REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10823526
Andressa Roque Machado
RESUMO
A saúde pública enfrenta uma série de desafios, como o aumento da demanda por serviços de saúde, o envelhecimento da população, as doenças crônicas não transmissíveis e os surtos de doenças infecciosas. Além disso, há a necessidade de garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde, promover a prevenção de doenças e melhorar a eficiência dos sistemas de saúde. Nesse contexto, as tecnologias da informação surgem como uma ferramenta crucial para enfrentar esses desafios, permitindo uma gestão mais eficaz e integrada da saúde pública. Desta forma, o objetivo deste artigo é analisar a implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública, investigando seus impactos, desafios e perspectivas. Pretende-se também identificar boas práticas e recomendações para promover uma implementação mais eficaz e sustentável dessas tecnologias, visando melhorar a qualidade e o acesso aos serviços de saúde e promover melhores resultados em saúde para a população. Conclui-se que, essas ferramentas desempenham um papel crucial na melhoria dos serviços de saúde e na promoção de melhores resultados em saúde para a população. Ao longo deste estudo, foi evidenciado que as tecnologias da informação têm o potencial de aumentar a eficiência operacional, melhorar o acesso aos serviços de saúde, promover a coordenação do cuidado, facilitar a tomada de decisões clínicas e empoderar os pacientes.
Palavras-chave: Tecnologias da Informação. Saúde pública. Implementação.
ABSTRACT
Public health faces a series of challenges, such as increased demand for health services, an aging population, chronic non-communicable diseases and outbreaks of infectious diseases. Furthermore, there is a need to ensure equitable access to health services, promote disease prevention and improve the efficiency of health systems. In this context, information technologies emerge as a crucial tool to face these challenges, allowing for more effective and integrated management of public health. Therefore, the objective of this article is to analyze the implementation of information technologies in public health management, investigating their impacts, challenges and perspectives. It is also intended to identify good practices and recommendations to promote a more effective and sustainable implementation of these technologies, aiming to improve the quality and access to health services and promote better health outcomes for the population. It is concluded that these tools play a crucial role in improving health services and promoting better health outcomes for the population. Throughout this study, it was evidenced that information technologies have the potential to increase operational efficiency, improve access to health services, promote care coordination, facilitate clinical decision making and empower patients.
Keywords: Information Technologies. Public health. Implementation.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a gestão da saúde pública tem sido alvo de crescente interesse devido aos desafios complexos e dinâmicos que permeiam esse setor vital para o bem-estar da população. Nesse contexto, a implementação de tecnologias da informação tem despontado como uma estratégia fundamental para otimizar processos, melhorar a qualidade dos serviços e promover melhores resultados em saúde.
A saúde pública enfrenta uma série de desafios, como o aumento da demanda por serviços de saúde, o envelhecimento da população, as doenças crônicas não transmissíveis e os surtos de doenças infecciosas. Além disso, há a necessidade de garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde, promover a prevenção de doenças e melhorar a eficiência dos sistemas de saúde. Nesse contexto, as tecnologias da informação surgem como uma ferramenta crucial para enfrentar esses desafios, permitindo uma gestão mais eficaz e integrada da saúde pública.
Apesar do potencial das tecnologias da informação na gestão da saúde pública, sua implementação enfrenta uma série de desafios, como a falta de infraestrutura adequada, a resistência à mudança por parte dos profissionais de saúde, questões relacionadas à privacidade e segurança dos dados, e a necessidade de garantir a acessibilidade e equidade no uso dessas tecnologias. Diante desses desafios, torna-se essencial investigar de que maneira as tecnologias da informação estão sendo implementadas na gestão da saúde pública, quais são seus impactos e como superar as barreiras existentes.
A implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública é uma área de pesquisa fundamental, uma vez que pode contribuir significativamente para melhorar a eficiência, qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde. Compreender os desafios e oportunidades relacionados a essa implementação é crucial para o desenvolvimento de estratégias e políticas mais eficazes no campo da saúde pública.
