ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA CAPSULITE ADESIVA DE OMBRO: REVISÃO DE LITERATURA

THE ROLE OF PHYSIOTHERAPY IN ADHESIVE CAPSULITIS OF THE SHOULDER: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202404091043


NASCIMENTO, Ananda Keller Costa1; DIAS, Andressa Almeida1; BATISTA, Ian Reis1; SILVA, Laila Laís Lucas da1; MIRANDA, Mariana de Souza1; PEREIRA, Naiara Guimarães1; NERES, Rosana Bispo de1; HONORATO, Sincryte Samone Santos1; ANDRADE, Stefany Pereira1; CRUZ, Kezia Noemia Santos1;


RESUMO: A Capsulite Adesiva acomete a cápsula articular da glenóide, deixando essa articulação espessa e inelástica, com perda de movimentos ativos e passivos do ombro, além de dor e diminuição da amplitude de movimento. esse artigo tem como objetivo principal analisar, através de uma revisão sistemática, as técnicas utilizadas pelos fisioterapeutas disponíveis na literatura para o tratamento da capsulite adesiva. O objetivo desse artigo é reunir os conceitos mais atuais em tratamento fisioterapêutico para a capsulite adesiva. Para isso, utilizamos como ferramenta de busca as plataformas Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde, Pubmed e Scielo. Foi possível constatar que a fisioterapia tem mostrado bons resultados no tratamento da capsulite adesiva, diminuindo a dor e devolvendo a amplitude de movimento ao paciente acometido.

DESCRITORES: Capsulite adesiva; fisioterapia; ombro;

ABSTRACT: Adhesive Capsulitis affects the glenoid joint capsule, leaving this joint thick and inelastic, with loss of active and passive shoulder movements, in addition to pain and decreased range of motion. this article aims to analyze, through a systematic review, the techniques used by physical therapists available in the literature for the treatment of adhesive capsulitis. The purpose of this article is to bring together the most current concepts in physical therapy treatment for adhesive capsulitis. For this, we used Google Scholar, Virtual Health Library, Pubmed and Scielo as a search tool. It was possible to verify that physiotherapy has shown good results in the treatment of adhesive capsulitis, reducing pain and restoring range of motion to the affected patient.

DESCRIPTORS: Adhesive capsulitis; physiotherapy; shoulder;

INTRODUÇÃO

O ombro é formado por um complexo articular, denominado: esterno-clavicular, escápulo-torácica, acromioclavicular e glenoumeral. Somado aos músculos e ligamentos, permitindo a amplitude de movimento (ADM) do membro superior. A cápsula articular possui duas aberturas, uma dela na união da mesa com o úmero, permitindo que a porção longa do bíceps se introduza na goteira bicipital deste osso, por meio de uma extensão da membrana sinovial que funciona como uma bainha para o tendão da porção longa do bíceps, a outra abertura localiza-se abaixo do tendão subescapular, permitindo a saída da membrana sinovial que dá origem a uma bolsa extracapsular, a bolsa subcoracoide (MATOS et al, 2014).

A Capsulite adesiva (CA) ou “síndrome do ombro congelado”, é uma afecção dolorosa, causando rigidez, contraturas musculares, retrações miotendíneas secundárias, limitando a mobilidade do ombro. Apresentando três fases de progressão: fase aguda ou dolorosa, causando dor difusa e intensa, piora noturna com duração de 2 a 9 meses. Fase subaguda ou adesiva, o quadro álgico diminui, mas aumenta a rigidez articular, principalmente nos movimentos ativo e a fase crônica ou descongelamento, no qual a amplitude de movimento começa a ser recuperada gradativamente (CHAN et al 2017).

A sua etiologia ainda é desconhecida, no entanto, observa-se na literatura, uma frequência maior no sexo feminino, com idade entre 40 e 60 anos, acometendo o lado não dominante. De acordo com Tang et al., (2019), a CA pode estar associada às condições sistêmicas, como fatores de risco. Dentre eles, a diabetes, doenças cardiovasculares, distúrbios tireoideanos e acidente vascular cerebral. Entretanto, não a uma origem específica ou única.

É imprescindível a precocidade para se iniciarem os procedimentos fisioterapêuticos, sendo que o exercício é o estímulo fisiológico específico que aumenta a capacidade funcional e reverte a hipotrofia por desuso e a fraqueza muscular, se a intensidade, frequência e duração apropriada forem aplicadas. Pode-se fazer a fisioterapia associada a termoterapia e cinesioterapia objetivando aumentar a amplitude de movimento do membro superior afetado.

