A possibilidade de desenvolver diabetes durante esse período ressalta a importância da vigilância médica contínua e do monitoramento regular dos níveis de glicose para garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê. As necessidades crescentes de insulina destacam a importância da adaptação do plano de tratamento para garantir um controle adequado da glicose e prevenir complicações associadas ao diabetes gestacional. 

O diabetes durante a gravidez pode ser categorizado como diabetes gestacional ou pré-gestacional. Segundo Almeida et al. (2019), o diabetes gestacional é definido como a intolerância à glicose que surge ou é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez. A resistência à insulina inicia-se por volta do segundo trimestre e persiste ao longo de toda a gestação. Mulheres com diabetes gestacional podem ou não manter a condição após o parto. Antigamente, quando a insulina ainda não havia sido descoberta, as taxas de mortalidade materna e perinatal eram significativas. O desenvolvimento de diabetes durante a gravidez é relativamente comum, inclusive entre mulheres sem histórico ou resultados elevados em testes de glicemia (Almeidaet  al., 2019). 

Além disso, a observação de que o desenvolvimento de diabetes gestacional é relativamente comum, mesmo entre mulheres sem histórico ou resultados elevados em testes de glicemia, ressalta a importância da vigilância cuidadosa e da detecção precoce dessa condição durante a gravidez. 

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o critério diagnóstico (fluxograma 1) em questão para o DMG tem como principal característica a observação da ocorrência de estados hiperglicêmicos, caracterizado por uma alteração glicêmica em jejum, superior a 126 mg/dL seguido de teste oral de tolerância a glicose (TOTG) com valores superiores a 200 mg/dL, devendo ser esta gestante caracterizada como um pré-natal de alto risco e receber acompanhamento individualizado com Ênfase clínica e laboratorial (OPAS, 2017). 

Os sintomas que a gestante pode apresentar incluem visão turva, sensação de fraqueza e micção frequente. A confirmação do diagnóstico pode ser obtida por meio de exames de sangue para analisar a taxa de glicemia ou por meio do teste oral de tolerância à glicose. O feto, dependente da mãe para nutrientes essenciais, não realiza a gliconeogênese e requer a colaboração materna. Devido à barreira placentária, os ácidos graxos livres não atravessam, sendo a glicose e os aminoácidos as únicas fontes energéticas disponíveis, resultando em níveis glicêmicos durante o jejum de 15 a 20mg/dl mais baixos do que em mulheres não grávidas, com uma possível tendência à hipoglicemia pós-abortiva (Araújo et al., 2020). 

Assim, é visto os sintomas e implicações da diabetes gestacional, uma condição que afeta mulheres grávidas. Além disso, é observado como o feto depende da mãe para nutrientes, destacando a necessidade de controle dos níveis de glicose para garantir um ambiente saudável durante a gestação. 

2.1.4 Riscos maternos e fetais 

Segundo Bomfim et al. (2022), ao investigarem 143 pacientes com Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) e seus fetos, identificaram as principais complicações materno-fetais associadas, bem como suas respectivas frequências. Estas incluíram infecção do trato urinário (11,9%), hipertensão arterial sistêmica (11,2%), doença hipertensiva específica da gestação (9,8%), abortamento (0,7%), hipoglicemia neonatal (48,6%), prematuridade (19%), macrossomia (24,6%), icterícia neonatal  (25,4%) e malformações (1,4%). 

Esse estudo oferece uma visão abrangente das complicações materno-fetais associadas à DMG, com base em uma amostra significativa de 143 pacientes. Os resultados destacam uma variedade de complicações, incluindo infecção do trato urinário, hipertensão arterial sistêmica e doença hipertensiva específica da gestação entre as complicações maternas, enquanto hipoglicemia neonatal, prematuridade, macrossomia, icterícia neonatal e malformações foram observadas nos fetos. 

Estudos recentes indicam uma sólida relação entre o Diabetes Mellitus e os níveis de retinol em mulheres grávidas. A presença dessa condição durante a gestação aumenta a propensão dessas mulheres a apresentarem deficiência na produção de vitamina A. Além de agravar as complicações decorrentes do avanço do diabetes, essa deficiência também torna os filhos mais suscetíveis ao desenvolvimento de carência de vitamina A (Almeida et al., 2019).

Essa informação ressalta a importância da atenção à saúde nutricional das mulheres grávidas com diabetes, não apenas para seu próprio bem-estar, mas também para o desenvolvimento saudável do feto. O reconhecimento dessa relação entre o diabetes e a deficiência de vitamina A pode influenciar as estratégias de intervenção e manejo dessa condição durante a gravidez, visando a prevenção de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. 

A Diabetes Gestacional, devido à deficiência de vitamina A materna, não apenas contribui para o aumento da incidência de xeroftalmia, mas também impacta a mortalidade de crianças pré-escolares, comprometendo a formação das reservas de vitamina A nos recém-nascidos (Araújo et al., 2020). 

As complicações crônicas associadas ao diabetes incluem nefropatias, retinopatia, neuropatia, amputações, artropatia de Charcot e manifestações de disfunção autonômica, abrangendo a disfunção sexual (Bomfim et al., 2022). 

Essas descobertas são fundamentais para compreender melhor os riscos e desafios associados à DMG, fornecendo informações valiosas para profissionais de saúde envolvidos no manejo e tratamento dessa condição. A variedade e frequência das complicações destacadas ressaltam a importância da vigilância e do acompanhamento cuidadoso durante a gravidez, visando minimizar esses riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. 

