INTERVENÇÃO DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA EM  INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS COM PARALISIA CEREBRAL: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11477325


Ana Beatriz Da Rocha Moura1,
Fabio Ricardo Valentim2,
João Paulo De Souza Da Fonseca Mendes3,
Orientação da Prof(a). Monique de Sousa Paixão4,
Coorientação da Prof(a). Maria Eduarda Pontes dos Santos5


RESUMO

INTRODUÇÃO: A Paralisia Cerebral (PC) é uma condição complexa e permanente que afeta o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças, sendo a deficiência mais comum na infância. Caracterizada por alterações neurológicas decorrentes de lesões no cérebro em desenvolvimento, pode surgir durante a gestação, no momento do parto ou no período neonatal. OBJETIVO: Analisar a eficácia da Fisioterapia aquática (FA) como uma abordagem na reabilitação de indivíduos com PC, destacando seu papel no tratamento das disfunções neuromotoras presentes no início do seu desenvolvimento infantil até a adolescência. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura do tipo integrativa, realizada entre fevereiro e maio de 2024, através das bases de dados Cochrane Library, PEDro, BVS, LILACS, PubMed, utilizando os cruzamentos dos descritores DeCS (Descritores em Ciências e Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings), em combinação com o operador booleano AND. Através dos cruzamentos dos termos: Fisioterapia Aquática com Paralisia Cerebral e Hidroterapia com Paralisia Cerebral, assim como Aquatic Physiotherapyand cerebral palsy e Hydrotherapyand cerebral palsy, dos quais foram selecionados estudos que envolviam bebês, crianças e adolescentes com PC, na FA, nos idiomas em português e inglês nos últimos 5 anos (entre 2019 e 2024). RESULTADOS: A pesquisa resultou em 4 ensaios clínicos randomizados e 1 estudo experimental que preencheram os critérios de inclusão. DISCUSSÃO: Os estudos revisados forneceram evidências consistentes sobre os benefícios da FA para crianças com PC, destacando sua eficácia na melhoria do controle motor, equilíbrio e função muscular. CONCLUSÃO: Conclui-se que há uma consistente evidência dos benefícios da intervenção da FA como abordagem terapêutica para crianças e adolescentes com PC. Os resultados indicaram consistentemente benefícios dessa abordagem terapêutica, incluindo melhorias na função motora, controle postural, equilíbrio e estabilidade. No entanto, é necessário continuar a pesquisa para entender completamente o potencial dessa intervenção para melhorar sua aplicação clínica.

Palavras-chave: Fisioterapia aquática; Hidroterapia; Paralisia Cerebral.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Cerebral Palsy (CP) is a complex and permanent condition that affects the motor and cognitive development of children, being the most common disability in childhood. Characterized by neurological changes resulting from lesions in the developing brain, it can appear during pregnancy, at the time of birth or in the neonatal period. OBJECTIVE: To analyze the effectiveness of Aquatic Physiotherapy (AP) as an approach in the rehabilitation of individuals with CP, highlighting its role in the treatment of neuromotor dysfunctions present at the beginning of their childhood development until adolescence. METHODOLOGY: This is an integrative literature review, carried out between February and May 2024, through the Cochrane Library, PEDro, VHL, LILACS, PubMed databases, using the crossings of DeCS descriptors (Descriptors in Sciences and Health) and MeSH (Medical Subject Headings), in combination with the Boolean operator AND. By crossing the terms: Aquatic Physiotherapy with Cerebral Palsy and Hydrotherapy with Cerebral Palsy, as well as Aquatic Physiotherapy and cerebral palsy and Hydrotherapy and cerebral palsy, from which studies involving babies, children and adolescents with CP, in AF, in the languages in Portuguese and English in the last 5 years (between 2019 and 2024). RESULTS: The search resulted in 4 randomized clinical trials and 1 experimental study that met the inclusion criteria. DISCUSSION: The studies reviewed provided consistent evidence on the benefits of AF for children with CP, highlighting its effectiveness in improving motor control, balance and muscle function. CONCLUSION: It is concluded that there is consistent evidence of the benefits of AF intervention as a therapeutic approach for children and adolescents with CP. Results have consistently indicated benefits of this therapeutic approach, including improvements in motor function, postural control, balance, and stability. However, continued research is needed to fully understand the potential of this intervention to improve its clinical application.

Keywords: Aquatic Physiotherapy; Hydrotherapy; Cerebral Palsy.

