IMPACTO DO CONHECIMENTO DO CUIDADOR NA CONDIÇÃO DE SAÚDE ORAL DOS PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS

IMPACT OF CAREGIVER KNOWLEDGE ON THE ORAL HEALTH STATUS OF PATIENTS WITH SPECIAL NEEDS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10988812


Altamirando da Costa Lima Neto1
Pedro Vitor Cardoso dos Santos1
Thallisson Wilhiams Santos Silva1
Orientadora: Profa. Dra. Edite Novais Borges Pinchemel²


RESUMO

O conhecimento sobre saúde oral por parte do cuidador de pacientes com necessidades especiais pode trazer impactos positivos à saúde oral, na prevenção de doenças, como também na promoção da saúde a esses pacientes e por isso essa questão deve ser averiguada com maior cautela pois muitas vezes tal atenção é subestimada e tal situação pode afetar de forma negativa a saúde dos mesmos que precisam de um cuidado específico e especializado. Assim, esse estudo tem por objetivo geral avaliar qual o grau de conhecimento do cuidador em saúde oral, e se há aplicabilidade dessas ações de forma efetiva para favorecer a saúde oral desses pacientes. Diante disso, será feita uma pesquisa exploratória, transversal, qualitativa e de campo, cujo critério de inclusão serão cuidadores de pacientes especiais de uma Clínica Escola de uma Faculdade na região sudoeste da Bahia demonstrando o perfil deles e atribuições acerca do cuidado deles com os pacientes de necessidades especiais, aprovada sob parecer n. 6.562.831. Com isso, identificou-se o grau de conhecimento desses cuidadores em relação à saúde oral , auto cuidado e aplicabilidade desse conhecimento nas práticas do autocuidado e cuidado ao outro. Com isso conclui-se o quão são relevantes os cuidados de saúde oral do cuidador para com o paciente, sua informação e atuação e por isso fomenta-se mais estudos sobre essa temática para incentivar a capacitação de cuidadores pois esses são imprescindíveis para saúde e cuidado do paciente, trazendo-lhe mais saúde e mais qualidade de vida.

Palavras-chave: Autocuidado, Prevenção em saúde, Saúde oral, Pacientes portadores de necessidades especiais, Promoção em saúde.

ABSTRACT

Knowledge about oral health on the part of caregivers of patients with special needs can have positive impacts on oral health, in the prevention of diseases, as well as in promoting health for these patients and therefore this issue must be investigated with greater caution as it is often such attention is underestimated and this situation can negatively affect the health of those who need specific and specialized care. Thus, the general objective of this study is to evaluate the caregiver’s level of knowledge in oral health, and whether these actions can be effectively applied to promote the oral health of these patients. In view of this, an exploratory, cross-sectional, qualitative and field research will be carried out, whose inclusion criteria will be caregivers of special patients from a School Clinic of a College in the southwest region of Bahia, demonstrating their profile and responsibilities regarding their care for patients. of special needs, approved under opinion no. 6,562,831. With this, the level of knowledge of these caregivers in relation to oral health, self-care and the applicability of this knowledge in the practices of self-care and care for others was identified. This concludes how relevant the caregiver’s oral health care is to the patient, their information and actions and therefore further studies on this topic are encouraged to encourage the training of caregivers as these are essential for health and care. of the patient, bringing them better health and better quality of life.

Keywords: Self-care, Health prevention, Oral health, Patients with special needs, Health promotion.

INTRODUÇÃO

Os cuidados com a saúde bucal de pacientes com necessidades especiais (PNE) é um tema bastante importante na área de saúde preventiva e que é cercado de problemas  devido a falta de cuidado, vez que o grau de necessidades dentárias não satisfeitas entre esta parcela de pessoas é altamente comprometido quando comparado com a população em geral (SHAH et al. 2017).

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conforme levantamento geográfico feito em 2012 mostram que 6,2% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência (auditiva, visual, física e/ou intelectual) e por isso devem existir políticas públicas e ações em prol desse público especifico, prevenindo problemas gerados pela condição dos mesmos.