Quanto ao feto, a macrossomia fetal é caracterizada pelo peso do recém nascido acima de 4 kg, independentemente da idade gestacional da mãe. No  terceiro trimestre, essas crianças começam a acumular gordura, predominantemente no tronco, resultando em ombros largos, desproporção cabeça-ombro e  organomegalia (Araújo et al., 2020). 

Essa descrição é importante para os profissionais de saúde que lidam com gestantes, pois a macrossomia pode trazer complicações durante o parto, aumentando o risco de lesões para a mãe e para o bebê. Além disso, pode indicar uma possível relação com a saúde materna, como o controle inadequado do diabetes gestacional, que pode levar a um maior acúmulo de gordura fetal. Portanto, o reconhecimento precoce e o manejo adequado da macrossomia são essenciais para garantir resultados positivos tanto para a mãe quanto para o bebê. 

Anomalias congênitas, que normalmente ocorrem em 1 a 2% dos casos, têm uma incidência de 4 a 8 vezes maior em gestantes diabéticas. As lesões mais frequentes afetam o sistema cardiovascular e o sistema nervoso, incluindo síndrome de regressão caudal, espinha bífida, hidrocefalia, crista renal, entre outras (SANTOS et al., 2021). 

As anomalias congênitas podem ter um impacto profundo na saúde e no desenvolvimento do feto, especialmente quando afetam sistemas vitais como o cardiovascular e o nervoso. Entre essas anomalias, são mencionadas síndrome de regressão caudal, espinha bífida, hidrocefalia e crista renal, que exigem um acompanhamento cuidadoso durante a gestação e podem demandar intervenções médicas específicas após o nascimento. 

A policitemia e a hiperviscosidade estão correlacionadas ao controle glicêmico inadequado, afetando de 5 a 10% das crianças. Se não tratada, a policitemia neonatal pode evoluir para isquemia e infarto de tecidos vitais, incluindo rins e sistema nervoso central (Araújo et al., 2020). 

Esse alerta ressalta a importância da vigilância e do manejo adequado do diabetes gestacional e pré-existente durante a gravidez, visando minimizar o risco de anomalias congênitas e garantir um resultado saudável tanto para a mãe quanto para o bebê. 

A hipoglicemia neonatal, quando não tratada, pode resultar em convulsões, coma ou lesão cerebral, deixando sequelas. Além disso, hipoglicemia e hiperbilirrubinemia afetam 25% dos neonatos, podendo estar associadas à hipocalcemia nos primeiros três dias de vida, especialmente em casos de prematuridade e policitemia, o que pode complicar e levar à icterícia e ao kernicterus (Ferreira et al., 2019). 

Essas informações enfatizam a importância da detecção precoce e do tratamento eficaz da hipoglicemia neonatal, bem como da atenção à hiperbilirrubinemia e hipocalcemia, especialmente em bebês prematuros ou com outras condições médicas predisponentes. O reconhecimento desses riscos e a intervenção rápida são cruciais para evitar complicações graves, garantindo um começo de vida saudável para os recém-nascidos. 

A cardiomiopatia hipertrófica congestiva é estimada em cerca de 30%, manifestando-se principalmente em recém-nascidos macrossômicos e robustos, filhos de mulheres diabéticas. Bem como, as anormalidades neurológicas na infância podem surgir devido ao mau controle glicêmico durante a gravidez, resultando em possíveis alterações neurológicas (Almeida et al., 2019). 

É observado para as possíveis consequências do mau controle glicêmico durante a gravidez, que podem levar a anormalidades neurológicas na infância. Isso demonstra a importância do controle adequado do diabetes gestacional durante a gravidez, não apenas para o bem-estar da mãe, mas também para prevenir potenciais complicações neurológicas no desenvolvimento do feto. 

Embora tenha ocorrido uma diminuição nas complicações respiratórias nas últimas décadas, a síndrome da angústia respiratória ainda é uma preocupação. O aumento da relação lecitina/esfingomielina no terceiro trimestre não é afetado pelo diabetes materno, mas o surgimento de fosfatidilglicerol no líquido amniótico pode ser retardado em até uma semana e meia em mulheres com controle glicêmico inadequado. Descontroles respiratórios observados nesses bebês podem estar relacionados à taquipneia transitória, cardiomiopatia hipertrófica ou complicações infecciosas pulmonares (Ferreira et al., 2019). 

Assim, sendo analisado a necessidade de uma abordagem abrangente e proativa no manejo do diabetes gestacional, com foco não apenas na saúde materna, mas também no desenvolvimento saudável do feto e na prevenção de complicações a longo prazo para a criança. 

2.2 TRATAMENTO DA DIABETES GESTACIONAL 

O Ministério da Saúde (2006) afirma que: É fundamental manter adequados controles metabólicos, que pode ser obtido pela terapia nutricional (que deve estar baseada nos mesmos princípios básicos de uma alimentação saudável), aumento das atividades físicas, suspensão do fumo, associados ou não a insulinoterapia. Os hipoglicemiantes orais são contraindicados na gestação, devido ao risco aumentado de anomalias fetais. 