Desta forma, o objetivo deste artigo é analisar a implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública, investigando seus impactos, desafios e perspectivas. Pretende-se também identificar boas práticas e recomendações para promover uma implementação mais eficaz e sustentável dessas tecnologias, visando melhorar a qualidade e o acesso aos serviços de saúde e promover melhores resultados em saúde para a população.
Para tanto, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, onde foi buscado investigar o maior número de conhecimento técnico à disposição nessa área e em posicionamento sobre o tema. A pesquisa bibliográfica consiste no exame da bibliografia, para o levantamento e análise do que já foi produzido sobre o assunto que foi assumido como tema de pesquisa científica (RUIZ, 1992).
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Conceitos e Definições de Tecnologias da Informação
As tecnologias da informação (TI) compreendem um conjunto de recursos, técnicas e sistemas utilizados para coletar, armazenar, processar, transmitir e acessar informações de maneira eficiente e eficaz. Elas abrangem uma ampla gama de ferramentas e dispositivos, incluindo hardware, software, redes de comunicação e infraestrutura de dados (RODRIGUES, 2016).
No contexto empresarial, segundo Almeida e Oliveira (2020), as tecnologias da informação são fundamentais para otimizar processos, melhorar a comunicação interna e externa, automatizar tarefas rotineiras e facilitar a tomada de decisões. Elas são utilizadas em diversas áreas, como gestão de recursos humanos, contabilidade, marketing, vendas, produção, logística, entre outras.
Segundo Akabane (2012), um dos principais pilares das tecnologias da informação é o uso de sistemas de informação, que são conjuntos de hardware, software e procedimentos organizacionais projetados para coletar, processar, armazenar e distribuir dados de maneira organizada e eficiente. Esses sistemas podem incluir bancos de dados, sistemas de gestão empresarial (ERP), sistemas de gestão de relacionamento com o cliente (CRM), sistemas de gestão de estoque, entre outros.
Além dos sistemas de informação, as tecnologias da informação também englobam uma variedade de ferramentas e técnicas para processamento de dados, análise de informações e comunicação. Isso inclui softwares de planilhas, bancos de dados relacionais, ferramentas de Business Intelligence (BI), sistemas de gestão de documentos, sistemas de comunicação unificada, entre outros (ALMEIDA E OLIVEIRA, 2020).
Para Rodrigues (2016), a evolução constante das tecnologias da informação tem permitido o surgimento de novas ferramentas e tendências, como computação em nuvem, big data, inteligência artificial, internet das coisas (IoT), realidade aumentada, blockchain, entre outras. Essas tecnologias estão transformando a maneira como as organizações operam e interagem com seus clientes, parceiros e concorrentes, impulsionando a inovação e a competitividade nos mercados.
No entanto, ainda segundo Rodrigues (2016), apesar dos benefícios proporcionados pelas tecnologias da informação, sua implementação e uso eficaz também enfrentam desafios e obstáculos, como questões de segurança da informação, privacidade dos dados, custos de implementação e resistência à mudança por parte dos colaboradores. Portanto, é fundamental que as organizações desenvolvam estratégias e políticas adequadas para garantir o aproveitamento máximo dos benefícios das tecnologias da informação e mitigar seus riscos potenciais.
2.2 Evolução das Tecnologias da Informação na Saúde Pública
A evolução das tecnologias da informação na saúde pública tem sido marcada por avanços significativos que têm revolucionado a forma como os serviços de saúde são prestados, gerenciados e acessados. Desde o surgimento dos primeiros sistemas informatizados até as mais recentes inovações em telemedicina e saúde digital, as tecnologias da informação têm desempenhado um papel crucial na melhoria da qualidade dos cuidados de saúde e na promoção da saúde pública (BENDER, 2024).
No passado, segundo Coelho et al. (2024), a gestão de informações em saúde era realizada principalmente por meio de registros médicos em papel e processos manuais. No entanto, com o avanço da computação e da tecnologia de banco de dados, surgiram os primeiros sistemas informatizados de gestão de saúde. Esses sistemas permitiram a digitalização e a centralização das informações de saúde, facilitando o acesso e a análise dos dados pelos profissionais de saúde.
A implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde tem uma história marcada por avanços significativos e desafios persistentes. Ao longo das últimas décadas, testemunhamos uma rápida evolução no uso de sistemas e ferramentas digitais para melhorar a prestação de serviços de saúde, aumentar a eficiência operacional e promover melhores resultados de saúde para os pacientes (SANTOS, 2017).
Ainda segundo Santos (2017), no final do século XX e início do século XXI, houve um aumento significativo na adoção de sistemas de registros eletrônicos de saúde (EHRs) e sistemas de informações hospitalares (HIS). Esses sistemas substituíram gradualmente os registros em papel e os processos manuais por registros digitais e automação de processos, proporcionando uma base sólida para a coleta, armazenamento e compartilhamento de informações de saúde.
Nos últimos anos, foi testemunhada uma crescente integração de sistemas de informação em saúde, impulsionada pela necessidade de compartilhamento de informações entre diferentes organizações e prestadores de cuidados de saúde. Interoperabilidade tornou-se uma prioridade, com esforços concentrados para desenvolver padrões e protocolos que permitam a troca segura e eficiente de dados de saúde entre sistemas e plataformas (FEHRENBACH, 2018).
Para Bender (2024), com o advento da internet e das redes de comunicação, novas oportunidades surgiram para melhorar a troca de informações e a coordenação do cuidado. Surgiram sistemas de informação em saúde interoperáveis, que permitem a integração de dados de diferentes fontes e a comunicação entre sistemas de saúde. Isso facilitou a coordenação do cuidado entre diferentes prestadores de serviços de saúde e melhorou a continuidade do cuidado ao paciente.
Além disso, a telemedicina emergiu como uma ferramenta poderosa para expandir o acesso aos serviços de saúde, especialmente em áreas remotas e carentes de recursos. Através da telemedicina, os pacientes podem realizar consultas médicas, receber orientações e monitoramento à distância, e até mesmo realizar exames e procedimentos médicos remotamente, com o auxílio de tecnologias de comunicação e dispositivos médicos conectados (FEHRENBACH, 2018).
Coelho et al. (2024) pontua que, a saúde digital também tem desempenhado um papel cada vez mais importante na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Aplicativos móveis, wearables e dispositivos de monitoramento de saúde permitem que os indivíduos monitorem sua saúde e bem-estar, acompanhem seus hábitos de vida, recebam informações e orientações personalizadas, e até mesmo participem de programas de promoção da saúde e prevenção de doenças.
Além dos benefícios para os indivíduos, as tecnologias da informação também têm o potencial de melhorar a saúde da população em geral, por meio da análise de grandes volumes de dados de saúde. A análise de big data e inteligência artificial pode identificar padrões, tendências e insights a partir dos dados de saúde, ajudando os gestores de saúde a tomar decisões mais informadas e direcionar recursos de forma mais eficaz para prevenir doenças e promover a saúde pública (BENDER, 2024).
Nesse contexto, Santos (2017) pontua que, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) têm tido um impacto significativo na qualidade dos serviços de saúde, transformando fundamentalmente a forma como o cuidado é entregue e gerenciado. Essas tecnologias têm proporcionado uma série de benefícios que melhoram tanto a eficiência quanto a eficácia dos serviços de saúde, impactando positivamente a qualidade do atendimento ao paciente e os resultados de saúde. As TICs têm facilitado o acesso à informação e ao conhecimento médico, permitindo que os profissionais de saúde tomem decisões mais informadas e baseadas em evidências. Com o acesso a bancos de dados e recursos de informação médica online, os clínicos podem consultar rapidamente informações sobre diagnósticos, tratamentos e diretrizes clínicas, o que contribui para uma prática clínica mais segura e eficaz.
