ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL NA PARALISIA FACIAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11111717


Alessandra Patrícia S. Assunção1
Omero Martins Rodrigues Junior2
Pamela S. Cordeiro3
Pricila Cordeiro Alves4


Resumo: Este estudo tem como objetivo geral analisar a eficácia e o impacto da abordagem multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica, visando contribuir para a recuperação dos pacientes acometidos pela paralisia facial. Inicialmente, foi realizada uma revisão da literatura, utilizando a metodologia proposta por Gil (2018), para identificar estudos relevantes sobre a temática. A seleção dos artigos foi conduzida por meio de busca em bases de dados eletrônicas, como PubMed, Scopus e Google Acadêmico, utilizando termos de pesquisa específicos relacionados à paralisia facial periférica e abordagem multiprofissional. Foram incluídos 13 artigos que abordavam a atuação de diferentes profissionais de saúde na reabilitação da paralisia facial periférica. Os resultados da revisão destacaram a importância da abordagem multiprofissional, envolvendo profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, entre outros, no tratamento dessa condição clínica. Observou-se que a colaboração entre esses profissionais resultou em melhores resultados terapêuticos e funcionais para os pacientes, promovendo uma recuperação mais eficaz e uma maior satisfação com o tratamento. Além disso, a abordagem multiprofissional permitiu uma avaliação mais abrangente das necessidades individuais de cada paciente e uma intervenção mais personalizada, considerando aspectos físicos, emocionais e sociais. As discussões apontaram para a necessidade de uma integração efetiva entre os membros da equipe multiprofissional, garantindo uma comunicação clara e uma coordenação adequada dos cuidados. Além disso, ressaltou-se a importância do trabalho colaborativo na identificação e superação de desafios comuns no tratamento da paralisia facial periférica, como a redução da expressão emocional e a interação social prejudicada. Por fim, os resultados indicaram que a abordagem multiprofissional é uma estratégia promissora para otimizar o tratamento e a reabilitação da paralisia facial periférica, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes afetados.

Palavras chaves: Multiprofissional. Paralisia. Facial. 

INTRODUÇÃO

A paralisia facial periférica é um distúrbio que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, causando fraqueza ou paralisia nos músculos de um lado do rosto. Esta condição pode surgir de forma súbita e muitas vezes sem uma causa aparente, impactando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Diante da complexidade desse quadro clínico, torna-se fundamental uma abordagem multiprofissional no seu tratamento e reabilitação.

A abordagem multiprofissional na paralisia facial periférica envolve a colaboração e integração de diversos profissionais de saúde, como médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros especialistas, com o objetivo de oferecer uma assistência abrangente e personalizada aos pacientes. Essa abordagem considera não apenas os aspectos físicos da condição, mas também os aspectos emocionais, sociais e funcionais, visando promover a recuperação e o bem-estar global dos indivíduos afetados.

Nesta perspectiva, a presente revisão tem como objetivo explorar a importância da abordagem multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica. Serão discutidos os papéis e contribuições de cada membro da equipe, bem como as estratégias e intervenções utilizadas no manejo dessa condição clínica. Além disso, serão abordadas as evidências científicas mais recentes e as diretrizes clínicas recomendadas para uma abordagem eficaz e integrada da paralisia facial periférica.

Essa associação viral como possível causa da PFP tem ganhado mais evidência e atenção recentemente, sugerindo que infecções virais, como a causada pelo herpes simplex, podem desencadear processos inflamatórios e imunológicos que resultam na paralisia facial periférica (Smith et al., 2020; Jones et al., 2022). Essa compreensão mais aprofundada da etiologia viral da PFP tem implicações importantes no manejo clínico e no desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes para os pacientes afetados.

A localização da lesão do nervo facial, a gravidade da PFP e os diversos fatores etiológicos envolvidos contribuem para a diversidade de opções terapêuticas e planos de tratamento. Esse cenário suscita discussões sobre a importância de diferentes profissionais no manejo da PFP, seja dentro de suas especialidades ou como membros de equipes multidisciplinares. A abordagem multiprofissional possibilita a integração de informações de diversas áreas para garantir o cuidado abrangente ao paciente. Isso requer que os especialistas compartilhem seus conhecimentos na formulação de um plano terapêutico eficaz, levando em conta as necessidades individuais do paciente, em contraste com um tratamento fragmentado em diferentes especialidades (Severo, 2010).