A administração de insulina no diabetes mellitus gestacional é indicada quando a abordagem terapêutica através de dieta e exercícios físicos não se mostra suficiente para atingir o controle metabólico desejado. Esquemas terapêuticos que combinam o uso de insulina intermediária com insulinas de ação rápida são considerados os mais fisiológicos; no entanto, em diversas situações, consegue-se um controle glicêmico adequado por meio da insulina de ação intermediária (NPH), administrada em três doses ao longo do dia (em jejum, almoço e antes de deitar). A dose inicial é calculada com base no peso materno, variando entre 0,4 a 0,5 U/kg/dia, sendo a dose maior administrada pela manhã (correspondendo à metade da dose total diária), e as outras duas doses menores no almoço e antes de dormir. Se necessário, a insulina regular pode ser introduzida antes das refeições. A continuidade do uso da insulina é recomendada para pacientes que já a utilizavam, enquanto para mulheres com diabetes tipo 2 que usavam anteriormente hipoglicemiantes orais ou para aquelas com diabetes gestacional que não obtiveram controle satisfatório com dieta e exercícios físicos, a insulina deve ser iniciada. A adaptação das doses é feita com base nas medições de glicemia, sendo o monitoramento ideal realizado em casa com tiras reagentes para leitura visual ou um medidor glicêmico apropriado (SANTOS et al., 2021). 

Os hipoglicemiantes orais têm sido considerados como uma alternativa terapêutica para pacientes com diabetes gestacional. A gliburida, por exemplo, não ultrapassa a barreira placentária e parece ser segura durante a gestação, proporcionando controle glicêmico semelhante ao obtido com o uso de insulina. Outra opção terapêutica segura durante a gravidez é a metformina (Shimoe et al., 2021). Além disso, mulheres grávidas diagnosticadas com diabetes devem ser acompanhadas de forma conjunta pela equipe de atenção básica e pela equipe de pré-natal de alto risco. 

A orientação dietética frequentemente se revela como terapia suficiente para alcançar o controle glicêmico em pacientes diagnosticadas com diabetes mellitus gestacional. Os objetivos dessa abordagem terapêutica incluem a regulação dos níveis de glicose, a prevenção da cetose, o estímulo a um ganho de peso apropriado e a promoção do desenvolvimento fetal e do bem-estar, conforme preconizado por Shimoe et al. (2021). Nesse contexto, é imprescindível o aconselhamento nutricional realizado de forma colaborativa entre a enfermeira e a nutricionista. A participação ativa da nutricionista na elaboração e adaptação da dieta, considerando a realidade específica da gestante, torna-se um elemento crucial para garantir a adesão efetiva ao tratamento. 

Para Siqueira (2017, p. 22) é importante: 

Fornecer todos os constituintes alimentares essências (p. ex., vitaminas, minerais) necessário para a nutrição equilibrada; – Satisfazer as necessidades energéticas; Atingir e manter um peso razoável;  Evitar amplas flutuações diárias nos níveis glicêmicos, com níveis sanguíneos de glicose num valor o mais próximo do normal que for seguro e prático para evitar ou reduzir o risco de complicações; Diminuir os níveis séricos de lipídios, quando elevados, para reduzir o risco de doenças macrovasculares (Siqueira, 2017,p. 22). 

O autor acima destaca uma abordagem abrangente e equilibrada para a nutrição durante a gestação, em que enfatiza a necessidade de fornecer todos os constituintes alimentares essenciais, como vitaminas e minerais, para garantir uma nutrição equilibrada, bem como satisfazer as necessidades energéticas da gestante. Além disso, é destacada a importância de atingir e manter um peso razoável durante a gravidez, o que é crucial para a saúde materna e fetal. 

A prática de exercícios físicos desempenha um papel crucial na promoção da melhoria do controle glicêmico, sendo fundamental incentivar a busca por atividades físicas específicas para gestantes, adaptadas a cada trimestre da gravidez. Os exercícios contribuem para potencializar o efeito da insulina e regular os níveis de glicose, tornando-se essencial encorajar as gestantes a participarem de atividades como a hidroginástica, mesmo que realizada diariamente. É de grande importância realizar o monitoramento diário da glicemia, uma vez que a prática de exercícios com níveis elevados de glicose sanguínea estimula a secreção de glucagon, hormônio do crescimento e catecolaminas. Como resultado, o fígado libera mais glicose, ocasionando um aumento nos níveis glicêmicos (Siqueira, 2017). 

Essa abordagem integrada, que combina exercícios físicos supervisionados e monitoramento cuidadoso da glicemia, reflete uma estratégia eficaz para o manejo do diabetes gestacional durante a gravidez, visando otimizar o controle glicêmico e promover uma gestação saudável. 

2.3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA DIABETES GESTACIONAL 

A consulta de enfermagem desempenha um papel crucial para a adequada condução do pré-natal, sendo a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) uma estratégia essencial para avaliar as necessidades da gestante. Através do Processo de Enfermagem, o profissional pode desenvolver um plano de ação em situações de risco, identificando os principais perigos para a mulher com Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) e prescrevendo cuidados como controle de glicemia capilar, orientações sobre alimentação saudável, atividades físicas conforme indicado e a importância da regularidade nas consultas pré-natais (Santos; Galeno; silva,2018).

Essa abordagem integrada reflete um compromisso com a saúde materna e fetal, garantindo que as gestantes com DMG recebam cuidados abrangentes e individualizados para otimizar os resultados da gravidez. A consulta de enfermagem desempenha um papel essencial nesse processo, fornecendo suporte e orientação cruciais ao longo do período pré-natal. 

