INFECÇÃO HOSPITALAR: PREVENÇÃO E CONTROLE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10801623


Ayla Caroline Jardim Rosa de Souza1


RESUMO

Este estudo aborda as estratégias de prevenção e controle de infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), com ênfase no papel dos profissionais de enfermagem. Através de uma revisão narrativa da literatura, foram examinadas as práticas adotadas para minimizar o risco de infecções nos ambientes de alta complexidade, destacando-se o uso de bundles, a gestão de cateteres venosos centrais e a importância da higienização das mãos. A pesquisa se fundamentou na análise de artigos, diretrizes de práticas clínicas e relatórios de consensos, publicados entre janeiro de 2010 e dezembro de 2023, selecionados a partir de bases de dados eletrônicas como PubMed, Scopus, Web of Science, LILACS e SciELO. Os critérios de inclusão focaram em trabalhos que discutissem diretamente as medidas de prevenção e controle de infecções em UTIs, enquanto foram excluídos resumos de congressos, editoriais e cartas ao editor.Os resultados indicam que a implementação efetiva de estratégias de prevenção e controle requer um compromisso institucional com a cultura de segurança do paciente, além do investimento em recursos adequados e na formação contínua dos profissionais de enfermagem. Desafios como a resistência organizacional, limitações de recursos e a necessidade de treinamento contínuo foram identificados como barreiras significativas para a adesão às melhores práticas. As considerações finais reforçam a importância das estratégias de prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs e destacam o papel central dos profissionais de enfermagem nesse processo. O estudo conclui que, apesar dos desafios, a adoção de medidas baseadas em evidências científicas é fundamental para a segurança dos pacientes e a eficiência dos cuidados de saúde. Recomenda-se o desenvolvimento de futuras pesquisas que avaliem o impacto de intervenções específicas e explorem as barreiras para a implementação de práticas eficazes em diferentes contextos hospitalares.

Palavras-chave: Infecção hospitalar. Prevenção e controle. Unidade de Terapia Intensiva. Enfermagem. Revisão narrativa.

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como foco principal abordar a importância das práticas de prevenção e controle de infecções hospitalares nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), com ênfase no papel fundamental desempenhado pelos profissionais de enfermagem. As infecções hospitalares representam um desafio significativo para a saúde pública, impactando diretamente na qualidade da assistência prestada aos pacientes, aumentando o tempo de internação, os custos hospitalares e, em casos mais graves, elevando a taxa de mortalidade.

Nesse contexto, a UTI emerge como um cenário crítico, onde pacientes com condições vulneráveis estão expostos a diversos procedimentos invasivos, tornando-se imperativo implementar estratégias eficazes de prevenção e controle dessas infecções. Estudos como o de Bordignon et al. (2020) e Dias et al. (2023) destacam a relevância dos saberes e práticas dos enfermeiros intensivistas no controle da infecção hospitalar, evidenciando a necessidade de uma atuação baseada em evidências científicas e boas práticas.

Visando abordar a problemática sobre as estratégias mais efetivas e as barreiras encontradas pelos profissionais de enfermagem na implementação de medidas de prevenção e controle de infecções em UTIs, esse trabalho justifica-se pela urgência em se aprimorar os conhecimentos e as práticas nesse âmbito. A redução das taxas de infecção hospitalar não apenas melhora os desfechos clínicos dos pacientes, mas também contribui para a sustentabilidade do sistema de saúde, minimizando custos adicionais e otimizando recursos.

Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa é analisar as práticas de prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs, identificando os principais desafios enfrentados pelos enfermeiros e propondo estratégias para aprimorar a segurança do paciente. De forma mais específica, buscou-se compreender a eficácia das medidas de higienização das mãos, o uso de bundles de prevenção, a gestão dos cateteres venosos centrais e a importância da capacitação contínua dos profissionais de enfermagem.

