A RELAÇÃO ENTRE A COVID-19 E COMPLICAÇÕES EM PACIENTES DIABÉTICOS: UMA ANÁLISE DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10823434


Tamy Demeis
Stefany Licca Ishida
Orientadora: Profª. Ma. Ludmila Lopes Maciel Bolsoni


RESUMO

A Diabetes Mellitus está fortemente ligada às implicações da COVID-19. Portanto, este estudo buscou realizar uma revisão abrangente da literatura para analisar como a COVID-19 afeta pacientes com diabetes e identificar possíveis explicações para essa relação. Utilizando bases de dados como PubMed e Scielo, juntamente com fontes adicionais, como a Secretaria de Políticas de Saúde e a Revista Saúde Pública, foram selecionados 14 artigos, com descritores como “SARS-CoV-2”, “COVID-19”, “Resistência à insulina”, “COVID prolongada” e diabetes (tipo 1 e tipo 2). Os resultados indicaram que a conexão entre diabetes e COVID-19 resulta em um aumento significativo no risco de sintomas graves e mortalidade em pacientes com diabetes, com vários mecanismos envolvidos, incluindo inflamação crônica e fatores de risco como obesidade. Portanto, é essencial reconhecer a necessidade de cuidados especiais para essa população durante a pandemia, incluindo monitoramento regular dos níveis de glicose e suporte emocional. 

PALAVRAS-CHAVE:  Diabetes Mellitus; Processo Saúde-Doença; Coronavírus Relacionado à Síndrome Respiratória Aguda Grave.

ABSTRACT

Diabetes Mellitus is strongly linked to the implications of COVID-19. Therefore, this study aimed to conduct a comprehensive literature review to analyze how COVID-19 affects patients with diabetes and identify possible explanations for this relationship. Using databases such as PubMed and Scielo, along with additional sources like the Ministry of Health and the Public Health Journal, 14 articles were selected, with descriptors such as “SARS-CoV-2,” “COVID-19,” “Insulin resistance,” “Long COVID,” and diabetes (type 1 and type 2). The results indicated that the connection between diabetes and COVID-19 results in a significant increase in the risk of severe symptoms and mortality in patients with diabetes, with various mechanisms involved, including chronic inflammation and risk factors like obesity. Therefore, it is essential to recognize the need for special care for this population during the pandemic, including regular monitoring of glucose levels and emotional support. 

KEYWORDS: Diabetes Mellitus; Health-Disease Process; Severe acute respiratory syndrome-related coronavirus

RESUMÉN

La Diabetes Mellitus está fuertemente vinculada a las implicaciones de la COVID-19. Por lo tanto, este estudio tuvo como objetivo realizar una revisión exhaustiva de la literatura para analizar cómo la COVID-19 afecta a los pacientes con diabetes e identificar posibles explicaciones para esta relación. Utilizando bases de datos como PubMed y Scielo, junto con fuentes adicionales como la Secretaría de Políticas de Salud y la Revista Saúde Pública, se seleccionaron 14 artículos, con descriptores como “SARS-CoV-2”, “COVID-19”, “Resistencia a la insulina”, “COVID prolongada” y diabetes (tipo 1 y tipo 2). Los resultados indicaron que la conexión entre la diabetes y la COVID-19 conlleva un aumento significativo en el riesgo de síntomas graves y mortalidad en pacientes con diabetes, con varios mecanismos involucrados, incluyendo inflamación crónica y factores de riesgo como la obesidad. Por lo tanto, es esencial reconocer la necesidad de cuidados especiales para esta población durante la pandemia, incluyendo el monitoreo regular de los niveles de glucosa y el apoyo emocional.

KEYWORDS: Diabetes Mellitus; Proceso Salud-Enfermedad; Coronavirus Relacionado al Síndrome Respiratorio Agudo Severo.

1 INTRODUÇÃO

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são condições de saúde que se desenvolvem de forma progressiva, têm uma duração prolongada, resulta de múltiplos fatores e exigem modificações no estilo de vida, além de acompanhamento médico contínuo. Dentre as principais DCNTs estão incluídas enfermidades cardiovasculares, respiratórias, hipertensão, câncer, diabetes e distúrbios metabólicos (MALTA et al., 2022).

Atualmente, a epidemia de DCNTs persiste ao longo do tempo e está associada a uma série de fatores complexos, incluindo o desenvolvimento urbano e mudanças no estilo de vida (FLEISCHER; ROUX; HUBBARD, 2012; ROCHA; IOSAK, 2014). Estudos indicam que essas doenças afetam cerca de 45% da população brasileira, sendo responsáveis por 54,7% das mortes no país em 2019 e por 71% das mortes em escala global (FIOCRUZ, 2021).

No contexto das DCNTs, a Diabetes Mellitus (DM) é uma doença de grande relevância, que tem um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas (VERMA et al., 2010). Globalmente, a DM afetou 8,8% da população em 2017, com projeções indicando que poderá atingir 628,6 milhões de indivíduos entre 20 e 79 anos até 2045, incluindo 20,3 milhões no Brasil (GOLBERT et al., 2021).

A Diabetes Mellitus (DM) é classificada em duas categorias principais: a primeira (DM1), que abrange 10% dos casos, é causada pela destruição das células Beta do pâncreas, resultando em completa deficiência na produção de insulina; a segunda (DM2), que representa 90% dos casos, é decorrente de fatores genéticos e ambientais que levam à resistência periférica à insulina (GOLBERT et al., 2021).

A DM é caracterizada por hiperglicemia e resistência à insulina, desencadeando a produção de citocinas pró-inflamatórias e estresse oxidativo, o que resulta em alterações no sistema imunológico e estimula a produção de moléculas de adesão que desempenham um papel na inflamação, aumentando a suscetibilidade a infecções e agravando a virulência (MARINHO et al., 2021). Quando associada a fatores de risco, a DM aumenta o risco de complicações micro e macrovasculares, incluindo retinopatia, nefropatia, neuropatia, AVC e doenças vasculares periféricas (BRASIL, 2001; BEKELE, 2019).