1. INTRODUÇÃO

A Paralisia Cerebral (PC) é uma condição complexa e permanente que afeta o desenvolvimento motor e cognitivo de crianças, sendo a deficiência mais comum na infância. Caracterizada por alterações neurológicas decorrentes de lesões no cérebro em desenvolvimento, pode surgir durante a gestação, no momento do parto ou no período neonatal. Essas lesões resultam em limitações nas atividades cotidianas. Dentre as principais causas estão situações como hipóxia durante o parto, bem como outras complicações gestacionais e neonatais, como anormalidades da placenta, infecções, traumas no parto e prematuridade (Brasil, 2014; 2019).

No contexto brasileiro, as prevalências da PC revelam sua alta incidência: uma em cada quatro crianças afetadas não consegue falar ou andar, enquanto uma em cada duas apresenta deficiência intelectual e uma em cada quatro tem epilepsia. Esses números destacam não apenas a diversidade da PC, mas também a necessidade urgente de intervenções terapêuticas e de suporte para melhorar a qualidade de vida e o bemestar das crianças afetadas por essa condição neurológica (Brasil, 2019).

As condições neurológicas variam em gravidade, desde leves déficits até casos graves com restrições na mobilidade e cognição. Sintomas motores comuns incluem problemas na marcha, hemiplegia e espasticidade muscular, enquanto alterações cognitivas envolvem dificuldades na fala e no comportamento. O diagnóstico da PC é baseado em sinais clínicos, comumente identificados antes dos 18 meses de idade, sendo exames complementares usados para diferenciação de outras condições. Em casos leves, o diagnóstico pode ser confirmado por volta dos 24 meses, devido à presença de distonias transitórias (Brasil, 2014).

A abordagem fisioterapêutica, especialmente através da fisioterapia aquática (FA), desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil e jovens com PC, proporcionando um ambiente único que facilita movimentos desafiadores. Na água, a resistência natural fortalece os músculos suavemente, enquanto a flutuação melhora a postura e o equilíbrio. Compreender a complexidade da PC, reconhecer o papel crucial da fisioterapia e incorporar a FA é fundamental para oferecer suporte adequado. Essa abordagem holística contribui significativamente para maximizar o potencial e a qualidade de vida a esse público envolvido, promovendo um desenvolvimento mais suave e inclusivo (Lai; et al. 2015; Ramalho; et al. 2019).

O objetivo dessa revisão do tipo integrativa é demonstrar a relevância da FA como uma abordagem na reabilitação de indivíduos com PC, destacando seu papel no tratamento das disfunções neuromotoras presentes no início do seu desenvolvimento infantil até a adolescência. Visando fornecer uma compreensão mais profunda sobre a eficácia da FA como uma forma de terapia complementar, destacando seu potencial para melhorar a qualidade de vida e promover um desenvolvimento motor e cognitivo de forma mais saudável nesse grupo específico de indivíduos.

2. METODOLOGIA

A pesquisa em questão é uma revisão de literatura do tipo integrativa que se concentra em analisar estudos científicos sobre os efeitos da FA em indivíduos com PC no período compreendido entre os anos de 2019 e 2024, nos idiomas em português e inglês. Para coletar os dados necessários, foram exploradas diversas bases de dados, tais como Cochrane Library, PEDro, BVS, LILACS, PubMed. Os termos de busca utilizados foram: Fisioterapia Aquática, Hidroterapia, Paralisia Cerebral; Aquatic Physiotherapy, Hydrotherapy, cerebral palsy, nos descritores DeCS (Descritores em Ciências e Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings), em combinação com o operador booleano AND. Através dos cruzamentos dos termos: Fisioterapia Aquática com Paralisia Cerebral e Hidroterapia com Paralisia Cerebral, assim como Aquatic Physiotherapyand cerebral palsy e Hydrotherapyand cerebral palsy.

O estudo estabeleceu critérios específicos para inclusão e exclusão. Foram incluídos estudos completos disponíveis na íntegra do tipo randomizados e experimentais que envolviam bebês, crianças e adolescentes com PC, na FA, na linha cronológica dos últimos 5 anos, nos idiomas em português e inglês. Foram excluídos estudos incompletos, duplicados que envolviam adultos e idosos, tal como estudos que não fossem randomizados e experimentais que não abordassem a prática e as técnicas da FA na PC, no período inferior a 5 anos, assim como em outros idiomas. Essa delimitação foi feita com o objetivo de focar nas intervenções terapêuticas da FA durante as fases iniciais do desenvolvimento infantil até a fase jovem em indivíduos com PC.

