LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: ACOMETIMENTO CUTÂNEO/ARTICULAR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10976405


Vanessa Maldonado de Holanda Moura1; Letícia Freitas2; Sofia Cunha Jubert3; Eduardo Augusto Souza Alves4; Bianca Maria Soares dos Santos5; Maria Teresa de Oliveira Paes Landim6; Igor Silva Lima7; Fernanda Tâmy Alves Iseri Costa8; Ana Carolina Cerqueira Costa9; Fernanda da Silva Negreiros10


RESUMO

O presente artigo nos apresenta um debate acerca do lúpus eritematoso sistêmico, voltado para o acometimento cutâneo e articular, os quais são os principais primeiros sinais e sintomas da doença, sendo muitas vezes o único e até mesmo os indicadores de exacerbação ou atividade da doença. Este documento faz parte de um estudo desenvolvido com base em evidências científicas e validado por especialistas da área em consensos e discussões. Além disso, os principais clínicos são apresentados, juntamente com normativas que guiam gestores e profissionais de saúde sobre diagnóstico, tratamento e prevenção das formas graves e exacerbadas do LES, doença autoimune, crônica e complexa. Este artigo tem por objetivo fornecer informações clínicas e laboratoriais sobre os mais primários e prevalentes análises, as quais levam ao diagnóstico rápido e preciso do lúpus eritematoso sistêmico, para que facilite o trabalho dos profissionais no tratamento medicamentoso e multifatorial, amenizando o sofrimento do paciente e prevenindo a disseminação letal e fatal, a qual a doença pode proporcionar aos seus portadores. 

Palavras chaves: Lúpus; Tratamento; Diagnóstico. 

ABSTRACT 

This article presents us with details about systemic lupus erythematosus, focused on skin and joint involvement, which are the main first signs and symptoms of the disease, often being the only and even indicators of exacerbation or activity of the disease. This document is part of a study developed based on scientific evidence and validated by experts in the field in consensus and discussions. In addition, the main clinicians are presented, along with regulations that guide managers and health professionals on the diagnosis, treatment and prevention of severe and exacerbated forms of SLE, an autoimmune, chronic and complex disease. This article aims to provide clinical and laboratory information on the most primary and prevalent analyses, which lead to the rapid and accurate diagnosis of systemic lupus erythematosus, to facilitate the work of professionals in drug and multifactorial treatment, alleviating the patient’s suffering and preventing the lethal and fatal spread, which the disease can cause to its carriers.

Keywords: Lupus; Treatment; Diagnosis.

INTRODUÇÃO 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma patologia inflamatória autoimune crônica de origem sistêmica com fisiopatologia complexa e não tão bem conhecida. Contudo, há evidências que fatores genéticos, hormonais, infecciosos, medicamentosos e ambientais estão envolvidos no desenvolvimento e progressão da doença, levando a diminuição do limiar imunológico e desencadeando autoanticorpos contra células e tecidos do próprio corpo, causando inflamação, lesões e dores. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, o sexo feminino em idade fértil é atingido cerca de quatro vezes mais do que no sexo masculino devido aos fatores hormonais como gestação, estrogênio e terapia de reposição hormonal (TRH). 

O perfil do portador de LES é mulher, jovem, em idade fértil apresentando classicamente lesões cutâneas, como rash, eritema e exantema e acometimento articular, como artrite em mãos, punhos, joelhos e pés. Sintomas gerais e constitucionais são frequentes, porém inespecíficos. 

O tratamento medicamentoso deve ser individualizado para cada paciente e dependerá dos órgãos ou sistemas acometidos, e da gravidade destes acometimentos. Porém, é indispensável manter como basilar o reconhecimento e controle dos multifatores desencadeantes da exacerbação da doença, como alterações hormonais, fatores ambientais, como a exposição solar, e estresses físicos e emocionais. 

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune do tecido conjuntivo exclusivamente cutânea ou multissistêmica (BERBERT, 2005).  

O curso da doença é geralmente crônico, recidivante e imprevisível, com acometimento seroso, pulmonar, renal, neurológico, hematológico, cardiovascular, mas tendo como principais acometidos o sistema cutâneo e articular. 

O acometimento cutâneo da doença é encontrado predominante em parte dos casos da doença lúpica, facilitando a suspeita e reconhecimento do LES. A forma cutânea generalizada é conhecida como rash maculopapular ou dermatite lúpica. Os aspectos epidérmicos são: rash malar, dando aspecto de vermelhidão em “asa de borboleta”, eritemas maculopapulares, úlceras orais, fotossensibilidade à exposição solar resultando em exantema cutâneo, além de fenômeno de Reynaud, caracterizado por alterações vasculares (vasoconstrição e vasodilatação) que determinam mudança na coloração das extremidades (palidez, cianose e eritema), está presente em 16% a 40% dos pacientes e geralmente se associa com estresse emocional ou frio (BRASIL, 2022)

As lesões cutâneas podem ser classificadas em: lúpus eritematoso cutâneo agudo, subagudo ou crônico. O lúpus eritematoso cutâneo agudo pode ser localizado ou generalizado, sendo a forma localizada com eritema em asa de borboleta nas regiões malares e a forma disseminada com erupções papuloescamosa simétrica acometendo tronco e membros superiores (ANDRADE, 2010). 

O lúpus eritematoso cutâneo subagudo é uma entidade à parte do LES, sendo caracterizado pela presença de lesões eritematosas pápulo-escamosas (tipo psoriasiformes) ou anulares (tipo placas policíclicas), localizadas principalmente em regiões de exposição solar, como face, nariz e braços. (ANDRADE, 2010).

O lúpus eritematoso cutâneo crônico engloba uma série de lesões, dentre as quais a discoide é a mais conhecida. A Lesão discoide clássica é caracterizada inicialmente por placa eritematosa e hiperpigmentada que lentamente evolui na sua periferia, deixando uma cicatriz central hipopigmentada com atrofia. Na maioria das vezes, esta é única e preferencialmente encontrada em face, couro cabeludo, pavilhão auricular e pescoço. (ANDRADE, 2010).

Já o acometimento articular é indubitavelmente o ataque mais frequente, depois dos sintomas constitucionais, da doença autoimune lúpica, principalmente por poliartrite ou poliartralgia simétrica e aditiva, sendo detectada em mais de 90% dos pacientes durante a evolução da doença (BRASIL, 2022).

Na maioria dos casos, as manifestações articulares não são deformantes, entretanto alguns casos podem evoluir para uma artropatia crônica ou do tipo Jaccoud, que se caracteriza por desvio ulnar seguido de subluxação, deformidades do tipo pescoço-de-cisne e subluxação das interfalangianas do polegar. Essas deformidades são decorrentes da instabilidade provocada pelo processo inflamatório crônico da cápsula articular, ligamentos e tendões (ANDRADE, 2010). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O diagnóstico baseia-se fundamentalmente no quadro clínico, com fase inicial acometendo sistema cutâneo e osteoarticular com maior frequência, associado aos dados laboratoriais e sorológicos, favorecendo a sua definição. A produção anormal de alguns autoanticorpos produzidos pelas células B são extremamente específicos do LES e ajudam a diagnosticar a doença, como fator antinuclear (FAN), anti-DNA de dupla hélice (anti-DNAds), anti-Smith (anti-SM),  anti-Ro/SSA e  anti-La/SSB. 

O tratamento do LES é altamente individualizado, dependendo da natureza das manifestações clínicas apresentadas. Em fases ativas da doença, uma pessoa com LES pode necessitar de um, dois ou vários medicamentos, enquanto em fases não ativas ou de remissão, poucos ou nenhum medicamento podem ser necessários.

Por se tratar de uma doença crônica, recidivante e imprevisível é de extrema importância que o paciente entenda a natureza da doença. Para isso, é necessário educar o paciente, relembrando que é primordial que seja coparticipante do tratamento e controle da patologia, adotando um estilo de vida, compatível com a aderência à terapêutica, como a regularidade à ingestão dos medicamentos, prática de atividades físicas, controle do estresse físico e emocional, apoio psicológico, proteção com luz solar, assiduidade às consultas e principalmente a atenção aos gatilhos da sua doença, sabendo conduzir e evitá-los. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

SATO EI; Bonfá ED; COSTALLAT LTL; SILVA NA; Brenol JCT; SANTIAGO MB; SZAJUBOK JCM; RACHID-Filho A; BARROS RT; VASCONCELOS M. Lúpus eritematoso sistêmico: tratamento do acometimento cutâneo/articular. Revista Brasileira de Reumatologia, 2004. Disponível em https://www.scielo.br/j/rbr/a/nczxTSDGkC7vxRctTcwJLhg/?lang=pt. Acesso em 12 de abril de 2024. 

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria conjunta Nº 21, de 01 de novembro de 2022.  Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Lúpus Eritematoso Sistêmico. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/pcdt/arquivos/2022/portaria-conjunta-no-21-lupus-eritematoso-sistemico.pdf . Acesso em 12 de abril de 2024

DE ANDRADE, Danieli Castro Oliveira; BONFÁ, Eloísa Silva Dutra De Oliveira ; NETO, Eduardo Ferreira Borba . Lúpus eritematoso sistêmico. São Paulo: Panamericana, 2010. Disponível em: https://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/65/lupus_eritematoso_sistemico.htm Acesso em 12 de abril de 2024 

BERBERT, Alceu Luiz Camargo Villela; MANTESE, Sônia Antunes De Oliveira. Lúpus eritematoso cutâneo: aspectos clínicos e laboratoriais. Uberlândia: Anais Brasileiros de Dermatologia, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abd/a/zLK4S5BCrWZc77f3vsDK3sM/# . Acesso em 12 de abril de 2024.


1Acadêmica de Medicina. Universidade do Grande Rio – UNIGRANRIO – AFYA
2Acadêmica de Medicina. Afya Faculdade de Ciências Médicas de Palmas – TO
3Acadêmica de Medicina. AFYA Paraíba / FCMPB
4Acadêmica de Medicina. Afya Faculdade de Ciências Médicas de Palmas – TO
5Acadêmica de Medicina. Centro Universitário de João Pessoa- Unipe 
6Graduada em Medicina. Universidade de Gurupi (UnirG)
7Acadêmico de Medicina. Afya Itabuna 
8Acadêmica de Medicina. Afya São Lucas 
9Graduada em Medicina. AFYA UniRedentor
10Acadêmica de Medicina. Centro Universitário Uninovafapi Afya