Além da epidemia de DCNTs, uma epidemia global mais recente e aguda foi desencadeada pelo vírus SARS-CoV-2, identificado na China no final de 2019 (LIMA et al., 2021). Esse vírus é transmitido por contato direto ou pelo ar e é responsável pela COVID-19, que começou em fevereiro de 2020 e teve um impacto global, resultando em mais de 6 milhões de mortes em todo o mundo e 700 mil mortes no Brasil (GOVERNO DO PARANÁ, 2023).

Os sintomas da COVID-19 variam de pessoa para pessoa, inicialmente manifestando-se como uma síndrome gripal leve, incluindo alterações no olfato e paladar. Esses sintomas podem evoluir para uma forma mais grave, caracterizada por fadiga com o mínimo esforço, síndrome respiratória moderada a grave, falta de ar e dores musculoesqueléticas, entre outros (ISER et al., 2020). O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) classifica a COVID-19 em duas categorias: aguda, com duração de até 4 semanas, e a forma prolongada, dividida em síndrome pós-COVID-19, que dura de 4 a 9 semanas, e COVID longa, com mais de 12 semanas (WU, M., 2021).

A infecção pelo vírus ocorre quando ele penetra nas células por meio do receptor de enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), que também está presente em células epiteliais alveolares. Isso desencadeia uma resposta imunológica que resulta na liberação de citocinas e danos aos pulmões (ROSA et al., 2022). Alguns sintomas, como falta de ar, fraqueza e cefaléia, podem persistir por mais de 12 semanas após a infecção, sendo referidos como “COVID longa” ou, em menor frequência, como “Síndrome pós-COVID-19” (RAVEENDRAN et al., 2021).

Os receptores ECA2 mencionados anteriormente também são encontrados em pacientes com doenças crônicas, incluindo a diabetes. Pacientes com diabetes que desenvolvem COVID longa podem apresentar sintomas graves e progressivos, levando ao aumento das internações e complicações trombóticas (MARINHO et al., 2021). Os mecanismos subjacentes que conectam essas duas condições estão relacionados à inflamação sistêmica exacerbada, disfunções cardiometabólicas e graus de intolerância à glicose (OKAMOTO et al., 2022).

Este estudo concentra-se principalmente na investigação da relação entre a COVID longa e seus efeitos adversos em pacientes com diabetes. A Diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica que impacta significativamente a qualidade de vida dos indivíduos. A recente epidemia de COVID-19 trouxe à tona a preocupação com as complicações a longo prazo da doença, especialmente em pacientes com DCNTs, como a DM. Portanto, esta revisão de literatura busca compreender como a COVID longa afeta pacientes com DM, considerando suas implicações clínicas, mecanismos subjacentes e a gestão desses casos. Compreender essa relação é fundamental para orientar a prática clínica e o desenvolvimento de estratégias de cuidado mais eficazes para essa população vulnerável.

2 METODOLOGIA

Para a elaboração deste estudo, optou-se por conduzir uma revisão de literatura, uma abordagem essencial na compreensão e análise de estudos relacionados a um tema específico. Muitas vezes, as revisões de literatura podem não receber o reconhecimento merecido, sendo erroneamente consideradas simples coletas de informações sem um processo de sistematização. No entanto, é importante destacar que o processo de revisão bibliográfica vai muito além da mera compilação de citações de obras e estudos; ele se baseia em metodologias que garantem a confiabilidade das informações obtidas. Para isso, foram realizadas leituras aprofundadas e analisadas criticamente as informações coletadas na pesquisa.

Este estudo adota a forma de revisão sistemática de literatura, uma modalidade de pesquisa que segue protocolos específicos, com o objetivo de compreender e realizar uma análise lógica dos conteúdos examinados, discutindo sua relevância ou falta dela, dependendo dos contextos abordados. Em termos gerais, a revisão sistemática de literatura possui um alto nível de evidência e é considerada um documento crucial para a tomada de decisões no campo de estudo ao qual se dedica, oferecendo valiosas contribuições para a área em questão.

Para construir esta revisão, foi seguido uma lógica metodológica que envolveu várias etapas, tais como a formulação da pergunta norteadora, o desenvolvimento da estratégia de busca na literatura, a seleção dos estudos com base em critérios de inclusão específicos, a análise crítica e avaliação do conteúdo, a categorização, a análise, a interpretação e a síntese dos resultados.

Neste trabalho, foi abordado a relação entre a COVID longa e os agravos em pacientes diabéticos. Para isso, pesquisamos artigos nas bases de dados PubMed, Scielo e outras fontes, como a Secretaria de Políticas de Saúde e a Revista Saúde Pública. Os descritores utilizados para a pesquisa incluíram termos como: SARS-Cov-2; COVID-19; Resistência insulínica; COVID longa e Diabetes (tipo I e Tipo 2).

A análise desta revisão sistemática de literatura foi conduzida de acordo com o método Prisma, que consiste em um conjunto de itens baseados em evidências de estudos e meta-análises. Esse método se concentra na apresentação de revisões que avaliam estudos e pode ser empregado como base para relatórios de revisões sistemáticas e avaliações de intervenções. Como critério de inclusão, selecionamos artigos de relatos de casos, estudos clínicos, meta-análises e estudos randomizados, publicados no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, em inglês, português ou espanhol. Estudos que não forneceram informações relevantes para a revisão ou que não estavam em conformidade com os critérios de data, idioma e tipo de estudo foram excluídos.

3 RESULTADOS 

Neste estudo, foram examinados 14 artigos, seguindo os critérios de inclusão e exclusão mencionados anteriormente. Evidências consistentes apontam para uma associação significativa entre o diabetes e um prognóstico desfavorável da COVID-19. Indivíduos com diabetes têm um risco substancialmente elevado de desenvolver sintomas graves do SARS-CoV-2 (LIMA et al., 2021; OKAMOTO; JUSTINO; SOUZA, 2022). O diabetes, portanto, emerge como um fator de risco notável para casos graves de COVID-19, muitas vezes relacionado a um controle glicêmico insatisfatório e taxas de mortalidade elevadas (SINGH; KHUNTI, 2021; TRINCO et al., 2022).

