REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11019529
Felipe Magdiel Bandeira Montenegro; Adrianna Lorrayny Barbosa Pereira Ramos; Lavínnya YásKara de Aquino Matoso; Maycon da Silva Lidio; Joel Florêncio da Costa Neto; Shirley Gabriella Ferreira Moura; Juliana Matheus Alves; Marília Pereira Barbosa; Giselle Pereira da Silva; Esrom Silva de Melo; Maria da Saudade de Azevedo Moreira; Pedro Hemerson Cabral Rocha.
RESUMO
A Síndrome de Brugada (SBr) é uma doença autossômica dominante descrita como entidade clínica em 1992, que acarreta alto risco de morte súbita em pacientes jovens e aparentemente saudáveis. O objetivo geral deste estudo é esclarecer os cuidados primários prestados pelos enfermeiros aos pacientes com BrS no departamento de emergência de acordo com os achados bibliográficos e, em particular, determinar se os enfermeiros do PS estão cientes dos cuidados primários da síndrome e determinar se os enfermeiros do pronto-socorro estão ou não cientes dos cuidados primários de pacientes com SB. Reconhece as alterações do eletrocardiograma geradas por Como metodologia, foram utilizados artigos mais recentes da BVS (Virtual Health Library) e da SCIELO (Scientific Electronic Library Online), esses banco de dados foram utilizados para explorar artigos publicados relacionados à SBr, e um estudo qualitativo de revisão integrada foi realizado. A análise e interpretação dos dados recolhidos permitiram identificar claramente 13 artigos que fornecem informações sobre quatro categorias que ajudam os enfermeiros a reconhecer o modelo de Brugada e a diferenciar por tipo para preferir o cuidado prestado pelos enfermeiros. Nesse sentido, reconhecer as alterações eletrocardiográficas características da SBr é um desafio para o enfermeiro, pois a síndrome deve ser avaliada de forma holística para que não seja confundida com outras alterações que prejudiquem o paciente.
Palavras-Chave: Enfermagem. Interpretação Eletrocardiográfica. Pronto Atendimento e Síndrome de Brugada.
ABSTRACT
Brugada Syndrome (BrS) is an autosomal dominant disease described as a clinical entity in 1992, which carries a high risk of sudden death in young and apparently healthy patients. The general objective of this study is to clarify the primary care provided by nurses to patients with BrS in the emergency department according to bibliographic findings and, in particular, to determine whether ER nurses are aware of the primary care of the syndrome and to determine whether nurses in the emergency room are aware of the primary care of patients with BS or not. It recognizes the changes in the electrocardiogram generated by As a methodology, more recent articles from BVS (Virtual Health Library) and SCIELO (Scientific Electronic Library Online) were used, these databases were used to explore published articles related to SBr, and a qualitative study integrated review was carried out. The analysis and interpretation of the collected data allowed to clearly identify 13 articles that provide information on four categories that help nurses to recognize the Brugada model and to differentiate by type to prefer the care provided by nurses. In this sense, recognizing the characteristic electrocardiographic alterations of BrS is a challenge for nurses, as the syndrome must be evaluated holistically so that it is not confused with other alterations that harm the patient.
Keywords: Nursing. Electrocardiographic Interpretation. Early Care and Brugada Syndrome.
INTRODUÇÃO
Já faz vinte anos que Pedro Brugada e Josep Brugada relacionaram inicialmente a fibrilação ventricular primária com o padrão eletrocardiográfico de bloqueio do ramo direito com supradesnivelamento convexo do segmento ST nas derivações precordiais direitas, e isso também em indivíduos sem cardiopatia estrutural, desde então, os pesquisadores fizeram progressos consideráveis na compreensão dos mecanismos genéticos e fisiopatológicos da síndrome de Brugada. A hipótese que propõe a existência de um gradiente elétrico de despolarização entre o epicárdio e o endocárdio é apontada como a causa das alterações eletrocardiográficas e consequentes disritmias ventriculares. (DIAS et al., 2014).
O alto risco de morte súbita é observado em pacientes jovens aparentemente saudáveis com a síndrome de Brugada (SBr), uma doença autossômica dominante caracterizada pela primeira vez em 1992. (MADEIRA et. al., 2015) .
MS, uma abreviação de morte súbita, tem diversas definições que diferem de acordo com a localização ou campo da medicina. Um indivíduo aparentemente saudável passando por uma ocorrência imprevista e fatal seria descrito como MS do ponto de vista legal. (SANABRIA et al., 2017).
