THE IMPORTANCE OF ENDOSCOPIC EVALUATION IN PATIENTS WHO MUST USE ANTI-INFLAMMATORY MEDICINES FOR A LONG TIME
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10917212
Hernan Vicente Reyes Hinojosa¹;
Ivett Paola Samaniego Flores².
RESUMO
Os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) constituem um dos grupos de fármacos mais consumidos em todo o mundo, o que se observa de forma crescente ao longo dos anos, devido ao aumento da esperança de vida e prevalência de doenças reumáticas. Frente a essa situação, é imperioso que o profissional de saúde, sobretudo o médico e o farmacêutico, conheça o adequado manejo dos pacientes que irão receber tratamento com AINE. Dessa forma, o presente trabalho tem por escopo, de forma geral, abordar as especificidades dos AINEs no que se refere ao risco de complicações GI e a classificação de risco, bem como, de forma específica, expor o adequado manejo de pacientes a serem submetidos ao tratamento. Para a realização deste trabalho, foi feito um levantamento bibliográfico por meio de consulta nas bases de dados eletrônicos Scielo, PubMed, monografias, protocolos, sites, revistas especializadas na área, periódicos e livros. Como critério de inclusão, selecionaramse publicações de 2020 a 2024, nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa, cujo acesso foi permitido. O uso dos AINEs deve ser bastante cauteloso em vista a observar sua associação com os fatores de riscos encontrados no cotidiano clínico. Nesse sentido, é crucial que o prescritor atente sobre esses fatores a fim de evitar complicações gastrointestinais, tais como desconfortos abdominais, úlceras e até mesmo hemorragia, decorrentes do uso de inibidores de COX-1. Vale ressaltar, ainda, o uso de inibidores seletivos de COX-2 também deve ser feito com cautela uma vez que também apresentam efeitos adversos inesperados.
Palavras-chave: anti-inflamatórios não esteroidais; endoscopia; gastroenterite
ABSTRACT
Non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) constitute one of the most consumed groups of drugs worldwide, which has been increasing over the years, due to the increase in life expectancy and the prevalence of rheumatic diseases. Faced with this situation, it is imperative that healthcare professionals, especially doctors and pharmacists, know the appropriate management of patients who will receive treatment with NSAIDs. Therefore, the scope of this work is, in general, to address the specificities of NSAIDs with regard to the risk of GI complications and risk classification, as well as, specifically, to expose the appropriate management of patients undergoing to treatment. To carry out this work, a bibliographical survey was carried out through consultation in the electronic databases Scielo, PubMed, monographs, protocols, websites, specialized magazines in the area, periodicals and books. As an inclusion criterion, publications from 2020 to 2024 were selected, in English, Spanish and Portuguese, to which access was permitted. The use of NSAIDs must be very cautious in order to observe their association with risk factors found in daily clinical practice. In this sense, it is crucial that the prescriber pays attention to these factors in order to avoid gastrointestinal complications, such as abdominal discomfort, ulcers and even hemorrhage, resulting from the use of COX-1 inhibitors. It is also worth mentioning that the use of selective COX-2 inhibitors should also be done with caution as they also present unexpected adverse effects.
Keywords: non-steroidal anti-inflammatory drugs; endoscopy; gastroenteritis
INTRODUÇÃO
Os antiinflamatórios não-esteróides (AINE) integram o grupo dos fármacos mais comumente prescritos em todo o mundo e estão entre os mais utilizados nas práticas de automedicação. Nos Estados Unidos, respondem por mais de 70 milhões de prescrições e mais de 30 bilhões de comprimidos de venda livre comercializados anualmente. No Brasil, diferentes estudos de utilização de medicamentos situam os AINE entre os mais utilizados pela população (MARCEN et al., 2016).
No âmbito internacional, muitos estudos discutem a importância de fatores como sexo e idade na determinação do uso de AINE. Neste sentido, mostram que os AINE são mais comumente utilizados pelas mulheres, enquanto a idade não é um forte preditor da utilização dos mesmos. Outros fatores, tais como hábitos de vida e presença de morbidades específicas, sobretudo relacionadas à dor, também têm sido discutidos como possíveis determinantes do uso destes fármacos (FIGUEIREDO, 2015).
No Brasil, estudos específicos sobre a utilização destes fármacos, bem como sobre os fatores relacionados a este uso, são raros ou mesmo inexistentes, embora o conhecimento destas questões seja imprescindível para o emprego terapêutico adequado desta classe. Nesse contexto, os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) constituem um dos grupos de fármacos mais consumidos em todo o mundo, o que se observa de forma crescente ao longo dos anos, devido ao aumento da esperança de vida e prevalência de doenças reumáticas. São medicamentos usados para reduzir a dor e inflamação resultantes de diversos tipos de lesões MONTEIRO et al., 2008).