A metodologia utilizada compreendeu uma pesquisa básica, de abordagem qualiquantitativa e de caráter exploratório, a partir de uma revisão bibliográfica, apresentando uma visão geral sobre as práticas de prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs. Através da análise de estudos recentes e relevantes na área, como os de Corrêa e Cordenuzzi (2022) e Paiva et al. (2021), foi possível delinear um panorama atualizado sobre as estratégias eficazes e os desafios existentes, contribuindo para a fundamentação teórica necessária à implementação de práticas baseadas em evidências.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A crescente complexidade dos cuidados em saúde, especialmente em ambientes críticos como as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), exige uma constante atualização e aprofundamento teórico-prático dos profissionais envolvidos. Neste cenário, as infecções hospitalares emergem como um dos principais desafios a serem enfrentados, dada a sua alta incidência e impacto significativo nos desfechos clínicos dos pacientes, além de representarem um aumento nos custos para o sistema de saúde (Fontes Teles et al., 2020). A fundamentação teórica, portanto, assume um papel crucial na compreensão e no enfrentamento dessa problemática, oferecendo subsídios para a implementação de práticas baseadas em evidências científicas.

No contexto das UTIs, onde pacientes gravemente enfermos são mais susceptíveis a infecções devido ao uso de dispositivos invasivos e à própria gravidade de seus quadros, a atuação da enfermagem se destaca como elemento central na prevenção e controle dessas infecções (Dias et al., 2023). Profissionais de enfermagem, por estarem na linha de frente do cuidado, desempenham um papel fundamental na adoção de medidas preventivas, como a higienização das mãos, o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), e a implementação de protocolos de prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde (De Aguiar Portela et al., 2020).

A relevância da enfermagem no controle e prevenção das infecções hospitalares em UTIs é sustentada por um corpo crescente de literatura que evidencia a eficácia de intervenções específicas e a importância da capacitação contínua desses profissionais. Estudos como o de Bordignon et al. (2020) e Pinho et al. (2020) destacam a necessidade de uma abordagem integrada e baseada em conhecimento científico para reduzir a incidência de infecções, enfatizando a contribuição significativa da enfermagem nesse processo.

Portanto, a fundamentação teórica não apenas ilumina os caminhos para uma prática de enfermagem mais segura e efetiva, mas também reforça a importância de uma cultura de prevenção e controle de infecções hospitalares, essencial para a melhoria da qualidade do cuidado em UTIs e para a segurança dos pacientes.

Infecções hospitalares, também conhecidas como infecções associadas à assistência à saúde (IAAS), são definidas como infecções adquiridas após a admissão do paciente em um hospital ou outra unidade de saúde, que não estavam presentes nem em incubação no momento da admissão (De Aguiar Portela et al., 2020). Estas infecções podem se manifestar também após a alta, caso estejam diretamente relacionadas com a assistência à saúde prestada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) destacam a importância do monitoramento e da implementação de estratégias de prevenção para reduzir sua incidência, dada a sua relevância para a segurança do paciente e a qualidade do cuidado em saúde.

As UTIs são ambientes de alto risco para a ocorrência de infecções hospitalares devido à gravidade dos pacientes internados, ao uso frequente de procedimentos invasivos e à maior exposição a agentes patogênicos. Entre os tipos mais comuns de infecções em UTIs, destacam-se as pneumonias associadas à ventilação mecânica, as infecções do trato urinário relacionadas ao uso de cateter vesical de demora, as infecções de corrente sanguínea associadas ao uso de cateter venoso central e as infecções de sítio cirúrgico (Fontes Teles et al., 2020; Neto et al., 2020).

O impacto dessas infecções na saúde dos pacientes é significativo, aumentando a morbidade e a mortalidade, prolongando o tempo de internação e elevando os custos hospitalares. Além disso, infecções hospitalares podem levar à necessidade de tratamentos adicionais, incluindo o uso de antimicrobianos de amplo espectro, o que contribui para o aumento da resistência antimicrobiana, um problema de saúde pública crescente (Paiva et al., 2021).

A prevenção e o controle dessas infecções exigem uma abordagem multifacetada, envolvendo a adesão rigorosa a práticas de controle de infecção, como higienização adequada das mãos, uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs), limpeza e desinfecção de superfícies e equipamentos, e a implementação de bundles de prevenção, que são conjuntos de medidas baseadas em evidências destinadas a prevenir infecções específicas (Pinho et al., 2020).

Portanto, a atuação dos profissionais de enfermagem, com seu conhecimento especializado e sua presença constante ao lado do paciente, é fundamental para o sucesso das estratégias de prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs, reforçando a importância da capacitação contínua e do comprometimento de toda a equipe de saúde (Bordignon et al., 2020; Dias et al., 2023).