Um estudo em particular ressalta que o diabetes pode aumentar a vulnerabilidade das pessoas à COVID-19 devido a mecanismos como a tempestade de citocinas, disfunção pulmonar e endotelial, bem como hipercoagulação (MARINHO et al., 2021). Esses achados consolidam a posição do diabetes como um importante fator de risco para casos graves de COVID-19 (ROSA; GONÇALVES, 2022). Além disso, evidências indicam que a presença de diabetes está associada a um maior risco de óbito hospitalar por COVID-19 no Brasil (GRACE et al., 2022; PRANATA et al., 2021), reforçando a necessidade premente de priorizar pacientes diabéticos nesse contexto (KHUNTI; VALABHJI; MISRA, 2022).

Houve também investigações sobre disfunções imunológicas em pacientes com diabetes e sua relação com a COVID-19 (GANGADARAN et al., 2022). Essa linha de pesquisa sugere que aprofundar nosso entendimento dos mecanismos moleculares subjacentes às disfunções imunológicas em indivíduos com diabetes pode abrir caminho para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas inovadoras, potencialmente contribuindo para a prevenção de infecções (ANGHEBEM; REGO; PICHETH, 2020).

Além disso, alguns estudos exploraram o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o agravamento do diabetes mellitus tipo 2 após infecção por SARS-CoV-2, bem como seu impacto no controle glicêmico (RAVEENDRAN; MISRA, 2021; STEENBLOCK et al., 2022). É importante mencionar que os sintomas pós-COVID incluem fadiga, falta de ar, mialgia e fraqueza muscular, que podem persistir por mais de 12 semanas após a infecção. Esses sintomas são mais comuns em indivíduos obesos e em pacientes com diabetes, e estão relacionados a diversos mecanismos fisiopatológicos, como taquicardia, sarcopenia e disfunção microvascular (RAVEENDRAN; MISRA, 2021).

Uma visão geral dos estudos analisados e descritos pode ser encontrada no Quadro 1.

Quadro 1 – Resumo dos estudos, ano e revista de publicação, citação, objetivo, abordagem técnica e resultado