Os exercícios devem começar de forma suave, através de exercícios pendulares e alongamentos, respeitando sempre o limite tolerável do paciente, e se preciso, pode-se fazer também manipulação articular.

O objetivo da fisioterapia é eliminar o desconforto e restaurar a mobilidade e a função do ombro. A fisiopatologia do ombro “congelado” é muito complexa, portanto existem várias modalidades de tratamento físico. Por isso o tratamento deverá estar de acordo com os aspectos clínicos e com o estágio do quadro disfuncional. O tratamento é multiprofissional, sendo os mais comuns o medicamentoso e fisioterapêutico, diante disso, o objetivo desse artigo é investigar na literatura científica evidências sobre as principais abordagens fisioterapêuticas no tratamento da capsulite adesiva.

METODOLOGIA

Trata-se de um levantamento bibliográfico, elaborado a partir da seleção de artigos, nas bases de dados: Pubmed, BVS, Scielo e google acadêmico, utilizando os descritores “ capsulite adesiva”, “fisioterapia” e “ombro”, intercalados pelo bolenado and. Os critérios de inclusão dos artigos, foram: artigos originais, publicados na íntegra, em inglês, português e espanhol, que abordassem sobre o tratamento fisioterapêutico na capsulite adesiva, publicados no período de 2013 a 2022. Foram excluídos estudos randomizados, relatos de caso e revisão de literatura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados 23 artigos, destes, apenas 7 compuseram a pesquisa, por obedecerem aos critérios de inclusão e exclusão. Foram selecionados 4 artigos para a revisão sistemática. Os estudos apontaram que a fisioterapia atua na redução do quadro álgico bem como no ganho de ADM, dependendo da fase de progressão.

O estudo realizado por Lin et al. (2022), demonstrou a facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF) como efeito analgésico. Trata-se de um estudo que utilizou a ressonância magnética e a escala EVA, e comparou esta técnica com as mais tradicionais. A população foi de 48 pessoas no total, diagnosticadas com capsulite adesiva, randomizadas em dois grupos: em um foi aplicada a terapia manual tradicional (tração, deslizamentos, rotações e técnica de Maitland), sendo o grupo controle, e no outro grupo PNF. A técnica utilizada no grupo PNF foi pensada com o intuito de alongar a musculatura acerca do ombro, causando uma melhora da elasticidade muscular para que dessa forma, melhore a amplitude de movimento.

Após quatro semanas de tratamento, os participantes foram submetidos a uma ressonância magnética novamente no ombro afetado, com o objetivo de medir a espessura do ligamento coracoumeral e da cápsula no recesso articular. Durante o tratamento, os indivíduos também relataram na escala EVA o nível da dor em três momentos: antes, durante e após o tratamento, para essa avaliação, os pesquisadores também utilizaram um goniômetro para medir a amplitude de movimento do ombro afetado.

Ao final do estudo, os pesquisadores constataram uma diminuição da espessura do ligamento coracoumeral no grupo que realizou PNF em comparação ao grupo de técnicas convencionais, já com a escala EVA não houve diferença significante em relação a dor nos dois grupos, apenas a médio e longo prazo, onde o grupo PNF também obteve uma melhora significativa. Em relação a amplitude de movimento, o grupo PNF também obteve melhora na fase intermediária do estudo. Considerando que os objetivos primordiais de tratamento da capsulite adesiva são a diminuição do quadro álgico do paciente e o aumento da amplitude de movimento, a PNF se mostrou um tratamento eficaz.

Um outro estudo, avaliou a acupuntura como terapia alternativa. Os resultados demonstraram-se eficazes, no controle da dor e com poucos efeitos adversos. (AMARAL, et al., 2014)

Zanelatto (2013) realizou um estudo de caso da avaliação da acupressão auricular na Síndrome do Ombro Congelado. O estudo de caso teve como intervenção a acupressão auricular com esferas de cristais e como indicador de resultado o questionário Penn Shoulder Score (PSS), a voluntária do estudo foi do gênero feminino, 42 anos de idade com a profissão de policial militar há 23 anos, diagnosticada com ombro congelado e dor crônica. Para a intervenção as esferas foram colocadas sobre os pontos específicos com auxílio de uma pinça mosquito, após limpeza de toda a região auricular, esses pontos foram escolhidos segundo os descritos pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC) para o tratamento da síndrome do ombro congelado, sendo que o ciclo de tratamento consistiu em doze semanas. Após análise qualitativa e quantitativa dos resultados obtidos, concluiu-se que a auriculoterapia é uma importante técnica terapêutica, pois o estudo demonstrou uma melhora na pontuação total do PSS – Brasil em 34,3%.