A dificuldade ou mesmo falta de acesso a cuidados dentários, agravado por outros fatores como alimentação inadequada, menos visitas ao dentista, podem gerar problemas de saúde que trazem um impacto no funcionamento diário, bem-estar e na qualidade de vida de um indivíduo e a falta de cuidados pode aumentar problemas de saúde oral e gerar uma necessidade de cuidados dispendiosos , vê-se que vários estudos avaliaram o impacto das condições bucais em PNEs  e verificaram a influência da ação do cuidador como meio de prevenção a doenças de saúde oral  (CANCIO et al. 2018).

Para Castro et al. (2019) indivíduos com deficiência física e intelectual são pessoas que precisam de cuidados peculiares e tal atuação é deveras desafiadora, pois eles também têm uma saúde geral comprometida e no que tange a manutenção de uma boa saúde oral, é salutar e necessário que os cuidadores tenham mais conhecimentos sobre o assunto, com acesso a  centros especializados e de profissionais capacitados na rede pública para que seja possível atender de forma mais adequada a demanda do paciente, suprindo as necessidades do atendimento odontológico.

Vários estudos em todo o mundo centraram-se na necessidade de melhorar e prevenir doenças dentárias em PNEs, muitos podem estar diretamente dependentes de cuidadores para o exercício diário de suas atividades, como alimentação e hábitos de higiene, sendo o papel destes cuidadores  fundamental na vida dessas pessoas (LIU et al. 2015).

Portanto, as intervenções devem ser dirigidas aos cuidadores de uma forma culturalmente apropriada vez que esses não praticam o autocuidado e tem tarefas pesadas, por isso, fomentar informações é aceitável para que melhore diretamente o seu conhecimento, bem como a atitude, em relação aos pacientes com necessidades especiais, e a eles próprios no fornecimento de um nível ideal de cuidados (FERREIRA et al. 2017).

A prevenção e a promoção da saúde, pressupõem investimentos em medidas que capacitem e instruam cuidadores, de uma forma adequada e quanto mais conhecimentos esses tiverem mais eles se tornarão pessoas capacitadas para rede de atendimento ao PNE com foco na manutenção da saúde oral e na formação e capacitação conjunta de cuidadores como estratégia para contribuir de maneira significativa para a manutenção da saúde bucal dessa população (CANCIO et al. 2018).

A partir da compreensão de qual o nível de conhecimento dos cuidadores de PNE, poderá ser elaborado um protocolo com o básico necessário para a prevenção de inúmeras doenças bucais, com isso,  esse estudo tem como problemática qual o grau do conhecimento em saúde bucal do cuidador, a aplicabilidade na prática diária aos cuidados dispensados aos PNEs e o impacto da ausência desse conhecimento na saúde do PNEs.

Como o acesso ao atendimento odontológico é um fator chave, influenciando nos resultados de saúde bucal, por conta disso muitos indivíduos com necessidades especiais  correm o risco de não ter acesso aos serviços de atendimento odontológico de que necessitam para a manutenção da saúde bucal e tal dificuldade de acesso a serviços de atendimento odontológico para indivíduos com necessidades especiais de saúde e o cuidado inapropriado de cuidadores, eivado pela falta de competências e conhecimentos inadequados gera problemas a saúde desses pacientes (ALFARAJ et al. 2021).

Globalmente, as estimativas indicam que cerca de 500 milhões de pessoas sofrem de uma ou mais deficiências resultantes de problemas físicos, mentais ou sensoriais; e, como resultado, requerem cuidados especiais. No entanto, muitos dos indivíduos com necessidades especiais de cuidados de saúde não têm o acesso necessário (LIU et al. 2015).

Esse estudo se justifica pelo fato de que a atitude dos cuidadores em relação à saúde bucal é extremamente importante para pacientes portadores de necessidades especiais, visto que quanto maior o conhecimento desses, mais se previne problemas odontológicos.O presente estudo tem como objetivo avaliar qual o impacto do conhecimento do cuidador na condição de saúde oral dos pacientes com necessidades especiais.

MATERIAL E MÉTODOS

Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo e também exploratória. 

No caso deste estudo foi realizada aplicação de questionário, sendo esta também descritiva por descrever as características de determinadas populações ou fenômenos com aplicação de questionário e a observação sistemática.

A pesquisa foi feita com cuidadores de pacientes com necessidades especiais da Clínica  da Fainor, situada na cidade de Vitória da Conquista – BA, que é uma cidade da região sudoeste da Bahia, distante cerca de 520 km de Salvador, sendo averiguadas as questões atinentes ao conhecimento dos cuidadores e a sua importância para saúde buccal de pessoas com necessidades especiais e quanto ao principal resultado que é esperado nesta pesquisa é demonstrar o auxílio que o conhecimento de cuidadores traz para a saúde do PNE.

Conforme projeto que foi submetido para apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade Independente do Nordeste e aprovado sobre parecer 6.562.831, CAAE: 75283323.4.0000.5578.

O questionário foi aplicado a 12 cuidadores de pacientes com necessidades especiais que atuam na cidade e essa amostra foi calculada pela quantidade dos que aceitaram responder a essa pesquisa na clínica analisada.

O questionário composto de 23 (vinte e três) questões, sendo dessas 6 (seis) sobre os dados do cuidador (perfil sociodemográfico), e 17 (dezessete) sobre o paciente, alterando entre perguntas fechadas e abertas (a grande maioria fechadas) que foram respondidas pelos cuidadores.

As participantes  assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Seguindo as normas referentes aos aspectos éticos da pesquisa quando se trata de seres humanos, de acordo com a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos.

Os dados foram coletados através de um questionário aplicado, e o calculo feito através de estatística (percentagem), considerando as questões de caracterização sociodemográfica. Para tanto, será utilizado o software Excel. Posteriormente foi feita uma abordagem qualitativa de acordo com a análise de uma revisão feita com estudos novos sobre o tema, pautados em artigos científicos de bases de dados científicas dos últimos 5 (cinco) anos e a seleção do conteúdo abordado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, importante trazer o perfil sociodemográfico dos(as) cuidadores (as) entrevistados, depois dos pacientes e em seguida são apresentadas as questões atinentes a pesquisa propriamente dita e os cuidadores que atuam com pacientes com necessidades especiais responderam ao instrumento de pesquisa e os resultados estão dispostos nas tabelas 1, 2 e 3. 

Tabela 1. Distribuição sobre o perfil dos cuidadores

Sexon%
Masculino00
Feminino12100
Total12100
   
Idade  
20 a 30 anos216,6
31 a 40 anos325,0
41 a 50 anos650,0
Mais de 51 anos1 8,4  
Total 12100  
Escolaridade 
Fundamental Incompleto 433,3
Fundamental Completo 216,6
Ensino Médio650,0
Ensino Superior Incompleto00
Ensino superior00
Total12100
Horas por dia que passa com o paciente      
Acima de 12 horas866,7
De 6 a 12 horas por dia433,3
Menos de 6 horas por dia00
Total12100
Ocupação atual:  
Desempregada18,4
Do Lar216,6
Diarista Doméstica2 216,6 16,6
Auxiliar Administrativa Cuidadora em tempo integral Trabalhadora rural1 3 18,4 25,0 8,4
Total12100
   
Tem parentesco com o paciente?  
Sim12100
Não 0 0
Total12100
Fonte: Própria pesquisa (2024).

Sobre o perfil de cuidadores de pacientes com necessidades especiais, Silva et al. (2019) mostra que existe ainda a visão de que é função da mulher o compromisso com o cuidado, devido a cultura patriarcal que, muito embora tenha progredido dentro do tema relação  de gênero, ainda é presente, conforme demonstrado com 100% das cuidadoras sendo do sexo feminino.

Como grande estudioso em relações de gênero, Bordieu (2014) explica que existe uma implementação na cultura social da constituição de um habitus de gênero que se torna gerador de práticas e, em particular, das orientações comumente descritas como “escolhas” da vocação, e, no caso da mulher, essa desde a sua infância, já é “treinada” para os atos de cuidado, diferente do homem.

Com relação a idade viu-se que metade delas tem entre 41 e 50 anos, fator de preocupação, vez que nessa idade a atenção com comorbidades de saúde aumentam e conforme dita Misquiatti (2015) como o cuidado com um portador de necessidade especial gera sobrecarga é muito comum doenças físicas e emocionais advindas desse processo.

