REVISÃO INTEGRATIVA SOBRE AS FERRAMENTAS DIAGNÓSTICAS E AVANÇOS NO TRATAMENTO DA DEMÊNCIA E DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS

INTEGRATIVE REVIEW ON DIAGNOSTIC TOOLS AND ADVANCES IN THE TREATMENT OF DEMENTIA AND NEURODEGENERATIVE DISEASES

Graduação em Bacharelado em Medicina Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ – João Pessoa/PB

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202406041552


Autor: Maria Heloisa Soares Marques1
Co-autores: Andressa Lucena de Oliveira2; Douglas Jean de Araújo Primo3; Galdino Toscano de Brito Neto4; Isabel Cristina Carvalho Di Lorenzo5; Tercio de Oliveira Ramos6; Thaise Silva Amorim7; Kamylla Matos Duarte8; Gabriel Lucena de Sousa Reis9;
Orientador: Francisco Nêuton de Oliveira Magalhães10


RESUMO

As demências e doenças neurodegenerativas representam um crescente desafio para a saúde pública devido à sua alta prevalência e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Esta revisão integrativa teve como objetivo compilar e sintetizar as evidências disponíveis sobre as ferramentas diagnósticas e os avanços no tratamento dessas condições. Foram analisados estudos que abordam testes de imagem, biomarcadores, testes neuropsicológicos e genéticos, bem como tratamentos farmacológicos, intervenções não-farmacológicas e terapias inovadoras. Os principais achados incluem a utilidade da ressonância magnética na identificação de alterações estruturais cerebrais, a relevância dos biomarcadores amiloides na avaliação de distúrbios neurodegenerativos, a importância dos testes neuropsicológicos na avaliação cognitiva e comportamental, e o papel dos testes genéticos na identificação de mutações associadas a essas doenças. Além disso, foram discutidos os benefícios e limitações das terapias farmacológicas, intervenções psicossociais e o potencial das células-tronco pluripotentes induzidas. As implicações clínicas sugerem a necessidade de abordagens diagnósticas e terapêuticas multifacetadas e a contínua investigação para aprimorar a detecção precoce e o manejo dessas doenças.

Palavras-chave: demências, doenças neurodegenerativas, diagnóstico, tratamento, ressonância magnética, biomarcadores, testes neuropsicológicos, testes genéticos, levodopa, células-tronco pluripotentes induzidas.

ABSTRACT

Dementias and neurodegenerative diseases pose an increasing public health challenge due to their high prevalence and significant impact on patients’ quality of life. This integrative review aimed to compile and synthesize available evidence on diagnostic tools and advances in the treatment of these conditions. The studies analyzed included imaging tests, biomarkers, neuropsychological and genetic tests, as well as pharmacological treatments, non-pharmacological interventions, and innovative therapies. Key findings include the utility of magnetic resonance imaging in identifying structural brain changes, the relevance of amyloid biomarkers in assessing neurodegenerative disorders, the importance of neuropsychological tests in cognitive and behavioral evaluation, and the role of genetic tests in identifying disease-associated mutations. Furthermore, the benefits and limitations of pharmacological therapies, psychosocial interventions, and the potential of induced pluripotent stem cells were discussed. Clinical implications suggest the need for multifaceted diagnostic and therapeutic approaches and ongoing research to enhance early detection and management of these diseases.

Keywords: dementias, neurodegenerative diseases, diagnosis, treatment, magnetic resonance imaging, biomarkers, neuropsychological tests, genetic tests, levodopa, induced pluripotent stem cells.

1. INTRODUÇÃO

As demências e doenças neurodegenerativas representam um desafio crescente para a saúde pública global. Essas condições, que incluem doenças como Alzheimer e Parkinson, são caracterizadas pela degeneração progressiva do sistema nervoso, resultando em déficits cognitivos, motores e comportamentais. Com o envelhecimento da população mundial, a prevalência dessas doenças está aumentando significativamente, impondo uma carga considerável sobre os sistemas de saúde, as famílias e os cuidadores.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas vivem com demência em todo o mundo, e esse número está previsto para triplicar até 2050. A doença de Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais comum após o Alzheimer, afeta mais de 10 milhões de pessoas globalmente. A progressão dessas doenças, juntamente com a ausência de cura, enfatiza a necessidade urgente de avanços no diagnóstico precoce e no desenvolvimento de tratamentos eficazes.