Com base no exposto levantou-se o seguinte questionamento:’’Qual é o impacto da abordagem multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica e como essa estratégia pode contribuir para a recuperação dos pacientes?’ Supõe-se que a abordagem multiprofissional, que envolve a colaboração de diferentes profissionais de saúde, pode resultar em melhores resultados terapêuticos e funcionais para os pacientes com paralisia facial periférica, promovendo uma recuperação mais eficaz e uma maior satisfação com o tratamento.

O objetivo geral é analisar a eficácia e o impacto da abordagem multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica, visando contribuir para a recuperação dos pacientes. E específicos:

1. Investigar os papéis e contribuições de profissionais de saúde na abordagem multiprofissional da paralisia facial periférica.

2. Avaliar as estratégias e intervenções utilizadas pelos diferentes membros da equipe na reabilitação de pacientes com paralisia facial.

3. Identificar as evidências científicas mais recentes e as diretrizes clínicas recomendadas para uma abordagem integrada e eficaz da paralisia facial periférica.

Para investigar os papéis e contribuições de cada profissional de saúde na abordagem multiprofissional da paralisia facial periférica, é fundamental analisar como a atuação de cada um desses profissionais se integra para proporcionar um tratamento abrangente e eficaz aos pacientes. A fonoaudiologia desempenha um papel crucial no tratamento da paralisia facial, trabalhando na reabilitação da musculatura facial, no controle da salivação e na reabilitação da fala e da deglutição. Os fisioterapeutas, por sua vez, focam na reabilitação motora, utilizando técnicas de estimulação elétrica, exercícios de fortalecimento e alongamento, além de promoverem a conscientização corporal. Os odontólogos podem contribuir com o tratamento da disfunção temporomandibular (DTM) e com a avaliação e adaptação de próteses dentárias para garantir uma oclusão adequada. Por fim, os médicos são responsáveis pelo diagnóstico preciso da causa da paralisia facial, prescrevendo tratamentos medicamentosos quando necessário e acompanhando a evolução do paciente.

No que diz respeito às estratégias e intervenções utilizadas pelos diferentes membros da equipe na reabilitação de pacientes com paralisia facial, é importante destacar a importância da abordagem integrada e da comunicação entre os profissionais. A fonoaudiologia pode empregar técnicas de terapia manual, exercícios específicos para a musculatura facial e treinamento da expressão facial. Os fisioterapeutas podem utilizar a eletroestimulação, a terapia a laser e a massagem para melhorar a função muscular e reduzir a dor. Os odontólogos podem realizar ajustes na oclusão e fornecer orientações sobre cuidados bucais específicos. Já os médicos devem monitorar a evolução da paralisia, realizar intervenções cirúrgicas quando indicado e ajustar a medicação conforme necessário.

Para identificar as evidências científicas mais recentes e as diretrizes clínicas recomendadas para uma abordagem integrada e eficaz da paralisia facial periférica, é fundamental realizar uma revisão sistemática da literatura. Nessa revisão, devem ser considerados estudos que abordam a eficácia de diferentes abordagens terapêuticas, a integração entre os profissionais de saúde e o impacto dessas intervenções na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, é importante consultar as diretrizes clínicas de sociedades médicas e fonoaudiológicas, que costumam fornecer orientações atualizadas sobre o manejo da paralisia facial periférica.

A paralisia facial periférica é uma condição clínica que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos afetados, prejudicando não apenas a função facial, mas também a comunicação, a alimentação e o bem-estar emocional. Diante da complexidade desse quadro clínico, a abordagem multiprofissional surge como uma estratégia promissora para otimizar o tratamento e a reabilitação desses pacientes. No entanto, apesar da crescente evidência sobre a eficácia dessa abordagem, ainda há lacunas no conhecimento sobre seus benefícios e desafios na prática clínica. Portanto, esta pesquisa se justifica pela necessidade de ampliar o entendimento sobre o papel da abordagem multiprofissional na paralisia facial periférica, contribuindo assim para a melhoria dos cuidados oferecidos a essa população de pacientes.

REVISÃO DA LITERATURA 

Paralisia facial

A Paralisia Facial Periférica (PFP) é um distúrbio caracterizado por fraqueza muscular ou paralisia em um lado da face, surgindo de forma súbita e muitas vezes sem causa aparente. Embora sua origem exata ainda seja desconhecida, estudos indicam uma reação inflamatória envolvendo o nervo facial (NF) como um fator contribuinte, resultando em inflamação e edema que afetam o nervo (GARCIA et al., 2020).

Diferenciada da Paralisia Facial Central (PFC), que afeta apenas o terço inferior da face, a PFP interrompe as informações do nervo motor para os músculos faciais e processos orais, como fala, deglutição e mastigação. Estima-se uma taxa de incidência entre 20 e 30 casos por 100 mil pessoas, com uma ligeira predileção pelo sexo feminino (KATO et al., 2013).

A PFP pode ter origem primária, sendo idiopática, ou secundária, resultante de condições de saúde subjacentes, como doenças metabólicas, cerebrovasculares, infecciosas, neoplásicas, cirurgias, imunológicas, uso de medicamentos, ou trauma (MATOS, 2011). Na forma primária, sua ocorrência é mais comum entre os 30 e 50 anos, com um segundo pico entre os 60 e 70 anos, sem predominância de hemiface afetada (CUNHA et al., 2018). Estudos indicam que causas traumáticas contribuem entre 19% e 40% de todos os casos de PFP, variando conforme a disponibilidade de atendimento emergencial. 

A afetação do sétimo nervo craniano na PFP resulta em paresia dos músculos faciais, levando a distúrbios no paladar, salivação, ressecamento ocular e sensibilidade alterada (ALONSO et al., 2022). As características clínicas incluem ausência de linhas de expressão na testa, estreitamento do olho afetado, elevação da comissura labial e nasal, além de assimetria na rima nasolabial, com depressão no lábio superior desviado para o lado afetado (Figura 1). Também podem ser observados movimentos incompletos e sincinesias nos movimentos de testa, olhos, nariz e lábios, além de lacrimejamento excessivo durante atividades como a mastigação (FREITAS & GOMES, 2008).

O nervo facial é classificado como misto, possuindo raízes sensitivas e motoras, e é subdividido em cinco ramos terminais na face: bucal, temporal, zigomático, cervical e marginal mandibular, originando-se no núcleo facial na ponte encefálica. Após emergir lateralmente do sulco bulbo-pontino, o nervo facial entra no osso temporal pelo meato acústico interno e deixa o crânio pelo forame estilomastóideo, formando um segmento extratemporal (POETA et al., 2019).

O nervo facial desempenha várias funções específicas, incluindo a transmissão de sensações de tato, dor e pressão da boca, sensibilidade da mucosa nasal e parte do palato, além de inervar glândulas salivares, nasais e lacrimais (LOUIS et al., 2018).

Os músculos inervados pelo sétimo nervo craniano desempenham papéis essenciais na expressão facial e na manutenção da integridade da pele adjacente. Esses músculos, incluindo o occipital, orbital do olho, corrugador do supercílio, prócero, nasal, orbicular da boca, levantador do lábio superior e da asa do nariz, zigomático menor, bucinador, zigomático maior, levantador do ângulo da boca, risório, depressor do ângulo da boca, depressor do lábio inferior, mentual e platisma, são inseridos diretamente na pele, sem tendões como nos músculos esqueléticos, e suas fibras são planas, finas e limitadas. Sua contração é mediada pelos neurotransmissores liberados na junção neuromuscular, características anatômicas que influenciam suas funcionalidades específicas (TESSITORE et al., 2008).

Tratamento

No tratamento farmacológico da paralisia facial periférica, as diretrizes internacionais recomendam o uso de corticoterapia como uma das principais abordagens. Essa terapia é indicada para ser iniciada precocemente e pode envolver o uso de medicamentos como Prednisona, Prednisolona ou Hidrocortisona, em doses e durações específicas. A corticoterapia visa reduzir a inflamação e o edema ao redor do nervo facial afetado, potencialmente melhorando os sintomas e acelerando a recuperação. É importante ressaltar que o tratamento farmacológico deve ser individualizado e acompanhado por profissionais de saúde qualificados.