Foram inseridas as principais palavras-chave: Fisioterapia Aquática, Hidroterapia, Paralisia Cerebral. Após a aplicação dos critérios expostos, os estudos foram selecionados em duas etapas: a primeira através da leitura dos títulos e resumos, e a segunda pela leitura completa do estudo, a fim de obter as melhores evidências científicas de acordo com a temática. Os estudos selecionados foram apresentados adiante de um fluxograma com informações a respeito dos critérios estabelecidos de inclusão e exclusão dessa revisão.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através dos critérios estabelecidos, quatro estudos foram selecionados para essa revisão e estão especificadas na tabela 2.

Autor/AnoTítuloObjetivoDesenho do estudoAmostragemIntervençãoResultadosConclusão
Akinola et al., 2019Efeito de um programa de treinamento de exercícios aquáticos                 de 10                 semanas na                 função motora grossa em                 crianças com paralisia cerebral espásticaInvestigar o efeito de um programa de treinamento de exercícios aquáticos de 10 semanas na função motora grossa em crianças com PC espástica.Ensaio clínico randomizadoA amostra envolveu 30 participantes, com idades entre 1 e 12 anos, divididos aleatoriamente em grupos experimental e controle.Ambos os grupos receberam tratamento de alongamento passivo manual e exercícios de treinamento funcional, tanto na água, quanto em terra. Cada sessão de treinamento teve duração de cerca de 1 hora e 40 minutos, ocorrendo duas vezes por semana ao longo de 10 semanas.Apenas o grupo experimental apresentou melhorias significativas em todas as dimensões da função motora grossa, exceto caminhar, correr e pular. Após 10 semanas de intervenção, houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos para todas as dimensões avaliadas.Conclui-se que o programa de treinamento de exercícios aquáticos é uma abordagem eficaz     na reabilitação funcional              de crianças com PC espástica.
Ramalho et al., 2019Protocolo de Controle de tronco em Ambiente Aquático para Crianças com Paralisia Cerebral: Ensaio Clínico RandomizadoAvaliar os efeitos de um protocolo de controle de tronco em ambiente aquático e sua repercussão na funcionalidade de indivíduos com PC diparéticoespástico, classificados no nível IV do GMFCS (Gross               Motor FunctionClassificati on System).Ensaio clínico randomizadoO            estudo envolveu                 24 crianças                 que foram alocadas em dois grupos: o grupo controle (GC), e o grupo intervenção (GI).O GC recebeu terapias convencionais, e o GI, participou de um protocolo de exercícios aquáticos. Onde foram utilizadas várias ferramentas de avaliação, incluindo a Escala de Medição do Controle Tronco (TCMS), o Teste Pediátrico de Alcance (PRT) e a Eletromiografia de Superfície (EMG) dos músculos reto abdominal e latíssimo do dorso.A análise constatou uma melhora significativa no equilíbrio em ambos os grupos (GC e GI) após a intervenção. O GC também apresentou um deslocamento maior após a intervenção em comparação com o GI. Além disso, houve uma melhora na ativação muscular do reto abdominal no GI.  Observou-se que a fisioterapia aquática trouxe    resultados positivos e ganhos motores relacionados         ao controle de tronco e funcionalidade para crianças com PC diparéticaespásticas , no GMFCS nível IV.
Chandolias et al., 2022O efeito da hidroterapia segundo conceito Halliwick em crianças com paralisia cerebral e avaliação do equilíbrio: ensaio clínico randomizadoO objetivo deste estudo é investigar o efeito     da hidroterapia baseada em Halliwick na base de apoio em crianças com PC.Ensaio clínico randomizadoO estudo avaliou o progresso de 16 crianças com PC em dois diferentes programas   de tratamento: hidroterapia Halliwick                 e fisioterapia clássica.10 crianças seguiram o programa de hidroterapia, enquanto as outras 6 seguiram o programa de fisioterapia clássica durante um  período de três meses. Para avaliar o equilíbrio das crianças foram utilizadas a escala de equilíbrio de Berg, e a Medida da Função Motora Grossa (GMFM) e uma placa de pegada, tanto antes do início do programa (pré-teste) quanto após três meses (pós-teste).Houve uma melhora estatisticamente significativa no grupo que recebeu essa intervenção em comparação com a fisioterapia clássica, especialmente notável nas avaliações utilizando as escalas de BERG e GMFM. Embora a mudança na base de apoio também tenha sido mais favorável no grupo da hidroterapia, essa diferença não foi estatisticamente significativa.O estudo constatou que o método Halliwick teve efeitos positivos na mobilidade e equilíbrio de crianças com PC.
Mostafa et al., 2022 Efeito          da terapia   aquática      no controle cefálico em crianças com paralisia cerebral. Investigar o efeito de exercícios aquáticos na cabeça recuperação funcional do controle                 e movimento em crianças com PC.  Estudo de casoParticiparam do estudo 29 crianças com PC, com idades entre 2 e 6 anos, de ambos os gêneros. A qual foi dividida aleatoriamente em dois grupos: Grupo controle (A) e Grupo de estudo (B).O grupo A recebeu exercícios terrestre em posições: decúbito ventral sobre a cunha, em decúbito ventral deitada sobre a bola e sentada no ringue. Já o grupo B recebeu exercícios aquáticos para controle da cervical, em posição prona e supina.  Ambas foram avaliadas nas escalas GMFM (Escala de Mobilidade Grossa Funcional) e na cVEMP (Potencial Evocado Miogênico Vestibular Cervical).Observou-se uma melhoria não significativa nas dimensões A e B do GMFM, mas uma melhoria significativa em certas medidas auditivas (P1 e N1) usando cVEMP tanto na orelha direita quanto na esquerda. Além disso, quando os valores pós-tratamento foram comparados com os valores pré-tratamento dentro de cada grupo, houve uma melhoria significativa nas dimensões A e B do GMFM, mas uma melhoria não significativa nas medidas auditivas (P1 e N1) usando cVEMP em ambas as orelhas.
Esmailiyan et al., 2023
O efeito de oito semanas de exercícios aquáticos na força
muscular em crianças com
paralisia
cerebral: um estudo de
caso
O objetivo deste estudo foi investigar o efeito de 8 semanas de exercícios aquáticos na força muscular de crianças com PC.Estudo de casoO estudo analisou 3 crianças com PC, com idade média de 6 a 5 anos, utilizando um método de estudo de caso único com o desenho A1-B-
A2          para comparar os efeitos da intervenção da FA.
Foram realizadas 24 sessões de intervenção individual, nas quais foram apresentados exercícios aquáticos aos sujeitos. As 3 crianças foram acompanhadas por duas semanas consecutivas e 1 mês após o término da intervenção.
 