AnoCitaçãoRevistaAutorObjetivoMétodoResultado
2021MARINHO, F.et al.Inter-relação entre COVID-19 ediabetes mellitus: uma revisão sistemática. Research, Society and Development,v. 10, 2 mar. 2021.Research, Society and Developme ntMarinho, Loyola, Monteiro, Castro, Carvalho, Garcia, Silvério, Santos.Discutir sobre a influência do diabetes sobre o prognóstico de pacientes comCOVID-19através de uma revisão literaturaTrata-se de um estudo de revisão sistemática.Para identificar a literatura publicada até dezembro de 2020, foram aplicadas estratégias de buscas individuais nos seguintes bancos de dados eletrônicos: PubMed, Medline, Lilacs e SciELO.Pode-se notar que com base nos novos dados clínicos obtidos de pacientes COVID-19, vários mecanismos, como tempestade de citocinas, disfunção pulmonar e endotelial e hipercoagulação, que podem tornar os indivíduos com diabetes mais vulneráveis à COVID-19.Estudos epidemiológicos mostram que o diabetes mal controlado é um fator de risco para várias doenças infecciosas.
2021LIMA, B. etal. Diabetes mellitus e sua relação com a COVID-19:um panorama atual proveniente de uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 10, 112021.Research, Society and Developme ntLima, Frota, Ramos, Junior, NetoRealizar uma revisão sistemática acerca da DM esua relação com COVID-19.Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura utilizando as bases de dados PubMed (Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos) e Science Direct com os descritores “Diabetes mellitus”,“covid-19”, “fatores de risco/Diabetes mellitus”, “covid-19”, “comorbidade”Durante o estudo foi possível observar a forte correlação entre o mal prognóstico de COVID-19 e DMtipo 1 ou 2. Visto que o diabetes imuno compromete o corpo humano, entende-se que uma infecção secundária a COVID-19 seja mais persistente e letal.
2022TRINCO, R.et al. A relação entre o Diabetes mellitus e os óbitos por Covid-19: uma revisão integrativa. Research, Society and Development,v. 11, 5 Verão 2022.Research, Society and Developme ntTrinco, Daga, Medeiros, Ostapiuk, Medeiros, SilvaAnalisar e descrever as evidências disponíveis, na literatura científica, acerca da associação entre o diabetes mellitus associada aos óbitos por Covid-19.Revisão integrativa de literatura, realizada durante os anos de2020 e 2021, com busca de artigos publicados entre os anos de 2020 e 2021, nas bases de dados LILACS, PubMed, MEDLINE emedRvix. Os resultados foram organizados em quadros sinópticos, sendo os dados extraídos por dois pesquisadores independente. Foram localizadas, inicialmente, 225 publicações. Após a aplicação dos filtros ficaram o total de 18 publicações que contemplavam os critérios de inclusão propostos para esse estudo. A partir da leitura dos trabalhos selecionados pode-se observar a íntima relação do diabetes mellitus com os quadros graves de Covid-19 e o elevado índice de mortalidade como desfecho desses casos
2022OKAMOTO, I.; JUSTINO, J.; SOUZA, J. COMPLICAÇ ÕES DA COVID-19 EM PACIENTES DIABÉTICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA. Revista Ibero-Americ ana de Humanidades, Ciências e Educação-RE ASE, v. 8, p. 1730–1739,2022.Revista Ibero- Americana de Humanidad es, Ciências eEducação- REASEOkamoto, Justino, SouzaO objetivo do presente estudo foi identificar as possíveis complicações do COVID-19em pacientes diabéticos, através de uma revisão de literatura de caráter descritivo.Trata-se de uma revisão integrativa de caráter descritivo sobre o Diabetes Mellitus e o impacto do SARS-CoV-2.Para inclusão de estudos para esta revisão foram considerados artigos publicados a partir de 2020, propiciando análises mais atuais e que retratassem a discussão sobre as complicações da COVID-19 em pacientes diabéticos.Pessoas com diabetes têm um risco maior de desenvolver sintomas mais graves deSARS-CoV-2 e um risco maior de morte. De acordo com os resultados, o diabetes é um fator de risco independente da gravidade do SARS-CoV-2;portanto, pessoas com diabetes devem reduzir a sua exposição a uma possível infecção por SARSCoV-2.
2022ROSA, M.; GONÇALVES, A. Apandemia de Covid-19 e seus impactos nos pacientes com Diabetes Mellitus.Research, Society and Developmen, v. 11, p. 1–9,2 2022.Research, Society and Developme ntSilva Rosa, Oliveira GonçalvesAnalisar como a pandemia do novo Coronavírus afetou pacientes adultos e idososcom diabetes mellitus e se a literatura é capaz de observar a diferença de desfechos de acordo com as medidasde controle adotadas em cada paísFoi realizada uma revisão de literatura a partir das bases de dados eletrônicas PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e   Google Scholarutilizando-se as palavras chaves “diabetes mellitus”,“Covid-19”, “SarsCov 2”, “Coronavírus”.Analisando os 19 estudos incluídos nesta revisão, observa-se que odiabetes é      umimportante fator de risco para Covid-19, considerando que as evidências sugerem maior risco de quadros graves da doençacom maiores  chances de necessidade de ventilação mecânica invasiva e mortalidade, além deobservar que países que adotaram confinamento rigoroso tiveram pouco impacto no controle glicêmico, ao passo queos países que não adotaram deixaram seus pacientes mais expostos a piora do controle glicêmico.
2022GRACE, T. etal. Diabetes como um fator associado ao óbito hospitalar por COVID-19 noBrasil, 2020.5 2022.SciELOGarces, Sousa, Cestari, Florencio, Damascen o, Pereira, MoreiraAnalisar a associação entre diabetes mellitus e óbito hospitalar por COVID-19 noBrasil, de fevereiro a agosto de 2020.Estudo transversal, sobre casos notificados como síndrome gripal no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe, positivos para COVID-19 e hospitalizados. A magnitude da associação do diabetes com o óbito foi estimada por regressão de Poisson com variância robusta.Foram analisados dados de 397.600 casos hospitalizados, dos quais 32,0% (n = 127.231)evoluíram a óbito. A prevalência de óbito entre pessoas com diabetes foi de 40,8% (RP = 1,41;IC95% 1,39;1,42).Após ajustes por variáveis sociodemográficas e comorbidades, observou-se que o óbito foi 1,15 vez mais frequente entre aqueles com diabetes (IC95% 1,14;1,16).
2020ANGHEBEM, M.; REGO, F.; PICHETH, G. COVID-19 eDiabetes: a relação entre duas pandemias distintas.Resvista Brasileira de Análises Clínicas, v. 52, n. 02, p.154–159,2020.RBACAnghebem, Mauren; Rego, Fabiane; Picheth, Geraldo;“Este estudo destaca aspectos da relação entre COVID-19 e odiabetes”A metodologia deste trabalho se baseou em uma busca em fontes de dados como o periódico Capes, Google Acadêmico e sites científicos e governamentais, através da associação das palavras-chave “Diagnóstico laboratorial”, “COVID”,”Coronavírus”, “Sorologia” e suas variações em Inglês. A pesquisa foi realizada no período correspondente ao início da pandemia, abrangendo trabalhos de março a agosto de 2020. Aseleção dos artigos foi realizada a partir da leitura dos títulos seguida dos resumos. Os trabalhos que apresentavam o enfoque das informações correspondentes ao diagnóstico da COVID-19 foram lidos na íntegra e deram origem aos resultados deste artigo.A infecção por SARS-CoV-2apresenta três estágios de acordo com a evolução dos sintomas, o que favorece a utilização de diferentes métodos de diagnóstico
2022ANGADARAN et al. COVID-19and diabetes: What do we know so far? Experimental, Biology and Medicine, 27jul. 2020.Experiment al; Biology and Medicine

Pubmed

Gangadara n, Pajarathil, Rajendran, Jogalekar, Hong, Aruchamy, Rajendran, Gururangaj an, Krishnan, Ramani, Subramanin
Discutir várias condições de doença que contribuem para o mau prognóstico em pacientes diabéticos com COVID-19,como hiperglicemia, resistência à insulina, função pancreática prejudicada,fatores relacionados à progressão do COVID-19 em um esforço para entender sua relação complexa e bidirecional com o diabetes.O melhor conhecimento científico sobre o mecanismo molecular pelo qual as disfunções imunológicas ocorrem em indivíduos com diabetes pode levar a novos tratamentos e até mesmo à prevenção de infecções, melhorando assim o resultado de pacientes com diabetes com COVID-19
2022RIZVI et al. Post-COVID syndrome, inflammation, and diabetes. Elsevier Public Health Emergency Collection, v. 36, n. 11, 10jun. 2022.Elsevier Public Health Emergency Collection
Pubmed
Rizvi; Kathuria; Mahmeed, Rasadi,Al-alawi, Banach, Banerjee, Ceriello, Cesur, Cosentino, Galia, Goh, Janez, Kalra, kempler, Lessan, Lotufo, papanas, Santos, Stoian, Toth, Viswanatha n, RizzoOs mecanismos fisiopatológicos envolvem um estado inflamatório sistêmico intensificado, distúrbios cardiometabólic os e vários graus de intolerância à glicose. Este último pode ser evidente como hiperglicemia significativa levando a diabetes de início recente ou agravamento de doença preexistente.O impacto longitudinal do COVID-19 empacientes usando uma pontuação de 12 itens do Short Form Survey (SF-12) (uma ferramenta de qualidade de vida relacionada à saúde) identificou preditores de desenvolvimento de síndrome pós-COVID-19 (PCS).É importante destacar dois estudos notáveis que examinaram o fenômeno da hiperglicemia de longo prazo emergente após o diagnóstico de diabetes coincidente com infecção por SARS CoV-2, com resultados um tanto divergentes.
2022STEENBLOCK et al. Diabetes and COVID-19:Short- and Long-Term Consequences. Hormone and Metabolic Research, v. 54, n. 8, p. 53–509, 8 set. 2022.Hormone and Metabolic Research,