O estudo foi realizado por Duzgum et al. (2015), caracterizado por ser de avaliação simples, randomizado, simples-cego, com 54 indivíduos nos estágios 2 ou 3 do ombro congelado. Para a realização, os avaliados foram divididos em dois grupos, na qual, o grupo 1 foi tratado com mobilização escapular, e o grupo 2 com alongamento da cápsula posterior, inicialmente. Após realizada a avaliação, os pacientes foram trocados de maneira que quem começou com mobilização escapular passou para alongamento e quem começou com alongamento passou para mobilização escapular. Utiliza-se o alongamento para aumentar o comprimento das estruturas de tecidos moles que foram acometidos pelo problema e consequentemente encurtados, o que ocasiona o déficit de mobilidade. Esse procedimento possibilita o aumento da amplitude dos movimentos.

Existem várias técnicas de alongamentos que podem ser utilizadas, e são determinadas pelo especialista a partir da avaliação do quadro do paciente e das suas necessidades. Podemos citar a título de exemplificação o alongamento capsular posterior e o alongamento com as mãos atrás do dorso. Recomenda-se que estes exercícios sejam praticados com o indivíduo em pé com a coluna lombar flexionada a 90º. Os movimentos são realizados no sentido horário, anti-horário, látero-lateral e ântero-posterior. É importante que no momento da execução o paciente esteja com a musculatura escapular relaxada o máximo possível, isso possibilita que os movimentos se estendam ao máximo de amplitude possível.

Os exercícios de alongamento, sejam eles ativos ou passivos, têm como objetivo a restauração dos movimentos do membro afetado, melhorando não apenas os sintomas como a dor, mas também as suas atividades de vida diária. O estudo em questão comprovou esses resultados pois após as manobras de mobilização da escápula e alongamento da cápsula posterior com posterior associação das duas técnicas ocorreu aumento da amplitude articular de movimento em todas as pessoas do estudo. A flexão do ombro foi de 5,6 para 8,4 graus, a abdução do ombro foi de 4,8 para 12,3 graus, a rotação externa foi de 1,2 para 8,7 graus, a rotação interna foi de 2,2 para 6,5 graus, e a elevação de 2,5 para 6,5 graus. Em relação a flexibilidade da cápsula posterior ela foi de 0,7 para 1,3 cm. Desse modo, fica claro que os recursos terapêuticos manuais no ombro congelado são um tratamento importante.

CONCLUSÃO

Com base na revisão de literatura realizada, verifica-se que a capsulite adesiva ou ombro congelado é uma patologia que gera rigidez da articulação do ombro, dor e diminuição do movimento da articulação glenoumeral. Os estudos analisados evidenciaram a efetividade da fisioterapia manual passiva e ativa, no tratamento da capsulite adesiva de ombro. Observamos também a escassez de artigos atualizados, tivemos dificuldade quanto a isso, achamos poucas pesquisas dos anos de 2013 a 2022, limitando a elaboração dessa revisão de literatura.

REFERÊNCIAS

TANG, Hua-Yu et al. Physical therapy for the treatment of frozen shoulder. Medicine, [S.L.],v. 98,     n.   32,    p.   1-3,    ago.    2019.    Ovid   Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/md.0000000000016784

CHAN, Hby; PUA, Py; HOW, Ch. Physical therapy in the management of frozen shoulder. Singapore Medical Journal, [S.L.], v. 58, n. 12, p. 685-689, dez. 2017. Singapore Medical Journal. http://dx.doi.org/10.11622/smedj.2017107.

DUZGUN, Irem et al. Which method for frozen shoulder mobilization: manual posterior capsule stretching or scapular mobilization?. Journal Of Musculoskeletal And Neuronal Interactions, Turkey, v. 3, n. 19, p. 311-316, 2019.

LIN, Ping et al. Effect of proprioceptive neuromuscular facilitation technique on the treatment of frozen shoulder: a pilot randomized controlled trial. Bmc Musculoskeletal Disorders, [S.L.], v. 23, n. 1, p. 1-10, 20 abr. 2022. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1186/s12891-022-05327-4.

CARVALHO, K. R. Acupuntura na capsulite adesiva do ombro como tratamento fisioterapêutico. FAEMA, Ariquemes-RO, 30/ NOV/2015. Disponível em: https://repositorio.faema.edu.br/bitstream/pdf. Acesso em: 10/10/2022


1Discente, Curso Fisioterapia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia