VISITAS DOMICILIARES: UMA PONTE ENTRE A COMUNIDADE E O SERVIÇO DE SAÚDE – RELATO DE EXPERIÊNCIA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10946288


Ana Raquel Leal Pires 1
Keity Antoniassi 2
Leanne Lopes Leite 3
Matheus Silva Boaventura 4
Raquel Moya Vital Torraca 5
Ana Paula Dossi de Guimarães e Queiroz 6


Resumo

Introdução: Este relato tem como base as experiências adquiridas durante as práticas da disciplina de atenção à Saúde da Comunidade, no curso de graduação em medicina da Universidade Federal da Grande Dourados, realizadas no âmbito da Atenção Primária à Saúde. Objetivos: Relatar as experiências obtidas durante as visitas a duas famílias e analisar as intervenções educativas em saúde realizadas. Métodos: Os acadêmicos acompanharam visitas domiciliares com os Agentes Comunitários de Saúde a residências de pacientes do território. Após as visitas, os acadêmicos optaram por realizar intervenção sobre educação em saúde com duas famílias consideradas mais vulneráveis. Para tanto, conduziram uma conversa para entender mais sobre o histórico das doenças que acometiam as pessoas residentes nas casas visitadas. Resultados: Para a família 1, predominante idosa, foi apresentado um manual de prevenção de quedas além de informações a respeito de um projeto da UFGD que disponibiliza aulas gratuitas de hidroginástica, ideal para pessoas que não podem fazer exercícios de impacto. Quanto à família 2, que não possuíam hábitos alimentares saudáveis, foram feitos imãs para geladeira dando sugestões alimentares agradáveis que poderiam substituir alimentos calóricos. Também foram produzidos panfletos com informações sobre a má alimentação, o uso de insulina e a importância de exercícios físicos. Considerações finais: Os resultados da intervenção foram bem sucedidos. As famílias se mostraram satisfeitas com as atividades e os estudantes, com a recepção que tiveram. Enfatiza-se a importância de atividades como essas para atender a comunidade e proporcionar a experiência dos cuidados primários aos estudantes de medicina.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Visita Domiciliar. Educação em Saúde.

1  INTRODUÇÃO

Uma das diretrizes que regem a Atenção Primária à Saúde, descrita na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), é a importância da criação de vínculos entre a equipe de saúde e os pacientes, a fim de possibilitar um atendimento mais amplo, adequado e contínuo para cada indivíduo. Essa atividade apenas se torna possível por meio da profunda compreensão da realidade do paciente, processo que ocorre ao visitar o espaço pessoal e conhecer a vida e relações pessoais do paciente através do diálogo e do estabelecimento de uma relação de confiança (PNAB, 2017).

Além disso, a prática da educação em saúde, um aspecto importante para a promoção da saúde na Atenção Básica, visa levar mais autonomia à população para que possam tomar decisões mais esclarecidas acerca da própria saúde e participar da construção do sistema de saúde que atenda às suas necessidades. Utilizando como base a diretriz mencionada acima, um grupo de cinco estudantes de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) realizou uma intervenção com a população atendida por uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Acompanhados por agentes comunitários de saúde da UBS, os estudantes visitaram a população local e escolheram duas famílias para trabalharem com educação em saúde. Os dois temas principais trabalhados com cada família foram: hipertensão e diabetes e prevenção de quedas para idosos.

A hipertensão é uma doença crônica caracterizada pelos altos níveis de pressão arterial e representa um dos principais fatores de risco para insuficiência renal e cardíaca, infarto, aneurisma e acidente vascular cerebral. A diabetes também é uma doença crônica e está frequentemente associada à hipertensão, já que a pressão arterial alta é um de seus fatores de risco. É causada pela produção insuficiente ou pela má absorção do hormônio insulina e algumas de suas complicações mais comuns são nefropatias, perda de visão, infarto e úlceras de difícil cicatrização. A gravidade da situação fica evidente diante dos dados anunciados pelo Ministério da Saúde, coletados respectivamente em 2014 e 2015 e apontam que 1 em cada 10 adultos possui diabetes e 1 em 4 adultos hipertensão arterial sistêmica em todo o mundo (BRASIL, 2022).

Segundo o censo realizado pelo IBGE no ano de 2022, a proporção de idosos cresceu em 57,4% em 12 anos (IBGE, 2022). Esse dado evidencia o quão relevante para a população brasileira é investir em educação em saúde voltado para idosos, visto que números como esse indicam o envelhecimento da população brasileira. Logo, a ocorrência de quedas, um dos acontecimentos mais recorrentes da velhice, precisa ser discutida e colocada em posição de destaque, a fim de evitar sérias consequências para a saúde de indivíduos cujos corpos são muito mais frágeis.

Muitas condições que acabam por sobrecarregar o sistema público de saúde poderiam ser prevenidas com a disseminação de informação acerca do assunto. A grande maioria dos casos de hipertensão e diabetes deriva de maus hábitos de saúde, como sedentarismo e obesidade, resultando em doenças que prejudicam inúmeros aspectos da saúde e da qualidade de vida do paciente, além de precisar de atendimento contínuo pelo resto da vida. A ocorrência de quedas com idosos também pode ocasionar situações complexas como ossos fraturados, o que pode levar a diminuição da autonomia do idoso e maior dependência. Em ambos os casos, se houvesse mais medidas para evitar tais problemas de saúde, seria menos custoso para o Sistema Único de Saúde e os recursos destinados para tratar tais condições poderiam ser direcionados para outras áreas mais necessitadas.

Portanto, o objetivo da intervenção realizada pelos estudantes de medicina, ao dialogar e distribuir os materiais educativos focados nos problemas das duas famílias, foi o de promover uma melhor qualidade de vida e independência para os indivíduos, ao mesmo tempo, em que buscavam auxiliar o SUS, em especial a Atenção Primária, e demonstrar a importância da criação de vínculos e conhecer o paciente para tratá-lo de maneira eficaz.

2  METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de um relato da experiência dos alunos do terceiro semestre do curso de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no decorrer do estágio ofertado pela disciplina de Atenção à Saúde da Comunidade. O estágio em questão foi composto por visitas realizadas pelos estudantes a uma Unidade Básica de Saúde no perpassar de cinco semanas, prioritariamente às terças-feiras no período matutino.

Uma vez presentes na UBS, o grupo dividiu-se em dois e, juntamente com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da unidade, partiram em direção aos domicílios para que pudessem conhecer as famílias da região e detectar quais os impasses e os determinantes de saúde delas. Após a primeira visita, foram escolhidas duas famílias em particular para a melhor compreensão da composição familiar e o estado de saúde de cada integrante, possibilitando a construção do genograma e a descrição detalhada dos casos.

O genograma trata-se de um esquema de representação gráfica com informações do núcleo familiar e sua composição, bem como apresenta dados relevantes à saúde de cada indivíduo nele representado. Sua importância se dá uma vez que o mesmo permite a visualização dos padrões de relacionamento intrafamiliar, bem como possibilita a formulação de hipóteses sobre as influências internas e/ou externas no processo de adoecimento a partir do contexto familiar (HAYES et al., 2005).

Após a formulação do genograma e a identificação dos agravos e determinantes à saúde dos indivíduos/ famílias acompanhadas, os estudantes, sob orientação da docente, estabeleceram então propostas de intervenção características à realidade de ambas as famílias elencadas, elaborando, assim, propostas como orientações individuais e conjuntas, panfletos informativos, imãs de geladeira contendo orientações alimentares, bem como a disposição de elementos (alimentos e tiras para medição de glicose) faltosos aos núcleos familiares. As ações de intervenção realizadas na conclusão do estágio serão detalhadas no decorrer do presente artigo.

3        RESULTADOS

1.1.  Genograma e descrição do caso da família 1

Figura 1 – Genograma da família 1

Fonte: Imagem de autoria própria

A família 1 é composta por uma mulher idosa, P. B. de 80 anos, sua filha M. e seu genro G., conforme ilustrado no genograma da figura 1. Os três familiares residem em uma casa própria e frequentam uma igreja evangélica 2 vezes por semana. O bairro onde moram tem coleta de lixo e não apresenta muitos casos de dengue, além de ser uma região relativamente segura, sem episódios de roubo. P. B. é alfabetizada e possui o ensino básico incompleto. Nasceu no Paraguai e foi criada sem o pai. Sua mãe trabalhava lavando roupas na beira do rio e conseguiu criá-la até os 7 anos, depois a entregou para sua madrinha, A. A., porque dizia estar “fraca da mente”. Ela morou com a madrinha até se casar aos 19 anos. Três meses após o seu casamento, engravidou e passou a trabalhar em fazendas, cuidando da casa e cozinhando para os peões. O esposo, falecido há 19 anos, era carpinteiro, cuidava da roça e tinha 4 filhos, 3 mulheres (M. B., C. A. e I. C.) e 1 homem (E. L.). Planejava continuar trabalhando na fazenda e ir para a cidade apenas quando tivesse uma casa própria, ideia que apenas se concretizou quando tinha 28 anos. Vale ainda observar que ele tinha 4 irmãos, dos quais, a irmã mais velha, chamada R., falecida há um ano, apresentava certa dificuldade ao se expressar (havia a suspeita de meningite, por parte de familiares leigos no assunto); O. F., que cometeu suicídio; o D., que tem hipertensão arterial e está no processo de perda da visão em decorrência de um trauma; e, a M. que já passou por uma cirurgia cardíaca.

Há aproximadamente 15 anos, P. B. começou a manifestar sintomas de infarto, como o característico “aperto” no peito. Na primeira vez que foi ao médico cardiologista, descobriu que já havia sofrido um infarto. Após essa descoberta, foi acometida por outro infarto. Atualmente, possui 3 Stent no coração e pinos na coluna. Além disso, relatou, de forma aborrecida, apresentar episódios de amnésia após ter contraído COVID-19. Já teve, também, um tumor na região pélvica que fazia com que ela andasse arrastando as pernas, resultando em quedas frequentes. Posteriormente, o tumor foi retirado, porém, os nervos da perna foram afetados pela cirurgia. Recentemente, a senhora P.B caiu e machucou a perna. Em consequência disso, reclama de muita dor e relata estar aguardando exames e tratamento do SUS. Operou os olhos devido à catarata. Ademais, recorre a muitos medicamentos para tratamento de pressão alta. Inclusive, antes da ocorrência do último infarto, foi registrada uma pressão sistólica de 260 mmHg. Embora a glicemia não ultrapasse 300 mmol/L, apresenta um quadro de diabetes do tipo 2. Toma todos os seus remédios corretamente. Por fim, ela queixou-se quanto aos serviços domésticos e a prática de quaisquer exercícios físicos, em razão da dor na perna que, por sua vez, atrapalha constantemente seu sono durante a noite. P. B. comentou, ainda, ter medo de cair na rampa da entrada de casa e que utiliza remédio caseiro na perna dolorida.

M., de 60 anos, filha mais velha de P. B., informou que seu cotidiano consiste em se levantar, tomar chimarrão e café e depois realizar os serviços de casa. Possui ensino médio completo. Há 2 anos e 8 meses está afastada do seu serviço de agente de saúde, o qual realizava há 20 anos, por motivo de doença. É casada com J. G., seu terceiro marido, há cerca de 20 anos. Teve um tumor marrom na paratireoide que afetou uma pequena parte da tireoide também. Informou às alunas que esse tumor retira o cálcio dos ossos e coloca no sangue, elevando muito o nível de cálcio sanguíneo. Sentia muita dor no calcanhar e começou a mancar e ter muita sede. O tratamento foi feito em um hospital da cidade onde mora e a cada 6 meses faz acompanhamento para refazer exames. O processo da descoberta do câncer foi difícil, no início o médico acreditava ser esporão e por isso até passou por uma fisioterapeuta, sentindo muita dor ao levantar a perna ao praticar os exercícios. Posteriormente, depois de muitas investigações, foi realizada uma aspiração de ambos os ossos ilíacos para verificar a possível presença de câncer nos ossos, que também teve resultado negativo. Investigou pulmão, útero e seio até descobrir uma alteração em uma das glândulas paratireoides. Fez biópsia e o resultado apontou que se tratava de carcinoma. Durante todo esse processo fraturou a tíbia, quadril, fêmur e a tíbia novamente, totalizando 4 fraturas. Fez cirurgia e retirou a glândula paratireoide prejudicada. Utilizava morfina abundantemente porque sentia muita dor e ficou acamada, tendo que usar fralda e comadre hospitalar, até que eventualmente começou a sentar, foi para cadeira de rodas e depois andador. Continuava a mancar e quando reclamou ao médico ele afirmou que ela apenas estava com medo de andar e quebrar os ossos e a induzia a não usar o andador, depois com o auxílio de exames foi observado 3 cm de diferença de uma perna para outra. Atualmente ela não anda muito e nem pode fazer exercícios de impacto, sendo sugerido a prática de hidroginástica para ajudá-la a se fortalecer.

Ao longo das visitas, foram identificados certos desafios enfrentados pelos membros da família. Alguns deles foram a dificuldade de locomoção de P. B. e M., a tristeza de M. por não morar mais com a filha e não conseguir exercer sua antiga profissão e os problemas de coluna e perna de P. B. que a impedem de realizar atividades domiciliares e dormir. Também foi informado às acadêmicas que J. G., marido de M., é hipertenso e já teve um aneurisma.

Visando auxiliar os membros da família de acordo com suas dificuldades, foi apresentado um material voltado à prevenção de quedas para idosos, elaborado por discentes e docentes da UFPR, com o intuito de ajudar P. B e M. a evitarem acidentes domiciliares. Ademais, foi indicada a prática de alguma atividade física de baixo impacto, como a hidroginástica.

Figura 2 – Manual de prevenção de quedas para idosos Capa

Fonte: Manual de prevenção de quedas para idosos, UFPR.

Figura 3 – Manual de prevenção de quedas para idosos Sapatos

Fonte: Manual de prevenção de quedas para idosos, UFPR.

Figura 4 – Projeto UFGD Nada Mais

Fonte: Site da UFGD.

Figura 5 – Discentes e família 1

Fonte: Imagem de autoria própria.

Figura 6 – Discente e paciente da UBS visitada

Fonte: Imagem de autoria própria.

1.2.           Genograma e descrição do caso da família 2

Figura 7 – Genograma da família 2

Fonte: Imagem de autoria própria.

O genograma exposto na figura 2 identifica as relações de parentesco e a identificação de doenças que acometem a família 2, composta pela senhora. D., 28 anos, seu marido F., 39 anos, e seus filhos, D. de 12 anos e O. de 9 anos. A Sr.ᵃ D. mora em um bairro residencial onde há coleta de lixo e não há ocorrência de muitos casos de dengue. A casa está localizada em uma rua pavimentada, sem episódios de alagamento em períodos de chuva. Os filhos da Sr.ᵃ D. são de um relacionamento anterior e residem na mesma casa com o casal. Além disso, as crianças cultivam um bom relacionamento com o marido atual. Os pais de D. já faleceram e, dos seus parentes, apenas uma tia mora na mesma cidade. A renda familiar advém apenas do seu esposo F. que trabalha em uma borracharia e tem 3 filhos de um relacionamento anterior.

Os filhos do Sr. F. visitam o pai periodicamente, em um intervalo de 15 dias. Seus filhos estudam em período integral na escola pública. A família não possui hábitos de vida saudáveis: consomem uma dieta rica em carboidratos (arroz e macarrão) e deficiente em legumes e verduras e não praticam nenhum exercício físico. A Sr.ᵃ D., PA: 140/90 mmHg, relatou um ganho de peso após a cirurgia de laqueadura, há 6 meses. Embora tenha sido diagnosticada com diabetes mellitus do tipo 2 e hipertensão arterial, não realiza o tratamento corretamente e afirma que o quadro de hipertensão regrediu após uma fase temporária de emagrecimento. A médica do posto de saúde receitou a aplicação da insulina regular (pode ser aplicada na região da barriga, coxa e parte posterior do braço) em uma dose de 20un pela manhã e 20un a noite. No entanto, ela afirma que essa dosagem “não faz efeito” — conforme o seu automonitoramento da glicemia capilar — e a insulina regular causa mais dor ao ser aplicada em virtude do “líquido ser mais espesso”. Por isso, ela faz a aplicação da insulina de ação intermediária NPH na barriga, com 40un pela manhã e 40un a noite, uma dosagem superior àquela recomendada.

Seu marido, F., apresenta um quadro de úlcera gástrica e faz a ingestão de omeprazol todos os dias. É acompanhado pelo médico, mas a demora na realização dos exames foi negativamente destacada por D., uma vez que F. aguardou 2 anos para realizar um exame de endoscopia. A Sr.ᵃ D. também relatou que seu filho O. apresenta problemas cardíacos desde que nasceu, como estenose da aorta e sopro cardíaco, além do sintoma de astenia; já fez 3 exames de cateterismos. Inclusive, ela mudou-se para a cidade onde reside atualmente em busca de um tratamento para seu filho mais novo. Anteriormente, os filhos já foram diagnosticados com pré-diabetes; mas, segundo ela, tal quadro regrediu depois de uma leve melhora nos hábitos alimentares. D. destacou a demora na realização do exame de ecocardiograma do seu filho (quase 1 ano de aguardo). Ao final, ela afirmou que o acesso aos medicamentos na farmácia cachoeirinha e farmácia seleta é bastante precário e, segundo ela, “às vezes não tem nem dipirona”.

Durante as visitas, foi identificada a má alimentação da família, com uma dieta rica em carboidratos e frituras e pobre em frutas e verduras. Além disso, os filhos da Sr.ᵃ D. foram, anteriormente, diagnosticados pré-diabéticos e não são conscientes acerca da seriedade da diabetes, já que a mãe trata a doença erroneamente. Visto isso, foi produzido, por parte dos acadêmicos, um panfleto de orientação e recomendação para a família da Sr.ᵃ D. sobre definição, complicações e tratamento para a diabetes e hipertensão, recomendações para uma alimentação saudável e exercícios físicos, como também, instrução sobre o uso da insulina e a diferença sobre a insulina regular e a NPH. Ademais, foram entregues ímãs de geladeira com dicas sobre o ideal de alimentação e a porção recomendada de cada tipo de alimento.

Figura 8 – Panfleto de Orientações Frente

Fonte: Imagem de autoria própria.

Figura 9 – Panfleto de Orientações Verso

Fonte: Imagem de autoria própria.

Figura 10 – Ímãs de geladeira

Fonte: Imagem de autoria própria.

Figura 11 – Discente e paciente da UBS visitada

Fonte: Imagem de autoria própria.

Figura 12 – Discentes e paciente da UBS visitada

Fonte: Imagem de autoria própria.

Figura 13 – Discentes e paciente da UBS visitada

Fonte: Imagem de autoria própria.

4  CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Atenção Primária à Saúde, porta de entrada e centro de comunicação da rede de atenção à saúde (RAS), é, de fato, fundamental para acolher as pessoas e promover a vinculação e corresponsabilização pela atenção às suas necessidades de saúde, conforme está disposto na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Diante disso, as ações de educação em saúde são necessárias para ampliar o controle social na defesa da qualidade de vida, ao conscientizar os pacientes e as famílias sobre os aspectos importantes do processo saúde-doença, tornando-os dotados de autonomia na promoção à saúde.

O estágio realizado pelos acadêmicos de Medicina da UFGD constitui um exemplo de ação educativa, já que, ao esclarecer às famílias acerca da prevenção e do tratamento de doenças crônicas como hipertensão e diabetes e dos cuidados pertinentes ao idoso, permitiu a disseminação de conhecimentos acerca de hábitos saudáveis de vida que podem ser facilmente incorporados à rotina diária. Nesse sentido, a ação trouxe benefícios não apenas para a comunidade assistida pela UBS, mas também para os próprios acadêmicos, dada a relevância das experiências para uma formação médica mais humanizada, que não ignora os determinantes sociais (condições de vida, trabalho e educação e cultura).

Contudo, apesar dos benefícios, foram observadas algumas limitações ao trabalho dos acadêmicos, como o reduzido tempo para a realização das práticas, o conformismo de algumas pessoas em relação às doenças crônicas, muitas vezes desconsiderando a sua gravidade e as complicações que podem surgir a partir delas; as crenças em dietas milagrosas; a impossibilidade de oferecer um acompanhamento profissional contínuo e ajuda por meio da compra de medicamentos mais caros. Dessa forma, a visita acadêmica restringiu-se apenas ao caráter educativo, buscando desconstruir alguns mitos, incentivar os cuidados com a saúde e auxiliar as famílias em temas específicos, segundo as suas necessidades.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados. e-mail: anaraquellealpires@gmail.com
2 Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados. e-mail: keityantoniassi@hotmail.com
3 Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados. e-mail: leannellopes@gmail.com
4 Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados. e-mail: matheusboa2016@gmail.com
5 Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados. e-mail: raquel.moya@outlook.com
6 Docente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados. Doutora em Odontologia (UNESP-Araçatuba). e-mail: anaqueiroz@ufgd.edu.b