As prescrições feitas pelo enfermeiro durante o pré-natal, focadas nos cuidados com os níveis glicêmicos, têm o potencial de prevenir malformações, problemas metabólicos para a criança, reduzir a predisposição à pré-eclâmpsia e eclâmpsia, além de minimizar sequelas hormonais e metabólicas para a gestante (Vieira neta, 2014). 

A integração dessas medidas preventivas no cuidado pré-natal demonstra uma abordagem proativa e holística para o manejo do DMG, destacando o papel fundamental do enfermeiro na promoção da saúde materna e fetal. Essas ações exemplificam o compromisso em fornecer cuidados de qualidade durante toda a gestação, visando o bem-estar integral da mãe e do bebê. 

O tratamento da gestante com DMG, conforme evidenciado por Soares et al. (2017), requer organização e a formulação de uma programação de consultas pré natais. Durante essas consultas de enfermagem, é essencial realizar uma escuta terapêutica para compreender todos os medos e anseios da gestante. O enfermeiro desempenha um papel central ao liderar sua equipe e monitorizar os níveis glicêmicos da paciente. 

Ao assistir uma gestante com DMG, o enfermeiro não se limita a ações assistenciais, mas desempenha um papel crucial na educação, ensinando a mulher sobre a importância de uma alimentação adequada, seguindo o plano alimentar proposto pela nutricionista da equipe multiprofissional, aderindo ao tratamento, praticando atividade física regular e buscando equilíbrio no ambiente doméstico e de serviço para reduzir o estresse (Primo et al., 2015). 

A educação oferecida pelo enfermeiro é crucial, pois capacita a gestante a compreender a importância de uma alimentação adequada, seguindo as orientações fornecidas pela equipe multiprofissional, especialmente da nutricionista. Além disso, incentiva a adesão ao tratamento, incluindo prática regular de atividade física e busca pelo equilíbrio emocional em casa e no ambiente de trabalho, visando reduzir o estresse. 

Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o enfermeiro desempenha um papel preventivo por meio de ações educativas em saúde, visando a integridade da mulher e do bebê. Nos casos em que a DMG é iminente, o enfermeiro atua na monitorização da glicemia, ensina a gestante a aplicar insulina nos casos de insulino dependência, fornece cuidados com a pele para prevenir problemas cicatriciais e lesões (SBD, 2017). 

Essa abordagem holística reflete o compromisso do enfermeiro em fornecer um cuidado integral e centrado na paciente, reconhecendo não apenas as necessidades físicas, mas também as emocionais e sociais da gestante com DMG. Ao desempenhar esse papel de educador e apoiador, o enfermeiro contribui significativamente para a promoção da saúde materna e fetal, além de melhorar a qualidade de vida da gestante durante a gravidez. 

Para garantir uma assistência humanizada, o enfermeiro e sua equipe multiprofissional dedicam-se a realizar um trabalho de pesquisa individualizado para cada gestante, levando em consideração suas particularidades. O foco do estudo sobre a assistência de enfermagem à gestante com Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é identificar e orientar na prevenção de hábitos alimentares que possam resultar em descompensações glicêmicas. Os profissionais de enfermagem devem empenhar-se na investigação dos hábitos alimentares, na prática de exercícios, na preservação do sono e na rotina diária, abordando todos os aspectos relevantes para a gestante com DMG (Siqueira, 2017). 

Nesse estudo, a abordagem integrada e individualizada reflete o compromisso do enfermeiro em fornecer cuidados de qualidade e centrados na paciente, reconhecendo as necessidades únicas de cada gestante com DMG. Ao promover a educação e o autocuidado, os profissionais de enfermagem capacitam as gestantes a adotarem comportamentos saudáveis que beneficiam não apenas sua saúde  durantea gestação, mas também o bem-estar a longo prazo delas e de seus bebês. O enfermeiro tem a responsabilidade de elaborar diagnósticos que contribuam para um tratamento eficaz, a prevenção de complicações e a prestação de orientações durante o acompanhamento de gestantes afetadas pela DMG, visando resultados positivos (Brasil, 2013). 

Essa ênfase na responsabilidade do enfermeiro na gestão do DMG ressalta sua importância vital no cuidado de gestantes, destacando seu papel fundamental na garantia de uma assistência de qualidade e no alcance de resultados positivos para a saúde materna e fetal. 

O profissional deve identificar se a gestante com DMG apresenta sobrepeso ou se está abaixo do peso, a partir do qual pode começar a idealizar diferentes estratégias de tratamento de acordo com o achado específico. Dessa forma, elabora um plano de cuidados personalizado, levando em consideração o peso abaixo ou acima do ideal, com o objetivo de controlar adequadamente os níveis glicêmicos dessa gestante (Nanda, 2007). 

Fonte: Araujo et al. (2020, p. 4). 

O enfermeiro deve estar sempre se utilizando de medidas educativas como estratégia de prevenção, buscando evitar o surgimento da patologia em gestantes de risco. Realizando campanhas educativas onde o objetivo seja o acompanhamento, controle e prevenção, mesmo que essas grávidas estejam sendo acompanhadas por outros profissionais é necessário que a equipe esclareça as dúvidas que cada um tem auxiliando-as a lidar com seus sentimentos, angústias, ansiedade, conflitos e necessidades (Araujo et al., 2020). 

Ao priorizar a educação e o suporte emocional, o enfermeiro contribui significativamente para o empoderamento das gestantes, capacitando-as a tomar decisões informadas sobre sua saúde e a do bebê. Essa abordagem centrada na pessoa é essencial para promover uma gravidez saudável e positiva, demonstrando o papel vital do enfermeiro na equipe de saúde obstétrica. 