Pubmed
Steenblock, Hassanein, Khan, Yaman, Kamel, Barbir, Lorke Rock, Everett, Bejtullah, Heimerer, Beqiri e BornsteinDiscutir por que os pacientes com diabetes têm   risco maior de desenvolver sintomas graves de COVID-19, nãoa penas na fase aguda da doença, mas também em relação a infecções e reinfecções por vacina prolongada e vacinas. Além disso, discutimos os efeitos do bloqueio no controle glicêmico.Os dados mostraram que a COVID-19 aguda em casos únicos pode levar ao desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e, em muitos casos, uma infecção por SARS-CoV-2levou a uma deterioração do pré-diabetes ou do DM2 pré-existenteAs evidências atuais sugerem que uma infecção por SARS-CoV-2 pode levar à hiperglicemia, cetoacidose e, em casos únicos, T1DM de início recente. Além disso, o COVID-19 pode levar ao agravamento de pré-diabetes ou DM2 pré-existente.
2021RAVEENDRA N; MISRA.Post COVID-19Syndrome (“Long COVID”) and Diabetes: Challenges in Diagnosis and Management. Diabetes e Metabolic Syndrome: Clinical Research e Reviews, v.15, n. 5, ago.2021.Diabetes & Metabolic Syndrome: Clinical Research & ReviewsRaveendra n, MisraA síndrome pós-Covid-19 (SCP) é uma das principais causas de morbidade.Neste artigo pretendemos rever a associação e consequências da PCS e diabetes.Revisamos todos os estudos sobre “Long Covid”, “Post COVID-19Syndrome” e diabetes no PubMed e no Google Scholar.Os sintomas da PCS podem ser decorrentes de disfunções orgânicas, efeitos da internação e medicamentos, ou não relacionados a estes. O diabetes mellitus tipo 2 tem uma relação bidirecional com a COVID-19. Apresença de diabetes também influencia a PCS por meio de vários mecanismos fisiopatológicos. O COVID-19 pode aumentar ou exacerbar taquicardia , sarcopenia (e fadiga muscular) e disfunção microvascular (e danos a órgãos) em pacientes com diabetes.
2021PRANATA etal. Diabetes andCOVID-19:The past, the present, and the future.Metabolism Clinical and Experimental,v. 121, ago. 2021.Metabolism Clinical and Experiment al
science direct
Pranata, Henrina, Raffaello, Lawrensia, HuangDestacar o diabetes como um fator que aumenta a suscetibilidade ao COVID-19,resultados ruins relacionados ao COVID-19,os três aspectos mais pertinentes do controle do diabetes em tempos de COVID-19 e oque o futuro reserva para o diabetespós-pandemia. Finalmente, enfatizamos a importância de vacinar pacientes com diabetes e a lógica subjacente a ela.Dados que surgiram em Wuhan, na China, no início da pandemia indicam que o diabetes era prevalente em pacientes hospitalizados com COVID-19.Da mesma forma, o diabetes é uma das comorbidades mais comuns, exceto hipertensão e obesidade na Lombardia, Itália e Nova York, EUAA fim de entender melhor o ciclo vicioso que consiste na pandemia de COVID-19transmissível, por um lado, e as doenças metabólicas não transmissíveis, por outro lado, há uma necessidade urgente de investigar as razões precisas e o(s) mecanismo(s) da patogênese e elementos patológicos e descobrir soluções preventivas/terapê uticas racionais.
2022KHUNTI; VALADHJI; MISRA.Diabetes and theCOVID-19pandemic. Diabetologia, v. 66, n. 2, p.255–266, 11Outono 2022.Diabetologi aKamlesh Khunti; Jonathan Valabhji; Shivani MisraIn this review, we summarise the impact of acuteCOVID-19 inpeople with diabetes, discuss how the presentation and epidemiology during the pandemic and make recommendatio ns on prioritising patients as we move into the recovery phase and also how we protect people with diabetes for the future.Revisão de literatura. Foi utilizado um banco de dados com informações mundial sobre a COVID. Busca de referencial teórico
2021SINGH, A.; KHUNTI, K. COVID-19and Diabetes. Annual Review of Medicine, v. 72, 8 nov.2021.Annual Review of MedicineSINGH, A.; KHUNTI, K.Além disso, vários estudos avaliaram recentemente os resultados com antidiabéticos orais em pessoas com DM2 eCOVID-19 (23).Nosso objetivo é revisar algumas dessas principais descobertas que evoluíram durante o ano passado.Revisão sistemática de literatura de vários estudos.O T1DM e o T2DM estão associados ao aumento do risco de hospitalização relacionada ao COVID-19 eresultados graves, incluindo mortalidade, principalmente em pessoas com controle glicêmico insatisfatório.Estudos observacionais mostram pequenas diferenças nos riscos e benefícios associados a certas terapias hipoglicemiantes, que podem ser confundidas pela indicação.

Fonte: Autores, 2023

3.1 DISCUSSÃO

3.1.1 Evidências da Associação entre Diabetes e Gravidade da COVID-19

Estudos clínicos apontam para uma possível ligação entre o diabetes e a maior suscetibilidade à contração da COVID-19 (MARHL et al., 2020; ORIOLLI et al., 2020). Além disso, diversas pesquisas indicam uma relação intrínseca entre o diabetes e casos graves de COVID-19, acompanhados por uma taxa de mortalidade mais elevada (SINGH et al., 2021; TRINCO et al., 2022). 