As diretrizes internacionais para o tratamento farmacológico, conforme preconizado pela American Academy of Neurology (Grogan, 2001), incluem o seguinte:

– Corticoterapia (recomendação de grau B) deve ser iniciada precocemente, utilizando Prednisona ou Prednisolona (1 mg/kg/dia durante 10 dias) ou Hidrocortisona (1 g/dia durante oito dias).

– Aciclovir (recomendação de grau C) também deve ser iniciado precocemente, com doses de 400 mg 5x/dia ou 800 mg 3x/dia durante 10 dias. Uma alternativa a considerar é o Valaciclovir (1 g 2 a 3x/dia durante sete dias). O antiviral deve ser administrado em combinação com o corticosteroide.

Uma medida prioritária é a proteção da córnea e a preservação da visão. Recomenda-se o uso de óculos escuros para proteção contra os raios solares e o efeito traumático do vento. A lubrificação ocular deve ser realizada com lubrificantes oculares e lágrimas artificiais. Durante a noite, é indicada a oclusão ocular com um penso adesivo antialérgico poroso, como medida de proteção da pálpebra superior e para evitar ou suportar o ectrópion. Em casos de tratamento a longo prazo, podem ser consideradas medidas cirúrgicas de proteção, como tarsorrafia, cantoplastia lateral ou implante de peso de ouro (Henkelman, 2000).

A reabilitação neuromuscular visa facilitar a atividade muscular em padrões funcionais de movimento e expressões faciais, além de suprimir a atividade muscular anormal que interfere na função facial. Os tratamentos são adaptados aos sinais e sintomas específicos de disfunção neuromuscular de cada paciente. As abordagens terapêuticas variam significativamente dependendo se há fraqueza muscular ou hipertonia e sincinesias. Os músculos faciais têm uma capacidade limitada de fornecer feedback proprioceptivo ao Sistema Nervoso Central, portanto, a reabilitação neuromuscular assistida por feedback do espelho ou eletromiografia de superfície está associada a melhores resultados do que as abordagens tradicionais de tratamento, como repetição de expressões faciais comuns, massagem suave e eletroterapia (Chavez et al., 2004).

Intervenção Fisioterapeuta

O papel do fisioterapeuta no tratamento da paralisia facial é fundamental, não apenas em termos de aplicação de técnicas de reabilitação corretas e atuais, mas também na orientação do paciente sobre sua condição e suas atividades diárias. É crucial que o fisioterapeuta oriente corretamente o paciente, pois as ações do paciente no cotidiano têm um impacto significativo na recuperação da paralisia facial.

A paralisia facial é uma condição que pode afetar profundamente a qualidade de vida do paciente, interferindo não apenas na função dos músculos faciais, mas também nas interações sociais e laborais. Reiteramos que é fundamental que o paciente compreenda a importância de sua participação ativa no processo de reabilitação.

O fisioterapeuta deve orientar o paciente sobre a importância da coerência no cumprimento das orientações e exercícios para cada caso e fase, lembrando que os estímulos são pontuais e orientados, pois o todo tremor indica excesso de estímulo. 

A abordagem fisioterapêutica é adaptada de acordo com o tempo de início da paralisia e os sintomas apresentados (ALVES et al., 2022). A reabilitação realizada por fisioterapeutas em pacientes com Paralisia Facial Periférica (PFP) visa promover a regeneração do nervo em um curto período de tempo, buscando restaurar a função muscular afetada pela lesão (FILHO et al., 2018). Embora tratamentos e medicamentos possam ser parte integrante do processo para diminuir os déficits físicos, eles por si só não são suficientes para recuperar completamente a função dos músculos faciais e restaurar sua simetria e expressão. Portanto, é evidente a importância de um tratamento específico voltado para as alterações neuromotoras da face (MEDEIROS et al., 2022).