Hodiernamente, as propriedades analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias desses fármacos são amplamente conhecidas. Todavia, há também um amplo espectro de efeitos adversos, sendo as complicações gastrointestinais (GI) um dos mais importantes uma vez que mais de 40% dos consumidores desses medicamentos apresentarem sintomas referidos ao trato gastrointestinal (TGI) durante o tratamento, sendo os mais frequentes o refluxo gastroesofágico e sintomas dispépticos, conforme Marcen et al (2016).
Frente a essa situação, é imperioso que o profissional de saúde, sobretudo o médico e o farmacêutico, conheça o adequado manejo dos pacientes que irão receber tratamento com AINE. Dessa forma, o presente trabalho tem por escopo, de forma geral, abordar as especificidades dos AINEs no que se refere ao risco de complicações GI e a classificação de risco, bem como, de forma específica, expor o adequado manejo de pacientes a serem submetidos ao tratamento (CASTEL-BRANCO et al., 2013).
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, foi feito um levantamento bibliográfico por meio de consulta nas bases de dados eletrônicos Scielo, PubMed, monografias, protocolos, sites, revistas especializadas na área, periódicos e livros. Como critério de inclusão, selecionaram-se publicações de 2020 a 2024, nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa, cujo acesso foi permitido.
As palavras-chave utilizadas para pesquisa foram “antiinflamatórios não esteroidais”, “NSAIDS effects” e “endoscopia”. Os artigos selecionados foram analisados de modo a preencher os requisitos anteriores e classificados de acordo com a necessidade pela busca sobre informações acerca das especificidades dos AINEs no que se refere ao risco de complicações GI e a classificação de risco. Os artigos que não preenchiam todos os requisitos listados não foram incluídos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ENDOSCOPIA
A junção esofagogástrica é uma zona de alta pressão de 3 a 4 cm de comprimento, localizada logo acima da junção do esôfago com o estômago. O arranjo muscular a esse nível cria assimetria radial, com pressões mais altas medidas na parede lateral esquerda. O esfÍncter esofágico inferior (EEI) é composto de músculo liso e está sob controle não-colinérgico e não adrenérgico. Ele é mantido em estado de contração constante, principalmente devido à atividade miogênica extrínseca, mas seu tônus de repouso é afetado por vários fatores neurais e hormonais (CASTEL-BRANCO et al., 2013).
O tônus do esfíncter aumenta em resposta às pressões intra-abdominais aumentadas e durante as contrações gástricas. O EEI relaxa ao mesmo tempo conforme a onda peristáltica se aproxima. A peristalse esofágica empurra o bolo alimentar na luz esofágica em direção à cavidade gástrica e o bolo alimentar atravessa o esfíncter relaxado, sendo que imediatamente este se fecha tão logo atinja o estômago. As pressões de fechamento do esfíncter são o dobro dos seus valores, após o que retornam aos níveis de repouso. O seu relaxamento ocorre do mesmo modo que com a peristalse secundária. Após as refeições, quando o estômago está cheio, ocorrem relaxamentos transitórios espontâneos, sem relação com a peristalse, durando de cinco a 30 segundos. É durante esses relaxamentos transitórios que grande parte do refluxo ocorre, tanto em indivíduos normais como em pacientes com DRGE. Outros fatores além do tônus do EEI extrínseco desempenham papel na prevenção do refluxo gastroesofágico (FIGUEIREDO, 2015).
A capacidade do esôfago de esvaziar seu conteúdo (clearance) varia entre os indivíduos normais. Recebe influência da posição, consistência do bolo alimentar e pH dentro do esôfago. O epitélio escamoso normalmente é impermeável ao íon hidrogênio. A exposição a ácidos, especialmente quando misturados a sais biliares e enzimas pancreáticas, causa perda da resistência da mucosa, podendo resultar em difusão retrógrada do ácido através da mucosa (MARCEN et al., 2016).
A organização muscular do esfíncter, o comprimento do esôfago intra-abdominal, o ângulo agudo de entrada da junção esofagogástrica e sua função valvar (ângulo esofagogástrico), bem como a integridade das estruturas de suporte para manter a posição correta dentro do hiato, desempenham papel importante na prevenção do refluxo gastroesofágico. Mittal (1993) observou que o pilar diafragmático apresenta capacidade especial de compressão que ajuda a aumentar as pressões na junção esofagogástrica, principalmente durante a inspiração e quando ocorre aumento de pressão intra-abdominal. A perda dessa capacidade, quando o hiato está alargado como ocorre em uma hérnia hiatal, pode predispor a refluxo, principalmente se houver perda do tônus do esfíncter (FIGUEIREDO, 2015).
USO DOS AINEs E AVALIAÇÃO DO APARELHO GASTROINTESTINAL
Os AINEs são tão importantes, pois eles possuem a capacidade de controlar diversas alterações em nosso organismo, ocasionadas, principalmente, por processos inflamatórios. Alguns dos efeitos colaterais estão relacionados a gastrotoxicidade, pois quando inibimos a COX 1, inibimos indiretamente o mecanismo de proteção gástrica mediado por prostaglandinas (CASTEL-BRANCO et al., 2013)
Na ausência das prostaglandinas, as células parietais aumentam sua produção de HCl, há redução da secreção de muco, redução das concentrações de bicarbonato no muco, ou seja, aumenta ácido e reduz bases, resultando em um meio cada vez mais ácido. E essa acidez pode levar a um quadro de inflamação gástrica e úlceras gástricas, quadro esse que vem sendo cada vez mais relacionado ao uso de anti-inflamatórios (FIGUEIREDO, 2015).
Os efeitos colaterais mais importantes dos AINEs ocorrem no aparelho gastrointestinal. Aproximadamente 20% dos pacientes não toleram o tratamento com AINEs devido a tais efeitos, incluindo dor abdominal, azia e diarreia. O tratamento em longo prazo pode causar erosões e úlceras gástricas e duodenais. Embora muitos desses pacientes não tenham sintomas, apresentam risco alto de desenvolver complicações graves, como sangramento e perfuração do estomago. O risco anual dessas complicações graves é de 1% a 4% no tratamento crônico com AINEs. São mais suscetíveis de apresentá-los os pacientes idosos, do sexo feminino, com artrite reumatoide, história prévia de sangramento gastroduodenal, em uso de agentes antitrombóticos ou corticosteroides, altas doses de AINEs e presença de doença sistêmica grave (BRUNTON, 2012)
Com a endoscopia é um exame capaz de analisar a mucosa do esôfago, estômago e duodeno (primeira parte do intestino delgado). É feita através de um tubo flexível (conhecido por endoscópio) que possui um chip responsável por capturar as imagens do sistema digestivo através de uma câmera. É um exame importante para o diagnóstico de diversas doenças, como: gastrite, esofagite, tumores, sangramentos e doenças mais graves como hérnia de hiato e estágios iniciais do câncer de estômago, doenças essas que o uso prolongado dos AINEs podem causar e assim traçar estratégias e tratamento para amenizar os efeitos colaterais (MARCEN et al., 2016).
CONCLUSÃO
O uso dos AINEs deve ser bastante cauteloso em vista a observar sua associação com os fatores de riscos encontrados no cotidiano clínico. Nesse sentido, é crucial que o prescritor atente sobre esses fatores a fim de evitar complicações gastrointestinais, tais como desconfortos abdominais, úlceras e até mesmo hemorragia, decorrentes do uso de inibidores de COX-1. Vale ressaltar, ainda, o uso de inibidores seletivos de COX-2 também deve ser feito com cautela uma vez que também apresentam efeitos adversos inesperados.
Ademais, não está claro se os potenciais benefícios desses fármacos são suficientes para caracterizá-los como custo-efetivos, devido aos seus riscos associados e alto valor. Conclui-se, ainda, pela importância do acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes em uso de AINEs, sobretudo com atenção do médico e do farmacêutico para a presença de fatores de risco e monitorização do uso associado a outros medicamentos e seus efeitos colaterais.
REFERÊNCIAS
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMAN, B. C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill Interamericana Editora, 2012.
CASTEL-BRANCO, M. M. et al. As bases farmacológicas dos cuidados farmacêuticos: o caso dos AINEs. Acta Farmacêutica Portuguesa, vol. 2, n. 2, p. 79-87, 2013.
FIGUEIREDO, W. L. M.; ALVES, T. C. A. Uso dos anti-inflamatorios não esteroides no controle da dor aguda: revisão sistemática. Rev Neurocienc, vol. 23, n. 3, p. 463-467, 2015.
HAWBOLDT, J. Adverse Events Associated with NSAIDs. U.s. Pharmacist: A Jobson Publication, New York, vol. 33, n. 12, p.1-8, dezembro de 2008.
MARCEN, B.; SOSTRES, C.; LANAS, A. AINE y riesgo digestivo. Aten Primaria, Vol. 48, n. 2, p. 73-76, 2016.
MONTEIRO, E. et al. Os antiinflamatórios não esteroidais (AINES). Grupo Editorial Moreira Jr., Vol. 9; n. 2; p. 53-63, maio de 2008
¹Médico, Cirurgião geral pela Pontificis Universidade Católica del Equador. Hvr20061993@hotmail.com. Quito- Equador
²Médica pela Universidade Católica del Equador