Entretanto, é crucial ressaltar que existem dados contraditórios a respeito dessa associação (KUMAR et al., 2020). Algumas pesquisas sugerem que o diabetes não exerce influência direta no desfecho dos pacientes com COVID-19, embora esteja associado a um curso clínico desfavorável (LIU et al., 2020).

Estudos indicam uma associação significativa entre o diabetes e um desfecho negativo da COVID-19. Indivíduos com diabetes apresentam um risco substancialmente maior de desenvolver sintomas graves do SARS-CoV-2 (LIMA et al., 2021; OKAMOTO; JUSTINO; SOUZA, 2022). Portanto, o diabetes emerge como um notável fator de risco para casos graves de COVID-19, muitas vezes relacionado a um controle glicêmico insatisfatório e taxas de mortalidade elevadas (SINGH; KHUNTI, 2021; TRINCO et al., 2022).

Conforme destacado por Marinho et al. (2021), o diabetes pode aumentar a vulnerabilidade das pessoas à COVID-19 devido a mecanismos como a tempestade de citocinas, disfunção pulmonar e endotelial, bem como hipercoagulação (MARINHO et al., 2021). Essas constatações consolidam o papel do diabetes como um importante fator de risco para casos graves de COVID-19 (ROSA; GONÇALVES, 2022). Adicionalmente, evidências apontam que a presença de diabetes está associada a um aumento do risco de óbito hospitalar por COVID-19 no Brasil (GRACE et al., 2022; PRANATA et al., 2021), reforçando a necessidade urgente de priorizar pacientes diabéticos nesse contexto (KHUNTI; VALABHJI; MISRA, 2022).

Também foram realizadas investigações sobre disfunções imunológicas em pacientes com diabetes e sua relação com a COVID-19 (GANGADARAN et al., 2022). Essa linha de pesquisa sugere que ampliar nosso entendimento dos mecanismos moleculares subjacentes às disfunções imunológicas em indivíduos com diabetes pode abrir caminho para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas inovadoras, potencialmente contribuindo para a prevenção de infecções (ANGHEBEM; REGO; PICHETH, 2020).

3.1.2 O Impacto do SARS-CoV-2 no Desenvolvimento e Complicação do Diabetes Mellitus

Pesquisas recentes têm abordado o surgimento do diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é a complicação do diabetes mellitus tipo 2 após a infecção por SARS-CoV-2, além do seu impacto no controle dos níveis de açúcar no sangue (RAVEENDRAN; MISRA, 2021; STEENBLOCK et al., 2022). É relevante observar que os sintomas pós-COVID, como fadiga, dificuldade respiratória, dores musculares e fraqueza, podem persistir por mais de 12 semanas após a infecção. Esses sintomas são mais prevalentes em indivíduos com obesidade e diabetes, e estão associados a diversos mecanismos fisiopatológicos, como taquicardia, perda de massa muscular e problemas nos vasos sanguíneos pequenos (RAVEENDRAN; MISRA, 2021).

Outro ponto enfatizado nas pesquisas é a relação da obesidade com o diabetes, ambas condições afetam o sistema imunológico, desencadeando inflamação crônica caracterizada por altos níveis de IL-6 e CRP. Quando a COVID-19 ocorre, essa inflamação tende a se intensificar, resultando em uma resposta de citocinas mais prejudicial. Isso, por sua vez, impacta na resistência à insulina e agrava o controle dos níveis de glicose (MARINHO et al., 2021).

Além disso, pacientes com diabetes e COVID-19 têm maior probabilidade de enfrentar variações nos níveis de glicose, que podem subir acima de 160 mg/dL ou cair abaixo de 70 mg/dL (SHEN et al., 2021).

No contexto brasileiro, a COVID-19 teve um impacto significativo nas pessoas com diabetes. Além das flutuações nos níveis de glicose, houve mudanças no comportamento desses indivíduos (BARONE et al., 2020). Estudos mostram que aproximadamente um a cada seis óbitos relacionados à COVID-19 no Brasil ocorreu em pessoas com diabetes mellitus, ressaltando a vulnerabilidade desse grupo e a importância de gerenciar efetivamente essa condição crônica (GARCES et al., 2022).

Tanto a obesidade quanto a infecção por COVID-19 têm sido associadas a problemas de coagulação e formação de coágulos, o que torna as pessoas com diabetes e obesidade mais suscetíveis a eventos trombóticos, como derrames. Além das complicações físicas, é importante notar que as pessoas com diabetes têm um risco maior de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, que podem ser exacerbados durante a pandemia de COVID-19. Portanto, é evidente a necessidade de apoio da comunidade e dos profissionais de saúde para ajudar as pessoas com diabetes durante este período desafiador. Além disso, recursos online e redes sociais desempenham um papel crucial ao fornecer informações precisas e apoio emocional (MARINHO et al., 2021). 

Em suma, fica evidente a necessidade de cuidados especiais para as pessoas com diabetes durante a pandemia de COVID-19, visando evitar sobrecarregar ainda mais os sistemas de saúde. Isso inclui a monitorização regular dos níveis de açúcar no sangue, a manutenção da hidratação adequada, a prática de atividade física e a adoção de uma alimentação saudável (CUSCHIERI; GRECH, 2020).

3.1.3 Alterações nos Mecanismos Fisiopatológicos e Biomarcadores em Pacientes com Diabetes

Estudos apontam para uma maior suscetibilidade de pacientes diabéticos a complicações graves e maior mortalidade, correlacionando tais resultados a respostas inflamatórias comprometidas sob um aspecto fisiopatológico. No entanto, destacam a necessidade de investigações futuras abordarem aspectos específicos, como as capacidades pulmonares e os parâmetros laboratoriais em pacientes diabéticos com COVID-19 para uma compreensão mais aprofundada (LIMA et al., 2021).

  Um estudo enfoca a ligação entre a hiperglicemia, frequentemente associada ao Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), e a resposta imune, juntamente com seu impacto na gravidade da infecção pelo SARS-CoV-2. A elevação dos níveis de glicose pode potencializar a replicação do SARS-CoV-2 em monócitos humanos, influenciando a glicólise, resultando na produção de espécies reativas de oxigênio mitocondrial e na ativação do fator induzível por hipóxia (HIF). Além disso, a infecção pelo SARS-CoV-2 pode causar hipóxia pulmonar, levando à estabilização do HIF-α e à liberação de fatores que aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos e a liberação de citocinas (GANGADARAN et al., 2022). 

A maior expressão do receptor ACE2 em pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2 pode intensificar a gravidade da infecção pelo SARS-CoV-2, uma vez que esse receptor é utilizado pelo vírus para entrar nas células hospedeiras (GANGADARAN et al., 2022). Adicionalmente, a interação entre o SARS-CoV-2 e o receptor ECA2 na COVID-19 também sugere que a hiperglicemia crônica não controlada, não apenas o histórico de diabetes mellitus, pode ter um papel significativo no desenvolvimento da doença (BRUFSKY, 2020). 

Biomarcadores de inflamação, incluindo níveis elevados de suPAR, têm se revelado indicativos cruciais de complicações e mortalidade em pacientes que enfrentam a coexistência de diabetes e COVID-19. Além disso, os receptores conhecidos como ECA2, responsáveis por regular o sistema renina-angiotensina-aldosterona, desempenham um papel extremamente importante nesse contexto. A infecção pelo SARS-CoV-2 interfere na equilibrada relação entre ACE e ACE2, contribuindo para o desenvolvimento de resistência à insulina e agravamento dos sintomas da COVID-19, especialmente em indivíduos com diabetes (RIZVI et al., 2022). 

Em pacientes com diabetes e COVID-19, estudos indicam níveis mais elevados de citocinas pró-inflamatórias, como IL-6 e CRP, juntamente com maiores níveis de dímero D e ferritina, sugerindo um estado inflamatório exacerbado. Esses fatores podem contribuir para o agravamento da infecção e aumentar o risco de complicações cardiovasculares (GANGADARAN et al., 2022). 

Há evidências também indicando que o vírus SARS-CoV-2 pode afetar diretamente as células beta do pâncreas, resultando em disfunção e prejudicando a produção de insulina. Isso pode ocasionar o surgimento de hiperglicemia severa, assemelhando-se à diabetes tipo 1, uma situação especialmente preocupante para indivíduos já diagnosticados com diabetes antes de contrair a infecção (RIZVI et al., 2022).

4 DISCUSSÃO

Estudos têm destacado que a obesidade é uma condição frequentemente associada ao diabetes, e ambas as condições afetam o sistema imunológico, desencadeando inflamação crônica no corpo, caracterizada por níveis elevados de IL-6 e CRP. Quando ocorre a infecção por COVID-19, essa inflamação tende a se agravar, resultando em uma resposta de citocinas ainda mais prejudicial. Isso, por sua vez, influencia a resistência à insulina e agrava o controle dos níveis de glicose (MARINHO et al., 2021). Em pacientes que têm diabetes e COVID-19, há uma maior propensão a experimentar variações nos níveis de glicose, que podem tanto ultrapassar os 160 mg/dL quanto cair abaixo de 70 mg/dL (SHEN et al., 2021).

No contexto brasileiro, a COVID-19 impactou de maneira significativa as pessoas com diabetes. Além das alterações nos níveis de glicose, houve mudanças nos comportamentos desses indivíduos (BARONE et al., 2020). Estudos demonstraram que aproximadamente um a cada seis óbitos relacionados à COVID-19 no Brasil ocorreu em pessoas com diabetes mellitus, destacando a vulnerabilidade dessa comunidade e a importância de gerenciar eficazmente essa condição crônica (GARCES et al., 2022).

Tanto a obesidade quanto a infecção por COVID-19 têm sido associadas a distúrbios de coagulação e trombose, o que torna as pessoas que têm diabetes e obesidade mais suscetíveis a eventos trombóticos, como acidentes vasculares cerebrais. Além das complicações físicas, é relevante observar que as pessoas com diabetes enfrentam maior risco de distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão, que podem ser exacerbados durante a pandemia de COVID-19. Portanto, torna-se evidente a necessidade de apoio tanto da comunidade quanto dos profissionais de saúde para auxiliar as pessoas com diabetes durante esse período desafiador. Além disso, recursos online e mídias sociais desempenham um papel fundamental ao fornecer informações precisas e apoio emocional (MARINHO et al., 2021).

Existem evidências clínicas que sugerem que as pessoas com diabetes têm uma probabilidade maior de contrair a COVID-19 (MARHL et al., 2020; ORIOLLI et al., 2020). Além disso, diversos estudos apontam que o diabetes está intrinsecamente relacionado a casos graves de COVID-19 e a uma maior taxa de mortalidade (SINGH et al., 2021; TRINCO et al., 2022). No entanto, é importante destacar que há dados conflitantes em relação a essa associação (KUMAR et al., 2020). Algumas pesquisas indicam que o diabetes não influencia o prognóstico dos pacientes com COVID-19, embora esteja associado a uma evolução clínica desfavorável (LIU et al., 2020).

Em termos de consenso, fica claro que as pessoas com diabetes necessitam de cuidados especiais durante a pandemia de COVID-19 para não sobrecarregar ainda mais os sistemas de saúde. Isso inclui a monitorização regular dos níveis de glicose, a manutenção de uma hidratação adequada, a prática de atividade física e a adoção de uma alimentação saudável (CUSCHIERI; GRECH, 2020).

