DOENÇAS RESPIRATÓRIAS NA TERCEIRA IDADE E SUAS COMPLICAÇÕES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11000003


Irismar Marques de Araújo1
Eder Rodrigues dos Santos2
Roberta Gonçalves Gomes Marques3
Sylvia de Fátima dos Santos Guerra4


RESUMO 

Introdução: No processo de envelhecimento, tem-se o declínio funcional e a  fragilidade cardiorrespiratória evidenciando a população idosa com maior  vulnerabilidade ao desenvolvimento de infecções respiratórias o que pode  comprometer a qualidade de vida nesta faixa etária. Objetivo: descrever as  doenças respiratórias na terceira idade e suas complicações. Metodologia:  tratou-se de um estudo de revisão de literatura sistemática, com os seguintes  descritores: doenças respiratórias, terceira idade e complicações. Essa busca foi realizada através das bases de dados eletrônicas: Biblioteca Virtual de Saúde  (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Google Scholar, no  período compreendido entre os anos de 2012 até 2024. Resultados: Foram  selecionados um total de 16 artigos para esta pesquisa. De um modo geral, os  dados encontrados salientam a alta prevalência de doenças respiratórias com  suas possíveis complicações como uma marca da terceira idade. As  complicações mais recorrentes, com alta taxa de morbidade e mortalidade foram: DPOC, doenças respiratórias por influenza e causas associadas, pneumonia,  bronquite aguda, bronquiolite aguda, asma e doenças crônicas das amígdalas e  adenoide. Conclusão: observou-se que as maiores responsáveis pelas  complicações respiratórias foram: alterações fisiológicas comuns na  senescência, alterações climáticas, institucionalização e comorbidades. 

Palavras-chave: Doença Respiratória. Terceira Idade. Complicações. 

ABSTRACT 

Introduction: The aging process involves functional decline and  cardiorespiratory fragility, making the elderly population more vulnerable to  developing respiratory infections, which can compromise quality of life in this age  group. Aim: to describe respiratory diseases in the elderly and their  complications. Methodology: This was a systematic literature review using the  following descriptors: respiratory diseases, the elderly and complications. This  search was carried out using electronic databases: Virtual Health Library (VHL),  Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Google Scholar, from 2012 to  2024. Results: A total of 16 articles were selected for this research. In general,  the data found highlights the high prevalence of respiratory diseases with their  possible complications as a hallmark of old age. The most recurrent complications, with a high morbidity and mortality rate, were: COPD, respiratory  diseases due to influenza and associated causes, pneumonia, acute bronchitis,  acute bronchiolitis, asthma and chronic tonsil and adenoid diseases. Conclusion:  The main causes of respiratory complications were physiological changes  common in senescence, climate change, institutionalization and comorbidities. 

Keywords: Respiratory disease. Elderly. Complications. 

INTRODUÇÃO 

O envelhecimento é um fenômeno biológico de declínio da capacidade  dos sistemas e órgãos, representando um processo natural e gradual esperado  no ciclo vital do ser humano. Nesse contexto de senilidade, as doenças  respiratórias representam as maiores complicações, interferindo diretamente no  quadro saúde-doença dos idosos. Elas significam umas das causas mais  frequentes de óbitos e adoecimentos, representam 16% das internações, tanto  por fatores crônicos quanto agudos, e 30% das causas de morte, principalmente  em afecções nas vias aéreas (Antunes et al, 2019). 

Alterações fisiológicas são comuns no processo de envelhecimento, ao  ponto em que a fragilidade na saúde se manifesta como uma marca dos idosos  e como parte das características atribuídas à idade cronológica, encontra-se a  prevalência de doenças respiratórias (Mendes e Lima, 2020). 

