REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10855011
Caroline Momente Martins Saturnino1
Nathalia Nakamura2
Maria Clara Moreira3
Mônica Barreto de Lima4
Maria Eduarda Santos da Silva5
Resumo
Introdução: O transtorno de ansiedade está entre as três condições mais comuns na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde no Brasil e é o segundo fator mais incapacitante em muitos países das Américas. A Nutrição Comportamental nessa situação se concentra em entender o comportamento e sua origem e, em seguida, modificar esse comportamento disfuncional do paciente. Objetivo: Evidenciar a atuação da nutrição comportamental em face do manejo do Transtorno de Ansiedade. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão integrativa da literatura. A localização dos estudos se deu através da seleção de descritores de estudos em português e inglês. Para tal, foram utilizadas as bases PubMed, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e Web Of Science. As referências dos artigos incluídos foram rastreadas manualmente para artigos com potencial para inclusão no presente estudo. Foram excluídos textos publicados antes de 2018, editoriais, opiniões de especialistas e artigos cujo texto completo não foi encontrado, resultando em 5 (cinco) estudos selecionados. Resultados e Discussão: Os resultados obtidos destacaram a importância da dimensão nutricional no desenvolvimento, na manutenção e no tratamento dos transtornos de ansiedade e depressão, sugerindo um impacto positivo no tratamento. Conclusão: O presente artigo apresentou contribuições acerca da atuação da nutrição comportamental em face do manejo do Transtorno de Ansiedade, destacando que a alimentação é fundamental para o tratamento da patologia uma vez que são dotados de nutrientes essenciais ao bem-estar e saúde. Se acompanhados de práticas de atividades físicas em junção do tratamento, são fundamentais.
Palavras–chave: Nutrição Comportamental; Transtorno de Ansiedade.
Abstract
Introduction: Anxiety disorder is among the three most common conditions in Primary Care of the Unified Health System in Brazil and is the second most disabling factor in many countries in the Americas. Behavioral Nutrition in this situation focuses on understanding the behavior and its origin and then modifying this dysfunctional behavior in the patient. Objective: To highlight the role of behavioral nutrition in the management of Anxiety Disorder. Methodology: This is a bibliographic research of the integrative literature review type. The studies were located through the selection of study descriptors in Portuguese and English. To this end, the databases PubMed, Virtual Health Library (VHL) and Web Of Science were used. References of included articles were manually screened for articles with potential for inclusion in the present study. Texts published before 2018, editorials, expert opinions and articles whose full text could not be found were excluded, resulting in 5 (five) studies selected. Results and Discussion: The results obtained highlighted the importance of the nutritional dimension in the development, maintenance and treatment of anxiety and depression disorders, suggesting a positive impact on treatment. Conclusion: This article presented contributions regarding the role of behavioral nutrition in the management of Anxiety Disorder, highlighting that food is fundamental for the treatment of the pathology since it contains essential nutrients for well-being and health. If accompanied by physical activity as part of the treatment, they are essential.
Keywords: Behavioral Nutrition; Anxiety disorder.
Resumen
Introducción: El trastorno de ansiedad se encuentra entre las tres condiciones más comunes en la Atención Primaria del Sistema Único de Salud en Brasil y es el segundo factor más incapacitante en muchos países de las Américas. La Nutrición Conductual en esta situación se centra en comprender la conducta y su origen para luego modificar esta conducta disfuncional en el paciente. Objetivo: Resaltar el papel de la nutrición conductual en el manejo del Trastorno de Ansiedad. Metodología: Se trata de una investigación bibliográfica del tipo revisión integrativa de la literatura. Los estudios fueron localizados a través de la selección de descriptores de estudio en portugués e inglés. Para ello se utilizaron las bases de datos PubMed, Biblioteca Virtual en Salud (BVS) y Web Of Science. Las referencias de los artículos incluidos se seleccionaron manualmente en busca de artículos con potencial para su inclusión en el presente estudio. Se excluyeron textos publicados antes de 2018, editoriales, opiniones de expertos y artículos cuyo texto completo no se pudo encontrar, resultando seleccionados 5 (cinco) estudios. Resultados y Discusión: Los resultados obtenidos resaltaron la importancia de la dimensión nutricional en el desarrollo, mantenimiento y tratamiento de los trastornos de ansiedad y depresión, sugiriendo un impacto positivo en el tratamiento. Conclusión: Este artículo presentó aportes respecto al papel de la nutrición conductual en el manejo del Trastorno de Ansiedad, destacando que la alimentación es fundamental para el tratamiento de la patología ya que contiene nutrientes esenciales para el bienestar y la salud. Si se acompañan de actividad física como parte del tratamiento, son imprescindibles.