O estudo constatou que os exercícios aquáticos melhoraram significativamente a força muscular em crianças com PC. Os resultados mostraram uma melhoria tanto nos músculos dos braços quanto das pernas e do tronco.Entende-se que os exercícios aquáticos podem ser uma opção eficaz para aumentar a força em crianças com PC, proporcionando um ambiente favorável para seu desenvolvimento.
Fonte: elaborado pelos autores, 2024.  

O presente estudo sobre a intervenção da FA na PC oferece uma análise detalhada dos benefícios e desafios dessa abordagem terapêutica. Ao examinar os resultados de cada estudo, foi possível compreender melhor os efeitos da FA como uma alternativa de intervenção em indivíduos diagnosticados com PC durante o processo do desenvolvimento infantil até a adolescência.

O estudo conduzido por Akinola et al. (2019) explorou os efeitos de um programa estruturado de exercícios aquáticos durante 10 semanas. Eles observaram melhorias significativas na função motora grossa das crianças participantes, atribuídas à flutuação da água e ao posicionamento antigravitacional proporcionados pelo ambiente aquático. A flutuação da água reduz a carga nas articulações, permitindo que as crianças realizem movimentos que seriam mais difíceis de executar em terra. Esse ambiente aquático facilita o aprendizado motor ao proporcionar suporte e resistência suaves, ajudando a desenvolver a força muscular e a coordenação.

Do mesmo modo Ramalho et al. (2019), ao investigar um protocolo de FA focado no controle do tronco, também observaram melhorias no controle postural e na estabilidade das crianças com PC. Eles destacaram o ambiente lúdico e seguro da água como facilitador para a motivação e adesão ao tratamento. O empuxo da água, uma de suas propriedades físicas, oferece suporte ao corpo, reduzindo a pressão sobre as articulações e os músculos, o que é particularmente benéfico para crianças com limitações motoras. Além disso, a viscosidade da água proporciona uma resistência que ajuda a fortalecer os músculos de maneira controlada e segura.

A analise de Chandolias et al. (2022) concentrou-se no método Halliwick, identificando melhorias no equilíbrio das crianças com PC. O método Halliwick, que é uma abordagem estruturada para o ensino de natação e habilidades aquáticas, enfatiza o desenvolvimento do controle motor e do equilíbrio em um ambiente aquático. A resistência da água, combinada com o suporte de flutuação, ajuda as crianças a praticarem e desenvolverem habilidades de equilíbrio e controle motor. No entanto, os autores apontaram para a necessidade de mais pesquisas com amostras maiores para confirmar esses resultados, sublinhando a importância de uma base de evidências mais desenvolvidas para validar a eficácia dessa intervenção.