Viu-se ainda que 25% são cuidadoras em tempo integral, a maioria passa mais de 12 horas com o paciente e todas tem parentesco com o mesmo. Lima (2020) destaca que o trabalho de um cuidador gera grande desgaste físico, psicológico e até mesmo emocional, reduzindo a qualidade de vida (QV) da pessoa.

É comum que um membro da família que se sinta na obrigação e assuma os cuidados de pessoas com necessidades especiais, tornando-se assim o cuidador principal e como o paciente necessita de grande atenção, esse passa a dedicar a maior parte do seu tempo ao cuidado (Markunas et al., 2016).

Acerca da distribuição referente ao perfil dos pacientes com necessidades especiais conforme foi respondido pelos cuidadores, nota-se os dados na tabela 2 sobre o perfil dos pacientes.

Tabela 2. Distribuição sobre o perfil dos pacientes

Sexon%
Masculino758,3
Feminino541,7
Total12100
   
Idade  
0 a 12 anos541,7
13 a 20 anos425,0
21 a 30 anos216,6
30 a 40 anos0 0
Mais de 40 anos18,4
Total  12100
Diagnóstico do paciente   
Anemia falciforme216,6
Autismo216,6
Paralisia Cerebral e microcefalia18,3
Microcefalia18,3
Síndrome de Down425,0
Alzheimer18,3
Demência18,3
Total12100
Fonte: Própria pesquisa (2024).

Como a grande maioria são crianças e adolescentes, deve-se destacar a importância de ações em prol dos cuidados com PNE, principalmente com o público infantil e, no qual a higiene bucal e cuidados são imprescindíveis, advertindo como a prevenção e o cuidado com a saúde bucal é crucial para evitar o problema em crianças (Laranjo et al. 2017).

Por isso, que ações e medidas em prol da higiene bucal infantil são essenciais, e cabe aos profissionais e cuidadores que atuam nessa área, a competência do diagnóstico e tratamento, buscando a prevenção de problemas e ensinando as melhores medidas de cuidado com a higiene e saúde bucal, dando maiores informações sobre tais problemas eu podem ocorrer caso não haja o devido cuidado (Nunes; Perosa, 2017).

Lima (2020) destacou em seu estudo que crianças/adolescentes com TEA exigem muitos cuidados e dependendo dos graus de comprometimento estes podem ser completamente, moderadamente ou pouco dependentes.

Tal cuidado constante é fonte de estresse e preocupação, interferindo direta ou indiretamente na QV do cuidador que na grande maioria das vezes são as próprias mães que se esforçam pelo cuidado com os filhos e ainda gerar os melhores meios de adaptação familiar com objetivo de manter para interagir com os demais componentes da família (CARVALHO-FILHO et al. 2018).

Sobre pacientes com Síndrome de Down (25% dos pacientes deste estudo), vê-se que o diagnóstico  geralmente é realizado desde ou até antes do nascimento, gerando uma preocupação maior com o cuidado desde a gestação ou a partir do parto e como essas crianças necessitam de cuidados especializados e maior dedicação dos pais/cuidadores, toda a vida e dinâmica familiar geralmente é ajustada em prol de suprir as necessidades e dificuldades da pessoa com a Síndrome de Down (LIMA, 2020).

Com relação a distribuição dos quesitos referentes ao tema de cuidados de saúde oral propriamente ditos com os PNE, viu-se conforme tabela 3.

   Tabela 3. Distribuição sobre a atuação dos cuidadores

A limitação do paciente impossibilita de escovar os dentesn%
Sim758,3
Não541,7
Total12100
   
 A cuidadora faz higiene oral do paciente após as refeições  
Sim866,6
Não433,4
Total12100
A senhora consegue identificar inflamação na gengiva do paciente  
Sim758,3
Não 5  41,7
Total12100
Consegue distinguir dor de dente de outras dores?  
Sim975
Não325
Total12100  
Consegue identificar saburra lingual no paciente?  
Sim758,3
Não541,7
Total12100  
O paciente faz ingestão de alimentos com alto teor de açucar   
Sim433,4
Não866,6
Total12100  
Você considera que o consumo de açucar é prejudicial  
Sim12 100
Não00
Total 12100
Utiliza escova elétrica   
Sim00
Não12100
Total12100
O paciente possui hiposalivação        
Sim18,3
Não1191,7
Total12100
O paciente consegue mastigar normalmente os alimentos  
Sim 1083,3
Não216,7
Total12100
Faz uso de clorexidina ou antiseptico ?    
Sim325
Não975
Total12100
O paciente vai pelo menos uma vez ao ano ao dentista  
Sim866,6
Não433,4
Total12100  
Você já fez algum curso sobre cuidados de saúde bucal?   
Sim 18,3
Não1191,7
Total 12100
Já recebeu orientação do dentista para lidar com o paciente?        
Sim975
Não325
Total12100
Fonte: Própria pesquisa (2024).

Dentro de todos estes contextos é interessante dar importância às informações sobre os hábitos bucais e como a higiene feita de forma correta pode auxiliar no processo de desenvolvimento, em PNE sendo uma medida necessária que funciona como estratégia efetiva de educação em saúde, vez que fomentar os hábitos de higiene bucal são fundamentais na prevenção da saúde humana (Shah et al. 2017).

A limitação em escovar os dentes é um problema que traz para si cuidados preventivos que devem ser iniciados de modo precoce através do controle da alimentação, que será estipulado através de um diagnóstico precoce e tratamento (quando necessário) bem feito, implementando ainda ações de higiene bucal que serão primordiais para o trato dos dentes das crianças (Laranjo et al. 2017).

Logo, fazer higiene oral do paciente após as refeições é necessário, salutar e previne problemas de saúde oral mais gravosos, fatores importantes como saber diagnosticar e identificar inflamação na gengiva do paciente, bem como distinguir dor de dente de outras dores e saber identificar saburra lingual no paciente já ajudam como meios de levar o paciente ao dentista, o que conforme visto são problemas bucais, comuns em PNE que devem ser evitados através da higiene bucal, através de medidas proativas como a prevenção, devendo haver uma mudança de paradigma da Odontologia, onde já há a substituição da abordagem e da prática cirúrgico-restauradora para a de promoção de saúde (Lima, 2020).

Nota-se que medidas preventivas e do paradigma de promoção de saúde, diminuem o risco de problemas e por isso o cuidador deve ingressar no ciclo de buscar adotar a abordagem que preconiza ações educativas, preventivas e de promoção de saúde (Carvalho et al. 2018).

Com relação a ingestão de alimentos com alto teor de açúcar viu-se que a maioria não faz e que todos cuidadores consideram o consumo de açúcar é prejudicial. Tal fator é importante já que um dos fatores de risco e etiologia para muitas patologias de saúde oral que embora seja multifatorial e está bem estabelecida e é frequentemente associada a uma dieta pobre e há patógenos produtores de ácido que habitam a boca que podem causar danos ao dissolver estruturas dentárias na presença de carboidratos fermentáveis, como sacarose, frutose e glicose e por isso são fatores desencadeantes de mais problemas (Silva et al. 2018).

Portanto uma abordagem eficaz na prevenção de problemas de sáude bucal é salutar ao cuidador principal da criança e um fator importante é a supressão química pelo uso de gluconato de clorexidina na forma de enxaguatórios bucais, géis e dentifrícios tem demonstrado reduzir microorganismos orais (Condessa et al. 2020).

As práticas de alimentação com o uso inadequado de mamadeira tem um papel central na etiologia e na gravidade da cárie precoce. O raciocínio é o uso prolongado da hora de dormir de garrafas com conteúdo doce, especialmente lactose. A maioria dos estudos mostrou uma correlação significativa entre a cárie e a mamadeira e o sono com mamadeira (LIMA, 2020).

Existem abordagens gerais que têm sido usadas para prevenir problemas a pacientes com necessidades especiais e todas as abordagens incluem o treinamento de mães ou cuidadores para seguirem hábitos saudáveis de dieta e alimentação, a fim de evitar o desenvolvimento do problema, a intervenção preventiva deve ser  frequentemente salientada e a educação para a saúde bucal também é preponderante e o aconselhamento profissional e pesquisa prática tem focado na modificação da dieta infantil e hábitos alimentares através da educação dos cuidadores (ALFARAJ et al. 2021).

A educação em saúde bucal é formada por um conjunto de informações, que gerarão aprendizado ou experiências que visam produzir uma saúde bucal mais efetiva.  Com o objetivo principal de prevenção de doenças, seu objetivo é facilitar a tomada de decisões sobre práticas de saúde bucal e encorajar escolhas apropriadas para esses comportamentos. A educação em saúde eficaz pode, assim, produzir mudanças no conhecimento, induzir ou esclarecer valores e mudança de crença ou atitudes, facilitando a realização de habilidades (Silva et al. 2019)

Para Nasiloski et al., (2015) os cuidados de saúde oral são meios de prevenção para doenças e muito importante no crescimento e formação dos dentes, e as ações básicas de atenção de Odontologia são importantes pois auxilia na implementação de medidas em prol de se evitar problemas e se efetivada gera melhora na qualidade de vida de crianças, e o comprometimento da saúde do paciente será o mínimo possível.

Estudos científicos comprovam uma afinidade direta entre a prevenção através da higiene bucal com problemas nos dentes e quanto mais cedo o paciente iniciar o cuidado e trato menos problemas terá, pois quem não se cuida, apresenta problemáticas com uma tendência maior a alterações bucais e precisando de uma atenção odontológica redobrada (Laranjo et al. 2017).

Nunes e Peroza (2017) por sua vez destacam que essa prevenção significa mais do que apenas dentes saudáveis, engloba toda a questão relacionada a saúde bucal e envolve hábitos, alimentação e sentimentos de bem-estar social. E como a qualidade de vida das crianças pode ser gravemente afetada por cárie severa devido a dor e desconforto que podem levar à problemas maiores como infecções agudas e crônicas com risco de hospitalização, altos custos de tratamento e perda de dias na escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se que conforme o perfil dos cuidadores da pesquisa essas eram todas mulheres e da família dos pacientes, demonstrando a sobrecarga que essas pessoas tem nos cuidados com os PNE. Viu-se ainda que deve-se preocupar com a qualidade de vida dessas cuidadoras para que essas possam efetuar melhor seu trabalho de assistência ao paciente.

Quanto a promoção da saúde bucal, vê-se que nos PNE deve haver uma promoção geral da saúde como uma estratégia de vida saudável total, levando em consideração cuidados preventivos e cuidado com alimentos e custos de escolhas nutritivas mais acertadas pois a cavidade oral é um dos locais mais propícios para complicações das infecções, pois, o desequilíbrio entre os mecanismos de defesa do organismo, pode ocasionar uma infecção local.

Conforme estudo feito viu-se que pacientes de necessidades especiais são caracterizados por terem uma alta incidência de problemas de saúde oral pelo fato de a sua saúde bucal não ser acompanhada da forma correta como foi notado pelo fato de nenhum dos pacientes fazer uso de escova elétrica e a maioria nao usar clorexidina ou enxaguante bucal, sendo salutar ao cuidador principal da criança e um fator importante é a supressão química pelo uso de gluconato de clorexidina na forma de enxaguatórios bucais, géis e dentifrícios tem demonstrado reduzir microorganismos orais, muito embora a grande maioria dos pacientes desse estudo não faça uso desses produtos, devendo ser incentivado.

Como a maioria dos pacientes está ligada ao público infantil é ainda mais essencial tais ações de prevenção, pois vincula-se aos cuidados da saúde e a higiene bucal é uma ação necessária e uma prática simples, mas que ainda é tida como complexa, e tais barreiras podem ser reduzidas aumentando a conscientização sobre a importância da saúde bucal para o bem-estar  geral da criança, as consequências da má saúde bucal, fomentando práticas de orientação pelos profissionais de saúde e promoção de cursos em prol dessa temática.

Assim, faz-se necessário incentivar os pais fornecendo informações necessárias para a compreensão em prol de trazer iniciativas diferenciadas afim de conscientizá-los, tendo cuidado e atenção com os mesmos, atenção básica de saúde sobre a atuação do profissional de saúde no processo de conscientização acerca deste tema trazendo a prevenção e assistência ao paciente na saúde bucal.

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1Graduandos em Odontologia, Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, Vitória da Conquista, BA, Brasil.

2Professora de Odontologia, Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR, Vitória da Conquista, BA, Brasil.