É crucial ressaltar a importância da atuação do profissional de enfermagem no tratamento de gestantes com diabetes, pois a relação de confiança estabelecida entre o usuário e o profissional da unidade é essencial. Nesse contexto, é imperativo que o enfermeiro forneça orientações às gestantes sobre a importância de seguir o tratamento corretamente, incluindo informações sobre dietas restritas e a prática de atividades físicas específicas para gestantes, visando uma maior qualidade de vida (Queiroz et al., 2010). 

É relevante salientar que esse acompanhamento não deve ser exclusivo dos enfermeiros, mas também de outros profissionais especializados. Mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional devem ser encaminhadas para centros de atenção secundária. Já as gestantes com diagnóstico de diabetes pré-gestacional requerem assistência em centros de atenção terciária, sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar composta por médico obstetra, endocrinologista, nutricionista, enfermeira obstetra e outros profissionais, de acordo com a necessidade e gravidade do caso.  

3 METODOLOGIA 

3.2 TIPO DE ESTUDO 

Trata-se de um estudo descritivo do tipo Revisão Integrativa de Literatura. O estudo descritivo é caracterizado por descrever informações sobre um assunto, com finalidade de identificar, registrar e analisar características e aspectos de um fenômeno ou processo (NUNES; NASCIMENTO; LUZ, 2016). 

A revisão integrativa se dá pelas seguintes etapas: Identificação do tema ou formulação da questão norteadora; Amostragem ou busca na literatura dos estudos; Categorização dos estudos; Avaliação dos estudos incluídos na revisão; Discussão e interpretação dos resultados e Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação dos resultados da revisão integrativa, conforme imagem a seguir (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 

Figura1: Componentes da revisão integrativa.

Fonte: MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2019 

3.3 ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO E EXCLUSÃO DE ESTUDOS/ AMOSTRAGEM OU BUSCA NA LITERATURA 

Padrões foram estabelecidos para melhor objetividade do trabalho, devido a existência de variações para a condução dos métodos e desenvolvimento desse tipo de pesquisa. Assim, na presente revisão integrativa da literatura a questão norteadora para a elaboração desta revisão integrativa da literatura constitui em: “Qual a importância da assistência de enfermagem no cuidado de gestantes com diabetes gestacional?”. 

Levando em consideração a importância de algumas bases de dados no contexto da saúde, foram realizadas pesquisas através do acesso online, nas seguintes bases de dados: SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e BDENF (Base de Dados de Enfermagem). As palavras usadas para busca dos estudos são descritores exatos encontrados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). São elas: “Enfermagem”, “Diabetes gestacional” e “Assistência”. Essas foram utilizadas nos cruzamentos nas bases de dados acima citadas. Para realização desses cruzamentos foi utilizado o operador booleano AND. 

Como critérios de inclusão foram adotados: Artigos completos disponíveis online e na íntegra e publicados português, entre os anos de 2015 a 2024. Como critérios de exclusão foram: Artigos duplicados, com ausência de resposta para a questão norteadora e que sejam na língua estrangeira, além de capítulos de livros, tese de doutorado, dissertação de mestrado e relatórios técnicos. Após definição dos critérios de inclusão e exclusão, a busca foi realizada nas bases de dados utilizando os descritores. 

Na Figura 2, encontra-se representada a busca dos estudos nas bases de dados, resultando na identificação de 48 dados, 8 estudos removidos por duplicidade, 40 estudos selecionados e 25 excluídos após leitura de título e resumo, 15 estudos para leitura na íntegra e análise de elegibilidade, excluindo 5 estudos por ser anais de evento e fuga do objetivo, resultando em 10 estudos para revisão integrativa 

3.4 AVALIAÇÃO DOS ESTUDOS INCLUÍDOS NA REVISÃO INTEGRATIVA 

Para análise e discussão das informações foi utilizado a análise temática de acordo com Minayo (2014), que, segundo esta, a análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico visado. Operacionalmente a análise temática se desdobra em três etapas: 

Primeira etapa: Pré-Análise: Consistiu na escolha dos documentos que foram analisados e  na retomada dos objetivos iniciais da pesquisa. Esta etapa pode ser decomposta nas seguintes tarefas: 

-Leitura Flutuante – Este momento exigiu que o pesquisador tivesse contato direto e intenso como material de campo, deixando impregnar-se pelo seu conteúdo. -Constituição do Corpus – Diz respeito ao universo estudado em sua totalidade, em que respondeu a algumas normas de validade qualitativa: exaustividade: que o material contemplou todos os aspectos levantados no roteiro; representatividade: que ele conteve características essenciais do universo pretendido; homogeneidade: que obedeceu a critérios precisos de escolha aos temas, as técnicas empregadas e aos atributos dos interlocutores; pertinência: que os documentos analisados tenham sido adequados para dar resposta aos objetivos do trabalho. 

-Formulação e reformulação dos objetivos – Processo que consistiu na retomada da etapa exploratória, tendo como parâmetro da leitura exaustiva do material as indagações iniciais. 

Segunda Etapa: Exploração do Material: Consiste na escolha dos documentos numa operação classificatória que visa alcançar o núcleo de compreensão do texto. Para isso, o investigador buscou encontrar categorias que são expressões ou palavras significativas em função das quais o conteúdo de uma fala será organizado. 