Os estudos que apontaram uma maior propensão de pacientes com diabetes a complicações graves e maior mortalidade relacionam esses resultados às respostas inflamatórias comprometidas em termos fisiopatológicos. No entanto, sugerem que pesquisas futuras devem analisar aspectos específicos, como capacidades pulmonares e parâmetros laboratoriais em pacientes diabéticos com COVID-19 para obter uma compreensão mais aprofundada (LIMA et al., 2021).

Um estudo aborda a relação entre a hiperglicemia, frequentemente associada ao Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), e a resposta imune, bem como seu impacto na gravidade da infecção por SARS-CoV-2. A hiperglicemia pode potencializar a replicação do SARS-CoV-2 em monócitos humanos e afetar a glicólise, o que leva à produção de espécies reativas de oxigênio mitocondrial e à ativação do fator induzível por hipóxia (HIF). Além disso, a infecção por SARS-CoV-2 pode causar hipóxia pulmonar, resultando na estabilização do HIF-α e na liberação de fatores que aumentam a permeabilidade vascular e a liberação de citocinas (GANGADARAN et al., 2022).

A presença elevada do receptor ACE2 em pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2 pode aumentar a gravidade da infecção por SARS-CoV-2, pois esse receptor é utilizado pelo vírus para entrar nas células hospedeiras (GANGADARAN et al., 2022). Além disso, a interação entre o SARS-CoV-2 e o receptor ECA2 na COVID-19 também indica que a hiperglicemia crônica não controlada, e não apenas o histórico de diabetes mellitus, pode desempenhar um papel significativo na origem da doença (BRUFSKY, 2020).

Em pacientes com diabetes e COVID-19, os estudos relatam níveis mais elevados de citocinas pró-inflamatórias, como IL-6 e CRP, além de maiores níveis de dímero D e ferritina, o que sugere um estado inflamatório acentuado. Esses fatores podem contribuir para agravar a infecção e aumentar o risco de complicações cardiovasculares (GANGADARAN et al., 2022).

Os biomarcadores de inflamação, incluindo níveis elevados de suPAR, têm se mostrado indicativos cruciais de complicações e mortalidade em pacientes que enfrentam a coexistência de diabetes e COVID-19. Adicionalmente, os receptores conhecidos como ECA2, responsáveis por regular o sistema renina-angiotensina-aldosterona, desempenham um papel de extrema importância nesse contexto. A infecção pelo SARS-CoV-2 interfere na balanceada relação entre ACE e ACE2, o que contribui para o desenvolvimento de resistência à insulina e agravamento dos sintomas da COVID-19, especialmente em indivíduos com diabetes (RIZVI et al., 2022).

Existem também evidências que apontam que o vírus SARS-CoV-2 pode agir diretamente sobre as células beta do pâncreas, resultando em disfunção e prejudicando a produção de insulina. Isso pode levar ao surgimento de hiperglicemia grave, que se assemelha à diabetes tipo 1, um cenário particularmente preocupante para pessoas que já possuíam diabetes antes de contrair a infecção (RIZVI et al., 2022).

Em resumo, a intersecção entre diabetes e COVID-19 representa um campo de pesquisa de suma importância devido ao impacto significativo dessas condições na saúde pública. Essa conexão enfatiza a necessidade de implementar estratégias de manejo eficazes para indivíduos com diabetes quando enfrentam a infecção pelo vírus. Além disso, o aprofundamento no entendimento dos mecanismos subjacentes, como a inflamação, o papel dos receptores ACE2 e os danos ao pâncreas, pode oferecer valiosas perspectivas para a prevenção e tratamento de complicações em pacientes que lidam simultaneamente com diabetes e COVID-19. Portanto, a continuação das investigações nesse âmbito é essencial para avançar na compreensão do tema e, consequentemente, para aprimorar a qualidade de vida das pessoas com diabetes.

5 CONCLUSÃO

Com base nesta pesquisa, podemos concluir que a relação entre o diabetes e a COVID-19 é um campo de estudo de extrema importância, com implicações significativas para a saúde pública. Essa conclusão se baseia em um conjunto substancial de evidências científicas que indicam uma ligação robusta entre o diabetes e um desfecho desfavorável na presença da COVID-19.

Observou-se que indivíduos com diabetes enfrentam um maior risco de desenvolver sintomas graves de SARS-CoV-2, o que, por sua vez, está associado a um aumento na taxa de mortalidade. Essa conexão complexa pode ser explicada por diversos mecanismos, incluindo a desencadeamento de uma resposta de citocinas desregulada, disfunção pulmonar, comprometimento da função endotelial, tendência à coagulação excessiva, danos às células beta do pâncreas e a promoção da replicação viral devido aos níveis elevados de glicose no sangue.

Adicionalmente, a presença comum da obesidade em pessoas com diabetes amplifica ainda mais o risco de complicações graves da COVID-19. Isso ocorre devido à inflamação crônica no organismo, que é exacerbada pela infecção por COVID-19 e, consequentemente, prejudica o controle dos níveis de glicose.

É amplamente reconhecida a necessidade de cuidados especiais para os pacientes com diabetes durante a pandemia de COVID-19, abrangendo o monitoramento rigoroso dos níveis de glicose, manutenção de uma hidratação adequada, a prática regular de atividade física e a adoção de uma dieta saudável. Além disso, destaca-se a importância de fornecer apoio emocional a esses pacientes, dada sua maior suscetibilidade a distúrbios psicológicos.

É relevante notar, no entanto, que, embora haja um consenso geral sobre a associação entre diabetes e COVID-19, alguns estudos apresentam resultados conflitantes, o que ressalta a complexidade dessa interação.

Em última análise, a expansão e aprofundamento da pesquisa nessa área são fundamentais para aprimorar nossa compreensão e, como resultado, impulsionar a inovação e o desenvolvimento de abordagens terapêuticas inovadoras e estratégias de prevenção eficazes. Isso não apenas beneficiaria as pessoas com diabetes, mas também teria um impacto positivo na saúde pública em geral.

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