Além disso, é importante reconhecer que a implementação bemsucedida de tecnologias da informação na gestão da saúde requer não apenas investimentos em infraestrutura e sistemas, mas também mudanças organizacionais, treinamento de pessoal e engajamento dos stakeholders. Uma abordagem holística e centrada no usuário é essencial para garantir que as tecnologias da informação atendam às necessidades e expectativas dos pacientes, profissionais de saúde e gestores de sistemas de saúde (FEHRENBACH, 2018).
Apesar dos avanços significativos, a implementação e adoção das tecnologias da informação na saúde pública ainda enfrentam desafios significativos, como questões de interoperabilidade, segurança da informação, privacidade dos dados, infraestrutura de tecnologia subdesenvolvida e resistência à mudança por parte dos profissionais de saúde. Portanto, é essencial que os gestores de saúde e os líderes políticos desenvolvam estratégias abrangentes e políticas adequadas para superar esses desafios e maximizar o potencial das tecnologias da informação na melhoria da saúde pública (BENDER, 2024).
2.3 Benefícios da Implementação de Tecnologias da Informação na Gestão da Saúde Pública
A implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública tem trazido uma série de benefícios significativos, que vão desde a melhoria dos serviços de saúde até o fortalecimento dos sistemas de saúde e a promoção da saúde da população de forma geral.
Em primeiro lugar, segundo Machado e Cattafesta (2019), as tecnologias da informação permitem uma melhor gestão e utilização dos recursos de saúde, possibilitando uma alocação mais eficiente de pessoal, equipamentos e infraestrutura. Isso leva a uma otimização dos processos internos das organizações de saúde, resultando em uma prestação de serviços mais rápida, acessível e eficaz para os pacientes.
Além disso, a implementação de sistemas de informações de saúde digitalizados facilita a coleta, análise e compartilhamento de dados de saúde em tempo real. Isso permite uma tomada de decisão mais informada por parte dos gestores de saúde, possibilitando a identificação de tendências, o monitoramento de doenças e a formulação de políticas de saúde baseadas em evidências (SANTOS, 2017).
Outro benefício importante das tecnologias da informação na gestão da saúde pública é a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, segundo Moura (2017). Com sistemas de registros eletrônicos de saúde (EHRs) e sistemas de apoio à decisão clínica, os profissionais de saúde têm acesso a informações mais completas e atualizadas sobre os pacientes, o que facilita o diagnóstico e o tratamento de doenças, reduzindo erros médicos e melhorando os resultados clínicos.
Além disso, as tecnologias da informação têm o potencial de promover uma maior participação e engajamento dos pacientes em sua própria saúde. Através de aplicativos móveis, portais de saúde online e sistemas de telemedicina, os pacientes podem acessar informações sobre sua saúde, agendar consultas, monitorar seus sinais vitais e se comunicar com seus provedores de cuidados de saúde de forma mais conveniente e eficiente (GAVA, 2016).
Por fim, a implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública também contribui para a promoção da saúde da população em geral, através de campanhas de conscientização, programas de prevenção de doenças e monitoramento de indicadores de saúde. Isso ajuda a reduzir o impacto de doenças crônicas, epidemias e outros problemas de saúde pública, melhorando assim a qualidade de vida e o bem-estar da população (BENDER, 2024).
Assim, os benefícios da implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública são amplos e variados, abrangendo desde a melhoria dos serviços de saúde até a promoção da saúde da população em geral. É essencial continuar investindo e inovando nessa área para garantir que todos os indivíduos tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade e que os sistemas de saúde sejam mais eficazes e sustentáveis no longo prazo.
2.4 Desafios e Limitações da Implementação de Tecnologias da Informação na Saúde Pública
A implementação de tecnologias da informação na saúde pública tem sido uma área de crescente interesse e investimento devido ao potencial de melhorar a qualidade dos serviços de saúde, otimizar processos e promover melhores resultados de saúde para a população. No entanto, essa implementação não está isenta de desafios e limitações que precisam ser abordados para garantir o sucesso e a eficácia dessas iniciativas (MACHADO E CATTAFESTA, 2019).