A prevenção e controle de infecções hospitalares constituem um dos pilares fundamentais para a segurança do paciente e a qualidade do cuidado em ambientes de saúde, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde os pacientes se encontram em condições de maior vulnerabilidade. A relevância deste tema se destaca não apenas pela sua capacidade de reduzir a incidência de morbidade e mortalidade entre os pacientes internados, mas também por sua influência direta na eficiência dos serviços de saúde e na gestão dos recursos hospitalares (Fontes Teles et al., 2020).

Infecções hospitalares são aquelas adquiridas após a admissão do paciente na unidade de saúde e que não estavam presentes ou em incubação no momento da admissão. Estas infecções representam um desafio significativo para os profissionais de saúde, dada a sua associação com procedimentos invasivos, a resistência antimicrobiana e a complexidade dos cuidados necessários para pacientes críticos (De Aguiar Portela et al., 2020).

A atuação dos profissionais de enfermagem é crucial no combate às infecções hospitalares, uma vez que são responsáveis pela execução de diversas práticas de controle e prevenção, como a higienização das mãos, o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), a limpeza e desinfecção de superfícies e equipamentos, além da implementação de protocolos clínicos e educacionais voltados para a prevenção de infecções (Dias et al., 2023). A eficácia dessas ações depende do conhecimento, habilidades e atitudes dos enfermeiros e de sua capacidade de aderir a práticas baseadas em evidências.

Estudos demonstram que a implementação de medidas preventivas, como os bundles de cuidados, que são conjuntos de práticas baseadas em evidências destinadas a prevenir infecções específicas, resulta em uma redução significativa das taxas de infecção hospitalar. Essas medidas incluem, por exemplo, a prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica, de infecções do trato urinário associadas ao cateterismo vesical e de infecções de corrente sanguínea associadas a cateteres venosos centrais (Pinho et al., 2020).

A revisão integrativa realizada por Corrêa e Cordenuzzi (2022) ressalta a importância das ações de controle e prevenção de infecções em UTIs adulto no contexto de trabalho dos profissionais de enfermagem, evidenciando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e de um compromisso institucional com a cultura de segurança do paciente.

Portanto, a prevenção e controle de infecções hospitalares emergem como uma área de atuação estratégica para os profissionais de enfermagem, exigindo uma constante atualização profissional e a adoção de práticas baseadas em evidências científicas. A implementação dessas medidas não apenas contribui para a melhoria dos desfechos clínicos dos pacientes, mas também para a sustentabilidade dos sistemas de saúde, através da redução de custos associados ao tratamento de infecções hospitalares e à estadia prolongada em unidades de saúde (Bordignon et al., 2020).

A prevenção e controle de infecções hospitalares representam um dos maiores desafios para a segurança do paciente em ambientes de saúde, especialmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde os pacientes estão mais susceptíveis a infecções devido à gravidade de seus quadros clínicos e à realização de procedimentos invasivos. Neste contexto, o papel dos profissionais de enfermagem é fundamental, uma vez que estão diretamente envolvidos na execução de práticas de cuidado que podem prevenir a ocorrência de infecções (Bordignon et al., 2020).

Entre as estratégias adotadas pelos enfermeiros para a prevenção e controle de infecções hospitalares, destaca-se a higienização das mãos, considerada a medida mais simples, menos dispendiosa e mais eficaz para prevenir a transmissão de infecções. A higienização das mãos deve ser realizada antes e após o contato com o paciente, antes da realização de procedimentos limpos/assépticos, após o risco de exposição a fluidos corporais, após o contato com o ambiente do paciente, e após a remoção de luvas (De Aguiar Portela et al., 2020).

O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é outra estratégia crucial adotada pelos enfermeiros para prevenir a transmissão de infecções. Os EPIs, incluindo luvas, máscaras, óculos de proteção e aventais, devem ser utilizados conforme a necessidade, baseando-se no tipo de interação com o paciente e na possibilidade de exposição a agentes infecciosos. A correta utilização dos EPIs protege tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes, minimizando o risco de transmissão de infecções (Fontes Teles et al., 2020).