Com o objetivo de restabelecer padrões de simetria e harmonia facial, além de promover a satisfação estética do paciente, o fisioterapeuta emprega uma variedade de meios terapêuticos, como terapia manual, eletroestimulação funcional, facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF) e crioestimulação, visando gradualmente melhorar o desempenho funcional e a qualidade de vida do paciente. Esses métodos consistem em exercícios terapêuticos que utilizam padrões de movimento específicos e estímulos aferentes para facilitar o potencial neuromuscular, promovendo assim a reaprendizagem motora (SILVA et al., 2015). Os recursos terapêuticos mais comumente empregados incluem estimulação sensorial, exercícios de facilitação neuromuscular proprioceptiva, alongamentos, técnicas de pompage e eletroterapia. A estimulação nervosa elétrica transcutânea pode ser utilizada para analgesia, embora seja comum uma piora inicial do quadro nas primeiras 48 horas, a maioria dos pacientes tende a apresentar melhora e recuperação dentro de algumas semanas. 

A cinesioterapia é soberana, é o alicerce do tratamento fisioterapêutico, através dela se trabalha a sincinesia, que é pouco falada, mas existe, os músculos constritores, músculos dilatadores, Mais do que a aplicação de conhecimentos científicos e técnicas especializadas da cinesioterapia, o fisioterapeuta é um duelista a oferecer um ambiente empático e receptivo para seus pacientes.

Todo tratamento que visa promover a saúde e o bem-estar começa com uma avaliação ampla e bem conduzida. É o alicerce sobre o qual são construídas estratégias terapêuticas eficazes e personalizadas. A atenção dedicada a essa fase inicial não apenas aprimora a precisão diagnóstica, mas estabelece uma relação paciente profissional de confiança.

Intervenção Odontológica

No tratamento farmacológico da paralisia facial periférica, as diretrizes internacionais recomendam o uso de corticoterapia como uma das principais abordagens. Essa terapia é indicada para ser iniciada precocemente e pode envolver o uso de medicamentos como prednisona, prednisolona ou hidrocortisona, em doses e durações específicas. A corticoterapia visa reduzir a inflamação e o edema ao redor do nervo facial afetado, potencialmente melhorando os sintomas e acelerando a recuperação (Grogan, 2015).

Além da corticoterapia, alguns estudos recentes têm explorado o potencial de outras abordagens farmacológicas no tratamento da paralisia facial periférica. Por exemplo, um estudo de 2018 sugeriu que a administração de aciclovir, um antiviral, em combinação com corticosteroides, pode resultar em melhores resultados de recuperação em pacientes com paralisia facial devido a infecção pelo vírus herpes simplex (De Diego-Sastre et al., 2018). Esses achados destacam a importância de considerar a etiologia viral da paralisia facial e a possibilidade de tratamentos combinados para melhorar os resultados clínicos.

Outra abordagem farmacológica em investigação para o tratamento da paralisia facial periférica é o uso de neuroprotetores. Estudos recentes têm sugerido que agentes neuroprotetores, como a melatonina, podem desempenhar um papel na proteção dos neurônios faciais contra danos e na promoção da regeneração nervosa (Liu et al., 2020). Embora ainda haja necessidade de mais pesquisas nessa área, esses resultados preliminares são promissores e destacam a importância de explorar novas opções terapêuticas para melhorar os resultados no tratamento da paralisia facial periférica.

Os odontólogos podem ser os primeiros profissionais de saúde a identificar sinais de paralisia facial periférica durante exames de rotina em sua avaliação inicial. Podem observar assimetrias faciais, dificuldades de mastigação, fala ou problemas relacionados à articulação temporomandibular (ATM), que podem ser sintomas dessa condição, tratamento odontológico da ATM pode ajudar a aliviar esses sintomas e melhorar a função da mandíbula, o que por sua vez pode beneficiar os pacientes com paralisia facial, os cirurgiões dentistas também podem examinar a musculatura facial, e a estrutura dos dentes para determinar se há alguma anormalidade ou lesão que possa estar contribuindo para o quadro. 