Ao se falar de infecções respiratórias que comprometem as pessoas idosas, destaca-se a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo  deliberada através de um quadro de sintomas gripais associado a taquipneia ou  hipoxemia, com saturação (SpO2) inferior a 92% em ar ambiente, configurando se como um dos meios de infecções respiratórias. Por volta de 2019, o Brasil  exibia o vírus Influenza A como mais prevalente, contudo, o cenário foi  modificado a partir do registro dos primeiros casos do novo coronavírus (Mafra  et al, 2023). 

As situações graves das doenças respiratórias consistem principalmente  na insuficiência respiratória ou ventilatória aguda. Dessa maneira Lima et al (2021) esclarecem que o paciente que exibe a incapacidade de fazer a  manutenção da oxigenação adequada no seu metabolismo celular terá um  comprometimento respiratório.

Neste contexto, Mendes e Lima (2020) apontam que no padrão  epidemiológico das enfermidades, os problemas respiratórios representam uma  das maiores causas de mortalidade da população idosa. Nisto, o avanço da  idade associado às susceptibilidades fisiológicas e imunológicas ocasionada  pelas doenças respiratórias, provocam a perda de: elasticidade dos pulmões,  movimento ciliares diminuídos, prejuízo no reflexo da tosse, diminuição na  superfície de respiração pela dilatação e a redução dos alvéolos. Tais alterações  são ainda mais presentes em sujeitos acamados, principalmente nos idosos a  partir de 80 anos, em outras palavras, ratifica-se a necessidade de maior  precaução para as doenças respiratórias nessa faixa etária. 

Deste modo, esse presente estudo oferece como problemática o seguinte  questionamento: Quais são as principais complicações das doenças  respiratórias que acometem as pessoas idosas? Para o alcance da resposta,  este estudo proporciona como objetivo descrever as doenças respiratórias na  terceira idade e suas complicações.  

Para tanto, tratou-se de descrever as doenças respiratórias na terceira  idade, bem como, identificar a relevância da problemática levantada pelo estudo. Ao passo em que desse ponto de vista se torna relevante expandir essa  pesquisa, a qual certamente colabora para a descrição da construção dos  conhecimentos nessa área, bem como, será próspera para estimular,  desenvolver o senso crítico e a habilidade analítica acadêmica. 

METODOLOGIA 

A presente pesquisa tratou-se de uma revisão sistemática da literatura, que consistiu nas seguintes etapas: seleção da questão norteadora, palavras chave, critérios de inclusão e exclusão, avaliação dos estudos incluídos na  revisão, cuja busca se deu na literatura científica nacional e internacional. 

Soares (2014) esclarece que a revisão de literatura permite a construção  de uma sumarização teórica a partir de uma pergunta de pesquisa, a análise e a  crítica da literatura estudada, a criação de novos entendimentos sobre o assunto  revisado, trazendo elementos significativos para a ciência e para a prática  metodológica. 

Para a estratégia de verificação, foram empregados os seguintes  descritores: doenças respiratórias, terceira idade e complicações. A busca foi  realizada nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific  Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar, acessadas entre 2012 a  2024. A escolha dessas bases de dados se deve ao fato de serem de campo interdisciplinar e com publicações de acesso aberto. Foram estabelecidos como  critérios para inclusão: conter os termos supracitados no título ou resumo;  aborda “Doenças Respiratória”, “Terceira Idade” e “Complicações”; publicações  disponíveis nas línguas portuguesa e inglesa e ter sido publicado no período entre 2012 a 2024. Assim, todos os artigos que não se adequam a esses  critérios de inclusão foram automaticamente rejeitados. 

Deste modo, foram excluídos os artigos que: não estavam disponíveis na  íntegra e de forma gratuita, ou que não traziam informações relacionadas a  temática, além dos que estivessem duplicados no banco das bases de dados.  

Essa busca foi constituída por cinco tipos de instrumentos de coleta de  dados para cada artigo da amostra final, tendo as seguintes variáveis: título dos  artigos, objetivos, conclusão, autores e ano de publicação. 