Existem muitas causas de morte cardíaca, principalmente doença cardíaca isquêmica, doença cardíaca hipertrófica, doença cardíaca valvular, doença cardíaca cardíaca e outras doenças cardíacas menos comuns como as anormalidades eletrofisiológicas primárias. Estes últimos incluem a síndrome do lobo branco de Parkinson, síndrome do QT longo congênito, bloqueio atrioventricular e síndrome de Brugada, que é definida como uma canalopatia autossômica dominante que afeta os canais de sódio (SANABRIA et al., 2017).
A síndrome está associada a mutações no gene da subunidade alfa 5 do canal de voltagem de sódio (SCN5A), que é responsável pela subunidade do canal de sódio. Como resultado, o potencial de ação é reduzido ou mesmo perdido no epicárdio do ventrículo direito (em vez do endocárdio), criando um gradiente de voltagem transmural que leva à elevação do segmento ST precordial direito e, finalmente, à fibrilação ventricular (HALLAKE, 2004).
É uma síndrome rara com prevalência presumida de 5/10.000 habitantes e afeta ambos os sexos, mas é cerca de oito vezes mais comum em homens. (MADEIRA et. al., 2015).
Alguns pacientes não acolhidos pela síndrome desenvolvem achados característicos de eletrocardiograma (ECG). Vários fatores não genéticos foram mencionados na literatura como possíveis fatores predisponentes para o padrão eletrocardiográfico de Brugada. Pode ser induzido em alguns pacientes por febre, anormalidades eletrolíticas, uso de cocaína e medicamentos que bloqueiam os canais de sódio (antiarrítmicos, narcóticos, antidepressivos tricíclicos, entre outros). (GAZZONI et al., 2012).
O diagnóstico de SBr sempre implica a presença de um padrão eletrocardiográfico típico: salto convexa do segmento ST ≥ 2 mm, seguida de ondas T negativas em múltiplas derivações precordiais direitas (padrão tipo 1). Em pacientes com padrão tipo 2 (elevação do segmento ST em sela , porção inicial ≥ 2 mm, final ≥ 1 mm, seguido de ondas T positivas ou bifásicas) e padrão tipo 3 (elevação do segmento ST em sela , porção inicial ≥ 2 ) em indivíduos de mm e eventualmente < 1 mm seguido de onda T positiva ). O diagnóstico é feito quando o padrão tipo 1 é induzido com teste de provocação com ajmalina ou flecainida (MADEIRA et al;. 2015).
Foi estabelecido que um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) é a principal ferramenta para prevenir a morte súbita em pacientes com esta condição. No entanto, é importante estratificar o risco e determinar com precisão quais pacientes se beneficiarão com esse dispositivo. (SANABRIA et al., 2017).
Especificamente, devido ao alto risco de recorrência na síndrome de Brugada, a CID (cardioversor desfibrilador implantável) é indicada para pacientes que sobreviveram à parada cardíaca e que apresentam um padrão de ECG e história de síncope, taquicardia ou fibrilação ventricular. Além disso, uma história de morte súbita relativa não foi preditiva ou aumentou o risco de morte súbita nessa população de pacientes. (SANABRIA et al., 2017).
Portanto, os profissionais de saúde, principalmente os enfermeiros que passam muito tempo cuidando dos pacientes, sabem reconhecer uma arritmia, porque se o músculo cardíaco não funcionar adequadamente, pode causar sérios danos ao organismo. Com isso em mente, é fundamental para a detecção e identificação de arritmias cardíacas que os profissionais de saúde entendam as formas de onda, o intervalo de tempo entre cada forma de onda e a frequência cardíaca para facilitar a terapia apropriada para arritmias comprovadas. (ANDRADE et al., 2014).
Como o enfermeiro é um dos profissionais da equipe assistencial que está sempre ao lado do paciente, é essencial que ele seja capaz de reconhecer registros de ECG normais e anormais. Esta capacidade permitir-nos-á interpretar o ECG e as alterações clínicas que possam apresentar os doentes que cuidamos, permitindo-nos introduzir intervenções adequadas e imediatas. (SANTOS et al., 2017).
Portanto, o objetivo geral deste estudo é esclarecer os cuidados primários de pacientes com SBr por enfermeiros de emergência de acordo com as evidências da literatura. O objetivo específico foi investigar se os enfermeiros do pronto-socorro conhecem os principais tratamentos para essa síndrome e as alterações eletrocardiográficas que ocorrem em pacientes com SBr.
Portanto, foi necessário investigar se os enfermeiros do pronto-socorro conhecem os principais tratamentos para essa síndrome e conhecem as alterações eletrocardiográficas que ocorrem em pacientes com SBr.
Com base na pesquisa realizada, percebe-se a necessidade de maior conhecimento sobre a realização e interpretação do ECG dos profissionais de enfermagem envolvidos com pacientes com SBr, a fim de prestar um melhor atendimento, reafirmando a importância de pesquisas sobre esse tema. pacientes e familiares. Em pacientes sintomáticos (como síncope, respiração agonista noturna ou recuperação de parada cardíaca), o único tratamento eficaz é o implante de um desfibrilador. Em pacientes assintomáticos com padrão espontâneo de ECG tipo 1 ou antiarrítmicos tipo 1 (por exemplo, ajmalina), estudos eletrofisiológicos podem ser necessários, embora este seja um tópico ainda controverso na literatura. Levando em consideração os fatores diagnósticos, este estudo gera as características de responsabilidade no sistema de enfermagem..
METODOLOGIA
Essa pesquisa é uma revisão integrativa da literatura, que tem como melhor método para responder a questão norteadora de uma obra por meio da revisão bibliográfica, dando a liberdade de escolher as literaturas que melhor respondem ao tema da pesquisa, com buscas nos bancos de dados sobre a assistência de enfermagem a síndrome de brugada e seus desafios na hora no momento do atendimento.
Revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos (MENDES et al.2008).
Assim, atendendo a objetificação desta pesquisa, esse trabalho tem por tema: assistência de enfermagem a síndrome de brugada: desafios na prática assistencial no contexto do pronto atendimento.
A revisão integrativa é um método de pesquisa que precisa se estabelecer etapas até a construção da síntese do conhecimento do trabalho. É um método que por meio de 6 etapas, consegue responder cautelosamente a temática de uma pesquisa. (SOUZA et al.2010). O quadro a seguir mostrará quais as etapas de uma pesquisa integrativa da literatura.
Quadro 1: Etapas para construção de uma revisão integrativa da literatura.
Como metodologia, foram realizadas buscas na biblioteca virtual em saúde (BVS) e em na biblioteca científica eletrônica online (SCIELO) e pesquisa de artigos publicados relacionados à SBr, sendo realizado um estudo qualitativo de revisão integrada. Na busca foram utilizados os seguintes descritores. Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Enfermagem, Interpretação de ECG, Emergência e Síndrome de Brugada. A questão norteadora para a recuperação do artigo foi esclarecer os cuidados primários prestados aos pacientes com SBr pelos enfermeiros no pronto-socorro e sua capacidade de interpretar o eletrocardiograma (ECG) dos pacientes com SBr.
Neste sentido, ao digitar as palavras “cuidados de enfermagem e síndrome de Brugada”, identificou 1833 artigos “cuidados de enfermagem e atendimento de emergência”, 966 artigos “interpretação do eletrocardiograma” e 2723 artigos “síndrome de brugada”. Um total de 30 artigos foram recuperados a partir dos critérios de inclusão e exclusão, resultando em 13 artigos que atenderam ao objetivo declarado.
Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram artigos publicados em português e espanhol referente totalmente a os tópicos e as publicações indexadas nas bases de dados de artigos mencionadas acima, sendo a seleção mais recente, a melhor.
RESULTADO E DISCUSSÇÕES
A análise e interpretação dos dados coletados permitiram identificar 13 artigos que forneceram informações sobre categorias que ajudariam os enfermeiros a reconhecer o padrão de Brugada e diferenciar as preferências de tratamento por tipo. enfermeiras fazem.
A seguir encontra-se um quadro com a relação dos artigos escolhidos para a construção da síntese de conhecimento deste trabalho, com os dados divididos por N° que vai do 01 até o 13, ano de publicação, autores, base de dados e idioma.
Tabela 1 – Distribuição dos artigos segundo ano, autores e base de dados.
Nº | ANO | AUTORES | BASE DE DADOS | IDIOMA |
01 | 2017 | Eduesley Santana-Santos, Emile Clara Pires, Juliana Teixeira Silva, Vanessa Santos Sallai, Diego Gutierrez Bezerra, Renata Eloah de Lucena Ferretti-Rebustini. | SCIELO | Português |
02 | 2017 | Maikel Vargas Sanabria1, Juan Carlos Vega Chaves2, Gabriel Hernández Romero2, Gustavo Montero Solano. | SCIELO | Espanhol |
03 | 2017 | Roberto Kazushigue Yano, Bruno Guimarães Dantas. | SCIELO | Português |
04 | 2015 | Marta Madeira, Francisca Caetano, Rui Providência, Inês Almeida, Joana Trigo, José Nascimento, Marco Costa, António Leitão Marques. | SCIELO | Português |
05 | 2014 | Nuno Cortez-Dias, Rui Plácido, Liliana Marta, Ana Bernardes, Sílvia Sobral, Luís Carpinteiro, João de Sousa. | SCIELO | Português |
06 | 2013 | Roberto Kazushigue Yano, Bruno Guimarães Dantas. | BVS | Português |
07 | 2013 | Bruno Cordeiro Piçarra, Pedro Silva Cunha, Mário Oliveira, Bruno Valente, Manuel Nogueira da Silva, Sofia Santos, Rui Cruz ferreira. | SCIELO | Português |
08 | 2013 | Martins, Margarida, Xavier, Tânia. | SCIELO | Português |
09 | 2012 | Mauricio Scanavacca | SCIELO | Português |
10 | 2012 | Guilherme Ferreira Gazzoni, Anibal Pires Borges, Luis Carlos Corsetti Bergoli, José Luiz Flores Soares, Carlos Kalil, Eduardo Bartholomay. | BVS | Português |
11 | 2011 | Viviane de Araújo Gouveia, Edgar Guimarães Victor, Sandro Gonçalves de Lima. | SCIELO | Português |
12 | 2010 | Denise Viana Rodrigues de Oliveira, Márcia de Fátima da Silva. | BVS | Português |
13 | 2004 | José Hallake | SCIELO | Português |
Em relação ao tema, não há publicações que mencionem o cuidado de pacientes com SBr no PA, portanto, os estudos analisados permitem identificar quatro categorias nas quais os enfermeiros do PA podem fornecer cuidados adequados.
Quadro 2 – Categorias que favoreceram ao enfermeiro o reconhecimento de um padrão SBr.
CATEGORIAS |
História familiar de morte súbita |
Síncope |
FV/TV revertida |
Alterações eletrocardiográficas |
A síndrome de Brugada faz parte de um grupo de doenças cardíacas conhecidas como canalopatias. Nesse grupo de doenças, a patogênese se deve à alteração dos canais iônicos transmembrana responsáveis pelo funcionamento das células musculares. A consequência mais perigosa da canalopatia é a criação de arritmias ventriculares, que por sua vez levam à morte súbita. (SANABRIA et al., 2017).
Mais de 300 mutações distintas associadas à síndrome de Brugada foram descritas no gene SCN5A que codifica o canal de sódio cardíaco. Cerca de 20 a 30% dos pacientes com síndrome de Brugada carregam uma mutação nesse gene, que se acredita ser a causa da doença. A subunidade alfa do canal de sódio está envolvida na despolarização cardíaca e, portanto, na excitabilidade dos átrios e ventrículos. Apesar da relação causal entre a mutação do gene SCN5A e o fenótipo da síndrome de Brugada, existem manifestações clínicas atípicas incluindo, além de todos os sinais e sintomas da síndrome de Brugada, fibrilação atrial, síndrome da disfunção do nódulo sinusal, síndrome do QT longo, cardiomiopatia dilatada e variedade de manifestações sobrepostas (SACILOTTO et al., 2017).
Portanto, é importante que o enfermeiro faça uma anamnese abrangente, com o objetivo de encontrar sinais de síncope e história de morte súbita na família, afetando jovens que não possuem a doença cardíaca, que é considerada um fator contribuinte diagnóstico para SBr aos cuidados de enfermagem para prevenir a morte súbita.
HABILIDADES DO ENFERMEIRO NO RECONHECIMENTO DE ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS
O eletrocardiograma é uma ferramenta muito sensível para a detecção de cardiopatias estruturais, embora sua especificidade seja questionável. (MARTINI et al., 2017).
Alterações eletrocardiográficas são a base para o diagnóstico da síndrome de Brugada. São alterações na despolarização e repolarização ventricular, na ausência de alterações cardíacas estruturais ou outras condições conhecidas por causar elevação do segmento ST na região precordial direita. (HALLAKE, 2004).
Essas alterações são classificadas em 3 tipos como mostra quadro:
Quadro 3 – Alterações eletrocardiográficas em V1, V2 e V3.
Tipo 1 | Tipo 2 | Tipo 3 | |
Supradesnivelamento do ponto J | ≥ 2mm | ≥ 2mm | ≥ 2mm |
Onda T | Negativa | Positiva ou bifásica | Positiva |
Morfologia ST-T | Côncavo para cima | Em forma de sela | Em forma de sela |
Segmento ST (porção terminal) | Gradualmente descendente | Elevada ≥ 1mm | Elevada < 1mm |
O tipo 1 é a forma descrita na publicação original de Brugada, que se caracteriza por um ponto J e uma elevação do segmento ST de 2 mm ou mais com maior concavidade, seguida de ondas T negativas. O segmento ST nunca é isoelétrico (HALLAKE, 2004).
O tipo 2 é caracterizado por um escore J alto de 2 mm ou menos, imediatamente seguido por um ST descendente, mas também permanecendo pelo menos 1 mm acima da linha de base. A onda T é seguida por uma onda positiva ou bifásica, dando a este conjunto uma aparência de “sela”. (HALLAKE, 2004).
A morfologia do segmento ST tipo 3 é semelhante ao tipo 2, mas sua elevação é inferior a 1 mm (HALLAKE, 2004).
É importante ressaltar que essas alterações no escore J/segmento ST são dinâmicas e podem variar dentro de um mesmo indivíduo. Portanto, esses padrões registrados durante as primeiras horas após a ressuscitação ou imediatamente após a cardioversão elétrica não devem ser inequivocamente interpretados como síndrome de Brugada. (HALLAKE, 2004).
A importância que os pacientes atribuem aos sintomas também influencia a escolha comportamental. (GOUVEIA et al., 2011).
Para isso, é fundamental que o enfermeiro tenha conhecimento dos diversos fatores que podem desenvolver as arritmias, a fim de estabelecer a melhor conduta e manejo para os pacientes com esses distúrbios, ou de maior risco, que frequentemente necessitam de um atendimento diferenciado e de qualidade. A interpretação das arritmias cardíacas pelos enfermeiros é de fundamental importância para orientar a equipe assistencial intervencionista, possibilitando a adoção de condutas assistenciais voltadas à prevenção dessas doenças para facilitar o manejo. (SCANAVACCA, 2012).
As alterações do ECG proporcionaram ao enfermeiro de emergência a capacidade de identificar o padrão de Brugada que o paciente apresentava, por isso era de fundamental importância que o enfermeiro pudesse reconhecer os traços normais de ECG, rotina e patologia no eletrocardiograma de 12 derivações, como a habilidade daria um subsídio que facilitaria a prestação do cuidado. No entanto, esse padrão eletrocardiográfico é dinâmico e pode ser detectado e mimetizado por diversas situações clínicas ou farmacológicas, como síndrome febril, hipo ou hipercalemia ou antagonistas dos canais de sódio. (PIÇARRA et al., 2013).
Portanto, o eletrocardiograma (ECG) ou monitorização cardíaca é uma das ferramentas importantes para o atendimento adequado ao paciente, obrigando o enfermeiro a saber interpretar seus traçados e assim qualificar para o cuidado.
PRINCIPAIS CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Os enfermeiros desempenham um papel de apoio e supervisionam os cuidados prestados ao doente, pelo que a rápida identificação e interpretação das alterações no local ajudam a prever acontecimentos potencialmente fatais para o doente. As pessoas com SBr passam por uma infinidade de experiências ao longo de suas vidas que requerem cuidados especializados e personalizados. (MARTINS, et al., 2013).
Para o cuidado de enfermagem ao paciente com SBr, o enfermeiro enfrenta uma série de desafios no desenvolvimento de cuidados personalizados e especializados, para isso é fundamental que o enfermeiro desenvolva habilidades para poder reconhecer alterações no eletrocardiograma do paciente em relação à sua história clínica. Se houver suspeita de SBr, testes de estimulação podem ser realizados para auxiliar no diagnóstico usando ajmalina ou flecainida. A ajmalina e a flecainida são bloqueadores dos canais de sódio, administrados por via intravenosa, o que pode confirmar a hipótese diagnóstica da síndrome. Este teste deve ser realizado em pacientes monitorados (ECG 12 derivações e pressão arterial), com desfibrilador ou unidade coronariana. Deve haver acesso a uma veia. Os testes devem ser interrompidos se positivos e/ou se ocorrerem arritmias ventriculares, mesmo que sejam extra-sístoles ou mesmo que o complexo QRS esteja alargado (≥ 30%). O teste é considerado positivo se o ECG inicial se tornar negativo ou o J-score aumentar mais de 2 mm em V1 e/ou V2 e/ou V3, com ou sem bloqueio de ramo direito. (HALLAKE, 2004).
Dessas drogas, a de melhor evidência na literatura é a ajmalina, por ter meia-vida mais curta e ser mais sensível a esse efeito. A profilaxia da morte súbita passou por uma reforma profunda nos últimos 15 anos. O uso de antiarrítmicos, que havia sido a melhor alternativa disponível até a primeira metade da década de 1980, mostrou-se ineficaz, ineficaz e até prejudicial, servindo de cenário para o surgimento do CDI. Desenvolvido com o objetivo de realizar desfibrilação ou desfibrilação em pacientes com arritmias ventriculares complexas, o CDI tornou-se a primeira escolha para a prevenção de morte súbita secundária e, em alguns casos, adequada prevenção primária, devido à sua eficácia e segurança. (OLIVEIRA et al., 2010).
As atuais indicações do CDI seguem essencialmente as diretrizes revisadas da American Heart Association – AHA e do Consenso Brasileiro. Eles são divididos em três categorias, a primeira delas refere-se aos sobreviventes de parada cardíaca por fibrilação ventricular ou taquicardia por causas irreversíveis e não transitórias; Taquicardia ventricular persistente, espontânea, mal tolerada e sem tratamento eficaz, entre outros casos. O segundo grupo diz respeito aos casos persistentes e espontâneos de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular em receptores de transplante cardíaco, com condições hereditárias ou familiares com alto risco de taquicardia ventricular fatal, como a síndrome do QT longo, entre outras. E, finalmente, a terceira categoria, que inclui, em alguns casos, síncope de origem indeterminada em pacientes sem taquicardia espontânea ou induzida; taquicardia ventricular contínua, etc. (OLIVEIRA et al., 2010).
Portanto, é certo que o implante de CDI continua sendo a opção de escolha para a prevenção de morte súbita nesses casos, independente do controle da arritmia com betabloqueadores. (YANO et al., 2013).
Divulgar o papel do enfermeiro no cuidado à pessoa com síndrome de Brugada portadora de desfibrilador automático implantável (CDI) é um desafio, a fim de contribuir para a melhoria do cuidado à pessoa/família, à pessoa que se encontra em estado crítico. situação. (MARTINS, et al., 2013).
Os enfermeiros em sua prática especializada são responsáveis pelo atendimento abrangente ao cliente. Nesse sentido, é necessário interpretar os sinais clínicos e os métodos de diagnóstico precoce das doenças cardiovasculares. (LEMOS; TOMAZ; BORGES, 2010).
Portanto, é importante que o enfermeiro forneça as informações que julgar relevantes para que a pessoa/família mantenha o mesmo estilo de vida de antes da inserção do CDI. Como o CDI é a forma de tratamento mais utilizada para pessoas com SBr, não podemos deixar de discutir os cuidados de enfermagem necessários antes e após o implante desse dispositivo. Antes da decisão de implantar um CDI, indivíduos/famílias podem ter internações frequentes, muitas vezes associadas a paradas cardíacas súbitas. (MARTINS et al.; 2013).
CONCLUSÃO
Diante dos estudos analisados, foi observado que o reconhecimento de alterações eletrocardiográficas característico da SBr realizado pelo enfermeiro é um desafio a ser enfrentado, visto que, a síndrome deve ser avaliada de forma holística para que não seja confundida com outras alterações, acarretando prejuízo ao paciente.
Ante ao exposto, tem-se que os serviços desempenhados por enfermeiros no pronto atendimento têm caráter de urgência e emergência, não limitando o número de atendimentos e caracterizando-se a entrada mais frequente de pacientes em um hospital. Esses fatores legitimam que o enfermeiro necessita possuir habilidade no reconhecimento de alterações eletrocardiográficas associando a clínica do paciente para que seja capaz de planejar e gerenciar a assistência, tendo que dispor de conhecimento cientifico a fim de otimizar a utilização dos recursos disponíveis com máxima eficácia, efetividade e eficiência tencionando a diminuição de agravos ao paciente.
Dentre as especificações e finalidades do assunto, temos propriedade para conduzir a assistência de forma integra ao paciente com SBr. E com as conformidades lidar de melhor forma para a realização do cuidado e precisão no diagnostico, pois, se faz necessário uma interpretação firmada em conhecimento prévio do assunto para que assim, o profissional tenha exatidão em conduzir e fazer parte do fechamento diagnostico do paciente com SBr.
REFERÊNCIAS
CORTEZ‐DIAS, Nuno et al. Ablação epicárdica para prevenção da fibrilhação ventricular em doente com síndrome de Brugada. Revista Portuguesa de Cardiologia, [s.l.], v. 33, n. 5, p.305.e1-305.e7, maio 2014. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2014.01.010.
GAZZONI, Guilherme Ferreira et al. Alterações Eletrocardiográficas com Padrão Brugada Induzido por Hipocalemia. Sociedade Brasileira de Cardiologia, Porto Alegre, v. 3, n. 100, p.35-37, out. 2013.
GOUVEIA, Viviane de Araújo; VICTOR, Edgar Guimarães; LIMA, Sandro Gonçalves de. Atitudes pré-hospitalares adotadas por pacientes frente aos sintomas de infarto agudo do miocárdio. Revista Latino-americana de Enfermagem, [s.l.], v. 19, n. 5, p.1080-1087, out. 2011. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104- 11692011000500004.
HALLAKE, José. Síndrome de Brugada. Revista da Socerj, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p.171-176, jul. 2004.
MADEIRA, Marta et al. Padrão de Brugada tipo 1 induzido pela febre. Revista Portuguesa de Cardiologia, [s.l.], v. 34, n. 4, p.287-287, abr. 2015. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2014.10.002.
MARTINS et al. O Enfermeiro na Abordagem da Pessoa com Síndrome de Brugada. Chba, jan. 2013.
MENDES, Karina dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 4, n. 17, p.758-764, dez. 2008.
OLIVEIRA, Denise Viana Rodrigues de; SILVA, Márcia de Fátima da. Cardioversor- Desfibrilador Implantável: Principais dúvidas dos pacientes no que se refere ao autocuidado após implante. Relampa, São Paulo, v. 1, n. 23, p.18-23, mar. 2010.
PIÇARRA, Bruno Cordeiro et al. Síncope e padrão de Brugada intermitente. Revista Portuguesa de Cardiologia, [s.l.], v. 32, n. 5, p.411-414, maio 2013. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2013.02.002.
SACILOTTO, Luciana et al. Heterozigose Composta no Gene SCN5A em Crianças: Há Associação com Gravidade da Doença?. Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, v. 1, n. 108, p.70-73, out. 2017.
SCANAVACCA, M. Novas perspectivas do tratamento das arritmias cardíacas e sua aplicação no Brasil – Arq. bras. cardiol. São Paulo, v. 99, n. 6, p. 1071-1074, 2012.
SOUZA, Marcela Tavares de; SILVA, Michelly Dias da; CARVALHO, Rachel de. Revisão integrativa:: o que é e como fazer. Einstein., Ms, v. 1, n. 8, p.102-106, 2010.
SANTANA-SANTOS, Eduesley et al. Habilidade dos enfermeiros na interpretação do eletrocardiograma de 12 derivações. Revista Baiana Enfermagem, São Paulo, v. 1, n. 31, 2017.
VARGAS SANABRIA, Maikel; VEGA CHAVES, Juan Carlos; HERNANDEZ ROMERO, Gabriel and MONTERO SOLANO, Gustavo. Síndrome de brugada como casusa de muerte súbita de origen cardíaco. Med. leg. Costa Rica [online]. 2017, vol.34, n.1, pp. 157-164. ISSN 1409-0015.
YANO, Roberto Kazushigue; DANTAS, Bruno Guimarães. Transmissão hereditária da morte súbita cardíaca nas canalopatias. Relampa, São Paulo, v. 2, n. 26, p.119-122, jun. 2013.