Um dos principais desafios enfrentados na implementação de tecnologias da informação na saúde pública é a interoperabilidade entre sistemas de saúde. Muitas vezes, os sistemas de informação de saúde são fragmentados e incompatíveis entre si, dificultando a troca de informações e a coordenação do cuidado entre diferentes prestadores de serviços de saúde. Isso pode resultar em lacunas na continuidade do cuidado, erros de medicação e diagnósticos imprecisos (FEHRENBACH, 2019).
Além disso, segundo Cavalcante et al. (2018), a segurança da informação é uma preocupação importante na implementação de tecnologias da informação na saúde pública. Com o aumento do uso de registros eletrônicos de saúde e outras ferramentas digitais, há um risco crescente de violações de dados e acesso não autorizado às informações de saúde dos pacientes. É essencial implementar medidas robustas de segurança cibernética e conformidade com regulamentos de privacidade de dados para proteger a confidencialidade e integridade das informações de saúde.
Outro desafio significativo para Pereira et al. (2023), é a resistência à mudança por parte dos profissionais de saúde e dos pacientes. A adoção de novas tecnologias muitas vezes requer uma mudança na cultura organizacional e nos processos de trabalho, o que pode encontrar resistência por parte daqueles que estão acostumados com métodos tradicionais de prestação de cuidados de saúde. Além disso, alguns pacientes podem ter preocupações com a privacidade de seus dados de saúde ou dificuldades de acesso às tecnologias digitais, o que pode limitar sua capacidade de se beneficiar das inovações tecnológicas.
Questões de financiamento e sustentabilidade também representam desafios significativos na implementação de tecnologias da informação na saúde pública. Os custos associados ao desenvolvimento, implementação e manutenção de sistemas de informação de saúde podem ser substanciais, especialmente para países com recursos limitados. Além disso, os modelos de financiamento e pagamento nem sempre são alinhados com os incentivos para investir em tecnologia da informação, o que pode dificultar a adoção generalizada dessas ferramentas (SILVA et al. 2017).
Nesse contexto, Cavalcante et al. (2018) pontua que, a falta de capacitação e educação em tecnologia da informação entre os profissionais de saúde é outro desafio importante a ser enfrentado. Muitos profissionais de saúde podem não ter o conhecimento ou as habilidades necessárias para utilizar efetivamente as tecnologias da informação em seu trabalho diário. É fundamental investir em programas de capacitação e desenvolvimento profissional para garantir que os profissionais de saúde estejam adequadamente preparados para aproveitar todo o potencial das tecnologias da informação na melhoria da saúde pública.
Assim, embora as tecnologias da informação ofereçam oportunidades significativas para melhorar a saúde pública, sua implementação enfrenta uma série de desafios e limitações que precisam ser abordados de forma abrangente e colaborativa. Ao superar esses obstáculos, podemos aproveitar todo o potencial das tecnologias da informação para promover melhores resultados de saúde para todos.
2.5 Perspectivas Futuras e Tendências
À medida que avançamos para o futuro, é importante considerar as perspectivas e tendências em relação à implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública. Essas perspectivas e tendências moldaram o cenário da saúde pública nos próximos anos, influenciando como os serviços de saúde são entregues, gerenciados e acessados. Segundo Celuppi (2021), a IA e o ML continuarão a desempenhar um papel fundamental na gestão da saúde pública, fornecendo insights valiosos por meio da análise de grandes volumes de dados de saúde. Essas tecnologias podem ser usadas para prever surtos de doenças, identificar padrões de saúde da população e personalizar o tratamento com base nas características individuais dos pacientes.
A telemedicina e outras formas de saúde digital se tornarão cada vez mais populares, proporcionando acesso remoto a serviços de saúde e permitindo a entrega de cuidados de forma mais eficiente e conveniente. A expansão da banda larga e o desenvolvimento de dispositivos médicos conectados facilitarão a adoção da telemedicina em todo o mundo (NOVARETTI, 2015).
É preciso destacar que, o uso de aplicativos de saúde e dispositivos móveis para monitoramento da saúde e autocuidado continuará a crescer. Essas ferramentas permitem que os indivíduos monitorem seus sinais vitais, controlem sua condição de saúde e acessem informações de saúde em tempo real, capacitando-os a tomar decisões informadas sobre seu bem-estar (CAVALCANTE et al. 2018).