Após a seleção dos artigos foi feita a categorização dos estudos para que  os dados empíricos, referentes ao objeto e resultados, pudessem ser descritos  e ponderados. Desta forma, deu-se início ao processo de análise dos  documentos com base nos instrumentos ordenados. De posse da integração dos  dados e resultados, os quais foram interpretados e analisados com base na  sumarização obtida, construiu-se por fim, uma síntese do conhecimento com  base nos aspectos focados por esta pesquisa. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

As investigações foram efetivadas nas bases de dados, apresentando 58 artigos na BVS, 32 artigos na SciELO e 28.200 artigos no Google Scholar,  totalizando 28.290 artigos, que após a aplicação do aprimoramento dos critérios  de inclusão e exclusão, reduziram-se à 2.548. Após a leitura dos títulos, resumos  e palavras-chave dos artigos da BVS e Google Scholar, tendo como foco  principal o objetivo desta pesquisa, abreviou-se para 16 documentos, os quais  foram lidos e interpretados na íntegra, sendo utilizados para a confecção da presente revisão, sendo eles 03 da base BVS, 05 do SciELO e 08 do Google  Scholar. 

Para melhor elucidação de todo método de busca e escolha desses  artigos, optou-se pelo uso de um fluxograma, ilustrado na Figura 1. 

Figura 1 – Descritores e Busca nas Bases de Dados. 

Fonte: Protocolo PRISMA adaptado. 

A partir dos 16 artigos selecionados, através da coleta de dados foi  preparada uma análise do conteúdo bibliográfico, por meio da qual foi  direcionada a construção do quadro 1 que contém: autores e ano de publicação,  título do artigo, objetivos e conclusão nas bases de dados encontradas. Logo, abaixo no quadro 1, observa-se a construção do saber em relação aos artigos  de vários autores, nas diversas categorias metodológicas de estudo. Para tal,  foram exibidos de forma a dar relevância a cada trabalho, analisados de forma  meticulosa e pertinente à temática deste trabalho. 

 Quadro 1 – Categorização dos artigos selecionados para revisão. 