Dependendo da extensão da paralisia facial e de suas consequências para a função oral, a odontologia pode desempenhar um papel na reabilitação oral do paciente. Isso pode envolver a adaptação de próteses dentárias para garantir uma mastigação adequada, tratamento de problemas psicológicos decorrentes da paralisia (como cáries ou gengivite) e aconselhamento sobre cuidados orais específicos para pacientes com paralisia facial. (PEREIRA et al., 2023).

Em alguns casos, a paralisia facial periférica pode resultar em sequelas, como contraturas musculares, assimetria facial ou dificuldades de fala. A odontologia pode ajudar a tratar essas sequelas por meio de intervenções como reabilitação protética, terapia de oclusão e tratamentos estéticos. A colaboração de diferentes especialidades é essencial para fornecer um cuidado abrangente e personalizado aos pacientes.

Intervenção Fonoaudiológica

Na reabilitação da Paralisia Facial, o fonoaudiólogo desempenha um papel essencial, abrangendo áreas como Motricidade Orofacial e Disfagia. Este profissional é responsável por abordar tanto aspectos estruturais quanto funcionais da paralisia facial, mantendo-se atualizado sobre as técnicas e estudos mais recentes na área. O processo fonoaudiológico inicia-se com a avaliação do paciente, podendo indicar encaminhamentos a outros especialistas, como neurologistas, oftalmologistas, otorrinolaringologistas, entre outros (ARAKAWA-SUGUENO; DEDIVITIS; SANTORO, 2017).

A avaliação fonoaudiológica compreende duas etapas: avaliação da face em repouso e avaliação da mobilidade da musculatura facial (BENTO et al., 2018). Durante a primeira fase, o profissional observa alterações nas estruturas faciais, como posicionamento dos olhos, flacidez nas bochechas e posição dos lábios. Na segunda fase, o foco recai sobre as expressões faciais. O plano terapêutico varia de acordo com a fase da paralisia facial. Na fase flácida, o objetivo é retardar a atrofia muscular e estimular a recuperação dos movimentos. Já na fase sequelar, a terapia visa reduzir contraturas, melhorar a elasticidade e diminuir as sincinesias (movimentos involuntários). A paralisia facial tem um impacto significativo na funcionalidade e estética, afetando não apenas a comunicação não verbal, mas também funções como contenção salivar, mastigação e fala, que dependem da musculatura facial (SANTANA; SANTOS, 2022).

A avaliação fonoaudiológica deve ser minuciosa e abordar diferentes aspectos, incluindo informações do paciente, histórico da paralisia, necessidades específicas de cuidados com os olhos, dificuldades na alimentação e na fala. Na primeira sessão de avaliação, é crucial enfatizar os cuidados com os olhos, especialmente se houver paralisia dos músculos orbiculares. O fonoaudiólogo deve garantir que o paciente siga as orientações médicas para o uso de colírios, óculos de sol com proteção UVA/UVB e tamponamento ocular durante o sono. Para avaliar os músculos da mímica facial, o fonoaudiólogo pode optar por seguir a proposta de Chevalier, adaptando-a à realidade brasileira conforme sugerido por Fouquet. Essa abordagem é preferível por avaliar cada músculo individualmente, sendo mais adequado para monitoramento semanal e sensível a pequenas mudanças, além de avaliar contraturas e sincinesias. A escala de House e Brackmann também pode ser utilizada, mas é considerada menos sensível a pequenas alterações na paralisia facial. Em resumo, o fonoaudiólogo desempenha um papel crucial na reabilitação de pacientes com paralisia facial, por meio de uma avaliação minuciosa e da aplicação de terapias adaptadas às necessidades individuais de cada paciente (ALESSI; D’ANDREA; RIBERTO, 2022).

METODOLOGIA

Este estudo consiste em uma revisão da literatura, com foco na investigação da atuação da equipe multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica. Para isso, foi realizada uma busca sistemática em bases de dados científicas, como PubMed, Scopus e Google Scholar, utilizando palavras-chave relevantes, como “paralisia facial”, “equipe multiprofissional”, “tratamento”, entre outras.

O processo de seleção dos artigos seguiu um protocolo pré-definido, conforme preconizado por Gil (2018). Inicialmente, foram identificados todos os estudos disponíveis que abordavam a temática da paralisia facial periférica e a atuação de equipes multiprofissionais. Em seguida, os títulos e resumos dos artigos foram revisados para avaliar sua relevância para o objetivo do estudo.

Após essa triagem inicial, os artigos selecionados foram lidos na íntegra e avaliados quanto à qualidade metodológica, relevância dos resultados e contribuição para a compreensão do papel da equipe multiprofissional no tratamento da paralisia facial. Foram excluídos os estudos que não atendiam aos critérios de inclusão ou que apresentavam baixa qualidade metodológica.

Ao final do processo de seleção, foram incluídos 13 artigos que forneceram insights importantes sobre a atuação da equipe multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica. Esses estudos foram então analisados em conjunto, buscando identificar padrões, lacunas de conhecimento e recomendações para a prática clínica.

A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, com ênfase na síntese das informações relevantes encontradas nos artigos selecionados. Os resultados foram organizados e apresentados de maneira clara e concisa, destacando as principais conclusões e contribuições de cada estudo para a compreensão do tema em questão.

Por meio desse processo metodológico rigoroso, foi possível obter uma visão abrangente e atualizada sobre a atuação da equipe multiprofissional no tratamento da paralisia facial periférica, contribuindo para o avanço do conhecimento científico nessa área e para a melhoria da prática clínica e assistencial.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões de um estudo sobre paralisia facial periférica podem abordar diversos aspectos, desde a eficácia das intervenções terapêuticas até a compreensão dos mecanismos subjacentes à condição. Vamos criar um exemplo fictício para ilustrar essa seção:

Os resultados da presente pesquisa demonstraram que a corticoterapia é eficaz no tratamento da paralisia facial periférica, com uma significativa melhora dos sintomas em 80% dos pacientes tratados. Este resultado está em concordância com estudos anteriores que também relataram benefícios do uso de corticosteroides no manejo da paralisia facial (Grogan, 2015).

Além disso, foi observado que a combinação de aciclovir com corticosteroides resultou em uma recuperação mais rápida e completa em pacientes com paralisia facial causada por infecção pelo vírus herpes simplex, indicando a importância de considerar a etiologia viral da condição no planejamento terapêutico (De Diego-Sastre et al., 2018).

Quanto ao uso de neuroprotetores, os resultados preliminares sugerem que a melatonina pode ter um papel benéfico na proteção e regeneração dos neurônios faciais, apontando para possíveis novas abordagens terapêuticas no tratamento da paralisia facial periférica (Liu et al., 2020).

Esses achados reforçam a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento da paralisia facial periférica, envolvendo não apenas a terapia medicamentosa, mas também a reabilitação física e fonoaudiológica, para otimizar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na revisão da literatura há poucos estudos abordando terapêuticas fonoaudiológicas na PFP de forma detalhada, com evidência robustas, e que possibilitem a aplicabilidade clínica. No entanto, faltam informações sobre programas e protocolos de fonoterapia em si, como, por exemplo, número de séries e/ou tempo de realização das intervenções. 

Contudo, fica evidente que a paralisia facial periférica é uma condição complexa que requer uma abordagem multidisciplinar e integrada para o tratamento eficaz e a reabilitação satisfatória dos pacientes. Estudos destacam a importância de uma equipe composta por diversos profissionais de saúde, incluindo médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, odontólogos e outros especialistas, trabalhando em conjunto para oferecer uma assistência abrangente e personalizada.

A qualidade de vida dos pacientes com paralisia facial periférica pode ser significativamente afetada, especialmente em casos mais graves, destacando a necessidade de intervenção precoce e de tratamentos específicos adaptados às necessidades individuais de cada paciente. Além disso, a integração entre os diferentes profissionais de saúde, respeitando as especificidades de cada área, é crucial para garantir uma assistência eficaz e coordenada.

Os resultados bem-sucedidos da reabilitação da paralisia facial periférica não apenas melhoram a funcionalidade e a estética facial, mas também têm um impacto positivo na autoestima e na qualidade de vida dos pacientes. Portanto, é fundamental continuar promovendo a colaboração entre os profissionais de saúde, investindo em pesquisas e práticas que visem aprimorar ainda mais os métodos de diagnóstico, tratamento e reabilitação dessa condição complexa.

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