Palabras clave: Nutrición Conductual; Trastorno de ansiedad.
1 INTRODUÇÃO
A ansiedade é uma condição emocional normal que pode se tornar patológica quando se torna desproporcional às circunstâncias que a causam. Comportamentos de esquiva, aumento da vigilância e do alerta, ativação da divisão simpática do sistema nervoso visceral (SNV) e liberação de cortisol são os sinais que a caracterizam. O transtorno de ansiedade está entre as três condições mais comuns na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde no Brasil e é o segundo fator mais incapacitante em muitos países das Américas. Os ansiolíticos são medicamentos usados para tratar a ansiedade, mas têm efeitos colaterais (Borges, 2021).
A Nutrição Comportamental nessa situação se concentra em entender o comportamento e sua origem e, em seguida, modificar esse comportamento disfuncional do paciente. Nessa perspectiva, o eixo reconhece que a alimentação não é apenas a ingestão de nutrientes; inclui emoções, sentimentos e as interações entre a condição fisiológica, psicológica e o ambiente externo (Alvarenga et al., 2016).
Assim, ao evitar uma abordagem prescritiva, o nutricionista assume o papel de conselheiro nutricional, ensinando habilidades como a alimentação consciente, por exemplo, para ajudar o paciente a desenvolver uma relação positiva e saudável com a comida e o indivíduo (Damé, 2018).
A importância do estudo se justifica pela necessidade de abordagem do papel dos nutricionistas em face do Transtorno de Ansiedade através de uma análise de evidências. Isso de dá em virtude do acometimento do transtorno afetar a saúde sistêmica do indivíduo, propiciando a ocorrência de ganho de peso excessivo, indisposição e cometimento de disfunção com os alimentos. Nesse sentido, objetiva-se evidenciar a atuação da nutrição comportamental em face do manejo do Transtorno de Ansiedade.
2 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão integrativa da literatura. Este procedimento foi selecionado por possibilitar a síntese e análise do conhecimento científico já produzido sobre o tema “ATUAÇÃO DA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL EM FACE DO MANEJO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE”.
Em conformidade com Ercole, Melo e Alcoforado (2014), a revisão integrativa da literatura é método que tem o objetivo de sintetizar resultados que são obtidos por meio de pesquisas sobre um determinado tema questão, de forma sistemática, abrangente e ordenada. Recebe a denominação de integrativa, devido fornece informação relevantes e extensas sobre a situação problema, integrando assim um corpo de conhecimento.
Essa metodologia proporciona a combinação de informação da literatura teórica e empírica, apresentando maior compreensão do tema de interesse (Ercole; Melo; Alcoforado, 2014). Nesse sentido, a questão norteadora da presente pesquisa foi: “Quais são as evidências disponíveis na literatura acerca da atuação da nutrição comportamental em face do manejo do Transtorno de Ansiedade?”
A localização dos estudos se deu através da seleção de descritores de estudos em português e inglês. Para tal, foram utilizadas as bases PubMed, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e Web Of Science.
Os critérios de inclusão estabelecidos foram os estudos relacionados a vaginose bacteriana e trabalho de parto prematuro. As referências dos artigos incluídos foram rastreadas manualmente para artigos com potencial para inclusão no presente estudo. Foram excluídos textos publicados antes de 2018, editoriais, opiniões de especialistas e artigos cujo texto completo não foi encontrado, resultando em 5 (cinco) estudos selecionados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A apresentação dos resultados está organizada em duas partes. A primeira está relacionada com a caracterização dos estudos, já a segunda, relaciona-se ao cumprimento do objetivo do estudo, que diz respeito à análise da produção científica acerca da temática: “ATUAÇÃO DA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL EM FACE DO MANEJO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE”.
Foram selecionados 7 (sete) artigos para melhor compreensão do conteúdo abordado, destacando que o profissional nutricionista é essencial para auxiliar o indivíduo frente ao Transtorno de Ansiedade, sendo este capacitado e capaz de atuar de maneira eficaz perante a situação. O Quadro 1 evidencia as publicações incluídas quanto título, autor, ano e resultados encontrados pelos estudos selecionados.