TítuloObjetivosConclusãoAutores e Anos
Reabilitação respiratória em idosos, em contexto
de cuidados agudos: 
revisão Sistemática da literatura
Identificar as intervenções suscetíveis de  melhorarem o 
desempenho respiratório e a capacidade funcional  nas pessoas idosas em  contexto de agudização.
De acordo com os autores  dos estudos incluídos nesta revisão da literatura, as intervenções de reabilitação  respiratória, como a técnica de controlo da respiração e o uso de dispositivos para treino dos músculos
respiratórios permitiram a  redução da fadiga, o  aumento da tolerância ao  esforço e a melhoria dos  volumes e das capacidades pulmonares, com  resultados favoráveis no  desempenho funcional.
Alves e Grilo, 2022
Efeito das estações  do ano no pico de fluxo expiratório de idosos
institucionalizados e  não institucionalizados
Avaliar o pico de fluxo  expiratório de idosos institucionalizados e não  institucionalizados 
durante as quatro 
estações do ano
Conclui-se que o pico de  fluxo expiratório de idosos varia de acordo com as estações do ano, porém os  institucionalizados apresentam valores mais baixos. Os mais altos são  encontrados na primavera, embora aquém do valor predito para os idosos de  ambos os grupos.Antunes et al, 2019
A Síndrome Respiratória Aguda Grave na pessoa idosa no contexto da pandemia da covid 19 e seus fatores associados.Descrever os casos de  SRAG, assim como os  fatores sociodemográficos e de saúde associados ao óbito na população idosa de um município do norte do estado do Rio Grande  do Sul, Brasil.Espera-se que as  associações evidenciadas  neste trabalho possam auxiliar nas políticas de  saúde direcionadas à saúde da pessoa idosa, sobretudo pelo fortalecimento das  ações na rede de atenção  primária.Mafra et al,  2023
A doença respiratória  infecciosa, características e  gravidade: revisão integrativaRevisar nas publicações científicas fatores associados à gravidade e a mortalidade da doença respiratória infecciosa.As regiões e períodos do  ano de frio com elevada ou  baixa umidade são fatores  comuns no aumento e  agravamento das doenças  respiratórias infecciosas. As populações
mais  vulneráveis correspondem  a faixas etárias extremas,  contudo a mortalidade está  relacionada à idade  avançada e comorbidades pré-existentes, trazendo a  atenção para a vigilância e  o cuidado com a saúde  desses.
Lima et al,  2021
Prevalência e  Fatores associados à SRAG por COVID-19  em Adultos e Idosos com Doença  Cardiovascular CrônicaDescrever a prevalência  da Síndrome Respiratória  Aguda Grave (SRAG) pela  COVID-19 e analisar os  fatores associados a essa  condição em adultos e  idosos com doença  cardiovascular no Brasil  até a 30ª Semana  Epidemiológica de 2020.Há alta prevalência de  SRAG por COVID-19 em  adultos e idosos com DCV  no Brasil. Associaram-se  fatores relacionados a  características  sociodemográficos, clínicas, sinais e sintomas.Paiva et al,  2021
COVID-19 nas  instituições de longa  permanência para  idosos: estratégias  de rastreamento  laboratorial e prevenção da  propagação da  doençaPropõem-se, no presente  artigo, estratégias de  rastreamento da infecção  em residentes e  trabalhadores de ILPI por  meio de testes  laboratoriais disponíveis  no Brasil.A identificação precoce de  indivíduos portadores do  SARS-CoV-2 com  possibilidades de  transmissão ativa e  continuada do vírus permite  a adoção de medidas que  interrompam o ciclo de  transmissão local da  infecção.Moraes et al, 2020
Procura por  atendimento médico  devido a sintomas  relacionados à  COVID-19 e  cancelamento de  consultas médicas  em função da  epidemia entre  adultos brasileiros  mais velhos: iniciativa  ELSI-COVID-19Examinar a prevalência de  sintomas da COVID-19, a  busca por atenção em  saúde em função destes  sintomas, e o  cancelamento de  cirurgias, ou outros  procedimentos  previamente agendados,  por causa da pandemia,  em uma amostra  representativa de  brasileiros adultos com 50  anos ou mais,  participantes do Estudo  Longitudinal da Saúde dos  Idosos Brasileiros (ELSI Brasil), que responderam  à entrevista telefônica  sobre a COVID-19 entre o  final de maio e o início de  junho de 2020.Apontam para a  necessidade de adaptação da oferta da atenção à saúde para garantir a  continuidade dos cuidados  necessários durante a  epidemia (como  telemedicina, por exemplo),  bem como a necessidade urgente de ampla  divulgação para orientar a população sobre a prevenção da doença e  como obter atenção em  saúde em caso de  necessidade.Macinko et  al, 2020
Heterogeneidade nas  causas de morte da  população idosa da Região nordeste do  brasilAnalisar os diferenciais na  escala de prioridades das  causas de morte entre a  população idosa do  Nordeste do Brasil, no  período de 2001 a 2015,  conforme três grupos  etários: 60 a 69 anos  (sexagenários), 70 a 79  anos (septuagenários) e  80 anos ou mais  (longevos).Portanto, infere-se que os  idosos longevos demandam  uma atenção diferenciada  dos outros idosos,  sobretudo quanto à  prevenção e ao tratamento  das doenças respiratórias, bem como uma melhor  determinação da causa  básica nas declarações de óbito.Mendes e  Lima, 2020
SRAG por COVID-19  no Brasil: descrição e  comparação de  características  demográficas e comorbidades com  SRAG por influenza e  com a população  geral.Descrever os pacientes  hospitalizados por  síndrome respiratória  aguda grave (SRAG) em  decorrência da COVID-19  (SRAG-COVID), no Brasil,  quanto às suas  características  demográficas e  comorbidades até a 21a  Semana Epidemiológica  de 2020.Já entre os hospitalizados  por SRAG-FLU, observou se prevalências superiores  às populacionais de  indivíduos de 0 a 4 anos de  idade ou idosos, de raça ou  cor branca, com  comorbidades (diabetes  mellitus, doença renal  crônica, asma e outras  pneumopatias crônicas) e  de gestantes/puérperas.  Esses grupos podem estar  evoluindo para casos mais  graves da doença, de forma  que estudos longitudinais  na área são de extrema  relevância para investigar  esta hipótese e melhor  subsidiar políticas públicas  de saúde.Niquini et  al, 2020
Características definidoras e fatores  relacionados do  diagnóstico de  enfermagem padrão  respiratório ineficazIdentificar na literatura as  características definidoras  e os fatores relacionados  do diagnóstico de  enfermagem padrão  respiratório ineficaz.Esse diagnóstico manifesta-se diferentemente de  acordo com a faixa etária  dos pacientes. Observou-se que algumas características  definidoras e fator  relacionado não constam na  NANDA-I, cuja inclusão  pode aprimorar esse  diagnóstico de enfermagem.Prado;  Bettencourt  e Lopes,  2020
Vivências de idosos  com doença  pulmonar crônica em uso de 
oxigenoterapia domiciliar prolongada no relacionamento amoroso e sexual
Compreender os  significados atribuídos  pela pessoa idosa com  Doença Pulmonar 
Obstrutiva Crônica  (DPOC) em uso da  Oxigenoterapia Domiciliar  Prolongada (ODP) referente ao  relacionamento amoroso  e a prática sexual.
A percepção da pessoa  idosa com DPOC em uso da  ODP indica que a  oxigenoterapia impactou  sobre a prática sexual e nos  relacionamentos amorosos.  Ter boa qualidade nos  relacionamentos e na  prática sexual é condição  fundamental para promover  a saúde.Bueno et al,  2023
Fatores associados à  Doença Pulmonar  Obstrutiva Crônica em idososIdentificar os fatores  associados à Doença  Pulmonar Obstrutiva  Crônica (DPOC) em  idosos não  institucionalizados.Os resultados revelam  fatores associados que  destacam a necessidade de revisão dos critérios de  seleção dos pacientes de  risco para DPOC entre  idosos.Barbosa et  al, 2017
Doenças respiratórias  por influenza e causas associadas em idosos de um município do 
Nordeste brasileiro
Avaliar óbitos decorrentes de doenças respiratórias por influenza e causas associadas em idosos do Município de Aracaju, Sergipe, Brasil.No período de 1998 a 2007, as taxas de  mortalidade de doenças  respiratórias por influenza e  causas associadas, em Aracaju, foram elevadas em  comparação às dos Estados brasileiros, o que  indica necessidade de reformulação no calendário  de vacinação contra gripe  nos idosos deste município.Gomes et  al, 2013
Doenças crônicas  não transmissíveis e  suas implicações na vida de idosos dependentesInvestigar as implicações  das doenças crônicas não  transmissíveis em idosos  dependentes.As implicações das  doenças crônicas se  manifestam no uso de  medicamentos, que  também se constituem  como fator de risco; na  condição da dependência e  na vivência com doenças  crônicas, que denotam em  maior uso dos serviços de  saúde; no alto impacto  econômico das doenças  crônicas para as famílias e  para o Estado; e na  precariedade da renda familiar, que condicionam os idosos a contarem com poucos dispositivos de apoio social e comunitário.Figueiredo;  Ceccon e  Figueiredo,  2021
Internações hospitalares, óbitos,  custos com doenças respiratórias e sua  relação com  alterações climáticas no município de São  Carlos – SP, BrasilDescrever as internações  hospitalares, óbitos e  custos com as doenças  respiratórias (DR) e  verificar suas relações  com as alterações 
climáticas.
As DR responsáveis pelos  maiores valores de AIH e  óbitos foram a pneumonia,  DPOC, bronquite aguda,  bronquiolite aguda, asma e  doenças crônicas das  amígdalas e adenóides.  Observou-se ainda que as  alterações climáticas  apresentaram relação com  a AIH, taxa de mortalidade e  custos com saúde.Cruz et al,  2016
Avaliação do pico de  fluxo expiratório em  idosos autônomos  institucionalizados e  não institucionalizadosAvaliar e comparar o pico  de fluxo expiratório  máximo em idosos
 institucionalizados e não institucionalizados.
Os dois grupos  apresentaram queda no  PFE em relação ao mínimo esperado, porem de forma diferenciada. O grupo institucionalizado
 apresentou queda  significativamente maior  que o não institucionalizado.
Caldeira et  al, 2012