Além do mais, Pereira et al. (2023) pontua que, a interoperabilidade entre sistemas de saúde será uma prioridade, permitindo o compartilhamento seguro de informações de saúde entre diferentes prestadores de serviços e sistemas de saúde. Isso garantirá uma coordenação eficaz do cuidado, reduzindo duplicações e melhorando a continuidade do cuidado ao longo do tempo.
Nesse contexto, com o aumento do uso de dados de saúde digital, a privacidade e segurança dos dados serão preocupações críticas. As regulamentações de privacidade de dados se tornarão mais rigorosas, e as organizações de saúde precisarão implementar medidas robustas de segurança cibernética para proteger as informações confidenciais dos pacientes (CELUPPI, 2021).
Cavalcante et al. (2018) citam que, a medicina de precisão, que utiliza informações genéticas e biomarcadores para personalizar o tratamento médico, continuará a se desenvolver. Avanços na genômica e na análise de dados genéticos levarão a novas descobertas sobre a susceptibilidade a doenças e a resposta a tratamentos específicos.
Ainda, a colaboração entre organizações de saúde, empresas de tecnologia, instituições acadêmicas e governos será essencial para impulsionar a inovação em saúde digital. Parcerias público-privadas podem ajudar a desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e promover a adoção generalizada de tecnologias da informação na saúde pública (CELUPPI, 2021).
Finalmente, ainda segundo Celuppi (2021), garantir a equidade no acesso e uso das tecnologias da informação em saúde será fundamental. É importante que as soluções de saúde digital sejam acessíveis e culturalmente apropriadas para todos os grupos populacionais, incluindo aqueles em áreas rurais, de baixa renda e com barreiras linguísticas ou culturais.
Assim, as perspectivas e tendências futuras na implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública apontam para um futuro promissor, onde a tecnologia desempenhará um papel central na melhoria da prestação de cuidados de saúde, na promoção da saúde da população e na transformação do sistema de saúde como um todo. Essas tendências representam oportunidades emocionantes para impulsionar a inovação e melhorar os resultados de saúde para todos.
3 CONCLUSÃO
Diante da análise realizada sobre a implementação de tecnologias da informação na gestão da saúde pública, é possível concluir que essas ferramentas desempenham um papel crucial na melhoria dos serviços de saúde e na promoção de melhores resultados em saúde para a população. Ao longo deste estudo, foi evidenciado que as tecnologias da informação têm o potencial de aumentar a eficiência operacional, melhorar o acesso aos serviços de saúde, promover a coordenação do cuidado, facilitar a tomada de decisões clínicas e empoderar os pacientes.
No entanto, também foi identificado uma série de desafios que podem comprometer a eficácia e a sustentabilidade da implementação dessas tecnologias. Questões como interoperabilidade de sistemas, segurança de dados, equidade no acesso, resistência à mudança e capacitação de profissionais de saúde são apenas alguns dos obstáculos que precisam ser superados.
Diante desses desafios, é fundamental que sejam adotadas boas práticas e recomendações para promover uma implementação mais eficaz e sustentável das tecnologias da informação na gestão da saúde pública. Isso inclui investimentos em infraestrutura de tecnologia, desenvolvimento de políticas de segurança de dados robustas, capacitação e treinamento de profissionais de saúde, engajamento dos usuários finais, e avaliação contínua do impacto das tecnologias da informação na qualidade e acesso aos serviços de saúde.
Portanto, é essencial que gestores, profissionais de saúde, tecnólogos e outros atores relevantes trabalhem em conjunto para enfrentar esses desafios e aproveitar todo o potencial das tecnologias da informação na gestão da saúde pública. Somente através de uma abordagem integrada e colaborativa será possível garantir que essas ferramentas beneficiem verdadeiramente a saúde e o bem-estar da população, promovendo uma saúde pública mais eficaz, acessível e centrada no paciente.
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