Quadro 1. Publicações incluídas quanto título, autor, ano e resultados encontrados pelos estudos selecionados.
TÍTULO | AUTOR(ES)/ ANO | RESULTADOS |
Avaliação do consumo alimentar em pacientes com diagnóstico de depressão e/ou ansiedade. | ARAÚJO et al. (2020) | Os dados obtidos relatam a ausência da qualidade da dieta dos pacientes em tratamento, bem como os nutrientes são de suma importância para o reestabelecimento integral das pessoas acometidas por esses transtornos. |
Transtorno de ansiedade: a importância da nutrição na prevenção e tratamento. | SILVA et al. (2019) | Paralelamente ao aumento no número de casos de indivíduos que sofrem com o transtorno de ansiedade, a vida moderna vem impondo mudanças nos hábitos alimentares e estilo de vida das pessoas, e tais acontecimentos possuem correlação, uma vez que uma boa alimentação fornece, em pontos de vista fisiológico e bioquímico, os compostos bioativos, os macro e os micronutrientes necessários na produção dos neurotransmissores responsáveis por promover o bem-estar emocional |
A influência da nutrição no tratamento e prevenção dos transtornos mentais: ansiedade e depressão | DA CRUZ REBOUÇAS et al. (2022) | Verificou-se, com muita clareza, que além de fatores genéticos e/ou sociais, traumas e causas de outra natureza, as pessoas que sofrem de transtornos mentais como a depressão e ansiedade, apresentam deficiência em determinadas substâncias. |
Avaliação da influência da nutrição com abordagemcomportamental em pacientes com depressão e ansiedade | DA SILVA FRANCO et al. (2023) | Observa-se que a nutrição desempenha um papel crucial no tratamento de problemas decorrentes de diversas patologias, como o aumento ou a redução significativa do índice de massa corporal (IMC), dislipidemias, doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), questões cognitivas, entre outras. O novo guia alimentar traz recomendações que abrangem todas as necessidades nutricionais. |
Alimentação e saúde mental: a importância da atuação do nutricionista na prevenção e tratamento de transtornos psicológicos. | VASCONCELOS et al. (2023) | A terapia nutricional pode ser utilizada como uma abordagem complementar no tratamento de transtornos psicológicos, contribuindo para a melhoria dos sintomas e a promoção do bem-estar mental. Estudos têm demonstrado que estratégias nutricionais, como o aumento da ingestão de alimentos ricos em ômega-3 e antioxidantes, podem ser eficazes no tratamento da depressão e da ansiedade. |
Fonte:Autores (2024).
Na pesquisa conduzida por Araujo et al. (2020) sobre a avaliação do consumo alimentar em pacientes com diagnóstico de depressão e/ou ansiedade, a amostra foi composta por 9 participantes, devido ao número limitado de pacientes que se encaixavam no perfil durante o período da pesquisa. Os resultados obtidos destacaram a importância da dimensão nutricional no desenvolvimento, na manutenção e no tratamento dos transtornos de ansiedade e depressão, sugerindo um impacto positivo no tratamento.
Nessa perspectiva, Silva et al. (2019) destacam que, após o início de um tratamento medicamentoso, há um período de adaptação em que o corpo precisa criar receptores para que o medicamento tenha efeito, cujo processo pode levar até duas semanas em alguns casos. Assim, uma dieta rica em nutrientes pode ajudar na produção desses receptores durante esse período, desse modo, a vida moderna tem alterado os hábitos alimentares e o estilo de vida das pessoas, juntamente com o aumento dos casos de transtorno de ansiedade.
Outrossim, os referidos autores notam que esses eventos estão relacionados porque uma alimentação saudável fornece macronutrientes, micronutrientes e compostos bioativos necessários para a produção de neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar emocional, tanto fisiológico quanto bioquímico.
Da Cruz Rebouças et al. (2022) compreendem que existe uma forte correlação entre o eixo intestino-cérebro e como ele afeta o tratamento de transtornos mentais. É evidente que a composição da microbiota intestinal tem o potencial de alterar o funcionamento do eixo intestino-cérebro, alterando os processos que ocorrem no cérebro e até mesmo o comportamento, com isso, as mudanças na microbiota estão ligadas a doenças como a depressão.
Em concomitância, os achados de Araujo et al. (2020) também indicaram avanços que podem prevenir o desenvolvimento de outras doenças associadas à depressão e ansiedade, além de reduzir a duração do tratamento. Essas descobertas podem orientar os profissionais de saúde a adotarem abordagens preventivas e a considerarem o tratamento abrangente desses distúrbios mentais, uma vez que muitas vezes há uma ênfase maior nos aspectos psicológicos, com pouca atenção ao componente nutricional.
Outrossim, Da Cruz Rebouças et al. (2022) reiteram que o magnésio, vitaminas do complexo B e D, probióticos, ácidos graxos e triptofano, entre outros nutrientes e vitaminas essenciais que ajudam no tratamento e na prevenção da ansiedade e da depressão. Em concordância, Vasconcelos et al. (2023) destacam que tratamento de distúrbios psicológicos pode incluir intervenção dietética, que melhora os sintomas e melhora o bem-estar emocional. Segundo pesquisas, aumentar o consumo de alimentos ricos em ômega-3 e antioxidantes pode ajudar a lidar com a depressão e a ansiedade.
No entanto, os métodos tradicionais parecem ineficazes, de acordo com Da Silva Franco et al. (2023), os mecanismos são necessários para garantir que o tratamento seja sustentável. A Entrevista Motivacional (EM), o Comer Intuitivo (CI) e o Comer com Atenção Plena (CAP) são as principais abordagens encontradas neste contexto, cujas ferramentas são essenciais para lidar com os obstáculos que impedem que as pessoas sigam as recomendações nutricionais do guia alimentar. Além disso, são capazes de fornecer os nutrientes essenciais para aliviar os sintomas desses problemas médicos e prevenir o surgimento de transtornos alimentares.
4 CONCLUSÃO
O presente artigo apresentou contribuições acerca da atuação da nutrição comportamental em face do manejo do Transtorno de Ansiedade, destacando que a alimentação é fundamental para o tratamento da patologia uma vez que são dotados de nutrientes essenciais ao bem-estar e saúde. Se acompanhados de práticas de atividades físicas em junção do tratamento, são fundamentais.
Portanto, reitera-se que é fundamental a promoção de novos estudos acerca da abordagem de nutricionistas frente ao transtorno de ansiedade de modo atuar no encaminhando aos pacientes para uma equipe qualificada para iniciar o tratamento clínico, o que se mostra fundamental. Além disso, realizar protocolos clínicos para auxiliar a tomada de decisão.
REFERÊNCIAS
ALVARENGA, M., FIGUEIREDO, M., TIMERMAN, F., ANTONACCIO, C. [org]. Nutrição Comportamental. 1 ed. Barueri – SP: Manoele, 2016. 624 p.
ARAÚJO, Alessandra da Silva Freitas et al. Avaliação do consumo alimentar em pacientes com diagnóstico de depressão e/ou ansiedade. Referências em Saúde do Centro Universitário Estácio de Goiás, v. 3, n. 01, p. 18-26, 2020.
BORGES, THEONYS LUIZ SILVA. Aromaterapia inalatória para a redução da ansiedade: uma revisão sistemática. Universidade Federal da Paraíba – Trabalho de Conclusão de Curso. 2021.
DA CRUZ REBOUÇAS, Francília et al. A influência da nutrição no tratamento e prevenção dos transtornos mentais: ansiedade e depressão. Research, Society and Development, v. 11, n. 15, p. e57111537078-e57111537078, 2022.
DA SILVA FRANCO, Isabella et al. Avaliação da influência da nutrição com abordagem comportamental em pacientes com depressão e ansiedade. Revista Coopex., v. 14, n. 1, p. 742–754-742–754, 2023.
DAMÉ, P. K. V. [org]. Manejo do comportamento alimentar. 1 ed. Porto Alegre. Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde – IPGS, 2018.
SILVA, Jessyka et al. Transtorno de ansiedade: a importância da nutrição na prevenção e tratamento. Anais IV CONAPESC. Campina Grande: Realize Editora, 2019.
VASCONCELOS, Antonia Gabriela Freitas de et al. ALIMENTAÇÃO E SAÚDE MENTAL: A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS. SAÚDE MENTAL: INTERFACES, DESAFIOS E CUIDADOS EM PESQUISA-VOLUME 3, v. 3, n. 1, p. 9-21, 2023.
1 Bacharela em Nutrição pela Universidade Federal da Grande Dourados.
2 Bacharela em Nutrição pela Universidade Católica Dom Bosco.
3 Bacharela em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina.
4 Universidade Federal da Grande Dourados.
5 Bacharela em Nutrição pela Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão.