A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA COLETA DO EXAME PREVENTIVO DO COLO UTERINO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10729738


Fernanda Conceição Silva25


RESUMO

Introdução: No câncer de colo de útero ocorre alterações celulares, ora inúmeros fatores de risco que predispõe a doença, sendo importante o exame de prevenção (Papanicolau). Objetivo: Descrever a atuação do Enfermeiro na realização da coleta e orientações do exame preventivo de câncer de colo do útero. Metodologia: O material usado neste trabalho foi feito através da revisão bibliográfica, tendo como base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line), entre outros. Resultado e Discussão: Observa-se que por vários motivos as mulheres deixam de fazer o exame preventivo, ora o papel do enfermeiro é indispensável uma vez que ao informar as mesmas da importância de realizar o exame de Papanicolau. Conclusão: Nota-se que a prevenção ou diagnóstico precoce é capaz de diminuir a incidência desta doença.

Descritores: Papanicoulaou, Exame Preventivo e Câncer de Colo do Útero

1. INTRODUÇÃO

O exame preventivo (Papanicolaou) é a principal estratégia para detectar o câncer de colo do útero e lesões precursoras e assim realizar o diagnóstico da doença.  Também é conhecido como esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical. De acordo com dados do INCA (2013), o câncer de colo do útero é a segunda neoplasia mais frequente na população feminina, deixando para trás apenas o câncer de mama. Mulheres com diagnóstico na fase inicial e tratadas adequadamente tem aproximadamente 100% de cura.1

Esse tema se insere no âmbito da saúde da mulher, área considerada estratégica para ações prioritárias no Sistema Único de Saúde (SUS) no nível da Atenção Primaria. A concentração de esforços governamentais aliada a produção acadêmica e a atuação dos profissionais trouxe melhorias no acesso a prevenção do câncer de colo do útero em todo o pais. Entretanto, ainda se mostra insuficiente como sinalizado nas estimativas de incidência, tendência de mortalidade e em muitas regiões e situações, o diagnostico ainda e feito em estágios avançados da patologia!1. Nesse cenário de magnitude há que se destacar a lenta evolução das lesões cervicais iniciais; cerca de vinte anos até a fase invasora, fato que, por si só, fala a favor dos benefícios das ações preventivas para alterar o curso da doenca1. Quando não adequadamente tratada, a infecção pelo Papilomavírus humano (HPV) tem sido apontada como um forte fator de risco para o desenvolvimento da patologia que e também associada a outros cofatores como exposição ao agente infeccioso da Chlamydia trachomatis e da imunodeficiência adquirida, tabagismo, uso de contraceptivos orais por longo tempo e a multiparidade1. O rastreamento e feito pelo teste de Papanicolaou – exame citopatologico do colo do útero para detecção das lesões precursoras.

O câncer de colo uterino obedece dois níveis de prevenção e de detecção precoce, sendo: a prevenção primária, realizada através do uso de preservativos durante a relação sexual, evitando a transmissão do vírus papiloma humano (HPV) e a prevenção secundária, realizada por meio do exame Papanicolau. (BRASIL, 2008)2

Para serem obtidos os benefícios desse exame no cenário da prevenção do câncer do colo do útero, todos os passos dos procedimentos a ele relacionados, desde a coleta até os resultados e encaminhamentos, são considerados de extrema relevancia3-1

O enfermeiro é um dos principais responsáveis na prevenção do câncer de colo do útero, pois é o profissional de saúde que realiza a coleta do exame citológico, onde se têm extrema importância na detecção de lesões neoplásicas, além de realizar as orientações de prevenção e promoção da saúde da mulher. Suas atividades são desenvolvidas em múltiplas dimensões, entre elas: consultas de enfermagem, exame Papanicolau, ações educativas junto a equipe e com a comunidade, gerenciamento de recursos materiais e técnicos, qualidade na coleta de exames, comunicação dos resultados e encaminhamento para os devidos fins necessários (MELO et al., 2014).4

As Unidades de Atenção Primaria a Saúde (UAPS) são consideradas porta de entrada do usuário no sistema de saúde, espaço em que o enfermeiro é importante integrante da equipe multiprofissional da Estratégia Saúde da Família (ESF). Conforme o tamanho da área de abrangência, se distribuem equipes que tem como desafio o trabalho integrado e a responsabilidade pelas pessoas ali residentes. Nesse contexto, os enfermeiros exercem atividades técnicas especificas de sua competência, administrativas e educativas e através do vínculo com as usuárias, concentra esforços para reduzir os tabus, mitos e preconceitos e buscar o convencimento da clientela feminina sobre os seus benefícios da prevenção.2,1,2,1

A participação do enfermeiro nas ações educativas e preventivas é de extrema importância, pois favorece no controle da doença entre as mulheres. Contudo, a falta de acesso as informações tornam o insucesso de qualquer projeto.

2. OBJETIVO

Descrever a atuação do Enfermeiro na realização da coleta e orientações do exame preventivo de câncer do colo do útero.

3. METODOLOGIA

Para o presente estudo, foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica descritiva. A coleta de dados recai sobre análise de artigos científicos, livros, resenhas, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line), entre outros; foi publicado no período de 10 anos anteriores; em língua portuguesa.

Descritores: Papanicolaou, Exame Preventivo e Câncer de Colo do Útero.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O assunto abordado refere-se a importância do enfermeiro na coleta de exame preventivo do colo uterino, que é uma doença maligna que acomete muitas mulheres e um grande problema de saúde pública, pois o índice de mortalidade é assustador.

Segundo Brasil (2013, p.42), o câncer de colo de útero se define pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão compromentendo o tecido subjacente e podendo invadir estruturas e órgãos contínguos ou a distância2

Para Oliveira et al (2010, p.386), o exame de prevenção pela técnica de Papanicolaou ou citologia oncótica, consiste na coleta e análise de material celular da cérvice uterina que permite, a detecção de lesões precursoras e da doença em estágios iniciais.5

Segundo Veras (2011)6, o câncer de colo do útero é uma patologia bastante temida pelas mulheres, tendo em vista que, o útero possui um significado expressivo para a mulher, representando sua sexualidade, feminilidade e capacidade de reprodução. Desta forma, a pessoa pode ser influenciada pela cultura, pessoas e pelo próprio meio ambiente no tratamento e cura. 

No que se refere à não submissão das mulheres a este exame, a literatura cita os seguintes aspectos: ausência de problemas ginecológicos; vergonha ou medo em relação ao exame; ausência de solicitação médica; não achar necessário; dificuldade de acesso; desconforto frente ao procedimento; dificuldades de marcação de consulta ou também, ausência de vagas (DIÓGENES et al.,2008)7

A área de saúde da mulher é estratégica para ações prioritárias no sistema único de saúde (SUS) principalmente ao nível da atenção primária, através do exame clinico da mama, para detecção câncer de mama e da coleta do exame papanicolau, para detecção precoce do câncer de colo de útero.4

A maior parte dos cânceres de colo de útero apresentam uma evolução lenta, tendo fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Acomete, comumente a população de maior vulnerabilidade social, em locais onde existem barreiras geográficas e econômicas, além da influência dos fatores culturais como medo, preconceito, não aceitação pelos companheiros.2  

A resolução COFEN 381/2011, normatiza a execução pelo enfermeiro da coleta de material para colpocitologia oncótica pelo método de Papanicolaou, ressaltando:

1° “No âmbito da equipe de Enfermagem, a coleta de material para colpocitologia oncótica pelo método de Papanicolaou é privativa do Enfermeiro, observadas as 12 disposições legais da profissão”8

O câncer do colo do útero tem sua origem principal na junção escamo colunar (JEC), tanto do epitélio escamoso como do epitélio colunar.  Daí a importância de uma coleta de qualidade por parte do profissional.1

Conforme a Associação Brasileira de Genitoscopia, (2013, p. 1)9 são necessárias estratégias como, a capacitação adequada de profissionais e programas em desenvolvimento, que tem como objetivo, integrar as várias instituições atuantes nesta área de interesse.

De acordo com INCA (2015, p. 298)1, as ações de enfermagem no tratamento do câncer do colo visam a oferecer assistência de enfermagem integral individualizada.2-8

Conforme Frigato e Hoga (2013, p. 214)10 cabe ao enfermeiro indicar e fornecer orientações relativas às medidas preventivas, identificar precocemente os efeitos colaterais do tratamento a fim de minimizá-los, orientar e acompanhar a paciente e respectiva família e manter em mente que as ações de enfermagem devem ser individualizadas, considerando-se suas características pessoais e sociais.

A consulta de enfermagem11-12 foi referida, com a consideração de ser este um importante momento para se realizar o exame, além de ser uma oportunidade propicia para fortalecer o vínculo entre a mulher e a profissional. Embora existam dificuldades para realizar esse procedimento, especialmente na atenção primaria, sua implementação tem relevância inconteste em variados aspectos do cotidiano da assistência de enfermagem e ainda, facilita as atividades educativas individuais11-12.

A consulta de enfermagem tem papel fundamental na aproximação dos enfermeiros com as mulheres, pois durante sua realização a paciente adquire confiança e segurança, o que facilita a troca de informações importantes para detecção de problemas que afetam a saúde e a qualidade de vida, criando vínculo com o profissional.  A consulta de enfermagem utiliza componentes do método científico para identificar situações de saúde/doença, prescrever e implementar medidas de enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, familia e comunidade.13

Para que esta consulta seja realizada de forma eficaz11-12, um dos pré-requisitos mais importantes é a disponibilidade de tempo, fator dificultador no dia a dia dos profissionais. Oliveira et all e Carvalho et all, afirmam também que, para que esta atribuição do enfermeiro seja realizada de forma eficaz, há necessidade do engajamento com a comunidade, boas estratégias de convencimento e vínculo com as mulheres para que as ações se fortaleçam e tenham resultado positivo.

Segundo a Resolução COFEN nº159/1993 Considerando o Art. 11, inciso I, alínea “i” da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e no Decreto 94.406/87, que a regulamenta, onde legitima a Consulta de Enfermagem e determina como sendo uma atividade privativa do enfermeiro que dispõe sobre a consulta de Enfermagem entre outras ações o enfermeiro é responsável por: Planejar, coordenar, executar e avaliar as ações de assistência de enfermagem integral em todas as fases do ciclo de vida do indivíduo, tendo como estratégia o contexto sociocultural e familiar. Realizar a consulta de enfermagem e prescrever o cuidado de enfermagem, de acordo com as disposições legais da profissão. 8

Para que ocorra o rastreamento organizado é fundamental o preenchimento correto do formulário de requisição do exame citopatológico do colo do útero. Falta de dados ou falha no preenchimento pode impedir o cadastramento da mulher no sistema e dificultar a busca ativa daquelas com resultados alterados, gerar erros no diagnóstico, dificuldades na entrega do resultado ou até mesmo falta de dados necessários para a realização do exame (BRASIL, 2013)21. Devido o aparecimento de erros durante a fase pré-analítica, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma educação permanente, tendo em vista que a coleta inadequada do material poderá levar a erros de diagnóstico, aumentando os índices de resultados falsos-negativos (BRASIL, 2013)14

A coleta consiste introdução do espéculo vaginal para retirada de uma amostra da ectocérvice (parte externa do colo do útero) com auxílio da espátula de Ayres e outra da endocérvice (da parte interna) com escova cervical, após a escamação da superfície externa e interna do colo, o conteúdo é posto na lâmina fosca e fixado com fixador para durabilidade até análise. (BRASIL, 2008)2

Brasil (2008) ressalta que a equipe deve conversar com a mulher antes de realizar o procedimento para tranquilizá-la, registrar suas queixas e solucionar suas dúvidas se estabeleça uma relação de confiança entre a paciente e o profissional de saúde.2 

Para a coleta do exame, a mulher deve receber algumas orientações antes de realizar o procedimento, tais como: nas 48 horas que antecede o exame, não utilizar medicações intravaginais, não utilizar ducha vaginal, não manter relações sexuais, não realizar exames (USG transvaginal e toque vaginal) e não estar menstruada (aguardar 5 dias após o término da menstruação)1

Segundo Gerk (2015)15, a técnica para coleta de material cérvico-vaginal consiste em:

  • O ambiente deve ser acolhedor. O Enfermeiro deve ser cordial e respeitar a privacidade da paciente. Deve explicar o significado e os procedimentos que serão realizados e demosntrar abertura para esclarecimento de dúvidas;
  • Organizar todo o material para o exame. Identificar a lâmina e o meio de transporte onde a mesma será depositada com o número do prontuário e as iniciais do nome da cliente (essa identificação pode variar de acordo com o local de serviço);
  • Solicitar à paciente que esvazie a bexiga, fornece um avental e disponibilizar local reservado para troca de roupa;
  • Solicitar que se deite na mesa, auxiliando-a a se posicionar adequadamente para o exame e cobrir a paciente com o lençol. A paciente deve estar em posição ginecológica ou litotômica;
  • Verificar se a paciente é virgem. Se for não usar espéculo e colher a citologia com cotonete/swab. No caso de paciente gestante, ou com suspeita de gravidez, não deve ser coletado material da região endocervical, devido ao risco de sangramento, dilatação do colo uterino e possível aborto;
  • Durante a escolha do tamanho do espéculo, deve-se levar em consideração a história ginecológica e obstétrica da cliente. Utilizar espéculo não lubrificado para evitar alteração no resultado do exame. No caso de pessoas idosas, com vaginas extremamente ressecadas, recomenda-se molhar o espéculo com soro fisiológico ou solução salina;
  • Calçar luvas de procedimento; 
  • Introduzir o espéculo em posição vertical e ligeiramente inclinado. Faça uma rotação de 90º, deixando-o em posição transversa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na posição horizontal. Abra-o lentamente e com delicadeza;
  • Retirar o excesso de muco ou de corrimento vaginal, com pinça Cherron e gazes, para facilitar melhor visualização do colo uterino e para que possa realizar uma coleta celular adequada; 
  • Ao visualizar o colo do útero inicia-se a coleta do material, na seguinte ordem: ectocérvice e endocérvice. A realização desta sequência de fora para dentro garante uma coleta adequada, principalmente na ocorrência de sangramento;
  • Utiliza-se a espátula de Ayre com chanfradura para colher o material da ectocérvice, que consiste na parte visível do colo uterino, apoiando a parte com maior protuberância da chanfradura no orifício externo do colo e em seguida realizar com firmeza uma volta de 360°, logo após colocar firmemente na lâmina previamente limpa de modo a garantir o depósito necessário do material. Em seguida despreze a espátula. Com auxílio da escova cervical (citobrush), realizar a coleta do material da endocérvice. Introduza no canal cervical, através do orifício externo do colo do útero, realize um movimento de 360° com a extremidade com cerdas da escova cervical, certifique-se que a escova alcançou todo o orifício do colo uterino, retire e coloque o material coletado na lâmina, realizando movimento rotatórios contrários aos realizados no momento da coleta, isso fará com que ocorra o depósito adequado de todo o material. Ao final a escova cervical deve ser desprezada;
  • A fixação do esfregaço deve ser procedida imediatamente após a coleta, sem nenhuma espera. Visa conservar o material colhido, mantendo as características originais das células, preservando-as do dessecamento que impossibilitará a leitura do exame;
  • Fechar o espéculo, retirar delicadamente, inspecionar a vulva e o períneo, retirar as luvas, auxiliar a paciente a descer da mesa, solicitar que ela se troque, comunicar a paciente que um pequeno sangramento poderá ocorrer após a coleta;
  • Orientar a paciente para que venha receber o resultado do exame, conforme a rotina da unidade de saúde.
  • Encaminhar a amostra para laboratório de referência com todos os impressos devidamente preenchidos. Realizar as anotações pertinentes no prontuário/ficha de atendimento.

No Brasil, o Ministério da Saúde preconiza a realização do teste de Papanicolau em todas as mulheres que já tiveram relações sexuais, com atenção especial aquelas com idade entre 25 e 64 anos e busca o padrão de cobertura de 80 %16-17 da população. O inicio da coleta deve ser aos 25 anos para mulheres que já tiveram atividade sexual; os exames devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. A repetição do exame a cada três anos é recomendada após dois exames normais consecutivos no intervalo de um ano, assim permitindo identificar os casos de resultado falso negativo. Para mulheres submetidas a histerectomia total por lesões benignas sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais. Não há indicação para realização do exame por mulheres que nunca tiveram coito vaginal.1  

Algumas estratégias visam reduzir os fatores de risco, onde pode-se destacar a realização de grupos educativos para discutir assuntos como sexualidade, vulnerabilidade, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como o HPV que está relacionado ao câncer de colo do útero (PINELLI e SOARES, 2014).18

Segundo Pinelli (2013 apud Loiola; Moraes, 2009, p. 35)19, deve haver um conjunto de ações educativas para conscientizar as mulheres de riscos, isso deve ser feito através de programas de prevenção e esclarecimento de como prevenir a doença.

Oliveira, et al, (2015, p. 33)20 afirma que o Programa Saúde da Família, com ações voltadas à saúde da mulher, é um importante aliado na prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero. Através de reuniões na comunidade, orientando a importância da coleta do exame colpocitológico e a busca ativa de mulheres pelo agente comunitário de saúde constitui-se um mecanismo efetivo e eficiente na detecção precoce desta patologia.

Loureiro e Cruz (2008), Beghini et al., (2008) relatam que o enfermeiro organiza a assistência desenvolvendo métodos estratégicos e criativos para a realização do rastreamento das usuárias, incentivando-as a realizarem o exame, pois este é o fator primordial para o sucesso do programa relacionado ao câncer cérvico-uterino.21  

O enfermeiro deve desenvolver ações voltadas para as mulheres assintomáticas, no intuito de prevenir o câncer na atenção primária, controlando a exposição aos fatores de risco e realizando o rastreamento adequado para detecção das lesões precursoras em fase inicial como já citado. Porém, a mais importante de todas as ações, é a realização do diagnóstico precoce, que engloba medidas de identificação de mulheres sintomáticas com câncer em estágio inicial. Dessa forma, o conjunto dessas ações é denominado detecção precoce e resulta na positividade do tratamento22.

Para Ferreira (2016, p. 379)23, o exame de prevenção do câncer cervicouterino, além de sua importância para a saúde da mulher, é um procedimento importante de detecção precoce de lesões pré-invasivas e, consequentemente, instrumento essencial para a diminuição da mortalidade por esta patologia.

Conforme Andrade (2016)24 a detecção precoce do câncer de colo permite evitar ou retardar a progressão para câncer, com o uso de intervenções, o que indica que o rastreamento é uma das formas mais eficientes de prevenção.

Observa-se assim que o profissional enfermeiro se torna indispensável no cuidado preventivo, sendo elemento fundamental da equipe para o desenvolvimento de estratégias de incentivação á todos os profissionais envolvidos. Em se tratando de ações voltadas á saúde da mulher, o papel do enfermeiro se faz necessário na assistência e na orientação quanto à importância do exame preventivo, de uma forma interativa, reforçando o autoconhecimento e o autocuidado do público feminino.

Em suma, atuação do enfermeiro no auxílio a prevenção, quanto no enfretamento da doença é de extrema importância, pois a reabilitação e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes está atrelado ao trabalho bem desenvolvido por esses profissionais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se que é de extrema importância atuação do enfermeiro na coleta do exame preventivo, além das informações que são passadas para estas mulheres que muitas vezes não tem acesso, ora com o intuito de atenuar os casos, promovendo melhoria na qualidade de vida das mesmas. Contudo por vários motivos as mulheres não fazem a prevenção. O enfermeiro é o profissional capacitado tecnicamente para realizar a coleta do material citopatológico. É de fundamental importância na atenção primária, pois desenvolve ações educativas voltadas à prevenção e a detecção precoce do câncer de colo do útero. Busca a melhora da qualidade de vida da mulher. Contribui de forma fundamental para a melhoria dos indicadores de saúde. 

Em suma, o elo entre o enfermeiro e o paciente é a confiança ao realizar tal procedimento e tratamento, analisando cada caso

6. REFERÊNCIAS

1- INCA. Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – Viva Mulher, 2013.

2- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. 

3- CARVALHO. MCMP, Queiroz ABA. Lesões precursoras do câncer cervicouterino: evolução histórica e subsídios para consulta de enfermagem ginecológica. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2010;14(3):617-24.

4- MELO, M. C. S. C.; VILELA, F.; SALIMENA, A. M. O.; SOUZA, I. E. O. O enfermeiro na prevenção do câncer do colo do útero: o cotidiano da atenção primária. Rev Brasileira de Cancerologia, v. 58, n.3, p. 389-398, 2012

5- OLIVEIRA, I.S.B., PANOBIANCO, M.S., PIMENTEL, A.V., NASCIMENTO, L.C., GOZZO, T.O. Ações das equipes de saúde da família na prevenção e controle do câncer de colo de útero. Ciênc cuid saúde. 2010;9(2):220-7.

6- VERAS, J. M. M. F. Vivências de mulheres com CCU: implicações para a enfermagem [dissertação]. Programa de Pós Graduação em Enfermagem. Teresina (PI): Universidade Federal do Piauí, 2011.

7- DIÓGENES, Maria Albertina Rocha; JORGE, Roberta Jeane Bezerra; SAMPAIO, Luis Rafael Leite; MENDONÇA, Francisco Antonio da Cruz; SAMPAIO, Lucijane Leite. Barreiras à realização periódica do papanicolaou: estudo com mulheres de uma cidade do Nordeste do Brasil. Rev. APS. Juiz de Fora, v. 14, n. 1, p. 12-18, 2011. 

8- Resolução COFEN 381/201. Disponivel em: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-n-3812011_7447.html. Acesso em: 29/07/2017.

9- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GENITOSCOPIA.  Edição especial da situação brasileira do câncer do colo do útero e recomendações para o rastreamento populacional. Boletim Eletrônico Abril, 2013, 28ª edição.

10- FRIGATO, Scheila; HOGA, Luiza Akiko Komura. Assistência à mulher com câncer de colo uterino: o papel da enfermagem.Revista Brasileira de Cancerologia, 2013, 49(4): 209-214

11- CARVALHO. ALS, Nobre RNS, Leitão NMA, Vasconcelos CTM, Pinheiro AKB. Avaliação dos registros das consultas de enfermagem em ginecologia. Rev EletrEnf. 2014;10(2):472-83.

12- OLIVEIRA. ISB, Panobianco MS, Pimentel AV, NascimentoLC, Gozzo TO. Ações das equipes de saúde da família na prevenção e controle do câncer de colo de útero. Ciênc cuid saúde. 2014;9(2):220-7.

13- COREN-SP, 2001. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM – SÃO PAULO -Documentos básicos de enfermagem – enfermeiros, técnicos e auxiliares. São Paulo: 2001

14- SILVA. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 2a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

15- GERK, M. A. S. Prática de enfermagem na assistência a ginecológica. In: BARROS, S. M. O. (org) Enfermagem obstétrica e ginecológica. Guia para a prática assistencial. 2º Ed, São Paulo: Roca, 2015

16- World Health Organization. National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2nd ed. Geneva: World Health Organization; c2014. 180 p.

17- SANTOS. ML, Moreno MS, Pereira VM. Exame de Papanicolaou: qualidade do esfregaço realizado por alunos de enfermagem. Rev bras cancerol. 2015;55(1):19-25

18- PINELLI, F. G. S.; SOARES, L. H. Promoção à saúde da mulher. In: BARROS, S. M. O. (org) Enfermagem obstétrica e ginecológica. Guia para a prática assistencial. 2º Ed, São Paulo: Roca, 2014.

19- OLIVEIRA, Silvio Luis de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisa, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 2013.

20- LOIOLA, Ingride Karolynne C.; MORAES, Taynara L. A percepção da importância do exame de prevenção do câncer do colo uterino das mulheres no centro de especialidades de saúde três poderes em Imperatriz – MA. Imperatriz, 2015.

21- CRUZ,L. M. B.; LOUREIRO,R. B. A comunicação na abordagem preventiva do câncer do colo do útero: importância das influências histórico-culturais e da sexualidade feminina na adesão às campanhasSaúde Soc., v. 17, n. 2, abr./jun. 2008.

22- (PARADA et al., 2008). PARADA, R. et alA política nacional de atenção oncológica e o papel da atenção básica na prevenção e controle do câncerRev. APS, v.11, n. 2, p.199 – 206, abr./jun. 2008

23- FERREIRA, Maria de Lourdes da Silva Marques. Motivos que influenciam a não-realização do exame de Papanicolau segundo a percepção das mulheres. Esc. Anna Nery. Ver. De Enfermagem, 2016; 13 (2): 379.

24- ANDRADE, JM. Rastreamento, diagnóstico e tratamento do carcinoma do colo do útero. Projeto Diretrizes: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, 2013.


25Enfermeira brasileira altamente comprometida e adaptável, com mais de 20 anos de experiência em enfermagem, fornecendo cuidados diretos ao paciente e especializada em saúde básica, assistência médica ambulatorial, cuidados de emergência para adultos e pediátricos, ginecologia e oncologia. Possui ampla experiência em hospitais e serviços de emergência, proporcionando cuidados médicos eficientes e compassivos. Excelente habilidade de comunicação, capacidade de multitarefa, habilidades interpessoais e organizacionais. Proficiência em Microsoft Office (Word, Excel, PowerPoint), sistemas SIGA, PEC e PEP. Português fluente. Inglês intermediário.
Pós-Graduação em Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família, fercoli18@hotmail.com