Fonte: dados coletados nas bases de dados MEDLINE, SciELO e BVS. 

Ao observar no quadro 1 os títulos dos trabalhos, notou-se uma  diversidade na proposição da temática, o que confirma a pluralidade de  questões-problemas relacionadas ao estudo sobre as doenças respiratórias na  terceira idade e suas complicações. 

No que concerne ao período de publicação, o maior número de trabalhos  publicados no tema pesquisado no presente estudo concentrou-se nos anos  2020 a 2021, existindo um interesse crescente na época presente sobre o tema  proposto. 

Apesar disso, ao referenciar os objetivos e as conclusões dos trabalhos  revisados, observa-se que arrazoavam de forma geral, sobre o tema proposto, com  ênfase na grande intercorrência dos pacientes idosos nos locais hospitalares  pela fragilidade respiratória e na busca da prevenção em relação aos riscos  respiratórios na terceira idade. 

Dentre as doenças respiratórias que se destacam entre a população  idosa, tem-se Síndrome Respiratória Aguda (SRA). Neste sentido, Mafra et al (2023) ressaltam que os principais sintomas manifestados pelos idosos  acometidos pela Síndrome Respiratória Aguda (SRA) é a dispneia, ou seja, mais de 2/3 dessa população apresenta uma saturação inferior a 95%, tosse e febre.  Além disso, dentre os sintomas mais comuns nos idosos no período da Covid 19, estavam: a perda de olfato e paladar, vômito, dor de garganta, diarreia e a  fadiga. 

A insuficiência respiratória aguda é sinal de gravidade do quadro de  Síndrome Respiratória Aguda (SRA) associada à COVID-19 e a pessoa idosa é  que mais comumente apresenta esse quadro com a presença de disfunção  respiratória levando a ter na maioria das vezes a dispneia, taquipneia ou a  própria dessaturação (Sat O2 < 90% na Fração inspirada de oxigênio – FiO2  21%), com a diminuição da perfusão periférica ou cianose presente e o  rebaixamento do estado neurológico (Lima et al, 2021).  

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que acomete  principalmente idosos, é definida como uma infecção pelo coronavírus,  denominada Sars-CoV-2, e tem se configurado em um processo mundial como  a pandemia que tem provocado implicações: sociais, financeiras e psicológicas  em todo o hemisfério mundial. Assim, essa doença foi assinalada como uma  pandemia, com 15.581.009 casos confirmados e 635.173 mortes em escala  mundial até 23 de agosto de 2020 (Paiva et al, 2021). 

Outra patologia respiratória comum entre as pessoas idosas é a Doença  Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Assim, os pacientes com DPOC ou com  alguma cardiopatia, podem ter uma saturação mais baixa, sendo necessário a  atuação de um profissional enfermeiro habilitado nos critérios de Urgência e  Emergência, porque muitas vezes o paciente idoso pode apresentar uma  saturação baixa dentro do seu quadro de patologia, sendo necessário avaliar se  esse nível é normal e aceitável ao organismo do idoso. 

A DPOC é definida como uma enfermidade inflamatória, resultando de  alterações patológicas nos pulmões, com comprometimento das vias aéreas  periféricas e no parênquima pulmonar, ocasionando a obstrução do fluxo de ar.  Dessa forma, quando o paciente tem seu diagnóstico da DPOC é solicitado a  Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada-ODP, (Barbosa et al, 2017; Bueno et al,  2023). 

Em termos de impacto na qualidade de vida dos idosos, Bueno et al (2023)  esclarecem que pessoas idosas com DPOC em uso da ODP sofrem alterações  negativas na sua prática sexual e na qualidade dos relacionamentos amorosos. 

Todavia o uso da Oxigenoterapia faz-se necessário no tratamento das  complicações respiratórias causadas pela DPOC. 

Um outro fator a ser considerado, são as alterações infligidas pelo  processo de envelhecimento. De acordo com Alves e Grilo (2022) essas  alterações da senescência podem ocasionar uma fragilidade multiorgânica em  termos respiratórios e cardíacos. Estas alterações podem ser examinadas na  redução da distensão da expansibilidade da parede torácica, o reflexo da tosse,  a diminuição da atividade ciliar, o aumento do risco de infeção nos pulmões, a  redução da capacidade vital e a consequente diminuição da capacidade de  desempenho das atividades da vida diária. Logo, essas alterações voltadas ao  processo de envelhecimento, podem ser intensificadas pelas enfermidades, causando desta forma uma decadência funcional. 

As alterações climáticas também podem contribuir para as complicações  nos processos respiratórios na terceira idade. Nesse contexto, Antunes et al (2019) aponta que a exposição das vias aéreas a poluentes como poeira,  fungos, fumaça de cigarro, a exposição de agentes biológicos e a sazonalidade  climática etc., podem levar a piora significativa de uma pessoa idosa. Além disso,  o clima no Brasil apresenta inconstâncias climáticas, entre elas, períodos  intensos de secas e chuvas. Essas alterações climáticas estão correlacionadas  com múltiplos fatores que sofrem influência da: atmosfera, camada de ozônio,  industrialização, urbanização, carros e lixos não coletados, em outros termos,  todos esses fatores cooperam para que o ar se torne mais danoso à saúde do  idoso, trazendo efeitos significativos sobre as condições respiratórias e  cardíacas. 

No que tange aos agravamentos nas doenças respiratórias decorrentes  das alterações climáticas, cabe salientar que esse quadro, torna-se ainda mais recorrente em idosos institucionalizados, pois estes apresentam maiores picos  de fluxos expiratórios, especialmente em épocas climáticas de baixa umidade. O  processo de institucionalização pode implicar em perda da qualidade dos  cuidados, bem como, aumento do risco de contágio por vírus, impactando diretamente na funcionalidade do idoso (Antunes et al, 2019; Moraes et al, 2020). 

De acordo com Caldeira et al (2012), o aumento do pico de fluxo expiratório  em idosos institucionalizados, deve-se principalmente ao declínio nas  capacidades fisiológicas presentes no envelhecimento. As mudanças acometidas pelo envelhecimento atingem todos os sistemas e causam  alterações no metabolismo geral, sobretudo uma redução da capacidade  pulmonar. Essa redução na função pulmonar, apresenta as seguintes  complicações: enrijecimento das paredes torácicas; aumento dos volumes  residuais; redução da relação ventilação-perfusão, da taxa de fluxo respiratório,  da complacência pulmonar, das forças musculares que promovem expansão,  maior colabamento das vias aéreas e perda de força muscular em até 25% do  previsto. 

Outro fator relevante a ser considerado no quadro de doenças  respiratórias são as complicações ocasionadas pela tosse. Ao falar das doenças  respiratórias na população idosa, Moraes et al (2020) e Niquini (2020) relatam  que os sintomas podem-se manifestar de forma tardia, ocasionando, também, o processo lento de cura. Desse modo, o idoso ou seus cuidadores devem se  atentar aos sinais e sintomas que persistem por mais tempo. Dentre as  complicações ocasionadas por doenças respiratórias, a tosse é o sintoma mais  comum e persistente. 

Ainda nesse aspecto de identificar fatores complicadores associados às  doenças respiratórias, Manciko et al (2020) afirmam que no Brasil, as  complicações e comorbidades que atingem as pessoas da terceira idade são:  DM2, hipertensão, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias. Durante o  período da pandemia da Covid-19, essas comorbidades elevaram-se de forma  severa. 

Dentre os fatores citados como possíveis complicadores que aumentam  a morbidade e mortalidade em idosos, têm-se: a DPOC, doenças respiratórias  por influenza e causas associadas, pneumonia, bronquite aguda, bronquiolite  aguda, asma e doenças crônicas das amígdalas e adenoide. Essas  complicações são responsáveis pelos maiores índices de internações hospitalares,  com altos custos com saúde pública, representando aumento no uso e na  dependência de medicamentos, causando alto impacto econômico para o  Estado. Também representam as mais altas frequências de morbidade e  mortalidade mundialmente conhecidas (Barbosa et al, 2017; Cruz et al, 2016;  Figueiredo, Ceccon e Figueiredo, 2021; Gomes et al, 2013).

CONCLUSÃO 

A partir das reflexões elencadas e tendo em vista o objetivo dessa  pesquisa, voltado para a descrição das doenças respiratórias na terceira idade  e suas complicações, é possível considerar que os principais fatores  complicadores das doenças respiratórias em idosos são: alterações fisiológicas  ligadas à senescência; comorbidades; Síndrome Respiratória Aguda Grave  (SRAG) associada à Covid-19; estar em situação de institucionalização, o que  pode implicar na queda da qualidade dos cuidados oferecidos aos idosos;  alterações climáticas; especialmente frio intenso e baixa umidade. Nesse  sentido, é evidente a necessidade de ampliação de políticas públicas voltadas  para intervenções nestas complicações, com vistas a melhorar o desempenho  respiratório e a capacidade funcional das pessoas idosas. 

As pesquisas assinalaram que o processo de envelhecimento é seguido  pelo declínio da aptidão cardiorrespiratória e da função neuromuscular, sendo  cada vez exacerbado pela inatividade. Desse modo, as alterações fisiológicas  do sistema respiratório no processo de envelhecimento, pode ser amenizada  pela prática regular de atividades físicas, as quais são consideradas essenciais  para manutenção de uma vida prolongada e saudável, permitindo retardar a  perda da capacidade funcional, da força muscular respiratória e  consequentemente melhorar a qualidade de vida do idoso 

Nos achados, evidenciou-se que durante a pandemia da Covid-19, a  população idosa, especialmente a partir dos 80 anos, foi grandemente afetada,  com altos índices de adoecimentos complicados e óbitos. 

A perda da funcionalidade respiratória decorre de várias complicações  fisiológicas de fatores que afetam inteiramente a qualidade de vida do idoso.  Dessa forma, a realização de procedimentos de promoção e prevenção a saúde,  trazem resultados benéficos para a qualidade de vida do idoso com problemas  respiratórios.  

Assim, ainda são necessárias mais pesquisas voltadas para o  aprofundamento das complicações advindas de doenças respiratórias em  pessoas idosas, especialmente institucionalizadas.

REFERÊNCIAS 

ALVES, Joana e GRILO, Eugénia. Reabilitação respiratória em idosos, em  contexto de cuidados agudos: revisão sistemática da literatura. Vol. 5 N.º 1  (2022): Revista Portuguesa de Enfermagem de Reabilitação. Disponível em:  https://doi.org/10.33194/rper.2022.186. Acesso em 20/03/2024. 

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