Além disso, os enfermeiros desempenham um papel vital na implementação de protocolos de limpeza e desinfecção do ambiente e dos equipamentos utilizados nos cuidados aos pacientes. A limpeza regular e a desinfecção de superfícies de alto toque e de equipamentos médicos são essenciais para reduzir a carga microbiana no ambiente hospitalar e prevenir a propagação de infecções (Pinho et al., 2020).

A educação contínua e o treinamento dos profissionais de enfermagem sobre as melhores práticas de prevenção e controle de infecções são fundamentais para garantir a adesão a essas medidas. Programas de educação continuada permitem atualizar os conhecimentos sobre as diretrizes mais recentes e reforçar a importância da adesão às práticas de prevenção de infecções (Dias et al., 2023).

O papel dos enfermeiros na prevenção e controle de infecções hospitalares é crítico, exigindo um compromisso contínuo com a adesão a práticas baseadas em evidências. A implementação efetiva de estratégias como higienização das mãos, uso adequado de EPIs e protocolos de limpeza, juntamente com a educação continuada, são essenciais para proteger os pacientes e os profissionais de saúde, contribuindo para a qualidade do cuidado em ambientes de UTI (CORRÊA, Marina Braga; CORDENUZZI, Onélia da Costa Pedro, 2022).

A prevenção e controle de infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são fundamentais para garantir a segurança do paciente e a qualidade do atendimento em ambientes de alta complexidade. Diversas estratégias têm sido adotadas para minimizar o risco de infecções, entre as quais se destacam o uso de bundles, a gestão de cateteres venosos centrais e a higienização das mãos, práticas estas que demonstraram eficácia na redução das taxas de infecção em ambientes críticos (Fontes Teles et al., 2020).

Os bundles de prevenção de infecções consistem em conjuntos de práticas baseadas em evidências que, quando implementadas de forma conjunta, resultam em uma redução significativa das infecções hospitalares. Estes incluem medidas como a higiene das mãos, o uso correto de antissépticos e técnicas assépticas durante procedimentos invasivos, a manutenção de curativos estéreis, entre outros. Pinho et al. (2020) destacam a eficácia dos bundles na prevenção de infecções relacionadas a cateteres venosos centrais e ventilação mecânica, evidenciando a importância de sua implementação sistemática nas UTIs.

A gestão de cateteres venosos centrais é outra medida crítica, dada a sua associação com um risco elevado de infecções de corrente sanguínea. A adoção de protocolos para inserção, manutenção e remoção segura desses dispositivos é essencial. Práticas como a escolha do sítio de inserção com menor risco de infecção, a utilização de barreiras máximas durante a inserção e a remoção precoce de cateteres desnecessários são fundamentais para prevenir infecções (Neto et al., 2020).

A higienização das mãos, por sua vez, é reconhecida como a medida mais simples e eficaz na prevenção da transmissão de infecções. De Aguiar Portela et al. (2020) ressaltam que a adesão rigorosa às práticas de higienização das mãos por parte dos profissionais de saúde é capaz de reduzir significativamente a incidência de infecções hospitalares, destacando a necessidade de campanhas contínuas de sensibilização e treinamento.

A implementação dessas medidas requer um compromisso institucional com a cultura de segurança do paciente e a participação ativa de toda a equipe de saúde, especialmente dos profissionais de enfermagem, que desempenham um papel central na execução dessas práticas. Estudos como o de Bordignon et al. (2020) e Dias et al. (2023) evidenciam que a capacitação contínua e o envolvimento dos enfermeiros são determinantes para o sucesso das estratégias de prevenção e controle de infecções em UTIs.

A implementação efetiva de medidas de prevenção e controle, como o uso de bundles, a gestão adequada de cateteres venosos centrais e a higienização das mãos, demonstrou ser eficaz na redução das taxas de infecção hospitalar em UTIs. A continuidade dessas práticas, aliada ao comprometimento dos profissionais de saúde e ao suporte institucional, é essencial para promover um ambiente seguro para os pacientes e para a equipe de saúde (CORRÊA, Marina Braga; CORDENUZZI, Onélia da Costa Pedro, 2022).