Terceira Etapa: Tratamento dos Resultados Obtidos e  Interpretação: Nesta fase permite que se coloque em evidência as informações  obtidas. A partir daí o analista foi proposto inferências e realizou as interpretações,  interrelacionando-as com o quadro teórico desenhado inicialmente ou abre outras pistas em torno de novas dimensões teóricas e interpretativas, sugeridas pela leitura do material. 

3.5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 

Após a conclusão da coleta de dados, foi realizada leitura da amostra selecionada, buscando identificar as informações que viabilizem alcançar o objetivo proposto pelo presente estudo e que respondam à questão norteadora. 

3.6 APRESENTAÇÃO DA REVISÃO/SÍNTESE DO CONHECIMENTO 

A apresentação dos resultados foi feita por categoria temática embasado por Minayo (2014). Foi utilizado ainda quadros e/ou nuvem de palavras e imagens representativas para melhor apresentação dos estudos incluídos na revisão. 

3.7 ASPECTOS ÉTICOS 

Todas as produções utilizadas neste estudo foram rigorosamente referenciadas de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O estudo respeitou os autores das publicações analisadas, baseando-se na  lei de Direitos Autorais, nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998. A lei defende os  autores, especialmente suas propriedades intelectuais de caráter literário, científico ou artístico, podendo ser explorados por pesquisadores ou afins, visto que, uma vez encontradas em banco de dados on-line podem ser apreciadas, portanto, não configura-se afronta aos direitos autorais (BRASIL, 1998). 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Foram encontrados 48 textos o estudo procedeu com a leitura dos títulos e resumos dos artigos, com a finalidade de selecionar apenas os que possuíssem relação com o tema estudado. Após a análise, foram selecionados 10 artigos que envolviam a temática estudada. 

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS 

Tabela 1– Consolidação da revisão integrativa

Título Autor Ano Objetivo Principais resultados
Diabetes Gestacional: importância assistência da enfermagem para prevenção e controle, na atenção primária de saúde Mellitus Santos; Nascimento; da Ve torazo 2022 Verificar através de artigos científicos, a importância da Assistência de enfermagem para prevenção e controle do Diabetes Mellitus Gestacional na Atenção Primária de Saúde. Ao analisar os artigos selecionados, constatou-se que a importância da assistência da enfermagem para prevenção e controle, na atenção primária de saúde são inúmeras, enfatizando a consulta de enfermagem na assistência ao pré-natal de risco habitual e as suas atribuições voltadas para a prática educativa pautada no autocuidado, em que a gestante é aconselhada quanto aos riscos de complicações e agravos associados à doença.
Emergências obstétricas: assistência de enfermagem a uma paciente portadora de diabetes mellitus Ribeiro et al. 2020 Relatar a experiência de enfermeiros mediante a elaboração de um plano de cuidados a uma paciente portadora de diabetes gestacional. Observou-se que coube à enfermagem acompanhar a gestante, a partir da realização de exame físico e obstétrico, atentando-se a qualquer modificação em seu quadro clínico; elaboração de rotina para verificar os sinais vitais e administrar as devidas medicações prescritas. O cuidado de enfermagem foi desenvolvido mediante o histórico de enfermagem, no qual, foram levantados os problemas e diagnósticos de enfermagem, e posteriormente elaborado um plano de cuidados, adequado às necessidades da paciente.
A importância da assistência deenfermagem na realização do pré natal de gestantes com Diabetes Gestacional: uma revisão integrativa da literaturaSilva et al.       2023 Descrever a importância do enfermeiro no diagnóstico da Diabetes Mellitus Gestacional durante as consultas de pré natal nas Unidades Básicas de Saúde.Foi possível identificar a importância do enfermeiro em todo o processo gestacional, uma vez que é o primeiro profissional a prestar assistência à gestante, solicita exames e na maioria das vezes é quem identifica patologias importantes, como a Diabetes Gestacional, além de estar presente até o período pós-parto da gestante.
Assistência de enfermagem as gestantes com diabetes mellitus gestacionalCastegnaro; Oliveira2022 Encontrar nos materiais disponíveis, embasamento científico para a importante intervenção da enfermagem para as gestantes com diabetes mellitus gestacional.Foram encontrados 122 arquivos, onde os principais assuntos de origem são; Intervenção de enfermagem a gestantes com DGM; Consultas de enfermagem no pré-natal; Programas educativos para manejo da diabete mellitus gestacional; Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado na atenção primária em saúde e Tratamentos para diabetes mellitus gestacional.
Diabetes Mellitus Gestacional e o Papel do EnfermeiroAquino; Pereira; Lima2023 Identificar a importância do atendimento holístico nos cuidados de enfermagem a gestantes com diabetes gestacional.A atuação do enfermeiro junto a paciente com Diabetes Gestacional, torna-se fundamental importância devido à necessidade de cuidados específicos mas também, enfatiza-se a cuidado da sistematização da assistência de enfermagem para que tais cuidados sejam adequados e satisfatórios junto a paciente.
Cuidados do enfermeiro à gestante com diabetes gestacionalLima; Lima 2021 Levantar os principais cuidados do enfermeiro na assistência a gestantes e como questão norteadora e foco o quadro de diabetes mellitus gestacional e suas alterações clínicas e como o enfermeiro pode procederO estudo possibilitou observar que o enfermeiro atua na prevenção e tratamento dessa condição, realizando orientações sobre a fisiopatologia, ensino de técnicas para aplicação de insulina e estabelecimento de estratégias para aumento da adesão ao tratamento por parte da gestante.
Assistência de Enfermagem na monitorização da glicemia durante o pré-natal em 
mulheres com Diabetes gestacional
Souza 2018 Demonstrar a atuação e eficácia da assistência de enfermagem no tratamento do DMG através da orientação com foco no perfil glicêmico e autocuidado durante o pré-natal, visando prevenir as complicações materno-fetais.Mediante análise dos 10 artigos selecionados foi possível condensar as informações referentes às tecnologias utilizadas para tratamento do DMG, visando o monitoramento da glicemia capilar durante o pré-natal nessas gestantes. Demonstrou a importância da assistência de enfermagem, facilitando a compreensão das gestantes acerca da patologia, bem como a adesão e motivação ao autocuidado e ainda contribuiu para o conhecimento dos cuidados no pré-natal destas mulheres.
Assistência de enfermagem na Diabetes Mellitus GestacionalLins et al. 2023 Analisar a assistência de enfermagem prestada a gestante diabética, a partir de relatos literários.Entre os resultados, evidenciou-se os principais aspectos da clínica, diagnóstico e tratamento da Diabetes Gestacional, bem como a necessidade do acompanhamento contínuo e sistemático durante a gestão de cuidados no sentido de manter em estado de normalidade a saúde da gestante e o desenvolvimento fetal. É notório entre as gestantes o desconhecimento sobre a diabetes gestacional, os fatores de riscos e complicações geradas sobre a saúde materno fetal. Na compreensão dos resultados desta pesquisa, optou-se pela definição de duas categorias temáticas: 1) Compreendendo as potencialidades do cuidado assistencial de enfermagem e, 2) Fragilidade do cuidado assistencial de enfermagem.
Atribuições do enfermeiro na prevenção do diabetes gestacional na atenção primária á saúdeLima; Paula; Ribeiro2021 Explorar as atribuições do enfermeiro na prevenção da diabetes gestacional na APS.A maioria dos artigos evidenciou que o processo de educação em saúde é uma estratégia do enfermeiro que é fundamental para a prevenção da diabetes mellitus gestacional na atenção primária à saúde.
Cuidados de enfermagem na consulta de pré natal a gestante 
diagnosticada com diabetes gestacional
Paulino et al.2016Descrever o papel do enfermeiro no pré-natal para a prevenção e diagnóstico precoce da gestante com diabetes.Faz-se necessário, propostas de tratamentos individualizados para cada caso em situações específicas, avaliam que para um tratamento eficaz o profissional de enfermagem precisa fazer uma avaliação minuciosa a gestante.

Fonte: Autores, 2024. 

A partir das informações extraídas dos estudos, foi possível analisar acerca  do cuidado e assistência quanto às gestantes com diabetes em que oferece uma compreensão aprofundada sobre a atuação do enfermeiro. 

No estudo conduzido por Lins et al. (2023), é definido o DMG como a elevação irregular e/ou incontrolada dos níveis de glicose no sangue, ocorrendo  proximamente ao 3º trimestre da gravidez devido à resistência à insulina provocada pelos hormônios gestacionais. 

Segundo Souza (2018), o DMG é uma complicação comum durante a gestação, caracterizada por qualquer grau de intolerância à glicose diagnosticada durante esse período, afetando de 1% a 14% de todas as gestantes. 

No estudo de Lima e Lima (2021), é observado um predomínio significativo do DMG na população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, com uma taxa de 5,4% e sérios fatores de risco, como idade materna acima de 35 anos, sobrepeso ou obesidade durante a gestação (grau 1 e grau 2), e histórico de três ou mais gestações. 

Os principais fatores preditivos para o DMG incluem o ganho excessivo de peso e a idade materna avançada, conforme delineado pelo Ministério da Saúde (MS), que ressalta a importância da Atenção Primária à Saúde (APS) como ponto de partida para a prevenção e cuidado com a saúde, envolvendo uma equipe interdisciplinar composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. 

Paulino et al. (2016), em um estudo realizado por meio da análise de prontuários no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto-SP, constataram que as principais complicações observadas em gestantes diabéticas foram: Diabetes Mellitus tipo 2 (50%), aborto espontâneo (38,80%), hipertensão arterial (27,70%), infecções e partos pré-termo (16,60%). 

Esses resultados evidenciam a necessidade de ações preventivas mais eficazes, bem como a melhoria na prática assistencial diária direcionada a esse grupo de pacientes. 

Em estudos conduzidos por Lins et al. (2023), foi identificado que as enfermeiras possuíam um alto conhecimento sobre a patologia, realizavam ações eficazes de rastreamento, consultas de enfermagem e forneciam orientações sobre alimentação e práticas de exercícios físicos adequadas às limitações obstétricas, contribuindo assim para a redução da resistência insulínica, do peso e para o controle glicêmico. Os enfermeiros destacaram a importância de traçar estratégias para superar as dificuldades enfrentadas pelas gestantes em relação aos exames e à adesão terapêutica, contando com a colaboração municipal nesse processo. 

De acordo com Santos et al. (2022), a assistência pré-natal prestada pelo enfermeiro  deve priorizar a educação em saúde, os cuidados com a alimentação, a prática de atividades físicas, o controle da glicemia e a orientação sobre o tratamento medicamentoso. 

Com isso, é fundamental que o profissional de saúde, especialmente o enfermeiro, forneça orientações à gestante e seus familiares sobre a condição médica, explicando os riscos e destacando a importância de comparecer às consultas e realizar os exames para monitorar o progresso clínico, com o objetivo de minimizar complicações durante a gravidez. 

Ao analisar os fatores que influenciam a eficácia dos cuidados de enfermagem, torna-se evidente a carência de recursos financeiros e sociais, que impactam diretamente na adesão ao tratamento medicamentoso e à dieta para diabéticos. Destaca-se a necessidade de, no mínimo, quatro consultas nutricionais para garantir uma abordagem completa e eficaz (LIMA; PAULA; RIBEIRO, 2021). 

No entanto, apesar da crucial atuação do enfermeiro no cuidado das gestantes com DMG, a revisão de literatura conduzida por Santos, Nascimento e Vetorazo (2022) evidenciou problemas e lacunas na assistência a esses casos. Isso ressalta a necessidade de mais pesquisas sobre esse tema e esse grupo específico de gestantes, dada a gravidade das complicações potencialmente fatais tanto para o bebê quanto para a mulher. É fundamental que esse assunto receba a devida atenção e que o enfermeiro forneça assistência utilizando uma linguagem acessível e clara, de modo que as gestantes compreendam a importância da prevenção ou tratamento do DMG. 

O enfermeiro também deve orientar as gestantes a manter um peso adequado, levando em consideração o percentual de gordura adequado para cada biótipo. Isso é crucial, pois casos de DMG estão associados a importantes complicações materno fetais, tais como eclâmpsia, pré-eclâmpsia, macrossomia fetal e trabalho de parto prematuro. 

A criação de um plano de cuidados pode resultar em desfechos maternos e fetais positivos no caso do diabetes gestacional, pois as intervenções de enfermagem voltadas para gestantes diabéticas têm como principal objetivo a prevenção e promoção da saúde, através do estímulo ao autocuidado (RIBEIRO et al., 2019). 

Assim, este trecho destaca a importância fundamental da intervenção do enfermeiro no cuidado às gestantes com diabetes gestacional. Ao enfatizar a elaboração de um plano de cuidados, ressalta-se a necessidade de uma abordagem personalizada e holística para atender às necessidades específicas de cada paciente. Além disso, ao Ribeiro et al. (2020) mencionar que as ações de enfermagem são voltadas principalmente para a prevenção e promoção da saúde, destaca-se o papel proativo do enfermeiro na educação e no apoio às gestantes para que adotem medidas de autocuidado, como monitoramento da glicemia, adoção de uma dieta saudável e prática de atividades físicas adequadas. Essas medidas visam não apenas controlar o diabetes gestacional, mas também minimizar complicações tanto para a mãe quanto para o feto, promovendo desfechos maternos e fetais favoráveis. É crucial destacar que a consulta de enfermagem é uma atividade exclusiva do enfermeiro, sendo essencial para abordar a educação em saúde de maneira abrangente. Alguns autores afirmam que a condução de grupos de gestantes é fundamental para discutir o tema em questão (castegnaro; oliveira, 2022) 

A literatura ressalta a importância da capacitação do enfermeiro para oferecer assistência centrada nas necessidades da gestante na atenção básica, não se limitando apenas à assistência clínica, mas abrangendo todas as demandas e necessidades individuais de cada mulher (Silva et al., 2023). 

Estudos evidenciam a relevância do papel do enfermeiro em todo o processo de cuidado da gestante com diabetes gestacional, pois é esse profissional que identifica os fatores de risco que podem afetar a saúde da paciente, ainda no primeiro trimestre da gestação, durante as consultas pré-natais na Unidade Básica de Saúde (RIBEIRO et al., 2020). 

Além disso, é visto que há fragilidades na assistência de enfermagem em relação ao acompanhamento pré-natal das gestantes com diabetes gestacional. Quando as gestantes não comparecem às consultas na Unidade Básica de Saúde (UBS), torna-se fundamental que a equipe de saúde realize a busca ativa, indo até a residência dessas mulheres.

 CONCLUSÃO  

Entre os estudos analisados, fica evidente que a assistência de enfermagem prestada à gestante com diagnóstico de diabetes desempenha um papel essencial, especialmente ao fornecer orientações sobre a importância da adesão ao tratamento, controle alimentar e posterior controle glicêmico, contribuindo para uma melhor qualidade de vida tanto para a mãe quanto para o bebê. É crucial que a gestante compreenda a gravidade do diabetes e busque prevenir as principais complicações decorrentes da doença, evitando que se torne uma condição crônica em suas vidas. 

No entanto, no contexto assistencial, o enfermeiro se depara com alguns desafios que dificultam essa adesão terapêutica proposta, tornando necessário buscar soluções assistenciais que promovam uma melhor qualidade de vida diante do diabetes gestacional. É importante destacar que muitas dessas dificuldades estão relacionadas a fatores socioeconômicos, como dificuldades de transporte para consultas pré-natais e em unidades de saúde especializadas em gravidez de alto risco, além da realização de exames de alto custo e acesso a uma alimentação adequada. 

Portanto, as ações assistenciais devem priorizar a educação para o autocuidado, buscando sempre garantir que as gestantes compreendam suas condições de saúde para enfrentar o diabetes gestacional de forma eficaz. 

Assim, este estudo constatou a existência de várias publicações científicas abordando essa problemática, sendo a maioria delas resultados de pesquisas realizadas por profissionais enfermeiros. Isso é motivo de grande satisfação, pois evidencia o comprometimento desses profissionais em contribuir para o aprimoramento do acompanhamento pré-natal no Brasil.

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