O ensaio de Mostafa et al. (2022), ao examinarem o impacto dos exercícios aquáticos no controle da cabeça e função motora, destacaram os benefícios desses exercícios para promover o desenvolvimento motor. Eles enfatizaram a importância de um ambiente seguro e motivador para facilitar o progresso terapêutico. A FA se beneficia das propriedades térmicas da água, que pode ser aquecida para proporcionar conforto e relaxamento muscular, reduzindo a espasticidade e permitindo um movimento mais fácil e eficaz.

Por fim, o estudo de Esmailiyan et al. (2023) ressaltou os amplos benefícios da FA para crianças e adolescentes com PC, incluindo melhorias na função motora, qualidade de vida e autoconfiança. Eles destacaram que a FA não apenas melhora as capacidades físicas das crianças, mas também tem um impacto positivo em seu bemestar emocional e social. A pressão hidrostática da água exerce uma compressão uniforme no corpo, que pode ajudar a melhorar a circulação e reduzir edemas. Entretanto, o estudo enfrentou limitações, incluindo potenciais fontes de erro na medição clínica e irregularidade na participação das crianças devido a fatores como infecções respiratórias e a pandemia de COVID-19. Esses desafios destacam a necessidade de adaptar e melhorar as metodologias de pesquisa para garantir a precisão e a consistência dos resultados.

Em resumo, os estudos revisados forneceram evidências consistentes sobre os benefícios da FA para o público infantil e jovem com PC, destacando sua eficácia na melhoria do controle motor, equilíbrio e função muscular, através da intervenção fisioterapêutica somado as propriedades físicas da água que o ambiente aquático proporciona. Contudo, é necessário continuar a pesquisa para entender completamente o potencial dessa intervenção para melhorar sua aplicação clínica.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos estudos analisados nessa revisão foi possível concluir que há uma consistente evidência dos benefícios da intervenção da FA como abordagem terapêutica para crianças e adolescentes com PC. Os resultados indicaram consistentemente benefícios dessa abordagem terapêutica, incluindo melhorias na função motora, controle postural, equilíbrio e estabilidade. 

Além disso, o ambiente aquático foi destacado como facilitador da motivação e adesão ao tratamento. Assim como, enfatiza a importância de um ambiente lúdico, seguro e motivador para promover o progresso terapêutico.  Todavia, apesar das evidências promissoras da FA na PC, há uma necessidade de mais pesquisas, especialmente com amostras maiores, para validar e expandir os resultados, e assim entender integralmente seu potencial e otimizar sua aplicação clínica, visando melhorar a qualidade de vida e funcionalidade a longo prazo para esse grupo específico de indivíduos.

REFERÊNCIAS

ALVES, B. /. O. /. Paralisia cerebral. Disponível em:

<https://bvsms.saude.gov.br/paralisia-cerebral-2/>. Acesso em: 07 fev. 2024.

AKINOLA, Bolarinwa Isaac; et al. Effect of a 10-week aquatic exercise training program on gross motor function in children with spastic cerebral palsy. Global pediatric health, v. 6, p. 2333794X19857378, 2019. Acesso em: 10 abr. 2024.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações

Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa com paralisia cerebral /

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_paralisia_cereb ral.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2024.

CHANDOLIAS, Konstantinos; et al. The effect of hydrotherapy according to Halliwick concept on children with cerebral palsy and the evaluation of their balance: a randomised clinical trial. International Journal, v. 9, n. 4, p. 1, 2022. Acesso em: 15 abr. 2024.

ESMAILIYAN, Mehrnoosh; et al. The effect of eight weeks of aquatic exercises on muscle strength in children with cerebral palsy: A case study. Advanced Biomedical Research, v. 12, n. 1, p. 87, 2023. Acesso em: 02 maio. 2024.

LAI, Chih-Jou; et al. Pediatric aquatic therapy on motor function and enjoyment in children diagnosed with cerebral palsy of various motor severities. Journal of child neurology, v. 30, n. 2, p. 200-208, 2015. Acesso em: 05 mar. 2024.

MOSTAFA, Ahmed Mohamed Ahmed; et al. Effect of aquatic therapy on head control in cerebral palsy children. Current Pediatric Research, v. 25, n. 12, p. 1142-1149, 2021. Acesso em: 22 abr. 2024.

RAMALHO, Vanessa de Moraes; et al. Protocolo de controle de tronco em ambiente aquático para crianças com paralisia cerebral: ensaio clínico randomizado. Rev. bras. ciênc. saúde, p. 23-32, 2019. Acesso em: 05 mar. 2024.