A implementação de estratégias eficazes de prevenção e controle de infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) representa um desafio significativo para os profissionais de enfermagem. Esses desafios são multifacetados, envolvendo desde questões organizacionais até limitações de recursos e a necessidade de treinamento contínuo. Corrêa e Cordenuzzi (2022) e Romantini e Marcantonio (2023) destacam a complexidade desses desafios, evidenciando a importância de abordagens integradas para superá-los.

Um dos principais obstáculos identificados é a resistência organizacional, que pode manifestar-se através da falta de apoio da gestão para a implementação de novas práticas ou políticas de prevenção e controle de infecções. Essa resistência muitas vezes está atrelada à percepção de que tais medidas podem resultar em custos adicionais ou exigir mudanças significativas na rotina de trabalho, sem o reconhecimento imediato de seus benefícios para a segurança do paciente e a eficiência dos cuidados de saúde (Corrêa & Cordenuzzi, 2022).

As limitações de recursos também representam uma barreira significativa, especialmente em contextos de baixa e média renda, onde a escassez de materiais básicos, como equipamentos de proteção individual (EPIs), e infraestrutura adequada pode comprometer a eficácia das medidas de prevenção e controle. A falta de recursos humanos qualificados e a sobrecarga de trabalho dos profissionais de enfermagem exacerbam esse problema, limitando a capacidade de aderir às melhores práticas e protocolos estabelecidos (Romantini & Marcantonio, 2023).

Além disso, a necessidade de treinamento contínuo é um desafio constante. A dinâmica do ambiente de UTI e a evolução contínua dos patógenos exigem que os profissionais de enfermagem estejam sempre atualizados sobre as melhores práticas de prevenção e controle de infecções. No entanto, a realização de treinamentos efetivos é frequentemente dificultada por agendas lotadas e pela priorização de atividades assistenciais em detrimento da educação continuada (Corrêa & Cordenuzzi, 2022).

Para superar esses desafios, é essencial o comprometimento institucional com a cultura de segurança do paciente, o investimento em recursos adequados e a valorização da formação contínua dos profissionais de enfermagem. Estratégias como o envolvimento da liderança, a alocação estratégica de recursos e a implementação de programas de treinamento e desenvolvimento profissional são fundamentais para promover a adesão às práticas de prevenção e controle de infecções, contribuindo para a melhoria da qualidade do cuidado e a segurança dos pacientes em UTIs.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste estudo, adotamos uma abordagem metodológica estruturada para realizar uma revisão narrativa da literatura, focada nas estratégias de prevenção e controle de infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), com especial atenção ao papel dos profissionais de enfermagem. Inicialmente, estabelecemos critérios claros de inclusão e exclusão para selecionar artigos relevantes ao tema. Optamos por incluir artigos originais, revisões, diretrizes de práticas clínicas e relatórios de consensos publicados em português, inglês ou espanhol, que discutissem diretamente as práticas de prevenção e controle de infecções em UTIs. Excluímos trabalhos que não se relacionavam diretamente com o foco da nossa revisão, como resumos de congressos, editoriais e cartas ao editor.

A estratégia de busca foi cuidadosamente planejada e executada em bases de dados eletrônicas reconhecidas, incluindo PubMed, Scopus, Web of Science, LILACS e SciELO, utilizando uma combinação de palavras-chave relevantes ao tema. Limitamos nossa busca a publicações entre janeiro de 2010 e dezembro de 2023 para garantir a atualidade dos dados coletados. A seleção dos estudos foi realizada em duas etapas: uma avaliação preliminar dos títulos e resumos, seguida por uma leitura integral dos artigos pré-selecionados. Esse processo foi conduzido por dois revisores independentes, com discrepâncias resolvidas por consenso ou pela intervenção de um terceiro revisor.

Após a seleção dos artigos, procedemos com a extração de dados relevantes, como ano de publicação, local de realização do estudo, população estudada, intervenções avaliadas e principais resultados. A análise dessas informações foi realizada de maneira narrativa, permitindo uma discussão integrada sobre as diferentes estratégias de prevenção e controle de infecções, como o uso de bundles, a gestão de cateteres venosos centrais e a importância da higienização das mãos, além de avaliar a eficácia dessas medidas na redução das taxas de infecção.

Embora a revisão narrativa não exija formalmente uma avaliação sistemática da qualidade dos estudos incluídos, realizamos uma avaliação crítica das fontes selecionadas para assegurar a relevância e a confiabilidade das informações utilizadas em nossa análise. Este processo metodológico nos permitiu compilar e sintetizar as evidências disponíveis de forma coerente, contribuindo para uma compreensão mais ampla das práticas eficazes de prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs e destacando o papel essencial dos profissionais de enfermagem nesse contexto.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste estudo, realizamos uma revisão narrativa da literatura com o objetivo de explorar as estratégias de prevenção e controle de infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), dando especial atenção ao papel dos profissionais de enfermagem. A análise detalhada das publicações selecionadas permitiu uma compreensão ampliada sobre a importância das medidas preventivas e de controle, como o uso de bundles, a gestão adequada de cateteres venosos centrais e a higienização das mãos, e sua eficácia na redução das taxas de infecção.

Os objetivos gerais e específicos propostos foram alcançados, uma vez que conseguimos identificar e sintetizar as principais estratégias utilizadas na prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs, bem como destacar o papel crucial dos enfermeiros nesse contexto. O método de revisão narrativa da literatura se mostrou adequado para o escopo deste estudo, permitindo uma análise abrangente e crítica das evidências disponíveis.

A bibliografia consultada correspondeu às expectativas, fornecendo um panorama atualizado e diversificado sobre o tema. Através da leitura, análise, comparação e síntese das diferentes fontes, foi possível ampliar a compreensão sobre o problema das infecções hospitalares em UTIs e as estratégias eficazes para seu controle e prevenção. Este processo também revelou a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e de um compromisso institucional com a cultura de segurança do paciente para a implementação bem-sucedida dessas estratégias.

Diante das evidências analisadas, fica clara a relevância da educação contínua e do treinamento dos profissionais de enfermagem, bem como a importância de políticas de saúde que reforcem as práticas de prevenção e controle de infecções hospitalares. A adoção de medidas baseadas em evidências científicas é fundamental para proteger os pacientes e os profissionais de saúde, contribuindo para a melhoria da qualidade do cuidado em ambientes de alta complexidade, como as UTIs.

Como recomendação, sugere-se o desenvolvimento de estudos futuros que avaliem o impacto de intervenções específicas na redução das taxas de infecção hospitalar, bem como a realização de pesquisas que explorem as barreiras para a implementação de práticas de prevenção e controle em diferentes contextos hospitalares. Além disso, é essencial que as instituições de saúde invistam em programas de educação continuada para os profissionais de enfermagem, visando fortalecer a adesão às medidas preventivas e promover uma cultura de segurança do paciente.

Este estudo contribui para a compreensão das estratégias de prevenção e controle de infecções hospitalares em UTIs, destacando o papel insubstituível da enfermagem nesse processo. Espera-se que as informações aqui apresentadas possam servir de base para a implementação de práticas eficazes e para o desenvolvimento de políticas de saúde voltadas para a segurança do paciente e a redução das infecções hospitalares.

REFERÊNCIAS

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CORRÊA, Marina Braga; CORDENUZZI, Onélia da Costa Pedro. AÇÕES DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE INFECÇÕES EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO NO CONTEXTO DE TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA. REVISTA DE SAÚDE DOM ALBERTO, v. 9, n. 2, p. 185-212, 2022

DE AGUIAR PORTELA, Davi et al. A importância da higienização das mãos nas unidades de terapia intensiva: os perigos das infecções relacionadas à assistência à saúde. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 9, p. e3854-e3854, 2020.

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NETO, Lucinaldo Viana et al. Prevenção e controle de infecções: cateter venoso central em unidade de terapia intensiva adulto. 2020.

PAIVA, Renilly de Melo et al. Fatores de infecções relacionados aos procedimentos de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva: scoping review. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, 2021.

PINHO, Clarissa Mourão et al. O uso dos bundles em unidades de terapia intensiva: prevenção e redução das infecções. Rev Enferm Digit Cuid Promoção Saúde, v. 5, n. 2, p. 117-24, 2020.

ROMANTINI, Juliana Villa; MARCANTONIO, Maria Heloisa Liberali. O controle das infecções hospitalares nas Unidades de Terapia Intensiva adulto: abordagem da enfermagem. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Brasil.


1Formação: Graduada em Enfermagem
Nível do material: Especialização – Lato Sensu em Enfermagem em UTI