O diagnóstico precoce é crucial para a gestão eficaz das demências e doenças neurodegenerativas, pois permite intervenções que podem retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Diversas ferramentas diagnósticas têm sido desenvolvidas, incluindo testes de imagem, biomarcadores, testes neuropsicológicos e testes genéticos. No entanto, a precisão e a eficácia dessas ferramentas variam, e há uma necessidade contínua de revisões sistemáticas para avaliar e comparar suas utilidades clínicas.

Paralelamente, os avanços no tratamento dessas condições têm sido igualmente variados. Tratamentos farmacológicos, intervenções não-farmacológicas e terapias inovadoras, como o uso de células-tronco pluripotentes induzidas, têm mostrado promessas. A revisão das evidências disponíveis sobre esses tratamentos é essencial para identificar as abordagens mais eficazes e orientar futuras pesquisas.

O objetivo desta revisão é compilar e sintetizar as evidências disponíveis sobre as ferramentas diagnósticas e os avanços no tratamento das demências  doenças neurodegenerativas. Este artigo pretende ser um recurso para profissionais de saúde e pesquisadores, contribuindo para a melhoria das estratégias de manejo das demências e doenças neurodegenerativas.

2. FERRAMENTAS DIAGNÓSTICAS PARA DEMÊNCIA E DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS

A avaliação diagnóstica das demências e doenças neurodegenerativas é fundamental para um manejo clínico eficaz. Nesta seção, revisaremos e sintetizaremos as informações sobre as principais ferramentas diagnósticas atualmente utilizadas, incluindo testes de imagem, biomarcadores, testes neuropsicológicos e testes genéticos. Para cada subcategoria, discutiremos as vantagens, limitações e as evidências de eficácia encontradas nos estudos revisados.

2.1. Testes de Imagem

O estudo realizado por Braak et al. (2003) proporcionou uma compreensão aprofundada sobre a progressão patológica da doença de Parkinson, utilizando técnicas de imagem para investigar os padrões de atrofia cerebral associados a essa condição Uma das descobertas mais significativas desse estudo foi a identificação de padrões característicos de atrofia cerebral em pacientes com Parkinson. Esses padrões, observados através da RM, proporcionaram aos pesquisadores uma visão detalhada das regiões do cérebro afetadas pela doença, permitindo uma compreensão mais abrangente da sua patogênese.

A utilidade da ressonância magnética na identificação de alterações estruturais no cérebro de pacientes com Parkinson foi enfatizada nesse estudo. A RM mostrou-se uma ferramenta diagnóstica eficaz para diferenciar entre indivíduos saudáveis e aqueles com a doença, fornecendo informações cruciais para o diagnóstico diferencial e o entendimento da progressão da doença ao longo do tempo.

Além disso, a capacidade da RM em identificar e mapear as áreas específicas do cérebro afetadas pela doença de Parkinson foi fundamental para o desenvolvimento de estratégias de tratamento e manejo da condição. Ao compreender os padrões de atrofia cerebral associados à doença, os médicos podem personalizar o tratamento de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, melhorando assim a qualidade de vida e retardando a progressão da doença.

Em resumo, o estudo de Braak et al. (2003) destacou a importância da ressonância magnética na identificação de alterações estruturais no cérebro de pacientes com Parkinson, fornecendo insights valiosos sobre a progressão da doença e contribuindo significativamente para o diagnóstico diferencial e o entendimento da patogênese da doença.

2.2. Biomarcadores

O estudo conduzido por Brody (2008) teve como foco a investigação dos biomarcadores amiloides e sua correlação com o estado neurológico em pacientes com lesão cerebral. Os resultados deste estudo proporcionaram evidências significativas sobre a relação entre os biomarcadores amiloides e o status neurológico dos pacientes, destacando o potencial desses biomarcadores na avaliação de distúrbios neurodegenerativos e traumas cerebrais.

A pesquisa de Brody (2008) foi crucial para avançar nossa compreensão sobre o papel dos biomarcadores amiloides na patogênese de doenças neurológicas. Ao investigar a presença e a quantidade desses biomarcadores em pacientes com lesão cerebral, o estudo revelou padrões e correlações importantes entre os níveis de biomarcadores amiloides e o estado neurológico dos indivíduos. Uma das principais contribuições deste estudo foi a identificação de uma associação entre os biomarcadores amiloides e a gravidade da lesão cerebral, bem como com os sintomas neurológicos apresentados pelos pacientes. Essas descobertas forneceram insights valiosos sobre o papel dos biomarcadores amiloides como indicadores potenciais de comprometimento neurológico e danos cerebrais.

Além disso, o estudo de Brody (2008) destacou a importância dos biomarcadores amiloides na avaliação de distúrbios neurodegenerativos, como a doença de Alzheimer, bem como em casos de lesão cerebral traumática. A capacidade desses biomarcadores em refletir alterações no cérebro dos pacientes torna-os ferramentas valiosas para o diagnóstico, prognóstico e monitoramento de doenças neurológicas.

Em suma, o estudo de Brody (2008) forneceu evidências importantes sobre a correlação entre os biomarcadores amiloides e o estado neurológico em pacientes com lesão cerebral, destacando o potencial desses biomarcadores na avaliação de distúrbios neurodegenerativos e traumas cerebrais. Suas descobertas contribuíram significativamente para o avanço da pesquisa e prática clínica no campo da neurologia.

2.3. Testes Neuropsicológicos

A revisão realizada por Arevalo-Rodriguez et al. (2014) evidenciou a importância fundamental dos testes neuropsicológicos na avaliação cognitiva e comportamental de pacientes com demência, fornecendo insights cruciais para o diagnóstico e manejo dessas condições. Os testes neuropsicológicos são ferramentas essenciais no processo diagnóstico de demências, pois permitem avaliar diferentes aspectos da função cognitiva, como memória, linguagem, atenção, habilidades visuoespaciais e funções executivas. 

A revisão de Arevalo-Rodriguez et al. (2014) destacou a relevância desses testes na identificação de déficits cognitivos específicos associados a diferentes tipos de demência, auxiliando na diferenciação entre os diversos subtipos e no estabelecimento de um diagnóstico preciso. Além disso, os testes neuropsicológicos também desempenham um papel importante no monitoramento da progressão da doença ao longo do tempo e na avaliação da resposta ao tratamento. Ao acompanhar as mudanças no desempenho cognitivo dos pacientes, esses testes podem fornecer informações valiosas sobre a eficácia das intervenções terapêuticas e ajudar a adaptar o plano de cuidados de acordo com as necessidades individuais de cada paciente.

Portanto, a revisão realizada por Arevalo-Rodriguez et al. (2014) ressaltou a relevância dos testes neuropsicológicos como uma ferramenta indispensável no processo diagnóstico e de manejo das demências, destacando sua capacidade de fornecer insights cruciais sobre a função cognitiva dos pacientes e orientar as decisões clínicas no cuidado dessas condições neurodegenerativas.

2.4. Testes Genéticos

O estudo conduzido por Kruger (1998) foi pioneiro ao investigar a mutação genética Ala30Pro em alfa-sinucleína e sua associação com a doença de Parkinson. A descoberta dessa mutação representou um avanço significativo no campo da genética da doença de Parkinson, uma vez que destacou a importância dos testes genéticos na identificação de marcadores genéticos associados a doenças neurodegenerativas. Esses testes têm o potencial de identificar indivíduos em risco de desenvolver a doença com base em sua predisposição genética, permitindo intervenções precoces e personalizadas para prevenir ou retardar o seu aparecimento.

Além disso, o estudo de Kruger (1998) ressaltou a complexidade da doença de Parkinson e a influência dos fatores genéticos em sua etiologia. A identificação de mutações genéticas específicas, como a Ala30Pro em alfa-sinucleína, não apenas forneceu insights sobre os mecanismos subjacentes à doença, mas também abriu novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias direcionadas que visam corrigir ou modular as alterações genéticas associadas.

Portanto, o estudo de Kruger (1998) desempenhou um papel crucial na compreensão da base genética da doença de Parkinson e destacou o potencial dos testes genéticos na identificação de marcadores genéticos associados a doenças neurodegenerativas. Essas descobertas representaram um marco importante na pesquisa da doença de Parkinson e abriram novas possibilidades para o diagnóstico, tratamento e prevenção da condição.

3. AVANÇOS NO TRATAMENTO DAS DEMÊNCIAS E DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS

3.1. Tratamentos Farmacológicos

I. Levodopa no Tratamento da Doença de Parkinson

O uso de levodopa é um dos pilares no tratamento da doença de Parkinson. Fahn (2004) destaca a eficácia da levodopa na redução dos sintomas motores associados à doença de Parkinson, discutindo seu papel na substituição da dopamina, um neurotransmissor que está em déficit nos pacientes com essa condição. A levodopa atravessa a barreira hematoencefálica e é convertida em dopamina, melhorando significativamente a função motora dos pacientes. No entanto, o uso prolongado de levodopa está associado ao desenvolvimento de complicações motoras, como discinesias e flutuações motoras, o que representa um desafio na gestão a longo prazo da doença.

II. Receptores Nicotínicos no Tratamento da Doença de Parkinson

Quik (2011) investigou o potencial dos receptores nicotínicos como alvo terapêutico para a doença de Parkinson. Os receptores nicotínicos estão envolvidos na modulação da liberação de dopamina, e a ativação desses receptores pode ter efeitos neuroprotetores e melhorar os sintomas motores. Estudos demonstraram que a estimulação dos receptores nicotínicos pode reduzir a degeneração neuronal e melhorar a função motora em modelos pré-clínicos da doença de Parkinson. No entanto, a aplicação clínica dessas terapias enfrenta desafios, incluindo a necessidade de desenvolver agonistas seletivos que minimizem os efeitos colaterais.

3.2. Intervenções Não-Farmacológicas

I. Intervenções Psicossociais no Cuidado de Pacientes com Demência

Boersma et al. (2014) realizaram uma revisão sistemática sobre a implementação de intervenções psicossociais no cuidado de pacientes com demência. As intervenções psicossociais incluem terapias cognitivas, atividades sociais e físicas, e abordagens baseadas na reminiscência. Estas intervenções têm mostrado benefícios na melhoria da qualidade de vida, redução de sintomas comportamentais e estabilização do declínio cognitivo. A revisão de Boersma et al. destacou a importância de uma implementação bem-sucedida dessas intervenções, utilizando o framework RE-AIM para avaliar a eficácia e a viabilidade prática em contextos de cuidado residencial. No entanto, a variabilidade na resposta dos pacientes e a necessidade de treinamento especializado para os cuidadores representam desafios significativos para a implementação.

3.3. Terapias Inovadoras

I. Células-Tronco Pluripotentes Induzidas (iPSCs)

Cao (2014) e Ross & Akimov (2014) discutem o uso de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) para modelagem de doenças e descoberta de fármacos em doenças neurodegenerativas. As iPSCs são derivadas de células somáticas reprogramadas para um estado pluripotente, permitindo a geração de neurônios específicos do paciente. Isso possibilita a criação de modelos celulares precisos das doenças, facilitando a compreensão dos mecanismos patológicos e a identificação de novos alvos terapêuticos. Além disso, as iPSCs têm o potencial de serem utilizadas em terapias de reposição celular, onde neurônios gerados a partir de iPSCs podem ser transplantados para substituir células perdidas devido à neurodegeneração. No entanto, a aplicação clínica dessas terapias enfrenta obstáculos, incluindo a imunogenicidade potencial e a necessidade de garantir a segurança e a estabilidade das células transplantadas.

II. Comparação dos Tratamentos Revisados

Os tratamentos farmacológicos, como a levodopa e os agonistas de receptores nicotínicos, têm mostrado eficácia significativa no manejo dos sintomas motores da doença de Parkinson, mas enfrentam limitações associadas a efeitos colaterais e complicações a longo prazo. Em contraste, as intervenções não-farmacológicas, particularmente as psicossociais, oferecem abordagens complementares que melhoram a qualidade de vida e reduzem sintomas comportamentais, embora sua implementação requeira treinamento especializado e adaptação às necessidades individuais dos pacientes.

As terapias inovadoras, como o uso de iPSCs, representam uma fronteira promissora na pesquisa e tratamento de doenças neurodegenerativas, oferecendo a possibilidade de intervenções personalizadas e regenerativas. No entanto, esses tratamentos ainda estão em fases experimentais e enfrentam desafios técnicos e regulatórios antes de sua ampla aplicação clínica.

3.4. Aplicações Práticas e Desafios na Implementação Clínica

A implementação prática dos tratamentos discutidos envolve a consideração de vários fatores, incluindo a individualização das terapias, a avaliação contínua da eficácia e a gestão dos efeitos colaterais. No caso dos tratamentos farmacológicos, é crucial equilibrar os benefícios sintomáticos com a gestão das complicações a longo prazo. As intervenções não-farmacológicas requerem um ambiente de cuidado integrado, onde os cuidadores estejam adequadamente treinados e as intervenções sejam adaptadas às necessidades específicas dos pacientes. As terapias inovadoras, embora promissoras, necessitam de mais pesquisas para garantir sua segurança e eficácia. A translação dos achados de pesquisas pré-clínicas para a prática clínica envolve desafios significativos, incluindo a padronização dos protocolos de reprogramação celular e o desenvolvimento de métodos para monitorar e controlar a imunogenicidade das células transplantadas.

Em resumo, os avanços no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas têm proporcionado novas esperanças e oportunidades para melhorar o manejo dessas condições devastadoras. No entanto, a implementação clínica desses tratamentos requer abordagens multidisciplinares e uma adaptação cuidadosa às necessidades individuais dos pacientes.

4. DISCUSSÃO

Nesta revisão integrativa, exploramos as ferramentas diagnósticas e os avanços no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas, abordando tanto as abordagens tradicionais quanto as inovadoras. A análise abrangeu testes de imagem, biomarcadores, testes neuropsicológicos, testes genéticos, tratamentos farmacológicos, intervenções não-farmacológicas e terapias inovadoras. Cada uma dessas áreas revelou avanços significativos, contribuindo para uma melhor compreensão e manejo dessas condições.

4.1. Comparação das Diferentes Ferramentas Diagnósticas e Tratamentos Revisados

4.1.1.  Ferramentas Diagnósticas

a) Testes de Imagem: A ressonância magnética (RM) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET) destacaram-se pela capacidade de detectar alterações estruturais e funcionais no cérebro. Braak et al. (2003) demonstraram a eficácia da RM na identificação de padrões de atrofia cerebral em pacientes com Parkinson, contribuindo para o diagnóstico diferencial e o entendimento da patogênese da doença.

b) Biomarcadores: Brody (2008) mostrou que biomarcadores amiloides no líquido cefalorraquidiano e no sangue estão correlacionados com o estado neurológico, oferecendo um método menos invasivo e potencialmente mais precoce para o diagnóstico de doenças neurodegenerativas.

c) Testes Neuropsicológicos: Arevalo-Rodriguez et al. (2014) enfatizaram a importância desses testes na avaliação cognitiva e comportamental, sendo fundamentais para o diagnóstico diferencial e monitoramento da progressão das demências.

d) Testes Genéticos: Kruger (1998) destacou a relevância da análise de mutações genéticas específicas, como a mutação Ala30Pro em alfa-sinucleína, para a identificação de marcadores genéticos associados a doenças neurodegenerativas.

4.1.2.   Tratamentos

a) Farmacológicos: A levodopa continua sendo um tratamento crucial para a doença de Parkinson, mas enfrenta desafios devido às complicações motoras a longo prazo (Fahn, 2004). Por outro lado, os agonistas dos receptores nicotínicos apresentam um novo horizonte terapêutico, com efeitos neuroprotetores promissores (Quik, 2011).

b) Intervenções Não-Farmacológicas: As intervenções psicossociais, conforme revisado por Boersma et al. (2014), mostraram-se eficazes na melhoria da qualidade de vida e na redução dos sintomas comportamentais em pacientes com demência.

c) Terapias Inovadoras: As células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) oferecem um potencial significativo para modelagem de doenças e terapias regenerativas. Estudos de Cao (2014) e Ross & Akimov (2014) destacam seu papel na descoberta de fármacos e na reposição celular.

4.1.3.    Pontos Fortes e Limitações dos Estudos Incluídos na Revisão

I. Pontos Fortes: A diversidade de abordagens diagnósticas e terapêuticas revisadas proporciona uma visão abrangente e multifacetada do estado atual da ciência. Estudos como os de Braak et al. (2003) e Brody (2008) forneceram insights profundos sobre a patogênese e a avaliação das doenças neurodegenerativas, enquanto as revisões sistemáticas de Arevalo-Rodriguez et al. (2014) e Boersma et al. (2014) sintetizaram vastos corpos de evidências de forma clara e organizada.

II. Limitações: Muitos estudos ainda são limitados por amostras pequenas, desenhos experimentais heterogêneos e falta de replicabilidade. A maioria das pesquisas sobre terapias inovadoras, como as iPSCs, está em fases pré-clínicas, necessitando de mais estudos clínicos para validar a segurança e eficácia dessas abordagens. A variabilidade nas respostas individuais aos tratamentos e a necessidade de personalização das intervenções representam desafios contínuos. 

5. CONCLUSÃO

Esta revisão integrativa analisou extensivamente as ferramentas diagnósticas e os avanços no tratamento das demências e doenças neurodegenerativas, proporcionando uma visão abrangente das estratégias atuais e emergentes. Os principais achados incluem:

I. Ferramentas Diagnósticas Avançadas:

a) Testes de Imagem: A ressonância magnética (RM) demonstrou-se crucial na identificação de padrões de atrofia cerebral, especialmente em pacientes com Parkinson, conforme evidenciado por Braak et al. (2003).

b) Biomarcadores: Estudos como o de Brody (2008) destacaram a correlação entre biomarcadores amiloides e o estado neurológico, sugerindo seu potencial para diagnósticos precoces e menos invasivos.

c) Testes Neuropsicológicos: A revisão de Arevalo-Rodriguez et al. (2014) sublinhou a importância desses testes na avaliação cognitiva e comportamental, essenciais para o diagnóstico diferencial e monitoramento da progressão das demências.

d) Testes Genéticos: A pesquisa de Kruger (1998) sobre a mutação Ala30Pro em alfa-sinucleína destacou a relevância dos testes genéticos na identificação de marcadores associados a doenças neurodegenerativas.

Avanços nos Tratamentos:

a) Tratamentos Farmacológicos: A levodopa continua sendo um tratamento eficaz para a doença de Parkinson, mas enfrenta desafios a longo prazo. Alternativas como os agonistas de receptores nicotínicos (Quik, 2011) mostram promessas neuroprotetoras.

b) Intervenções Não-Farmacológicas: Intervenções psicossociais, conforme revisado por Boersma et al. (2014), demonstraram melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes com demência.

c) Terapias Inovadoras: O uso de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) para modelagem de doenças e terapias regenerativas oferece um potencial significativo para avanços futuros, como discutido por Cao (2014) e Ross & Akimov (2014).

Recomendações Práticas para Profissionais de Saúde:

a) Adotar o uso de RM e biomarcadores como parte das rotinas de diagnóstico para aumentar a precisão e detectar precocemente as doenças neurodegenerativas.

b) Incorporar testes neuropsicológicos regulares para monitorar a progressão da doença e ajustar as intervenções terapêuticas conforme necessário.

c) Utilizar informações genéticas para personalizar tratamentos farmacológicos, considerando os perfis genéticos individuais dos pacientes.

d) Combinar tratamentos farmacológicos com intervenções não-farmacológicas, como terapias psicossociais, para melhorar os resultados gerais do paciente.

e) Treinar profissionais de saúde na utilização e interpretação das novas ferramentas diagnósticas e nos avanços terapêuticos.

f) Promover a educação continuada sobre os benefícios e limitações das terapias inovadoras, como o uso de iPSCs.

Em suma, a integração de diagnósticos avançados e terapias personalizadas, aliada a uma formação contínua dos profissionais de saúde, representa um passo crucial para melhorar os cuidados e resultados dos pacientes com demências e doenças neurodegenerativas. As futuras pesquisas devem focar em validar e expandir esses avanços, contribuindo para um manejo mais eficaz e humanizado dessas condições.


REFERÊNCIAS 

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QUIK, M. Targeting nicotinic receptors for Parkinson’s disease therapy. CNS & Neurological Disorders – Drug Targets, 10(6), 651-658, 2011.

ROSS, C. A., & AKIMOV, S. S. Human-induced pluripotent stem cells: potential for neurodegenerative diseases. Human Molecular Genetics, 23(1), 17-26, 2014.


1Autora é Graduanda de Medicina do Centro Universitário de João Pessoa | 2Graduanda de Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 3Graduando em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 4Graduando em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 5Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 6Graduando em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 7Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 8Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 9Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa | 10Professor Orientador do Curso de Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa